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Orientação Profissional e de

Carreira-
Aspectos históricos e definições
PROFA. DRA. MAIANA NUNES

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Início da OPC
• Antes do séc. XV era difícil falar em “escolha”:
determinação pela igreja, profissões da família,
mestres de ofício
• Em meados do séc. XV (Renascimento):
• Mudança gradativa da concepção da escolha da
profissão de acordo com uma transmissão hereditária
para a escolha segundo as capacidades de cada um 2
Início da OPC
A partir do sec. XVIII as possibilidades de escolha
profissional e inserções variadas no mundo do trabalho
foram permitidas por:
• Mudanças no modo de produção (revolução
industrial)
• Doutrinas liberais: modelo social que valorizava o
esforço pessoal como forma de ascensão social
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• Surgimento e desenvolvimento da Psicologia científica
Início da OPC
• Mudanças ocorreram no mundo criando a
necessidade de orientação para as pessoas nas mais
variadas esferas (educação, trabalho, ocupação) e
profissionais assumiram essa tarefa como uma
urgência prática e não como uma descoberta teórica
• Grande produção de técnicas e pouca teoria no
início da OPC
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Início formal da OPC
• Demanda da indústria: como identificar
trabalhadores aptos e inaptos para
determinadas tarefas?
• Lógica do homem certo, no lugar certo

• Parsons (1907): cruzamento entre informações


profissionais e autoconhecimento
• Análise das características individuais
• Análise das ocupações
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• Comparação das informações
Início formal da OPC
• Parsons (1909, p 5):
• “Primeiro, uma compreensão clara do próprio, aptidões,
interesses, recursos, limitações e outras características.
Segundo, um conhecimento das exigências e condições de
sucesso, vantagens e desvantagens, compensações,
oportunidades, e perspectivas em diferentes tipos de
trabalho. Terceiro, um raciocínio lógico acerca das relações
entre esses dois grupos de dados” 6
Desenvolvimento da OPC
• Décadas de 1920 e 1930: OPC como processo diretivo, com objetivo
de diagnóstico e prognóstico
• Perspectiva foi mudando gradualmente
• Duas guerras mundiais: demanda para estudo das características
que favorecem o sucesso no trabalho
• Década de 1950:
• Ginzberg: escolha como processo evolutivo
• Super: estágios do desenvolvimento vocacional e realização de
tarefas evolutivas
• Holland: teoria tipológica
• Teorias Psicodinâmicas da escolha (Bordin, Roe e outros)
• 1960 até os dias atuais:
• Teorias da aprendizagem (Krumboltz)
• Teorias desenvolvimentais/contextuais
• Teoria sócio-cognitiva.... 7
Desenvolvimento da
á rea no Brasil
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Orientaçã o Profissional no
Brasil
• 1924 – Roberto Mange
• Orientação para jovens que desejavam ingressar no curso de
mecânica do Liceu de Artes e Ofícios.

• 1931 – Lourenço Filho


• Primeiro serviço público de orientação educacional e profissional
na Faculdade de Educação da USP.

• 1944 – Fundação Getúlio Vargas


• Oferecia o curso de Seleção, Orientação e Readaptação
Profissional (direção de Myra y López)
• Orientação de jovens para o curso secundário. 9
Orientaçã o Profissional no
Brasil
• 1947 – Criação do Instituto de Seleção e Orientação
Profissional (ISOP)
• Estudos de adaptação e validação de testes
• Atendimento ao público- classe média alta, em uma
tentativa de orientação da futura elite dirigente
• Formação de novos especialistas
• Objetivo: contribuir para o ajustamento entre o
trabalhador e o trabalho, mediante estudo científico
das aptidões e vocações do primeiro e dos requisitos
psicofisiológicos do segundo 10
Orientaçã o Profissional no
Brasil
• 1945 – 1958 – Cursos vocacionais no Senai
• SOSP- Serviço de Orientação e Seleção de
Pessoal- Minas Gerais- 1949
• Ideal de organização e racionalização do
trabalho da época, com vistas a uma maior
produtividade – orientada segundo o
pensamento do homem certo no lugar certo.

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Orientaçã o Profissional no
Brasil
• Década de 1960: ditadura militar: visão crítica da OP foi
reprimida
• Nos cursos de Psicologia no Brasil, regulamentados em
1962, predominou inicialmente a perspectiva técnica
• Mudança gradual foi ocorrendo:
• Minas Gerais: Pierre Weil e Célio Garcia:
• Desenvolvimento em Relações Humanas que
incentivavam a autonomia e a abertura em uma
atmosfera democrática; destaca-se a adoção de uma
abordagem psico-sociológica à conduta dos 12
indivíduos em grupo.
Orientaçã o Profissional no
Brasil
• Os anos 70, no Brasil, representaram os
primeiros anos do processo de abertura política
• Primeiros artigos sobre Psicologia Social e
Dinâmica de Grupo.
• Artigos sobre descrições de diferentes
ocupações e profissões de nível técnico e
universitário.
• o que é, o que faz o profissional, local de trabalho,
estudos e exigências. 13
Orientaçã o Profissional no
Brasil
• Influências gerais:
• Bohoslavsky (1971; 1977): psicólogo argentino
que propunha a estratégia clínica de orientação
profissional:
• foco na entrevista, diagnóstico de orientabilidade,
testes podem ser usados mas não são obrigatórios
• Bases da proposta de Bohoslavsky
• Terapia Centrada no Cliente (Rogers): não
diretividade do processo
• Melanie Klein: psicologia do ego 14
Orientaçã o Profissional no
Brasil
• Influências gerais:
• Carvalho (1970): professora da USP
• Uma das primeiras a trazer as ideias de Bohoslavsky
para o Brasil
• Adaptação do serviço de caráter individual ao
trabalho de grupo: demanda social
• Orientação como um trabalho de promoção da
aprendizagem da escolha
• Nesse período, o termo vocacional era usado preferencialmente, pois
remetia à dimensão clínica da Orientação Profissional. 15
• Vocação ou chamado  influência religiosa
Orientaçã o Profissional no
Brasil
• A Orientação Profissional, na década de 80, foi
discutida enquanto processo no qual a escolha é
multideterminada, a profissão e o indivíduo
têm caráter dinâmico e o coordenador tem o
papel de informar e compreender a realidade
psíquica dos indivíduos.

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Orientaçã o Profissional no
Brasil
• Na década de 90, Bohoslavsky (1971/1998) é o autor
mais citado pelos pesquisadores brasileiros.
• contraposição entre enfoque clínico e estatístico discutida na
maior parte dos artigos publicados nesse período.

• As publicações da década de 90 revelam que não existe


um único referencial teórico e metodológico no qual se
baseia a Orientação Profissional, mas é possível
reconhecer que predominam as perspectivas clínica e
psicométrica. 17
Orientaçã o Profissional no
Brasil
• Outros modelos existentes no Brasil:
• Teoria do Desenvolvimento de Super
• Metodologia de Ativação da Aprendizagem
• Tipologia de Holland
• Paradigma Ecológico da Orientação Profissional
• Abordagem Sócio-histórica
• Teoria Sócio-Cognitiva
• Abordagens narrativas/life design
• Criação da ABOP em 1993
• http://www.abopbrasil.org.br/home/
• Revista da ABOP em 1998 18
Hoje em dia...
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A á rea da OP no mundo
• AIOSP- International Association for Educational and Vocational
Guidance
• Congressos anuais para o avanço da área
• Revistas científicas internacionais:
• International Journal for Educational and Vocational Guidance
• Career development and transition for exceptional individuals
• Career Development International
• The Career Development Quarterly
• Australian Journal of Career Development
• Canadian journal of career development
• Journal of career assessment
• Journal of Career Development
• Journal of vocational behavior 20
• The Vocational guidance quarterly
UM POUCO SOBRE A TERMINOLOGIA
E SOBRE AS DEFINIÇÕ ES DA Á REA...

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Terminologia
• Termos mais conhecidos atualmente no Brasil são:
• Orientação Profissional
• Orientação Profissional e de Carreira
• No início OP era definida como:
• Processo para “ajudar as pessoas a escolher e se preparar
para entrar e progredir nas ocupações” (Brewer, 1926, p. 11)
• Guiar um indivíduo até a profissão que lhe ofereça mais
possibilidades de êxito (Claparède, 1922)
• Escolha vista como pontual e permanente
• Ampliação gradual da proposta:
• OP deve ser oferecida a todos, em todos os contextos 22
e fases da vida (Jones, 1930)
Focos das terminologias
• No resultado da escolha (o que escolher?)
• No processo de escolha (como escolher?)
• Modelos integrativos (abordando tanto resultado como
processo)

• Um dos marcos para a mudança de perspectiva foi a definição


proposta por Super (1951), que foi adotada pela NVGA:
• “O processo de ajudar uma pessoa a desenvolver e aceitar uma
imagem integrada e adequada de si mesmo e a transformar essa
imagem em uma realidade, retirando daí a satisfação para si e
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para a sociedade”
O Que é a Opc?
• Elementos centrais das definições:
• Processo de ajuda realizado por profissional com
conhecimentos técnicos
• Objetiva trabalhar com o processo de escolha,
inserções ocupacionais e elaboração e
acompanhamento de um projeto
profissional/ocupacional
• Deve ser realizado ao longo da vida
• Visa à integração psicossocial do indivíduo, via
inserção profissional, objetivando o desenvolvimento
pessoal e social 24
O Que é a Opc?
• Mais recentemente foram acrescentados outros
elementos:
• Caráter mediador e sentido cooperativo
• Oferece intervenção continuada, sistemática, técnica e
profissional
• Deve ser oferecido a todos os sujeitos (não somente a
aqueles com problemas)
• Tem como princípios a prevenção, desenvolvimento e
intervenção social
• Requer a implicação da comunidade: responsabilidade
individual e social 25
• “Intervenções de carreira” é entendido como um termo mais
amplo, que abarcaria serviços prestados em diferentes
momentos do ciclo vital e com diferentes propósitos
• Diferentes locais de aplicação e diferentes propósitos:
• Escolas
• Empresas
• Consultório
• Online
• Comunidades
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• ....
Em síntese...
• História da OPC influenciada pela psicologia clínica, seleção
profissional e testagem psicológica
• Muitos atuam na área sem se preocupar com a formação
técnica e teórica (como em outras áreas da psicologia,
infelizmente)
• Fortalecimento da área nos últimos anos
• Revista da ABOP com grande volume de artigos e fluxo contínuo
• Congresso da ABOP com número tímido de participantes ao
considerar os que trabalham na área
• Bom acompanhamento e interlocução de tendências mundiais
no meio acadêmico, mas pouco aproveitamento pelos
psicólogos da prática... 27
Alguns desafios da á rea
• Criação da especialidade em OPC pelo CFP: definição das
competências, fiscalização das práticas...
• Como acompanhar as mudanças sociais e econômicas que
impactam no mundo do trabalho?
• Como oferecer modelos, métodos e materiais adequados às
características do momento em que vivemos?
• Como favorecer a inserção do psicólogo em outros locais de
trabalho e com outros públicos, que não os tradicionalmente
conhecidos?
• Como diferenciar o trabalho do psicólogo que atua na área 28
com a atuação de profissionais com outras formações?
Referências
• Sparta, M. (2003). O Desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil.
Revista Brasileira de Orientação Profissional, 4(1/2), 1-11.
• Ribeiro, M. A., & Melo-Silva, L. L. (Eds.). (2011). Compêndio de Orientação
Profissional e de Carreira: Enfoques Teóricos contemporâneos e modelos de
intervenção (Vol. Volume I). São Paulo: Vetor.  Caps. 1 e 2
• Revista Brasileira de Orientação Profissional:
• http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_serial&pid=1679-
3390&nrm=iso&rep=&lng=pt
• - HERR, E. L. Abordagens Às Intervenções De Carreira: Perspetiva Histórica:
2016-09-07. Em: Taveira, M. C.; Silva, J. T. (eds.), Psicologia Vocacional:
Perspectivas Para a Intervenção. x. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra, 2008.
• - LEHMAN, Y. P. Orientação Profissional Na Pós-Modernidade. Em: Soares,
D. H. P.; Levenfus, R. S. (eds.), Orientação Vocacional Ocupacional. x. Porto
Alegre: Artmed, 2010 29

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