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Faculdade de Ciências

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
TECNOLOGIA QUÍMICA I

2o Ano

Docentes:
Doutor Engº Jonas Valente
Dr. Candida Mavie
Doutor Eng. Adolfo Condo
Maputo, Fevereiro 2020
Capítulo 2 – Conversão de
Unidades

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Sumário

• Sistemas de unidades
• Dedução de factores de conversão
• Variáveis de processos/operações
• Lei dos gases ideais

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SISTEMAS DE UNIDADES

 Todas as quantidades ou grandezas físicas têm unidades ou


dimensões que se exprimem como produto de dois valores:
 Um é a grandeza da unidade escolhida (unidade física) e o outro é o
número dessas unidades (quantidades).

Por exemplo: 20 kg, 10 m/s e 9.8 m/s2

Grandeza física Quantidade Unidade


Massa 20 Kg
Velocidade 10 m/s
Aceleração 9.8 m/s2
• Princípio da homogeneidade dimensional:

“Quando se escreve uma equação que traduz uma


determinada lei física ou química, ambos os membros
da equação devem ser representados pela mesma
quantidade e dimensões físicas”.

Ex.: e=v.t
(espaço) = (velocidade) x (tempo)
200 m = 20 m/s x 10 s
200 = 20 x 10 → igualdade numérica (quantidades)
m = m/s x s → igualdade dimensional (unidade física)

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Tipos de sistemas de unidades
Grupo I - Sistemas absolutos (MLT) – sistema coerente
Grupo II - Sistemas gravitacionais (FLT) – sistema coerente
Grupo III - Sistemas mistos (FMLT) – sistema não coerente

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Sistemas coerentes:
As unidades fundamentais ou derivadas são escolhidas de modo
que a aplicação da lei de Newton (qualquer lei física) conduza a
uma igualdade numérica e dimensional:

Ex.:
F = m x a
( 1 dine) 1g cm s-2 = 1 g x 1 cm s-2
(1 Newton) 1kg m s-2 = 1kg x 1 m s-2
(1 Poundal) 1lb ft s-2 = 1 lb x 1 ft s-2

Para todos estes casos verificam-se igualdades numéricas e


dimensionais por isso todos são sistemas coerentes.

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Sistemas não coerentes:

A utilização directa das unidades do sistema misto na lei de Newton


conduziria a uma desigualdade numérica e dimensional.

Considere-se o sistema inglês absoluto.


Qual é a força que atrai uma massa de 1 lb (peso de 1lb)?

- Aceleração da gravidade: g=a = 32,17 ft s-2 (ao nível do oceano)

F = m x a
( peso lb) lbf = lb x 32,17 ft s-2
1 lbf = 32,17 lb ft s-2 => 1lbf = 32,17 poundal

Considere-se o sistema misto da lei de Newton (sistema inglês)


F = m x a
( peso de 1 lb) = 1 lbf = 1 lb x 32,17 ft s-2 ( Incorrecto???...)
Numericamente 1≠ 1 x 32,17
Dimensionalmente lbf ≠ lb x ft s-2 8
Como resolver a incoerência?

gc = 32,17 lb ft s-2/lbf gc = 1 kgm s-2/N

F x gc = m x a
1lbf x 32,17 lb ft s-2/lbf = 1lb x 32,17 ft s-2

Numérica 32,17 =32,17


Dimensional lb ft s-2= lb ft s-2

Curiosamente verifica-se que:


(peso de 1lb) = 1 lbf = 32,17 poundal

Nos sistemas I e II gc=1

Unidades lbf – lb – ft - s gf - g - cm - s kgf – kg – m - s


básicas
gc 32,174 980 9.8
Unidades de gc lb ft s-2 lbf-1 g cm s-2 gf-1 kg m s-2 kgf -1
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Sistema Internacional (SI)

 Muitos Países adoptaram o SI com vista a universalização


(Globalização) gradual nas operações de medição de
grandezas físicas na ciência, na indústria e no comércio.

 As unidades básicas e derivadas estão baseadas no sistema


MKS (Metro, Kilograma e Segundo) absoluto podendo ser
usados prefixos multiplicativos, normalmente por graus de 10±3
para unidades de tamanho inconvenientes.
Ex.: kilo  kJ; kcal; kPa….

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Grandezas físicas Unidade Símbolo Definição
1. Grandezas fundamentais
Massa Quilograma kg
Comprimento Metro m
Unidades fundamentais e derivadas do SI

Tempo Segundo s
Corrente eléctrica Ampere A
Temperatura Kelvin K
Intensidade Candela cd
Quantidade de substância Mol mol
2. Grandezas derivadas
Força Newton N kg.m.s-2
Energia,calor,trabalho Joule J N.m
Potência Watt W J/s
Pressão Pascal Pa N.m-2
Entalpia * J/kg
Capacidade calorífica * J/kgK
*Também podem-se exprimir em termos de mole (mol) ou kilograma-mole
(k-mol)
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Uso de Prefixos
Prefixos Símbolos Factor
Tera T 1012
Giga G 109
Mega M 106
kilo k 103
hecto h 102
deca da 10
deci d 10-1
centi c 10-2
mili m 10-3
micro μ 10-6
nano n 10-9
pico p 10-12
femto f 10-15
atto a 10-18
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1.3 - DEDUÇÃO DE FACTORES DE CONVERSÃO
Os problemas de conversão de unidades dum sistema para outro,
assume na prática, dois aspectos:

1) Conhece-se o factor de conversão antecipadamente.

Ex.: 1 km = 1000 m → factor de conversão é 1000


1 h = 3600 s → factor de conversão é 3600
1 ton = 1000 kg → factor de conversão é 1000
1 m3 = 1000 l → factor de conversão é 1000

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A partir dos factores de conversão pode-se tirar as seguintes razões de
conversão:

Comprimento: 1 km=1000 m  1= 1000 m/Km


1 in=2,54 cm  1= 2,54 cm/in
1 ft=12 in  1= 12 in/ft

Tempo: 1 h=3600 s  1= 3600 s/h


1 h=60 min  1= 60 min/h

Massa: 1 kg=1000 g  1= 1000 g/kg


1 lb=0,454 kg  1= 0,454 kg/lb

Energia: 1 BTU=252 cal  1= 252 cal/BTU

Então pode-se calcular:


2 km = 2 km x 1 = 2 km x 1000 m/km = 2000 m

2 h = 2 h x 1 = 2 h x 60 min/h = 120 min


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2) O princípio da homogeneidade dimensional:
Permite-nos deduzir qualquer factor de conversão de unidades,
como por exemplo num sistema coerente:

1N = y dine y?
Ora: 1N=kg.m/s2 , 1dine=g.cm/s2
1m=100 cm => 1=100 cm/m
1kg=1000 g =>1=1000 g/kg
Substituindo:
kg.m/s2 = y g.cm/s2
1000g.100 cm/s2 =y g.cm/s2
105 g.cm/ s2 =y g.cm/ s2
Então 105 =y
Logo 1N=105dines

Para sistemas coerentes é fácil deduzir. 15


Ora vamos analisar um sistema não coerente:

1kgf = z N z?
1kgf é uma unidade de força, de onde temos F = mxa por
isso: 1kgf =1kg x 9.8 m/s2
1N=kg.m/s2
Substituindo:
1kg x 9.8 m/s2 = z kg.m/s2
Ora: 9.8 = z
Logo:
1kgf = 9.8N

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VARIAVEIS DE PROCESSOS/OPERAÇÕES
Temperatura
A temperatura de uma substância num determinado estado de agregação
(sólido, líquido e gás) é uma medida de energia cinética média que as
moléculas possuem no seu movimento caótico.

Os dois pontos de referência padrão da temperatura mais comuns são


definidos usando o ponto de congelamento (Tf) e o ponto de ebulição da
água (Teb) a pressão de 1 atm.

Ebulição 100oC 373,16K 212oF 672oR

Gelo 0oC 273,16K 32ºF 492ºR


Celsius Kelvin Fahrenheit Rankine

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Relação entre as 3 escalas de
Temperatura

Quanto corresponde
20ºC na escala ºF e ºK?

20ºC Ξ 68 ºF Ξ 293ºK?

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Em termos de escala os factores de conversão da temperatura podem ser:
Δ1oC = Δ1K = Δ1,8oF =Δ1,8oR

A dedução de equivalência (conversão de temperatura) de uma unidade


para outra procede-se segundo as seguintes equações:
T(K) = T(oC) + 273,15
T (oR) = T(oF) + 459,67
T (oC) = 5/9* [T(ºF)-32]
T (oF) = 9/5*T(oC) +32

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Pressão atmosférica, absoluta e manometrica :
Uma pressão (P) é a razão entre a força normal (F) e a área (A) sobre a
qual esta força actua. P = F/A
A unidade de pressão no sistema SI é N/m2, chamada Pascal (Pa).

A nível
do mar Atmosfera mmHg kgf/cm2 kPa p.s.i.(lbf/in2)
1 760 1,0133 101,33 14,69

Vácuo
absoluto 0 0 0 0 0

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É costume referir a pressão de um sistema em termos de Pressão
absoluta e relativa (manometrica), como mostra o seguinte
exemplo.
Pressão absoluta = Pressão relativa + Pressão atmosférica
Pab= Prel +Patm
Pressão
Atmosférica

Pressão
relativa Pressão
Absoluta

Vácuo = pressão atmosférica – pressão absoluta


Vc = Patm - Pab
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Escalas de Pressão
O manómetro mede
Pabs = Prel+ Patm

Manómetros e
Vacuómetros medem
relativas
O barómetro

O vacuómetro mede

Se se pretender conhecer a pressão absoluta em dado


local, deverá somar a pressão relativa (efectiva), medida,
por exemplo, através de um manómetro, com a pressão
atmosférica, medida através de um barómetro
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• Pressão de Fluídos

A Pressão do fluído pode ser defenida pela razão F/A,


onde (F) é a força mínima que deve ser exercida sem
atrito sobre as paredes (A) do recepiente que conserva
o fluído.
Pf= F/A

F A

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• Pressão hidrostática
Pressão hidrostática pode ser definida como força (F)
exercida sobre a base dividida pela área da base do
recepiente que conserva o líquido tendo também em
consideração a pressão atmosférica (Po).

Ph = Po + gρh
Po

ρ – massa especifica do fluido (kg/m3)


h - altura da coluna (m)
g – aceleração da gravidade (9.807m/s2)
h

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• Carga hidrostática

Carga hidrostática (Ch) é a altura de uma coluna


hipotética do fluido que exerce pressão dada na base do
recepiente se a pressão no topo do mesmo fosse igual
a zero.
Ch = gρh

Por ex: 760 mmHg, 33,9 ft de H2O

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Caudal / Vazão
•A maior parte dos processos envolvem o movimento de material de um
ponto para o outro entre os equipamentos de processamento nas
unidades de produção para além dos armazéns.

•A quantidade de material que é transportada atravéz de uma linha de


processamento é denominada de vazão/caudal do material.

•A vazão de uma corrente de processo ou operação pode ser expressa


como vazão/caudal mássica (massa/tempo) ou como vazão/caudal
volumétrico (volume/tempo).

•A massa específica de um dado fluído pode ser usada para converter


uma vazão volumétrica em vazão mássica e vice-versa:

vazão/caudal mássica: M = m /t

vazão/caudal volumétrico: V= v /t

Massa específica: ρ = m / v = M / V

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Massa molecular médio da mistura
•Massa molecular médio ou peso molecular médio de
uma mistura é a razão entre a massa de uma amostra e o
número de moles de todas as espécies constituintes.
•Se yi é a fracção molar do componente i na mistura e Mi
é o seu peso molecular então:

Massa molecular médio : ∏ = y1M1 + y2M2 + …+yiMi


•Se xi é a fracção mássica do componente i na mistura e
Mi é o seu peso molecular então:

Massa molecular médio 1/∏ = x1/M1 + x2/M2 + …+xi/Mi

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LEI DOS GASES IDEAIS
Num gás ideal não existem forças de atracção intermoleculares e o
espaço ocupado pelas moléculas é nulo.

Equação de Estado de um gás ideal: Pv =nRT


Onde:
P – Pressão absoluta
V – volume de moles no sistema
T – Temperatura absoluta
n - no de moles do gás
R – Constante universal dos gases ideais

Grama-mol = Peso da substância em gramas / peso molecular

g-mol=m/M m e M ambos em gramas

Libra-mol = Peso da substância em libras / peso molecular


Lb-mol=m/M m em libras e M em gramas
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Lei de Boyle – para um gás ideal, a uma dada
temperature constante o produto da pressão pelo
volume é constante:

PV = const ; (T=const)

Lei de Charles –Gay Lussac - para um gás ideal, a


uma dada pressão constante a razão entre o volume e
a temperatura é constante:

V/T = const (P=const)

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Para MISTURA DE GASES que comportam idealmente, aplicam-se as
seguintes leis:
Lei de Dalton – A pressão total (P) de um sistema de mistura gasosa é
igual à somatória das pressões parciais dos componentes da mistura.

P = PA + PB +PC +...= ∑Pi

A pressão parcial de um componente i de uma mistura gasosa é a


pressão que ele exerceria se estivesse só num recipiente de igual
volume e à mesma temperatura da mistura.
Da lei de Dalton resulta:
Pi = yiP
PiV = ni RT
Onde yi representa a fracção molar do componente:
yi = ni /nt
ni – moles do componente nt – total de moles do sistema
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Lei de Amagat – o volume total (V) de um sistema de mistura gasosa
é igual à somatória dos volumes parciais dos componentes:
Vt = VA + VB +VC +...= ∑Vi

O volume parcial de um componente i é o volume que esse


componente ocuparia se ele estivesse só, à mesma pressão e
temperatura da mistura.
Da lei de Amagat, podemos deduzir a seguinte igualidade:
Vi = y i . V t
Outras correlações importantes:
PV=nRT ↔ PV=(m/M)RT ↔ (PM/RT)=(m/V)
ρ=(PM)/(RT) (densidade de um gás) ρ=m/V
Por outro lado:
PV = nRT ↔ (P/RT) = n/V ↔ C=P/RT ↔ ρ =CM
(concentração de um gás)
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Modos correntes de expressar a concentração de um
componente A (soluto) numa mistura binária de A e B (solvente)
Unidade Simbolo Definição
% molar %(n/n) =100moles A/moles total =100nA/N
% volumétrica % (v/v) =100vol. parcial A/vol. total
= 100VA/V
% ponderal %(w/w) =100massa A/massa total =100mA/m
Fracção molar yA =moles A/moles total = 100nA/N
Fracção volumétrica ZA =vol.parcial A/vol. total =vA/V
Fracção ponderal xA =massa A/massa total =mA/m
Massa específica ρA = massa de A/vol.total=mA/V
Concentração CA = moles A/vol. total = nA/V
volumétrica
Razão molar YA = moles A/moles B=nA/nB
Razão ponderal XA = massa A/massa B=mA/mB

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Relacções possíveis entre alguma unidades de concentração,
para o soluto e para a mistura:
MA e MB  massas moleculares de A e de B
Componente A (soluto) Mistura
%(n/n)= 100yA %A + %B =100
%(v/v)= 100zA % A(v/v) + %B(v/v) = 100
%(w/w) = 100xA % A(w/w) + %B(w/w) =100
ρA=CA.MA ρ= ρA+ ρB
xA= ρA / ρ 1 = xA + xB
nA = mA/MA N = nA + nB
CA = ρA /MA C = C A + CB
yA =CA/C 1 = yA +yB

yA = (xA/MA)/( xA/MA + xB/MB) M = ρ/C


xA =(yA.MA)/( yA.MA + yB.MB) M = yA.MA + yB.MB
YA = yA/( 1-yA) 1/M = xA/MA + xB/MB
yA = YA/ (1+YA)
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Bibliografia

1- Felder, R.M. e Rousseau, R.W. – Princípios Elementares dos


Processos Químicos. 2005, LTC, Brazil.
2- Hougen, O.A., Watson, K.M. e Ragatz, R.A. - Princípios dos
Processos Químicos. Parte I 1973, John Willey & Sons. INC, New
York

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