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Básicas
de
psicanálise
Geraldo Arantes Jr 1
Sigmund Freud
Nasceu em Freiberg,Morávia(República Tcheca atual) em 06/05/1856,de nacionalidade
austríaca e faleceu em Londres 23/09/1939 aos 83 anos com cancer no palato
Aos 4 anos transferiu-se para Viena e mora aí até 1938 quando por ocasião da invasão
nazista e antisemitismo refugia-se em Londres
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Filho de Jacob Freud e de sua 3ª mulher Amalie Nathanson.Seu pai era um judeu
proveniente da Galícia e comerciante de lã.
Ingressa na Universidade de Viena aos 17 anos e na Faculdade de medicina tem como
professores Franz Bretano(filosofia),Ernst Brucke(fisiologia) e Carl Friedrich Claus,um
darwinista (zoologia)
Com Brucke entra em contato com a linha fisicalista da Fisiologia.Nesta época suas
atribuições eram o estudo da anatomia e da histologia do cérebro humano
Identificando semelhanças entre a estrutura cerebral do homem e a dos répteis é
remetido a Charles Darwin e seu estudo contemporâneo sobre a evolução das espécies
Desejando casar-se e tendo na época um baixo salário começa a trabalhar no Hospital
Geral,principal hospital de Viena
No hospital após alguns reveses com os efeitos terapêuticos da cocaína recebe uma
licença e viaja para França onde entrará em contato como estudos de Charcot sobre a
histeria
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Jean-Martin Charcot (Paris 29/11/1825-16/08/1893)
Juntamente com Guillaume Duchenne o fundador da moderna neurologia
Contribuições:estudo da afasia ,descoberta do aneurisma cerebral e causas da
hemorragia cerebral
Concluiu que a hipnose tratava varias perturbações psiquicas,em especial a histeria
No auge de sua fama foi chamado “Napoleão das neuroses”
Freud foi atingido pela demonstração contundente de Charcot do poder da mente
sobre o corpo
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Franz Bretano (Marienberg am Rhein 16/1/1838-12/3/1917)
Ordenado padre em 1864 mas envolvendo-se em controversia abandona a Igreja em
1873.Sua filosofia evoluiu em direção ao aristotelismo moderno por ele definida como
ciência dos fenômenos psiquicos(para ele é sinônimo de consciência).Distingue tres
classes de fenômenos psiquicos fundamentais:representação,julgamento e
sentimento de amor(aprovação) ou sentimento de ódio(desaprovação)
“De fato ,elogios a outras pessoas são toleráveis somente até onde cada um se julga capaz
de realizar qualquer dos atos cuja menção está ouvindo;quando vão além disto,provocam
inveja,e com ela a incredulidade. “
“...sei ,também ,que se sente tristeza não pela falta de coisas boas que nunca se teve,mas
pelo que se perde depois de ter tido.”
“Dos deuses nós supomos e dos homens nós sabemos que,por uma imposição de sua
propria natureza,sempre que podem eles mandam.”
Tucidides-História da guerra do Peloponeso
(*460-455 + 400 a.C)
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...o sofrimento anula os mais elementares sentimentos do homem.”
“Como mudam nossos sentimentos e quão estranho é o amor com que nos agarramos à
vida,mesmo no meio das maiores desgraças.”
“Eu sabia que estava preparando uma tortura mortal para mim,mas eu era o escravo,não o senhor,de
um impulso que,embora detestasse não podia deixar de obedecer.”
“A mente humana,enfim,é feita de tal modo que a ficção domina muito mais do que a verdade”
...para que a vida humana não fosse marcada pela melancólica severidade,Jupiter infundiu no
homem muito mais paixão que razão...Relegou,ademais,a razão a um cantinho da cabeça
,entregando o resto do corpo ao tumulto das paixões.”
Erasmo de Rotterdam Elogio da Loucura (1509)
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RÉ PSICANÁLIS
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MESMERISMO
O Mesmerismo supunha que os seres animados estavam sujeitos às influências
magnéticas.
Mesmer substitui o imã ,pelo seu corpo,o contato terapêutico ocorre através de sua
mão.
Crescendo o número de pacientes ele inventa a magnetização em grupo colocando
várias pessoa numa tina de água e magnetiza-as em conjunto.
A popularidade do fluidismo atingiu tal proporção que governo e comunidade
científica condenaram Mesmer por charlatanismo.
A conclusão do julgamento foi que não existia nenhum fluido magnético e que a cura
era efeito da imaginação da pessoa.
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Charcot
A existência ou não de lesão anatômica era para a Psiquiatria do século XIX
fundamental.
Teríamos então dois grandes grupos:
1patologias com lesões orgânicas
2neuroses sem lesão e com sintomatologia que não
apresentava a regularidade desejada
Charcot aborda inicialmente a histeria como se houvesse um
correlato orgânico
Mais tarde afirma que a histeria escapava as mais
penetrantes investigações anatômicas
Charcot
Apesar disso achava que ela apresentava uma sintomatologia bem
definida,obedecendo a regras precisas.
Sua intervenção terá como base a hipnose como a mais importante intervenção,
mostrando que ela ,a hipnose,envolvia mudanças fisiológicas no sistema nervoso,o que
a aproximava da histeria.
No inverno de 1885 Freud vai a Paris frequentar as aulas de Charcot
Os aspectos mais salientados por Charcot e Freud nessa época: que a histeria não era
uma simulação,que era uma doença funcional com conjunto de sintomas bem definidos
e na qual a simulação desempenhava papel desprezível
Outro aspecto era que ocorria tanto em mulheres quanto nos homens
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Produzindo através da hipnose a regularidade do quadro histérico Charcot leva-a para
o campo da neurologia retirando-a das mãos do psiquiatra.
Através da hipnose conseguia-se que o histérico apresentasse um conjunto de
sintomas específicos e regulares,ou seja,isso tinha a ver com o desejo do hipnotizador
e nada com o corpo neurológico.
Pensando nisso Charcot elabora a teoria do trauma.
Charcot articula então que existe uma predisposição hereditária mas,devido a um
trauma psíquico ,produz-se um estado hipnótico que torna a pessoa sugestionável.
leva a
trauma estado hipnótico permanente que passa a ser objetivado
fisicamente
cegueira,paralisia,parestesias,etc
Se isso não tem um componente físico o paciente deve contar sua história
Charcot só não esperava que o relato tivesse um conteúdo sexual tão contundente
Esse procedimento elimina o sintoma mas não a causa.Freud propõe então o método de
Breuer :sob hipnose retroceder à pré-história da doença tentando identificar a ocorrência
traumática,causa do distúrbio
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Anna O era filha de um paciente de Breuer e apresentava sintomas histéricos enquanto
cuidava de seu pai
Submetendo-a à hipnose ,observou que quando o acontecimento traumático era
reproduzido neste estado, os sintomas desapareciam.
Após 2 anos de tratamento os sintomas haviam desaparecido
Depois do retorno de Paris Freud recebe Frau Emmy von N e resolve aplicar a técnica de
Breuer de investigação via hipnose
Breuer chamara seu método de catártico(kátharsis = purgação) uma descarga do afeto que
estava originalmente ligado à experiência traumática.
Freud vai além de Breuer e após a hipnose chegar ao fato traumático, faz sugestão para
eliminar tais fatos ,ou pelo menos minimizar sua força patogênica.
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Empregar a hipnose e intervir sobre as ideias patogênicas não teve influência de Breuer
mas de Bernheim com quem Freud esteve em algumas semanas no ano de 1889
A sugestão mais tarde é abandonada por Freud que retoma o método investigativo,
posto que as sugestões(proibições)criavam obstáculo a qualquer pesquisa.
Na “Comunicação preliminar” Freud articula a noção de defesa que será fundamental na
criação da Psicanálise e também o afasta dos dois autores.
A defesa surge através do ego para manter fora da consciência tal conteúdo,sendo a
resistência o sinal externo dessa defesa
A transformação da carga de afetos em sintomas somáticos é denominada por Freud de
conversão
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A conversão é o modo específico de defesa da histeria
Conhecendo então resistência,defesa e conversão a estratégia terapêutica deveria
modificar-se.
Só a ab-reação não daria conta da situação
As ideias patogênicas deveriam ser conscientizadas para serem elaboradas.
Breuer não havia narrado toda a historia de Anna O para Freud.Ele relata que
terminara o tratamento por desejo de sua paciente quando completava um ano que ela
havia se mudado para uma casa de campo nos arredores de Viena por questões de
segurança.Ela morava no 3º andar e tinha ideias de autoeliminação.
O que motivou o término fora o fenômeno da transferência e contratransferência.
Cansada de ouvir o marido falar da paciente ,a mulher de Breuer torna-se triste e
ciumenta.Ele decide encerrar o tratamento e comunica isso à Anna O.
No dia seguinte é chamado para atende-la com urgência.Apresentava contrações
abdominais,uma crise de parto histérica e teria dito:”Agora chega o filho de Breuer”.
Chocado,hipnotiza-a tirando-a da crise.No dia seguinte viaja para Veneza com a esposa
em férias.
Breuer não havia observado o componente sexual de sua paciente,inclusive relata que
ela era uma pessoa assexual,que nunca aludira a questões dessa origem no tratamento.
O caso de Breuer mais as experiências de Charcot e o comentário de Chroback que o
tratamento de uma histérica deveria ser Penis normalis ,aliado a sua experiência clínica
levam-no à hipótese que haveria aí uma excitação de natureza sexual e conflitiva.
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Flectere si nequeo superos,Acheronta movebo
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A interpretação dos sonhos(Traumdeutung)
Mal recebida pelos psiquiatras e críticos e também pela intelligentsia da época esse livro
é de fundamental importância para os estudiosos da Psicanálise.
Freud ainda não fala de C. de Édipo que só aparecera em “Um tipo especial de escolha do
objeto” em 1910.
Na “Interpretação..” Freud diz:”A interpretação dos sonhos é a via real que leva ao
conhecimento das atividades inconscientes da mente”
O sonho do neurótico não difere do das outras pessoas.
Uma pessoa sadia é virtualmente um neurótico,só que os únicos sintoma que ela
consegue produzir são seus sonhos
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Comecemos por duas afirmações de Freud:
os sonhos não são absurdos
os sonhos são realizações de desejos
Eles são produções e comunicações do sonhador
O que é interpretado psicanaliticamente não é o sonho,mas seu relato
O sonhador só não sabe o significado do sonho porque a censura impede seu
conhecimento.
Na medida que a censura atua ocorre uma deformação onírica,o desejo realiza-se sob
forma disfarçada.Isso ocorre para proteger a pessoa do caráter ameaçador de seus
desejos.
O sonho tem então dois registros:
1-o sonho propriamente lembrado e relatado conteúdo manifesto do sonho
2-conteúdo oculto ,inconsciente pensamentos oníricos latentes(conteúdo latente)
O que o paciente enuncia deve ser substituído pelo analista por outros enunciados,mais
primitivos e ocultos,expressão do desejo do paciente.
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Segundo Freud teríamos dois métodos de interpretação anterior ao dele:
interpretação simbólica procura-se substituir o sonho por outro que lhe seja análogo e
inteligível.
método da decifração cada elemento constituinte do sonho deve ser substituído
por outro segundo uma chave fixa
“Nosso primeiro passo no emprego desse método nos ensina que o que devemos tomar
como objeto de nossa atenção não é o sonho como um todo,mas parcelas isoladas de
seu conteúdo...”
“...ele emprega a interpretação en détail e não en masse;considera os sonhos,desde o
início,como sendo de caráter múltiplo,como sendo conglomerados de formações
psíquicas.”
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Lembrar que o Ics:
não é uma coisa no interior da qual os pensamentos latentes são distorcidos
não é a “profundeza”,o “sótão” de onde emergirá um material misterioso e inacessível
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elaboração onírica transforma pensamentos latentes em conteúdo manifesto
impondo-lhes uma distorção
interpretação do conteúdo manifesto tenta chegar ao latente
O caminho que a interpretação deve percorrer implica num fenômeno que chamamos
regressão.Isto será visto ao abordarmos a questão tópica do aparelho psíquico.No
trabalho do sonho temos 4 mecanismos fundamentais: condensação, deslocamento
figuração, e elaboração secundária(que corresponde mais propriamente a um segundo
momento da elaboração onírica)
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Deslocamento ele atua de duas maneiras
1-substituição de um elemento latente por outro mais remoto que funcione
em relação ao primeiro como uma simples alusão
2-mudando a importância de um elemento para outro menos importante
Elaboração secundária é a modificação do sonho para que ele apareça como uma
história coerente e compreensível.A tentativa desse mecanismo é aproximar o
sonho do pensamento diurno.Embora mais tarde Freud declare”estritamente
falando,este último processo(el. secundária) não faz parte da elaboração onírica “pois
ele incide sobre um material já elaborado pelos outros mecanismos.
Na “Interpretação..” no entanto ele confere um papel ativo na formação do sonho ao
apossar-se de um material já pronto(as fantasias diurnas) e introduzi-lo no conteúdo do
sonho.
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Sobredeterminação
O sentido do sonho não se esgota numa única interpretação pois todo sonho é
sobredeterminado,ou seja,um mesmo elemento do conteúdo manifesto pode remeter
a vários pensamentos latentes
Isto vale para um elemento como para o sonho como um todo.Tal situação acontece
porque o sonho é erigido a partir de “n” pensamentos oníricos e assim aqueles
elementos que possuem articulações mais fortes e numerosas passam a formar o
conteúdo onírico.
Os pensamentos que formam o conteúdo latente pouco diferem dos pensamentos de
vigília e porisso são submetidos à censura,papel esse desempenhado pela elaboração
onírica.
Assim é a elaboração onírica que constitui praticamente o sonho.
A questão da sobredeterminação já está presente para Freud desde “Estudos sobre a
histeria”,pois lá já dizia que a gênese da neurose é sobredeterminada,ou seja,vários
fatores contribuem para sua estruturação.
A sobredeterminação nos leva à superinterpretação,isto é,uma segunda
interpretação,dando outro significado do sonho,distinto da interpretação original.
Isso não significa que a primeira foi equivocada,mas que,a sobredeterminação implica
em mais fatores
Rigorosamente falando não existe interpretação completa.
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“É somente com a maior dificuldade que o principiante na matéria de interpretar
sonhos pode ser persuadido de que sua tarefa não chegou ao fim quando tem em mãos
uma interpretação completa,uma interpretação que faz sentido,que é coerente e lança
luz sobre todos os elementos do conteúdo do sonho.Porque o mesmo sonho pode
possuir uma outra interpretação também,uma superinterpretação que lhe escapou.”
A superinterpretação pode ocorrer por:
existir a sobredeterminação
o analisando apresentar novas associações
A Primeira Tópica
Ela surge no Cap. VII da “Traumdeutung” e faz referência a vários modos e graus de
distribuição do desejo.Os locais que ele pontua são metafóricos,não anatômicos.Fala
de localização psíquica.
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Ele é bem claro quando diz:
“Desprezarei inteiramente o fato de que o mecanismo mental em que estamos aqui
interessado é-nos também conhecido sob a forma de preparação anatômica e evitarei
cuidadosamente a tentação de determinar a localização psíquica por qualquer modo
anatômico”
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Pcpt M
Essa seria a imagem do aparelho citado.Freud porém viu que as percepções deixavam
traços mnêmicos que seriam permanentes.
Uma parte deve responsabilizar-se pela retenção mnêmica enquanto outra fica com a
recepção de estímulos
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Pcpt Mnem Mnem Mnem M
Assim o sistema Pcpt recebe os estímulos mas não os registra nem associa.
Essa função passa para os sistemas mnêmicos que recebendo as percepções do 1º
sistema transforma-as em traços permanentes.As associações também permanecem
nestes últimos sistemas
Uma associação acontece quando diminuem as resistências ou quando se
estabelecem caminhos facilitadores.
Na ocorrência disso uma excitação é transmitida mais prontamente de um elemento
Mnem a outro.
Quando propõe a elaboração onírica Freud reconhece uma instância crítica que só
poderia situar-se na extremidade motora devido a sua maior relação com a
consciência.Ela também é responsável por nossas ações voluntárias e conscientes
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Substituindo essas instâncias por sistemas teríamos finalmente:
Temos então uma construção topológica que visa oferecer uma descrição do
funcionamento do aparelho psíquico
Retomando a questão progressiva-regressiva e sua orientação notamos que o Ics só pode
ter acesso à consciência via Pcs/Cs
Qualquer conteúdo do Ics só poderá ser conhecido se transcrito — e portanto modificado
e distorcido – pela sintaxe do Pcs/Cs
liga-se
desejo inconsciente pensamentos oníricos procura forma de ter acesso
pertencente ao Pcs/Cs à consciência
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Na vigilia o percurso é efetuado do polo Pcpt ao polo Pcs/M.
Nos sonhos e alucinações caminha da parte sensória até o Pcpt ,reinvestindo as imagens
mnêmicas
A esse caminho inverso Freud denomina regressão
Regressão
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A atração das marcas mnêmicas das experiências infantis refere-se à teoria do trauma,a
“cena infantil” que Freud refere ,uma cena real (a teoria da sedução real pelo adulto
ainda não está superada aqui)
Rigorosamente essa teoria não foi superada completamente.Ele escreve em 1905
“Fui além dessa teoria,mas não a abandonei;vale dizer que não considero hoje a teoria
incorreta,mas incompleta”
Aos poucos ocorre uma diferenciação na noção de regressão ,quando num acréscimo à
“Interpretação..” feita em 1914 ele diz que existem três tipos de regressão:
1-tópica é o retorno da excitação,através dos sistemas que compõem o aparelho
psíquico do Pcs/Cs para o Ics
2-temporal retorno do indivíduo a estruturas psíquicas mais antigas
3-formal designa a passagem a modos de expressão mais primitivos,isto é,menos
estruturados(do processo secundário para o primário)
Na verdade as três se implicam mutuamente
A realização de desejos
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Existem três possíveis origens para os desejos que se realizam nos sonhos:
restos diurnos não satisfeitos desejos pertencentes ao Pcs/Cs
restos diurnos recalcados desejos que surgiram durante o dia e foram
suprimidos
desejos que pertencem ao Ics nada tem a ver com a vida diurna e emergem
durante o sono
Geraldo Arantes Jr 33
No sistema inconsciente o passado se conserva e como o sonho tem atuação regressiva,
os desejos mais infantis agem como indutores permanentes de seus conteúdos.
Descritivamente:
Ics
O caráter desagradável deriva do fato de seu conteúdo escapar ,em parte, à ação da
censura,deixando aflorar um desejo inconsciente que,por ser inaceitável para a
consciência produziu desprazer.
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Sonhos de punição também são desagradáveis porém realizam o desejo do sonhador de
se punir por ter um desejo proibido.A punição é também o desejo de outra pessoa , a
que censura.
O sonho de punição seria proveniente de um desejo do ego(inconsciente mas não
pertencente ao sistema Ics) cujo objetivo seria punir o desejo inconsciente,que é fonte
originária do sonho.
Anos mais tarde(23) Freud chamaria essa instância que exerce esse policiamento do
desejo de Superego.
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experiência de satisfação percepção traço mnêmico
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Essa atividade psíquica original objetivava produzir uma “identidade perceptiva”
Essa “identidade” produzida via regressão ocasiona uma decepção pois o objeto é
alucinado e portanto persiste a necessidade
Necessita-se então de uma verificação da realidade,algo que barre essa regressão antes
que surja a alucinação.
A inibição da regressão ocorrerá graças a formação do ego.
Os sonhos são uma amostra atual desse modus operandi primitivo do aparelho psíquico
produzindo uma satisfação alucinatória pela via regressiva.
Na vida diurna esse modus operandi encontra-se na atividade psicótica
O recalcamento
Geraldo Arantes Jr 38
Essa energia circula pelos sistemas Ics e Pcs/Cs sendo que no primeiro a luta é para
livrar-se dela enquanto o segundo impõe barreiras à livre descarga.
O Ics quer escoar essa energia pois seu acúmulo gera desprazer em seu interior.
Uma corrente dessa espécie foi denominada desejo e somente ele coloca o aparelho
psíquico em ação.
Se o sistema Ics quer a descarga de energia o Pcs/Cs procura transformar catexia do
sistema anterior em catexia mais amenizada.Isto só é possível quando altera-se o
mundo externo visando uma satisfação mesmo que seja parcial ,porém tolerada por
ele.
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Defesa processo mais genérico de evitamento da dor
Recalcamentoprocesso que visa manter afastado no Ics representações ligadas a uma
pulsão.
Lembremos que:
a experiência da dor não produz recatexização da imagem do objeto,mas
tendência que ela seja rejeitada
evitar a lembrança é processo similar à fuga da percepção
Esse é o modelo do recalcamento que só é efetuado pelo Pcs/Cs pois o Ics não conhece o
“não” e “só faz desejar” .
O Pcs/Cs não pode inibir totalmente os impulsos inconscientes pois a tensão no Ics ficaria
insuportável,mas se vierem a tona também será desprazeroso
A função dele será então a de dirigir tais impulsos por caminhos mais convenientes
Geraldo Arantes Jr 40
Quando no funcionamento do ap. Psiquico opera apenas o Ics está atuando o processo
primário
Quando funciona Pcs/Cs temos o processo secundário
Esses impulsos não são destruídos nem inibidos e a liberação do afeto a eles ligado
produz desprazer
O recalcamento consiste precisamente na transformação desse afeto
Geraldo Arantes Jr 41
Ponto de vista Tópico
Primeira Tópica
Inicialmente Freud preocupa-se compreender os fenômenos psíquicos aproximando-os de
dados histológicos e neurofisiológicos.A seguir a preocupação com a neurofisiologia ou
anatomia desaparece e a teorização puramente psicológica visará apenas a coerência
interna e à eficácia na compreensão dos fatos clínicos
O primeiro esquema topológico aparece então no capítulo VII da “Interpretação dos
sonhos” e no texto de 1915 “O inconsciente”
A primeira tópica mostra um aparelho psíquico formado por tres sistemas:
Icsinconsciente
Pcspré-consciente
Csconsciente
Sistema Pcs/Cs
Registra as informações captadas do meio externo e tem ainda a percepção das sensações
internas ligadas à série prazer-desprazer.
Não conserva nenhum traço duradouro das excitações que registra
Funciona num registro qualitativo enquanto o resto do aparelho psíquico funciona
segundo as quantidades
É a sede e processamento do pensamento,isto é,dos raciocínios e revivescências de
recordações
Tem ainda o controle da motilidade
Geraldo Arantes Jr 42
Pré-consciente
Freud frequente uniu o PCs com o sistema Cs para contrapo-lo ao Ics.
Pelo seu conteúdo podemos dizer que:
não presente no campo de consciência,é ,no entanto,acessível ao conhecimento
consciente
pertence ao sistema de traços mnêmicos
feito de representações de palavra
Inconsciente
parte mais arcaica do Aparelho psíquico,a mais próxima da fonte pulsional.
constituído essencialmente de representantes das pulsões
na visão da 1ª tópica ,constituído historicamente no curso de vida do indivíduo
Geraldo Arantes Jr 43
Censura
As energias,as representações não circulam através dos sistemas sem um controle.Existe
a censura que regula esse trânsito.Particularmente severa entre Ics e Pcs,exerce essa
vigilância ativamente, impedindo que as representações acessem certo território.
Existe também entre Pcs e Cs ,porém é menos rigorosa
Atua como barreira ainda, entre o mundo externo e o sistema Pcs/Cs ,à maneira de um
filtro evitando a irrupção no interior do psiquismo de estímulos violentos que não
poderiam ser controlados
Segunda Tópica
Id
Nestas tres novas instâncias apenas o Id tinha um correspondente quase exato na
primeira tópica ao inconsciente,exceto que uma parte do antigo Ics não se encontra mais
Geraldo Arantes Jr 44
no Id
Freud se refere a ele como a parte impenetrável de nossa
personalidade,desembocando no somático de onde recolhe as necessidades
pulsionais,que aí encontram suas expressões psíquicas.
Na primeira dualidade pulsional as pulsões do ego ligavam-se ao sistema
Pcs/Cs,enquanto na segunda ,pulsões de vida e de morte pertencem ao Id.
Em relação ao Id podemos verificar:
as leis que o regem:princípio do prazer,processo primário
processos que nele ocorrem fogem às leis lógicas do pensamento
a contradição não existe nessa instância
não se encontra nada que possa ser comparado à negação
noções de tempo e espaço inexistem aí
ignora-se os juízos de valor com bem,mal,moral
constitui o polo pulsional da personalidade
do ponto de vista econômico é o reservatório primitivo da energia psiquica
do ponto de vista dinâmico entra em conflito com ego e superego que do ponto
de vista genético são diferenciações dele
seus conteúdos são em parte hereditários e inatos e em parte recalcados e
adquiridos
Superego
A identificação será feita não com o Ego dos pais mas sim com o Superego deles que
transparece em sua atitude educativa.
Freud observa:
“...apesar de sua diferença fundamental,o Id e o Superego tem um ponto em
comum:ambos representam,de fato,o papel do passado,o Id o da hereditariedade,o
Superego,o que ele pediu emprestado a outrem;enquanto o Ego é sobretudo
determinado por aquilo que ele próprio viveu,ou seja,pelo acidental,atual”
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Ponto de vista Econômico
Se a parte psíquica tem por um lado as representações,por outro tem os afetos a elas
ligados.
O afeto carrega consigo o aspecto qualitativo da carga emocional mas também, o
quantitativo,o investimento da representação dessa carga
À quantidade de energia psíquica ligada a uma representação denominamos
investimento.Freud diz que se trata de “algo que pode ser
aumentado,diminuído,deslocado,descarregado e que se estende sobre as
representações,um pouco como uma carga elétrica na superfície dos corpos”
O que seria essa energia?A noção de pulsão permite que se precise a noção desse
quantum.
As pulsões são entidades biológicas que tem um aspecto psíquico e um somático.É delas
que é retirada essa energia libidinal que se tornará energia de investimento.
Ela pode encontrar-se em dois estados : energia livre ou energia ligada.
Desde “Estudos sobre histeria “e o“Projeto...” esses dois aspectos da energia já eram
distinguidos.
A energia circula sobre uma cadeia de neurônios e seu encaminhamento pode ser
facilitado ou inibido.
No estado mais simples desse aparelho a energia encontra-se livre,isto é,ela tende a se
escoar para fora do sistema neuronal(descarga)
Geraldo Arantes Jr 48
Na medida que o Ego estabelece controle sobre os processos psíquicos ele tende a ligar
essa energia,acumulando-a em certos conjuntos neuronais
Num processo reflexivo mental um conjunto de representações é fortemente
investido:esse é o fenômeno da atenção.Num processo de pensamento teremos
deslocamentos mínimos de energia.
Estado livre de energiaprocesso primário
Estado ligado de energiaprocesso secundário
Nas situações de luto ou amor observamos nitidamente os movimentos de investimento
ou desinvestimentos de objetos.
O investimento deve ter uma certa estabilidade mas também elasticidade.Na perda o
indivíduo deve saber retirar seu investimento libidinal(no luto).
Processo primário caracteriza-se por um estado livre de energia,o que facilita a descarga
mas também os fenômenos de deslocamento e condensação
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Processo primário tende ainda à busca de uma identidade de percepção(ligada à
experiência de satisfação)
Neste processo quando surge uma tensão(desejo)os traços mnêmicos do objeto e do
processo que fizeram anteriromente desaparecer essa tensão serão fortemente
reinvestidos.O indivíduo vai então tentar encontrar pelas vias mais diretas o objeto de
satisfação
O que pode atingir-se é a reativação alucinatória da lembrança do objeto
O princípio do prazer rege inicialmente a atividade psíquica e tem por objetivo evitar o
desprazer e buscar o prazer.Para Freud ligava-se a certo nível de energia,sendo o prazer
uma redução ao minimo da tensão energética
Esse princípio supõe que as pulsões buscam a descarga e a satisfação mais
imediata.Essa satisfação mais imediata é a realização alucinatória que será
decepcionante e portanto não temos uma satisfação duradoura se tentarmos ignorar a
realidade
Geraldo Arantes Jr 50
Isso exprime então o princípio da realidade.Ele é na verdade um rearranjo do princípio
do prazer ,imposto pela experiência da vida.
Veremos então a correlação:
P. primário energia livre princípio do prazer identidade de percepção
P. secundário energia ligada princípio da realidade identidade de pensamento
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DESENVOLVIMENTO
PSICOSSEXUAL
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As diferentes fases do desenvolvimento do bebê não são claramente separadas ou
delimitadas,elas se interpenetram e passam gradualmente uma pela outra.A fase oral por
exemplo pode se estender bem além do desmame.
O que chamamos de sexualidade infantil difere da do adulto pelo menos em tres pontos:
as áreas erógenas não são forçosamente regiões genitais
a sexualidade infantil não conduz a relações genitais mas comporta atividades
que,mais tarde,desempenharão papel no prazer preliminar.
ela possui a tendência de ser auto-erótica
Fase oral
Compreende algo mais que a boca
entroncamento digestivo: esôfago,estômago,órgãos respiratórios que regulam
aspiração e expiração como pulmões(fixações orais dos asmáticos)
órgãos da fonação(portanto linguagem)
órgãos dos sentidos responsáveis por gustação,olfato,visão
Nessa época até o tocar na pele pertence a essa fase.É a época em que o bebê é mais
sensibilizado por carícias,beijos,cócegas.
O objeto “erótico” do bebê é o seio materno ou seu substituto,sendo que o ato de mamar
é a primeira expressão da libido.
No nascimento ao separar-se da mãe o bebê estabelece com ela nova
relação,simbiótica,fusional cujo mediador é a função nutricional
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A satisfação libidinal apoia-se então inicialmente na necessidade fisiológica para
posteriormente dela se separar.O bebê descobre que a excitação através da boca e lábios
proporciona prazer,mesmo na ausência de alimentação(sugar o dedo)
O alvo pulsional nessa fase é duplo e a estimulação da boca traz um prazer auto-erótico
mas o bebê não tem noção do mundo externo e esse estado é descrito como “anobjetal”.
Por outro lado ,é o desejo de “incorporar os objetos”,desejo específico da oralidade.O
bebê coloca tudo na boca.Ele não percebe indivíduos,imagina-se unido a tudo em suas
fantasias.O objeto é uma parte dele ,e engolindo-o ,incorpora-o
Geraldo Arantes Jr 54
A descoberta dos objetos procede-se gradualmente,constituindo-se por ocasião dos
momentos de ausência.A primeira tomada de consciência do objeto advirá da espera
nostálgica de algo familiar que satisfazia as necessidades do bebê.
A posteriori aprenderá a diferenciar sua impressões que será estabelecida entre os
objetos conhecidos,de confiança e os inabituais ,estranhos.
Quando a mãe atinge o status de objeto(de amor) a criança começa a comunicar-se com
ela e compreender o que ela lhe transmite.As reações de contato,a manipulação do bebê
pela mãe tem fundamental importância.
Geraldo Arantes Jr 55
Fase anal
As fezes são excitantes da mucosa intestinal,sendo consideradas pela criança como parte
de seu próprio corpo,que ela pode conservar no seu interior ou expulsar e permitir assim à
criança distinguir objeto interno e objeto externo.
Representam ainda para a criança uma moeda de troca entre ela e os adultos.Lembrar as
equivalências que Freud postula entre fezes,presente que se ofrrece ou
recusa,dinheiro,etc.
O ato de evacuar liga-se a um prazer assim como a retenção a uma sensaação erógena
indiscutível.
Reto sendo um órgão oco pode expelir as fezes como pode ser estimulado por algo que
o penetre.A bissexualidade estabeleceria uma analogia aqui por observarmos que as
tendências masculinas derivam da primeira faculdade e as femininas da segunda.
Os primeiros desejos anais são auto-eróticos,afinal tanto a eliminação quanto a
retenção, que podem ser prazerosas,são obtidas sem objeto algum.
Fase fálica
Como órgãos genitais e urinários coincidem em alto grau os primeiros desejos genitais
se entrelaçam intimamente com os eróticos-uretrais.
A excitação sexual concentra-se cada vez mais nos genitais e,afinal,descarrega de forma
genital
Geraldo Arantes Jr 58
A libido desloca-se de uma zona erógena para outra mas no caso dos neuróticos
pode ter uma fixação pré-genital que criaria um obstáculo à concentração genital
progressiva de excitação durante o ato sexual
A expressão principal da genitalidade infantil é a masturbação
Masturbação infantil
Geraldo Arantes Jr 59
Desde as primeiras semanas de vida a auto-satisfação exclui os outros seres humanos
como proporcionantes ativos de prazer(sugar os dedos).Esse sentimento de exclusão
adquire maior relevância com a aproximação das fases fálico-genitais.
Proporcionando-se prazer,excluindo o adulto,a criança revive os primitivos sentimentos
de exclusão de raízes edípicas.Observando essa postura da criança o adulto rememora
sua primeva atividade masturbatória recalcada.
Fase fálica-menino
Sabendo-se possuidor de um pênis o menino supervaloriza-o.
Libidinalmente é um instrumento de satisfação sexual(masturbações e fantasias)
É ainda símbolo da valorização narcísica de si,marcada ainda pelas tendências
exibicionistas
Fala-se então que o menino identifica-se com seu pênis
Devido a essa dose de narcisismo surge o medo de que algo possa danificar,causar mal a
seu órgão genital.
Geraldo Arantes Jr 60
A visão da genitália feminina confirma a hipótese de que existem seres que não tem
pênis.
Num primeiro momento ele nega a realidade(aqui pode surgir a perversão em geral).
Num anseio de reparação mágica ele pensa: aquilo crescerá nas meninas.Ele não
consegue elaborar a falta na menina a uma condição anatômica mas pensa que ela foi
submetida a uma mutilação,como sanção imaginária,infligida pelos pais.
Tal castigo ocorreria em decorrência de prazeres e desejos análogos aos seus que sente
como proibidos(masturbação)
Recusa-se a ausência de penis nas mulheres mesmo depois que a criança tenha que se
render à evidência.Imagina que tal sorte coube a quem se tornou culpada de pulsões
inadmissíveis
Mantem ainda a crença que a mãe possui um pênis e guarda a imagem desse pênis
imaginário,símbolo do falo,da potência adulta.
Fase fálica-menina
Cena Primária
É uma fantasia elaborada pela criança: ter sido testemunha do relacionamento sexual
dos pais.Mesmo tendo ocorrido,o fato não é relevante para a constituição da fantasia
do sujeito.O que importa é que tendo esta fantasia o sujeito responde à pergunta sobre
qual é sua origem como sujeito.Ocorre pari passu fantasias de sedução e castração
também. Geraldo Arantes Jr 62
Fantasia Responde à pergunta
Sedução de onde vem esta sensação que me impulsiona até os outros,ou até o
outro sexo?
Escopofilia ou Voyeurismo
É o desejo de penetrar dentro do relacionamento íntimo dos pais(cena primária) e essa
fantasia reforça no sujeito o conhecimento das origens da sua alteridade.
Esta pulsão parcial será decisiva para a conduta epistemofílica,que o adulto terá para
poder conhecer,estudar,investigar,ter uma curiosidade geral.
Geraldo Arantes Jr 63
Resumo :
A fase fálica caracteriza-se pela descoberta da diferença entre os sexos.
Seria ainda a recusa da diferença:
menino negar a castração(narcisista)pela negação do sexo feminino
menina negar a castração ,pela reinvidicação do falo(narcisista) por meio da
reinvidicação do pênis( o clitóris crescerá)
Aqui o pênis não é reconhecido como órgão genital mas como órgão de
“completude”,de “potência”,ou seja um falo .
A criança não estabelece uma diferença entre homem–mulher mas sim entre um ser
que tem e outro que não tem um pênis.
Freud em “Organização genital infantil” diz “’o que está presente,portanto,não é uma
primazia dos orgãos genitais ,mas uma primazia do falo”.
Lacan em “Escritos” diz “se o falo tem relação íntima com o órgão masculino,é na
medida em que designa o pênis enquanto faltoso ou suscetível de vir a faltar”. E’ a
falta sempre presente ,seja como ameaça ou como fato consumado.
Em síntese, o elemento organizador da sexualidade não ét o órgão genital masculino
mas a representação psiquica imaginária e símbólica construída
Geraldo Arantes Jr 64
Teorias sexuais infantis
Geraldo Arantes Jr 65
1º
INCONSCIENTE
Geraldo Arantes Jr 66
No sentido tópico,inconsciente designa um dos sistemas definidos por Freud no quadro de
sua primeira teoria do aparelho psíquico:é constituído por conteúdos recalcados aos quais
foi recusado o acesso ao sistema Pcs/Cs pela ação do recalcamento.
No quadro da segunda tópica freudiana,o termo inconsciente é sobretudo usado na sua
forma adjetiva;efetivamente inconsciente deixa de ser o que é próprio de uma instância
especial,visto que qualifica o id e ,em parte,o ego e o superego
Vocabulário da Psicanálise Laplanche/Pontalis
Geraldo Arantes Jr 67
O conceito de Ics sofre uma transformação ao longo da obra freudiana.
Desde o cap. VII da “Traumdeutung” ,sua conceituação inicial até os textos finais da
segunda tópica a modificação é visível
A ideia básica é mantida sempre tendo o Ics como lugar psíquico diferenciado e
identificado com o recalcado .
Freud preocupa-se em diferenciar o conceito psicanalítico de Ics do conceito filosófico ou
psicológico
Ele não é:
o profundo da consciência
lugar do caótico e do misterioso
franja ou margem da consciência
Geraldo Arantes Jr 68
Ics descritivo e Ics sistemático
Uma representação pode estar ausente da consciência mas por um ato voluntário tornar-
se consciente.Esse fato era insconsciente no sentido descritivo do termo
inconsciente(fatos do dia anterior podem passar a conscientes sem esforço por parte do
indivíduo).
Geraldo Arantes Jr 69
Levando em consideração isso podemos afirmar que um ato psiquico pode passar pelas
seguintes fases:
ele é inconsciente e pertence ao sistema Ics
devido à censura seu acesso à consciência pode ser negado
nesse caso ele é recalcado e permanece no sistema Ics
passando pela censura torna-se suscetível de consciência e passa a pertencer ao Pcs
agora pode tornar-se consciente sem problemas
A grande divisão então não é Ics-Cs,mas sim sistema Ics e sistema Pcs/Cs
P Cs
Ics Pcs
Geraldo Arantes Jr 70
A esses sistemas Freud faz corresponder leis,modo de funcionamento de processos
psiquicos e articulações entre as representações inteiramente diferentes de um sistema
para outro.
A passagem de um sistema para outro não mantem os processos inalterados ou as
representações envolvidas.
O que ocorre então quando uma representação pertencente ao sistema Ics se torna
consciente?
1-ocorre uma nova inscrição da representação e a original continua existindo
paralelamente no Ics?
2-a representação sofre uma mudança de estado?
A 1ª hipótese , a da dupla inscrição ou topográfica Freud considera mais grosseira
porem mais convincente
A 2ª, chamada funcional ele considera mais provável, embora menos plástica.
No artigo “O Inconsciente” Freud coloca a questão em termos econômicos adotando a
hipótese funcional.
cada sistema psiquico possui uma energia de investimento específica
há um desinvestimento Pcs
e um reinvestimento Ics
Geraldo Arantes Jr 72
No recalcamento originário
“De um golpe parece que sabemos agora em que consiste a diferença entre uma
representação consciente e uma inconsciente.Elas não são,como acreditávamos,diversas
transcrições do mesmo conteúdo em lugares psiquicos diferentes,nem diversos estados
funcionais de investimento no mesmo lugar,mas a representação consciente abarca a
representação-coisa(Sachevorstellung)mais a correspondente representação palavra,ao
passo que a inconsciente é apenas a representação-coisa”
Geraldo Arantes Jr 73
Propriedades do Ics
Seu núcleo consiste de representações pulsionais
em moções de desejos
Geraldo Arantes Jr 74
Esquematicamente teríamos:
O Ics caracteriza-se por grande mobilidade das intensidades de investimento(Freud chama processo
psiquico primário)
Economicamente significa livre circulação de energia de uma representação para outra.
Isso ocorre não anarquicamente mas segundo mecanismos da condensação e deslocamento.
No Pcs ocorre um investimento mais estável das representações correspondendo a energia ligada.
No Ics temos a ausência de temporalidade,seus processos não estão ordenados de acordo com o
tempo nem se modificam pela passagem deste,nem tem relação com ele.
No que diz respeito aos afetos Freud diz não haver afetos inconscientes já que é da natureza deles
serem sentidos como tais.
Em “Conferências introdutórias Freud faz uma distinção em relação ao afeto:distingue as
descargas(ações motoras ocorridas) das sensações(prazer e desprazer) que conferem ao afeto seu
tom predominante.
Geraldo Arantes Jr 75
Assim sendo as descargas correspondem ao aspecto quantitativo e as sensações de
desprazer ou prazer ao qualitativo.
No recalcamento tanto afeto quanto representação são atingidos sendo a representação
recalcada e o afeto compelido a ligar-se a outra representação.
Geraldo Arantes Jr 76
Geraldo Arantes Jr 77
“Processo dinâmico que consiste numa pressão ou força(carga energética,fator de
motricidade)que faz tender o organismo para uma alvo.Segundo Freud,uma pulsão tem
a sua fonte numa excitação corporal(estado de tensão);o seu alvo é suprimir o estado
de tensão que reina na fonte pulsional;é no objeto ou graças a ele que a pulsão pode
atingir seu alvo
Vocabulário da Psicanálise Laplanche/Pontalisi
Geraldo Arantes Jr 78
O conceito de pulsão é uma construção teórica pois ela nunca se dá por si mesma,só é
conhecida pelos seus representantes:
ideia (Vorstellung)
afeto (Affekt)
Freud emprega o termo alemão Trieb com significado distinto de Instinkt.Ao primeiro
ficou consagrada a tradução de “pulsão”.
Por Instinkt designa-se um comportamento hereditariamente fixado que possui um
objeto específico contrariamente a Pulsão que não tem objeto específico nem
comportamento pré-formado
Geraldo Arantes Jr 79
Lembremos bem então que a pulsão só se dá pelos seus representantes,nunca se dá
como tal.
Uma pulsão não pode ser recalcada,seu representante ideativo é que é submetido ao
recalque.
Por outro lado o afeto é a expressão qualitativa da quantidade de energia pulsional
sendo independente do representante ideativo.
Num primeiro momento Freud fala em pulsões do ego e pulsões sexuais como um
“postulado de trabalho”,uma hipótese.
Essa abordagem ocorre no texto “A concepção psicanalítica da perturbação psicogênica
da visão”
Geraldo Arantes Jr 83
“...uma parte extremamente importante é desempenhada pela inegável oposição entre
as pulsões que favorecem a sexualidade,a consecução da satisfação sexual,e as demais
pulsões que tem por objetivo a autopreservação do indivíduo:as pulsões do ego.”
Vemos o conflito presente no Édipo para instituir a ordem humana,é o conflito que
produz a clivagem do psiquismo,no desejo e na defesa entre os sistemas Cs x Ics/Pcs.Ele
é portanto uma noção fundamental.
Geraldo Arantes Jr 84
Nas pulsões não seria diferente e com este conceito temos um suporte dinâmico para
a concepção do conflito psíquico
Como o Ics só faz “desejar” e como nele não há lugar para o “não” o conflito entre as
pulsões deve emanar de diferentes sistemas,daí a oposição entre pulsões sexuais e
pulsões do ego.
Isso porém não explica a diferença de natureza entre os dois tipos de pulsões.
No caso das pulsões do ego Freud afirma que elas visam o ego e não que elas emanam
do ego.No caso então as pulsões de auto conservação não emanariam do ego mas a ele
serviriam.
A referência é ambígua e dá margens a divergências.No caso o dualismo seria
puramente funcional e não um dualismo de pulsões de naturezas distintas
Geraldo Arantes Jr 85
Desta maneira a autoconservação nada mais seria que um amor a si mesmo e em última
instância toda pulsão seria sexual.
Quando parecia que Freud iria afirmar um monismo pulsional com Jung ele introduz um
novo dualismo:pulsões de vida e pulsões de morte .
Geraldo Arantes Jr 86
Vimos que:
objetivo
pulsão satisfação
modifica
censura não pode ser destruída nem inibida
Geraldo Arantes Jr 87
Na carta de maio/1894 Freud colocava as transformações do afeto como:
Geraldo Arantes Jr 88
Na análise dos pares de opostos sadismo-masoquismo e voyeurismo-exibicionismo
verificaremos a reversão do objetivo e do objeto.
No par sadismo-masoquismo
Geraldo Arantes Jr 91
Prazer ligado ao ego e a indiferença com o mundo externo;isso no que diz respeito as
pulsões sexuais.Quando se trata de autoconservação exige-se um objeto externo
Geraldo Arantes Jr 94
Sabemos que:
o que é prazeroso para o Ics pode ser desprazeroso para o Pcs/Cs”
o P. da realidade mesmo quando renuncia ao prazer está servindo ao P. do prazer
O que se questiona então é se algo desprazeroso pode impor-se repetidamente.
Esse é o caso da compulsão à repetição.Em “Além do princípio do prazer” vemos :
“....a compulsão à repetição também rememora do passado experiências que não
incluem possibilidade alguma de prazer e que nunca,mesmo há longo tempo,trouxeram
satisfação,mesmo para impulsos pulsionais que desde então foram recalcados”
Esse “....algo que parece mais primitivo,mais elementar e mais pulsional do que o P. do
prazer...” .Esse algo é a pulsão de morte.
A hipótese é que essa pulsão é uma tentativa inerente à vida orgânica de restaurar o
estado anterior de coisas:ela é a expressão da inércia inerente à vida orgânica.
Devemos então admitir que a pulsão tende a repetir o mais arcaico,o estado inicial do
qual o ser vivo se afastou em decorrência de fatores externos.
Esse estado inicial é o inorgânico.
Sendo assim todo ser vivo tende para a morte o que é inevitavelmente cumprido
Geraldo Arantes Jr 95
O que a realidade externa provocou foi o aparecimento da vida ,e o movimento em
direção à morte o proprio ser humano empreende.
Uma morte obtida por agentes externos contraria essa tendência pois o organismo
deseja morrer a sua maneira.
Geraldo Arantes Jr 97
3º-NARCISISMO
Geraldo Arantes Jr 98
Narcisismo
Termo que aparece pela primeira vez em 1910para explicar a escolha de objeto nos
homossexuais
No caso Schreber (1911)Freud propõe a existencia de uma fase entre auto-erotismo e
amor objetal
Conceito de narcisismo é introduzido no texto de 1914 Narcisismo:uma introdução
Geraldo Arantes Jr 99
Referido por Freud pela 1ª vez como um estágio necessário entre o auto-erotismo e o
amor objetal em uma reunião da Soc.Psicanalítica de Viena em 1909
Nesse mesmo ano numa nota de rodapé de “Tres ensaios sobre a teoria da sexualidade
“ (1905)o termo narcisismo aparece pela 1ª vez em seus escritos
Auto-erotismo
É um estado original da sexualidade infantil anterior ao narcisismo onde a pulsão sexual
encontra satisfação sem recorrer a um objeto externo.
O sugar o seio materno deu a criança uma experiência prazerosa além da satisfação da
necessidade.
associado
lábio(zona erógena) fluxo morno do leite no seio
Tendo como base esse auto-erotismo a libido constitui aos poucos seus objetos com
consequente correspondência à elaboração do mundo pelo sujeito,mundo dos
objetos de interesse.
Narcisismo
Nos primordios do psiquismo não existe uma unidade comparável ao eu,ele tem que
ser desenvolvido.
Apesar disso as pulsões auto eróticas estão lá desde o princípio.Para que o narcisismo
surja algo deve ser acrescentado ao auto-erotismo : o eu
Geraldo Arantes Jr 102
Se antes do artigo de 1914 o narcisismo era assimilado à perversão,a partir dele passa a
ser apontado como forma necessária de constituição da subjetividade,é condição de
formação do eu.
Distingue a retração da libido para o ego da retração para objetos imaginários ,sendo a
1ª o narcisismo e a 2ª a introversão propriamente dita.
Geraldo Arantes Jr 103
Assinala ainda a diferença da estrutura neurótica da psicótica no que diz respeito a
retração da realidade em cada uma delas.
Neurótico a realidade é substituida pela fantasia
Psicótico há perda da realidade sem que a fantasia forneça um tipo
de substituto
o eu que surge
é o eu ideal
Assim esse que não está presente “desde o início” é o da série prazer/desprazer.
O início é o da vida erótica,desse corpo biológico que será agora libidinizado.
Uma forma particular que o eu toma é a do “eu ideal”,imagem essa dotada de todas
as perfeições,a imagem idealizada do eu.
Esses atributos de perfeição e artimanhas para encobrir os defeitos é a forma
narcísica de vínculo que se estabelece com o filho
O eu ideal não é uma fase inicial do eu superada e substituida pelo ideal do eu.Ele
permanece transformado e acrescentado,no indivíduo adulto.
Em “Luto e melancolia” Freud retoma o tema narcisismo como sendo uma forma de
investimento libidinal do próprio eu,e sendo o eu constituido numa relação ao outro,
faz com que o narcisismo e identificação narcísica possam ser considerados modos
identicos de funcionamento libidinal.
Freud distingue dois tipos de escolha de objeto:o tipo anaclítico e o tipo narcísico
Geraldo Arantes Jr 111
Tipo anaclítico a criança escolhe como objeto sexual as pessoas que cuidam dela
Tipo narcísico toma a si mesmo como objeto de amor
No luto desinteressa-se pelo mundo exterior ,e os demais objetos por não evocarem o
objeto perdido perdem o interesse
Aqui o eu fica inibido e o campo de atividades fica restrito,pelo fato do eu estar ocupado
como trabalho do luto
a libido aqui serviu para estabelecer uma identificação do eu com o objeto amado
“Para Sigmund Freud,o recalque designa o processo que visa manter no inconsciente
todas as idéias e representações ligadas às pulsões e cuja realização,produtora de
prazer,afetaria o equilíbrio do funcionamento psicológico do indivíduo,transformando-se
em fonte de desprazer.Freud que modificou diversas vezes sua definição e seu campo de
ação,considera que o recalque é constitutivo do núcleo original do inconsciente.
Dicionário de Psicanálise Roudinesco e Plon
Quem primeiro usou o termo Verdrangung foi o filosofo alemão Johann Friedrich Herbart
que afirmava ser a representação(Vorstellung) o elemento constituinte da vida
mental.Este exerceu grande influência sobre Meynert que foi professor de Freud.Ele
porém não fez do recalcamento o processo responsável pela clivagem da subjetividade
nas instâncias Ics—Pcs –Cs.
O termo Verdrangung encontra-se desde 1893 no “Sobre o mecanismo psíquico dos
fenômenos histéricos” ,no “Homem dos ratos”(1909) e na “Traumdeutung”(1900),porém
só quando se defronta com a resistência é que o conceito de recalcamento começa a
delinear-se.
Essa defesa era fruto de uma censura sobre uma ou mais ideias que despertavam
sentimentos de sofrimento psiquico ou vergonha.
O paciente procura Freud relatando uma histeria de angustia sob a forma de fobia de um
animal que mais tarde passa para uma neurose obsessiva com conteúdo religioso.
Seu tratamento foi de fevereiro de 1910 a julho de 1914 com pouca alteração nos
primeiros anos. Geraldo Arantes Jr 120
Havia muita resistência e quando Freud sentiu suficiente transferência marcou uma
data para o término do tratamento conseguindo aí então romper as defesas do
paciente.
Sua história:
Aos 3 anos e tres meses sua irmã inicia-o nas práticas sexuais onde ele se deixava
manipular passivamente
Ela era mais elogiada pelos pais por ser mais inteligente e desembaraçada
Nas fantasias dele colocava-se como tentando ver a irmã despida e fora castigado pela
família.
Ao invés de seduzir a irmã tenta isso com a babá que o repudia e ameaça-o de
castração
Volta então a sexualidade para o pai a quem provoca para ser castigado e obter uma
satisfação masoquista.
Relata um sonho :
“De repente a janela abriu-se sozinha e fiquei aterrorizado ao ver que alguns lobos
brancos estavam sentados na grande nogueira em frente da janela.Havia seis ou sete
deles.Os lobos eram muito brancos e pareciam-se mais com raposas ou cães
pastores,pois tinham caudas grandes,como as raposas,e orelhas empinadas,como cães
quando prestam atenção a algo.Com grande terror,evidentemente de ser comido pelos
lobos,gritei e acordei.Minha babá correu até minha cama para ver o que me havia
acontecido.
A cena do coito parental nunca foi evocada, foi reconstruída por Freud a partir do relato e
associações do paciente.
Quando o paciente compreendeu o significado da cena primária, Freud não diz que a
cena foi recordada pelo paciente,mas que através do sonho ,ela ganhou significado
traumático.
Por não dispor de um sistema simbólico que dê significação à cena Freud lança mão de
um conteúdo filogenético que seria o informador arcaico dessas primeiras experiências
E conclui
Para que o recalcamento ocorra não basta a pressão exercida pelo sistema
Pcs/Cs,necessita-se ainda que haja uma atração de representações inconscientes.
Esse símile do instinto primitivo funcionaria como primeira indicação ,ainda
primitiva,para as inscrições que vão se constituir no recalcamento original
Assim o recalcamento originário não é constituido por um investimento do Ics nem por
desenvestimento do Pcs-Cs
“O contra investimento é o único mecanismo do recalque originário”(Freud)
Recalcamento secundário
A distinção entre recalque secundário e primário é necessária para responder a
aparente contradição do recalque ser um mecanismo que se exerce entre Ics e Pcs/Cs
ao mesmo tempo que funda a distinção entre eles
Se o recalcamento primário tem uma natureza mais passiva ,o secundário é
essencialmente ativo.
Por outro lado se o primário é responsável pela clivagem do psiquismo em instâncias
diferenciadas ,o secundário pressupõe a clivagem.
Ele é efeito do conflito entre o sistema inconsciente e o pre-consciente—consciente,
sendo exercido por este último
Já vimos que: I-a função do recalque é impedir que certas representações pertencentes
ao Ics tenham acesso ao Pcs/Cs.
II-o recalque incide sobre o representante psiquico da pulsão
Geraldo Arantes Jr 127
III-o recalcamento incide sobre o representante ideativo,não sobre o afeto
IV-o afeto sofre várias vicissitudes mas não é recalcado
V-o afeto está ligado ao representante ideativo, mas não se torna inconsciente
VI-presente na trama pulsional o afeto constitui seu aspecto quantitativo,não o
aspecto significativo,pela qual é considerado como sinal e não como significante
Na neurose obsessiva
O retorno do recalcado
Consiste no fracasso do recalque e na irrupção do recalcado à superfície
O retorno do recalcado não é simplesmente o aparecimento no Pcs/Cs da representação
recalcada.
1ºinicialmente a criança reage a sua imagem no espelho como se fosse uma realidade
ou a imagem de um outro
2ºem seguida trata a imagem como algo real,não procurará pegar esse outro escondido
atrás do espelho
3ºa criança reconhece no espelho sua imagem.Trata-se de um processo de
identificação,uma conquista progressiva de identidade do sujeito
Imaginária porque a criança se identifica a um duplo de si mesma,a uma imagem que não
é ela própria.Esse eu é descrito como essencialmente imaginário mas não prescinde do
reconhecimento simbólico do Outro(representado pela mãe)
Aí reside reside a alienação fundadora do eu,que,para se constituir,se vale de uma
imagem que,no fundo,não é ele mesmo mas um outro: “o eu é um outro”
Assim a criança preenche um hiato entre esses dois termos da relação:corpo e sua imagem
Na atividade lúdica da criança gritando For(foi) quando joga o objeto e Da(aí) fazendo-o
reaparecer implica numa compulsão à repetição bem como o desejo da presença da
mãe.Tenta articular as ausências e presenças da mãe jogando e recuperando o objeto (ou
seja alternando partidas e retorno)
“Sua ação destroi o objeto que ele faz aparecere desaparecer na provocação antecipatória
de sua ausência e de sua presença” Geraldo Arantes Jr 135
A criança está se introduzindo no discurso concreto de seu ambiente reproduzindo com
Fort e Da os vocábulos que dele recebe,ou seja,tendo acesso à linguagem
O meio sociocultural oferece os fonemas(vogais e consoante) o que leva a criança a
introjeta-los como materia significante
O acesso à linguagem leva o sujeito a ser dominado pela ordem Simbólica e passa a ser
constituído por ela
Só pode ser pensado na sua relação com o desejo do outro,apontando sempre para
uma falta,não especificamente para o objeto considerado.
De objeto em objeto,o desejo desliza ,numa série interminável,numa satisfação sempre
adiada e nunca atingida.
Para que o desejo se torne humano ele só pode ter por objeto um outro desejo,ou
seja,desejar o desejo do outro,eis o que caracteriza o eu como eu humano.
Ex: quando um soldado arrebata a bandeira inimiga ,não quer um pano colorido mas
sim o objeto de desejo do outro
Quando o homem deseja o corpo de uma mulher,ele quer o corpo desejado por outros
desejos.Se desejasse o corpo emquanto objeto natural seria instinto.
Geraldo Arantes Jr 138
Quer se apossar do desejo dela e também ser desejado .Por outro lado o mesmo
acontece com ela em relação ao homem.
O desejo humano quer que o outro reconheça o meu desejo e para que isso ocorra ele
tem que se submeter aos valores que meu desejo representa
Assim só afirmo meu desejo na medida que nego o desejo do outro e tento impor a
esse outro meu próprio desejo.O outro procura fazer o mesmo comigo.
O que caracteriza o desejo para Freud é esse impulso para reproduzir alucinatoriamente
uma satisfação original.
O desejo é a nostalgia do objeto perdido.Ele desliza de objeto para objeto
interminavelmente e toda satisfação obtida remete a uma insatisfação que mantém o
deslizamento constante do desejo,numa rede sem fim de significantes
Segundo Lacan,o sujeito que fala tem de ser forçosamente admitido como sujeito e isso
porque ele é capaz de mentir,de ocultar.É esse sujeito que oculta, que Freud nos revela
no Ics.
Termo derivado do latim castratio e surgido no fim do século XIV para designar a
operação pela qual um homem ou um animal é privado de suas glândulas
genitais,condição de sua reprodução.Sendo assim,é sinônimo do termo
emasculação,mais recente,que o uso contemporâneo tende a privilegiar para designar a
remoção real dos testículos.A palavra ovariectomia é empregada para designar a
retirada dos ovários.
Sigmund Freud denominou complexo de castração o sentimento inconsciente de
ameaça experimentado pela criança quando ela constata a diferença anatômica entre
os sexos.
Dicionário de Psicanálise—Roudinesco e Plon
Geraldo Arantes Jr 144
Em “A organização genital infantil” Freud nos diz que :”o significado do complexo de castração
só poderá ser corretamente apreciado se levarmos em consideração sua origem na fase da primazia
fálica”
O falo é da ordem dos símbolos.O objeto da castração é então o falo e não o pênis
Na “Organização genital..”Freud estabelece uma clivagem entre o anatômico e o
psíquico,iniciando o uso do termo “falo”
Se alguém é desprovido de pênis a posse deste órgão também não está assegurada.
Deve-se notar que essa angústia não é efetivamente sentida posto que é inconsciente
Sob a irrupção dessa angústia o menino aceita a lei da proibição,optando por preservar
seu pênis,mesmo tendo renunciado a sua mãe como parceira sexual.
Castração na menina
O ódio de outrora ressurge sob a forma de hostilidade e rancor em relação à mãe que
é responsabilizada por te-la feito menina.
A atualização desses sentimentos antigos a respeito da mãe assinala o fim do
complexo de castração.
A mãe está assim na origem e término do complexo de castração feminino
No segundo momento a visão da genitália masculina obriga-a a admitir não ser ela
portadora do pênis.
“A menina observa o pênis grande e bem visível de um irmão ou de um coleguinha de
brincadeiras.Reconhece-o de imediato como a réplica superior de seu pequeno órgão
oculto(o clitóris)e,a partir daí,torna-se vítima da inveja do pênis”
Geraldo Arantes Jr 150
Para o menino os efeitos da experiência visual são progressivos,para a menina
imediatos.Ela viu,sabe que não tem e quer te-lo.
Nesse aspecto a visão do pênis confirma sua castração.No caso do menino a visão do
púbis faz emergir a possibilidade da castração,não como na menina que a visão do pênis
confirma-a.
Em síntese:
o menino vive a angústia da ameaça
a menina a inveja de possuir o que viu e do qual foi castrada
No terceiro tempo reconhece que seu clitóris é menor que o pênis; esse aspecto ainda é
individual.Mais tarde constata que as outras mulheres, inclusive sua mãe, tem a mesma
desvantagem
A mãe torna-se objeto de desprezo e raiva por não ter dado a ela o atributo fálico.O
ódio da primeira separação reaparece então sob a forma de recriminações incessantes
A descoberta da castração da mãe leva a separa-se dela pela segunda vez ,e a partir
daí,escolher o pai como objeto de amor.
O amor da menina era dirigido a u’a mãe fálica ,e não castrada
Torna-se possível então afastar-se dela e deixar que os sentimentos hostis,acumulados
desde longa data,levem a melhor
“É quase sempre a mãe que é responsabilizada pela falta do pênis,a mãe que lançou(a
filha) no mundo com um equipamento tão insuficiente”
151
Geraldo Arantes Jr
Passa agora a odiar a quem havia amado, por dois motivos:por ciúme e por rancor
devido à privação do pênis .Suas primeiras relações com o pai podem estabelecer-se,a
princípio,com base no desejo de dispor do pênis dele.
Finalmente ela pode ter três saídas do complexo de castração com a consequente
entrada em seu complexo de Édipo
Desde 1897 Freud faz referências ao complexo mas,um artigo exclusivamente dedicado
ao tema é de 1924:”A dissolução do complexo de Édipo”.
Como conceito psicanalítico a expressão complexo de Édipo aparece em 1910
Inicialmente Freud presume que a vivência edípica tanto no menino como na menina
seja paralela: o investimento amoroso da menina é o pai e do menino a mãe
No texto “A organização genital infantil”(1923) reconhece que há diferenças na
vivência do complexo entre menino e menina.
No artigo de 1925”Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os
sexos” ele observa:
a importância da fase pré-edipiana
a diferença entre os complexos de castração e de Édipo da menina e do
menino
a diferente construção do superego(supereu) em cada um
A questão da sexualidade feminina continuava ,no entanto,um “continente negro” ,um
campo ignorado
Alguns mal-entendidos foram criados por analistas que enfatizavam apenas o lugar
central da mãe na constituição do sujeito,em detrimento da função simbólica do pai.
Quando Lacan propõe uma releitura de Freud tem a intenção de corrigir tais equívocos
Freud—Fliess—Édipo
Primeira referência ao complexo de Édipo está na “Carta 64” (31/5/1897) num sonho
com sua filha mais velha Mathilde”O sonho ,é claro,mostra a realização de meu desejo
de encontrar um pai originador da neurose”
No “Rascunho N" Freud afirma que os impulsos hostis contra os pais constituem um
elemento integrante das neuroses.
É comum encontrar nos filhos o desejo de morte em relação ao pai e,nas filhas,o mesmo
desejo em relação à mãe.
Ele caracteriza como forma positiva o amor ao genitor do sexo oposto e ódio ao do
mesmo sexo e forma negativa amor ao genitor do mesmo sexo e ódio ao genitor do sexo
oposto.
Aborda ainda nesse texto a questão da bissexualidade nas vicissitudes do Édipo
Devido à bissexualidade o Édipo é dúplice,isto é,positivo e negativo,o menino apresenta
uma atitude afetuosa para com o pai(como uma menina) e ciúmes e hostilidade em
relação à mãe.
No decorrer de suas pesquisas o menino chega à conclusão que o pênis não é universal
A reação primeira da criança é rejeitar o fato e crer que ela tem um pênis,acredita que ele
é pequeno e crescerá.Mais tarde conclui que o pênis estava lá e foi retirado.A falta de
pênis é vista como castração.
A partir de então o menino se angustia pois corre o risco de ser castrado.
Geraldo Arantes Jr 162
Para Lacan o falo é o elemento central na organização da sexualidade humana—o
significante privilegiado,o significante da falta.
A castração que é simbólica,é vivenciada pela criança como uma falta real (ausência de
pênis na mulher)
A castração não é real,não incide nos genitais.Ela é simbólica,pois incide sobre a ordem
fálica
O falo é antes de tudo,um significante,significante da falta.
A menina para tornar-se mulher deve abandonar a erotização clitoridiana para haver a
erotização vaginal.
Reconhecendo sua “inferioridade “ anatômica ,a menina procura objetos que possam
substituí-lo.
Na menina o primeiro objeto de amor é a mãe ,sendo que o enamoramento pelo pai
sucede esse primeiro evento.
Nela então o complexo de castração precede o Édipo e o prepara.A menina tem ainda
que além de mudar de órgão erógeno trocar o objeto materno pelo paterno
Vimos então que a menina passa por três eventos que o menino não vivencia:
escolha objetal inicial do menino coincide com a final,enquanto a menina deve
abandonar a mãe para passar ao pai
deve passar da excitabilidade clitoridiana para a vaginal
deve abandonar seus fins sexuais ativos transformando-os em fins sexuais passivos
Isso determina para ela três diferentes caminhos para o desenvolvimento sexual:
revoltar-se ao se comparar com os meninos ,e insatisfeita com seu clitóris deixa
de lado sua atividade fálica bem como sua sexualidade em geral
é tomada por um sentimento de autoafirmação em relação a sua masculinidade
ameaçada ,nega a ausência do pênis,e permanece no complexo de
masculinidade o que a leva para uma escolha de objeto homossexual
O Édipo em Lacan
Após a segunda guerra no meio psicanalítico sustentava-se que a doença mental tinha
como causa as perturbações relativas aos cuidados que as mães dispensavam às crianças.
Apontar apenas a mãe ou o meio ambiente seria deixar de fora os processos que ocorrem
na subjetividade do bebê e as respostas que ele poderá dar às demandas do Outro nessa
dinâmica que se estabelece entre mãe,pai e criança
Assim a função do pai é essencialmente simbólica:ele nomeia,dá seu nome e, através desse
ato,encarna a Lei.
É preciso que a criança se aliene aos significados do Outro encarnado pela mãe,para mais
tarde dela se separar,retira-la desse lugar tão poderoso
Pra que tal alienação ocorra é necessário que a Lei do pai interfira para barrar esse poder
absoluto emanado da mãe.
Com essa intervenção:
impedir-se-á que a mãe faça da criança o centro de sua vida
impedir-se-á que a criança permaneça nessa posição de objeto da fantasia
materna
Tanto para Freud quanto para Lacan a função paterna é uma entidade simbólica que
possibilita o sujeito assumir sua posição sexual.
Ele é portanto o que porta a Lei e não o educador que encarna a Lei,isto é,ao invés de
representar a Lei ,identifica-se com ela tornando-se arbitrário
Tal situação coloca a criança se fazendo de objeto que supõe faltar à mãe.
Ela quer constituir-se o falo da mãe.
Esse falo é aquele da infância materna,seu Édipo,à medida que o filho vem ficar no lugar
do falo que não recebeu de sua mãe e foi buscar no pai.
A criança então nesse primeiro tempo do Édipo acredita ser o objeto fálico supostamente
desejado pela mãe.Como este objeto é imaginário,a identificação fálica da criança é
estritamente imaginária
Caso a criança se fixe neste estágio identificatório ,estamos em pleno domínio da psicose
Geraldo Arantes Jr 171
No segundo momento do Édipo ocorre a intervenção paterna com uma dupla função
junto a configuração mãe-falo-criança.
em relação à criança interdita-a à mãe
junto à mãe priva-a do falo que julga ter,impedindo-a de considerar a criança
como objeto de seu gozo
a criança acaba vendo o pai como um falo rival junto à mãe
o pai interdita uma satisfação incestuosa introduzindo a Lei(proibição do incesto)
o desejo da criança passa a estar na dependência de um objeto que o pai é suposto
ter ou não
Supondo-se que ele detém o objeto de desejo da mãe,situa-se no lugar de pai simbólico
A criança é forçada não apenas a não ser o falo como também a não tê-lo como a mãe
incidindo aí o complexo de castração
Nesse momento é decisiva a relação que a mãe mantém não com a pessoa do pai ,mas
com a palavra dele no sentido de reconhecer a sua lei.
Conceito criado por Sigmund Freud para designar uma das três instâncias da segunda
tópica,juntamente com o eu e o isso.O supereu mergulha suas raízes no isso e,de uma
maneira implacável,exerce as funções de juiz e censor em relação ao eu
Dicionário de Psicanálise Roudinesco e Plon
Quando a criança assimila a lei e a torna psiquicamente sua, significa que parte do eu
identifica-se com a figura paterna interditora e outra parte continua a desejar.
A parte do eu que faz duradoura a lei interditora constitui o superego.
O superego então constitui não somente a marca permanente da lei de proibição mas
também três aspectos que marcam a saída do Édipo:renunciar o gozo proibido,preservar
o desejo em relação a tal gozo e salvar o pênis da ameaça de castração.
As qualidades de proibido,perigoso e inacessível do gozo significam:
inacessível do ponto de vista da lei
proibido de vista do desejo
perigoso para a consistência do eu(estilhaçamento se a criança acedesse ao gozo
trágico do incesto)
Para Freud este superego não representa o sentido da realidade externa mas o apelo
irresistível do id que incita o eu a violar a proibição e encaminhar-se para um êxtase
que ultrapassa qualquer prazer.
Por outro lado ele também pode apresentar-se como proibidor do gozo ou guardião da
integridade do eu.
A proibição rigorosa pode conduzir a severas manifestações de autopunição como as
que vemos nos quadros melancólicos ou nos delírios de auto-acusação
Com a severidade de suas sanções o superego desfruta de seu gozo.Surge aqui um
paradoxo:de uma maneira refrear e por outro lado gozar ele próprio por exercer a
interdição.
E finalmente em terceiro lugar tem uma função de proteção ciumenta que leva a
comportamentos caracterizados pela inibição.Como exemplo proibir a um homem a
relação sexual com sua mulher ,representando-a para ele como um perigo abominável.
I-alivia por permitir que se focalize uma falta desconhecida que ainda não tinha
representação
Geraldo Arantes Jr 179
II-a culpa requer além de uma ação que expie o erro,um nome que a represente
III-a dupla necessidade de punir e nomear impele o indivíduo a cometer uma falta real
que o leve também a uma punição real que enfim nomeará a falta inconsciente
A relação culpa <—> autopunição é tão estreita que identificamos aí três expressões
sentimento inconsciente de culpa
necessidade de punição
necessidade de nomeação
O eu paralisa-se diante dessas duas demandas, mas nenhuma delas foi satisfeita;o desejo
permanece impossível de ser consumado.
A culpa é uma crença imaginária do eu ,o falso presentimento de experimentar o gozo
absoluto,muito embora ele só possa experimentar um gozo parcial.