Marcelo Stahlecker Laura Cardoso Victor Fardin Introdução A reabilitação aquática é um termo do final do século XX que descreve uma teoria científica, fundamentos médicos e uma série de procedimentos clínicos que fazem uso da imersão em água para a restauração da mobilidade física e da atividade fisiológica e, ás vezes, para a obtenção de transformações fisiológicas. A reabilitação aquática vem sendo utilizada por diversos grupos como fonte benéfica de recuperação, onde as atividades em meio liquido são executadas por deficiente físico e mental, indivíduos com problemas neurológicos, no controle de dor crônica, no tratamento de pacientes em pós-mastectomia, na reabilitação cardíaca e cada vez mais no meio ortopédico. Devido os pacientes ter facilidades de execução de movimentos, promovendo uma reabilitação mais rápida e menos dolorosa. As atividades aquáticas têm obtido grande ascensão como meio de reabilitação, onde são inúmeros os efeitos benéficos proporcionados pelo meio liquido como: efeitos fisiológicos no sistema vascular, efeitos nos tecidos moles, efeitos nas articulações, proporcionando uma melhora em curto espaço de tempo e de maneira prazerosa para o paciente devido à minimização das dificuldades de execução de movimentos Na imersão a gravidade opera por completo embaixo da água, mas seus efeitos são menores. O efeito reduzido da gravidade desvia sangue e liquido dos membros inferiores para a parte superior do corpo (tórax), iniciando imediatamente após a exposição e atingindo um máximo em 24 horas. A centralização aumentada do volume sangüíneo e de líquido aumenta o retorno venoso, o que estimula os barorreceptores, aumenta o enchimento cardíaco e o volume-contração, reduzindo de forma reflexa a freqüência cardíaca. Metodologia Foi realizado um estudo exploratório, operacionalizado por meio de uma pesquisa bibliográfica. Reabilitação em Gestantes Uma dos principais fatores que afetam as mulheres na gestação é a lombalgia, que são dores na região lombar, causando desconfortos que prejudicam a qualidade de vida de maioria das mulheres no período da gestação. Assim o exercício aquático é tido como a atividade ideal para a gestante, pois os benefícios da atividade física em imersão possibilitam a prevenção e melhora dos desconfortos músculo-esquelético. As propriedades físicas da água promovem o relaxamento muscular geral, reduz a sensibilidade à dor, reduzem espasmos musculares, melhora a eficiência cardíaca e pulmonar, melhora a força e a elasticidade muscular e mantêm o peso e a composição corpórea em níveis adequados no período gestacional. Alguns exercícios são propostos dentro de um programa de reabilitação aquática para gestantes como: Em posição suspensa, em que o paciente fica sustentando o peso em uma orientação vertical com a cabeça fora da água; Exercícios abdominais em posição sentada, com o uso de halteres; Exercício para o assoalho pélvico: abdução e adução de membros inferiores; Elaboração de Exercícios para Gestantes: Conforme Campion: Abaixar os calcanhares até o solo; Alongamento de adutores; Agachamento resistivo; Adução e abdução de ombro; Fortalecimento e estabilização escapulatórios; Flexionar ambos os joelhos com os pés horizontais no chão; Reabilitação em Crianças: A atividade aquática é geralmente realizada por duas razões nesse grupo: para os exercícios ou natação. Com isso a utilização de exercícios isoladamente pode mostrar-se entediante as crianças, menos produtiva quanto aos esforços e menos efetiva quanto aos resultados dos tratamentos. Dessa forma jogos e atividades que são divertidos e prendem o interesse das crianças possuem maior probabilidade de desenvolver as habilidades necessárias para a possível reabilitação. A água é utilizada para se trabalhar vários problemas patológicos específicos em crianças, a utilização de programas de aquáticos é obtido como fator de reabilitação nesses indivíduos através de vários exercícios como: Amplitude de movimento; Batidas de pés rápida (flutter) na posição prono, segurando na parede ou prancha; Corridas- andando ou nadando; Exercícios de respiração; Fortalecimento muscular; Flutuação na posição prono; Natação estilo crawl de frente e de costas. Reabilitação em Idosos: Os exercícios terapêuticos na água aparentam serem os ideais para prevenir, manter, retardar, melhorar ou tratar as disfunções físicas características do envelhecimento. Os efeitos fisiológicos proporcionados pela água são amplos e envolvem respostas cardíacas, respiratórias, renais e musculoesqueléticas. Resposta cardiorrespiratória: Durante a imersão, a água exerce pressão sobre o corpo. Um efeito importante desse aumento de pressão acontece no sistema de retorno venoso, que é sensível a diferenças de pressão externa. Proporciona o deslocamento do sangue em uma via de mão única, que “deságua” nos maiores vasos da cavidade abdominal e para o coração. Resposta Musculoesquelética: Diminuição da sobrecarga articular; Aumento da resistência durante os movimentos aquáticos; Favorecimento do condicionamento muscular, como por exemplo, em corridas e caminhadas sub-aquáticas, sem o risco de lesões por sobrecarga das articulações. Resposta no Sistema renal: Há um aumento do fluxo sanguíneo renal, que ocasiona aumento da liberação de creatinina. Diminuição da pressão sangüínea. Neste sentido, vale ressaltar que a imersão também pode ser benéfica nos casos de edema, por auxiliar o retorno de líquido para a circulação linfática. Para prevenir ou reduzir a osteoporose, é necessário exercício com descarga de peso, sugerindo-se exercícios com água até os joelhos, onde a descarga de peso é diminuída parcialmente de 15% a 20% do peso corporal. O trabalho aeróbico também promove melhora do equilíbrio e coordenação motora, reduzindo o risco de quedas. Reabilitação em Indivíduos com Distúrbios Neurológicos A reabilitação neuromotora aquática é capaz de interferir de forma positiva nos problemas associados com ataxia como fraqueza de grupos musculares proximais, e acredita-se que a reabilitação neuromotora aquática pode ser usada como tratamento da própria ataxia. Os benefícios comumente descritos da reabilitação aquática para adultos com lesão cerebral incluem redução do tônus, prevenção de contraturas, assistência ao equilíbrio estático e dinâmico, fortalecimento mais precoce e mais eficaz, benefícios cardiovasculares, motivação, recreação e socialização. O ambiente aquático pode ser um dos poucos lugares onde movimentos recíprocos podem ser efetuados com segurança. Isso é importante para reabilitar os pacientes com lesão cerebral porque encorajar essas atividades pode diminuir a atrofia das fibras musculares de contração rápida e possivelmente reverter efeitos descondicionados. Reabilitação em Indivíduos com Disfunções Musculoesqueléticas O treinamento em meio líquido tornou-se um componente regular de muitas sessões práticas de equipes atléticas, e muitos atletas exercitam-se rotineiramente na piscina enquanto se recuperam de uma lesão. Exercícios auxiliados pela flutuação podem ser efetuados para auxiliar a ADM das articulações do ombro, quadril e joelho. Esses movimentos podem aumentar a mobilidade, a nutrição articular, o controle muscular e a resistência. Os princípios de treinamento de força usados em atividades baseadas em terra também são usados na realização de exercícios de fortalecimento na água. Enquanto a resistência em terra é fornecida pelo peso e a gravidade, a resistência na água é fornecida pela turbulência e flutuação e é influenciada pela área de superfície, pela velocidade de movimento e pelo arrasto. O paciente com cirurgia ou lesão recente pode com segurança executar exercícios de treinamento de marcha em água ate o tórax durante a fase inicial de reabilitação. O paciente atinge vários objetivos com esse exercício simples, incluindo sustentação de peso sobre o membro afetado, treinamento funcional e de força para a cintura pélvica e os membros inferiores e nutrição da cartilagem articular. Exercícios assistidos por flutuação são usados quando o paciente é incapaz de gerar torque contra a força de flutuação. A incapacidade de produzir torque pode resultar de diversos fatores, incluindo dor, problemas musculares, lesão neurológica, compressão de tecido inerte ou fatores psicológicos. A resistência muscular é trabalhada eficazmente em exercícios em imersão tais como trotar, bater os pés verticalmente na posição de esqui cross-country, é o movimento de esqui sem deslocamento do corpo da água. Os exercícios de fortalecimento para a extremidade superior incluem ações musculares isoladas especificas para padrões funcionais de movimento. Conclusão A reabilitação aquática tem uma importante função para o tratamento de grupos especiais devido as propriedades da água proporcionarem benefícios para o organismo tanto como os efeitos fisiológicos vascular, efeitos sobre as articulações, sistema renal, cardiorrespiratório, musculoesquelético, entre outros, trazendo melhoras na qualidade de vida. Por fim pode-se afirmar que a reabilitação aquática pode proporcionar aos grupos especiais como: crianças, gestantes, idosos, pacientes com distúrbios neurológicos e musculoesqueléticos possíveis melhoras nos distúrbios patológicos em que esses indivíduos possuem, através dos seus inúmeros benefícios e facilidades proporcionadas pelo meio liquido. Referencial Bibliográfico http://www.unifesp.br/dneuro/neurociencias/vol12_2/ natacao.htm