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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ


CAMPUS DE PARNAÍBA
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

SOBRE O
TRABALHO
Prof. Matheus Barbosa da Rocha
 O trabalho é objeto de múltipla e ambígua atribuição de sentidos e significados.
1- Ideia de sofrimento. Ex.: Origem da Palavra (Tortura); Mito de Sísifo; “Primeiro o
Trabalho, depois a diversão”.
2- Ideia de Prazer e Satisfação Pessoal.

 Quando utilizamos a palavra “trabalho”, não estamos necessariamente falando do mesmo


objeto.

 Critérios para diferenciar os diferentes âmbitos do trabalho


1- Relações de poder dentro da organização  Trabalho subordinado das chefias
intermediárias, dos gerentes, dos diretores, dos proprietários, etc.
2- Natureza da Ocupação  Administrador, Contador, Psicólogo, etc.
3- Existência de Contrato de Trabalho  Empregados, Patrões e Autônomos.
4- Formalidade do Contrato  Mercado Formal e Informal.
5- Complexidade da Tarefa  Trabalho Simples, Repetitivo, Abstrato e Complexo.
6- Tipo de Esforço  Trabalho Braçal e Intelectual.
7- Existência de Remuneração  Trabalho Voluntário e Remunerado.
8- Qualidade da Remuneração  Trabalhos Bem e Mal Remunerados.
9- Forma de Pagamento  Trabalhos por Salário Fixo, por produção e misto.
10- Tipo de ser vivo produtor da atividade  Trabalho Humano e Animal.

 Com quais tipos de trabalho a Psicologia Organizacional trabalha?


1- Trabalho Humano  Critério da Intencionalidade.
2- Trabalho Remunerado  Trabalho X Emprego  “O emprego é uma forma específica de
trabalho econômico (que pressupõe a remuneração), regulado por um acordo contratual (de
caráter jurídico)”.
 Emprego  Redução do trabalho a um valor de troca (mercadoria).
 Dimensão Concreta  Tecnologia com a qual se pode contar para realizar um trabalho.
Ex.: Pincel, Lousa.

 Dimensão gerencial  Modo como o trabalho é gerido.

 Dimensão Socioeconômica  Articulação entre o modo de fazer o trabalho e as estruturas


sociais, econômicas e políticas.

 Dimensão ideológica  Discurso elaborado e articulado sobre trabalho.

 Dimensão simbólica  Abrange os aspectos subjetivos da relação de cada indivíduo com


o trabalho.
 Trabalho Humano desde os Primórdios da Humanidade  Vários Conjuntos de Ideias se
mostraram presentes durante esse processo.

 Grécia  Exaltação da Ociosidade; Valorização da Atividade Política; Atribuição do


Trabalho (Braçal/Manual) como uma atividade inferior (conferida aos escravos).

 Império Romano  as guerras e conquistas, o antagonismo de classe e as crises


econômicas que empobreciam ainda mais as camadas populares garantiam a abundância de
mão de obra escrava.

 Caldeus, hebreus, orientais e primeiros cristãos, entre outros, tinham ideias distintas sobre
o trabalho daquelas mais conhecidas da Antiguidade.

 Idade Média  Ideias mais influentes da Antiguidade foram se tornando inadequadas.


 Surgimento da Produção Capitalista
1- Ocupação pelo mesmo capital individual de um grande número de operários, estendendo
seu campo de ação e fornecendo produtos em grande quantidade.

2- Eliminação das diferenças individuais, passando o capitalista a lidar com o operário


médio ou abstrato.

 Manufatura  Acumulação de Capital  Quem detêm os meios de produção é o


capitalista  Venda da força de trabalho por parte do trabalhador  Criação da Ideia de
Trabalho Assalariado.

 Mercadoria: Valor de Uso (Quando sua utilidade é acessível ao ser humano) e Valor de
Troca.

 Um bem tem valor em virtude do trabalho humano nele materializado.


 Prolongamento da Jornada de Trabalho  Limitado pelo tempo que um indivíduo pode
trabalhar e pelas reações sociais  Aumento da produção de mercadorias, exigindo menor
quantidade de trabalho.

 Preocupações nas obras de Adam Smith no fim do século XVII


1- Meios de aumentar a produtividade  Atribuía relevante valor social ao trabalho e ao seu
parcelamento. Ex.: Fabricação de alfinetes em 18 operações.

2- Aumento da Produtividade por meio da especialização do trabalhador em uma única tarefa.

3- Considerou a divisão do trabalho uma consequência da natureza humana para permutar,


negociar e trocar bens e das faculdades da razão e da linguagem  Bem Sucedido e Mal
Sucedido  Trabalho Duro.

4- Valorização da iniciativa privada  Reduzida intervenção política na economia.


5- Adam Smith viveu em uma época em que os governos absolutistas, na Europa, de um lado,
protegiam a burguesia com leis mercantilistas em defesa das economias nacionais e, de outro,
sustentavam o luxo da nobreza com base nos valores da Idade Média.

6- Trabalho Produtivo (Agrega Valor) e Improdutivo.

 A construção do homus economicus exigiu o desmantelamento do sistema de pensamentos,


conceitos, compreensões e percepções medievais.

1- Separou-se os ambientes doméstico e de trabalho.


2- Reuniu-se um número imenso de pessoas em um mesmo lugar (a fábrica).
3- Intensificou-se o crescimento das cidades e sua separação do campo.
4- Necessidade de padronizar a qualidade dos produtos e dos procedimentos, bem como de
adotar uma disciplina.
5- Surgimento das funções de direção e supervisão (gerência), para fiscalizar e controlar o
trabalho.

 O capitalista almejava mais produtividade, entretanto, o modo de produção adotado


provocava um esvaziamento do conteúdo do trabalho, bem como, por consequência, o
desgosto com as tarefas executadas por parte do trabalhador.

 Protestantismo
1- Ideia de Vocação  Cumprimento do dever como único caminho para satisfazer à Deus 
Profissão passa a ser concebida como um dom divino.
2- Ideia de Prova  Quanto mais se trabalha, mais se prova ser merecedor da graça divina 
Riqueza é resultado do trabalho duro.
3- Responsabilidade individual para se ter ou não a graça divina.
 Surge aí uma noção utilitarista do trabalho e a noção de centralidade do mesmo, associada
a uma ética do cumprimento do dever.

 Toma o trabalho, defende-o e valoriza-o como mercadoria, disciplinado, mecanizado, de


larga escala, estritamente supervisionado, exigindo requisitos mínimos padronizados,
planejado e concebido por especialistas e executado por outros, supondo o livre contrato.

 Fim do século XVIII e Início do século XIX – Desenvolvimento do movimento sindical.


Ex.: Os embates em torno da regulamentação da jornada de trabalho nas leis fabris da
segunda metade do século XIX.

 Marx
1- O Trabalho Produz a própria condição humana  O processo de diferenciação do homem
do restante dos animais inicia quando aquele produz seus meios de subsistência.
2- O Trabalho representa um eixo da história da humanidade  A história da humanidade é a
história das relações de produção.

3- O trabalhador passou a não deter os meios de produção, não ter controle sobre o produto
nem sobre o processo de trabalho, tendo suprimidos seu saber-fazer e suas possibilidades de
identificação com a tarefa e com o produto.

4- Atributo de Monotonia ao Trabalho  Excessiva Simplificação e Eliminação da


necessidade de qualificação do trabalhador.

5- Marx x Smith  Sentido do Trabalho  Parcelamento das Tarefas.

6- “Exército Industrial de Reserva”  “Trabalhadores Supérfluos”


 Trabalho para Marx:

1- Alienante.
2- Explorador.
3- Humilhante.
4- Monótono.
5- Discriminante (Classifica os Homens de acordo com os trabalhos).
6- Embrutecedor (Conteúdo Pobre, Repetitivo e Mecânico das Tarefas).
7- Submisso (Aceitação Passiva).

 Marx entendia que o trabalho deveria ser humanizador, não alienado, digno, que
garantisse ao ser humano a satisfação de suas necessidades, racional, e que se constituísse
na principal força na vida dos indivíduos.
 Capitalismo Monopolista e/ou Oligopolista (1870)  Forte recessão e gradual imposição
dos trustes e cartéis como instâncias reguladoras dos preços e mercados.

 Século XIX

1- Intensificação da organização política dos trabalhadores.


2- Influência do Positivismo  Valorização da razão, da objetividade, do desenvolvimento
científico e das evidências empíricas e sensíveis  Sustentação científica para a concepção e a
organização do trabalho.

 Taylor
1- Assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de
prosperidade ao empregado.
2- Pressuposto da “Vadiagem” no Trabalho.
3- Princípios da Administração Científica  Adoção do método dos tempos e movimentos
para eliminar movimentos desnecessários e substituir os lentos e ineficientes por rápidos.

4- Radicalizou a divisão entre concepção e execução do trabalho.

5- Seleção científica de trabalhadores  Explicitação de um perfil de tarefas e do trabalhador


para executá-las.

6- Treinamento Sistemático.

 Enquanto Taylor se ocupou em estudar o planejamento da execução das tarefas, Fayol


partiu de uma visão macroscópica da organização, preocupando-se com as funções de
gerenciamento.
1- A empresa seria um conjunto de cargos hierarquizados.
2- Acomodação das personalidades à necessidades organizacionais.
3- O parcelamento das tarefas seria uma tendência natural e não uma construção social.
4- Restringe a motivação do trabalhador única e exclusivamente à remuneração salarial.

 Fordismo
1- Fabricação, de armas, de máquinas de costura/agrícolas e de bicicletas.
2- Inovações Tecnológicas (Mecanização) e Econômicas (Produção em Massa).
3- Controlar a qualidade dos produtos e reduzir custos de reposição  padronização na
confecção das partes ou peças.
4- Uso da cadeia de montagem sob a esteira rolante.
5- Utilização de moldes, garantindo que as peças fossem idênticas.
6- Controle permanente da exatidão das peças.
7- Uso de máquinas especializadas.
8- Movimento das peças e de seus subconjuntos na empresa pela esteira, eliminando o
deslocamento dos operários, o que significava fluxo contínuo de produção.
9- Esse modo de organizar o trabalho estabelece o controle de seu ritmo pela cadência da
máquina e não mais pela supervisão humana direta.
10- Produção de automóveis baratos para serem consumidos pela multidão.
11- O pagamento integral ao empregado dependia não só da sua produção como também de
seus hábitos de vida em geral.
12- Incremento da Produção em decorrência dos altos salários pagos aos trabalhadores e das
consequentes mudanças de estilo de vida.
13- Políticas de Remuneração conseguiram manter os empregados longe dos sindicatos.
14- A mecanização não se diferenciava do Taylorismo em um ponto básico: o esvaziamento do
conteúdo do trabalho.
15- Esvaziação dos postos de trabalho.

 Enquanto a Ford insistia na fabricação de um único modelo de automóvel, a General


Motors diferenciou seus modelos e inovou a comercialização de seus produtos com a
criação da venda parcelada de automóveis, financiada pelo setor bancário.

 Encíclica Social Rerum Novarum.


 Correntes anarquistas e socialistas sindicais  Movimentos de greves gerais.
 Com a sucessão das greves do início do século XX, em 1917 surgem vários projetos de lei
regulamentando o trabalho.
 Keynesianismo  Primeira Metade do Séc. XX.

1- Keynes considerava o Capitalismo liberal incompatível com a manutenção do pleno


emprego e da estabilidade econômica.

2- Regulação do mercado pelo Estado e atribuição de nova conotação ao consumo,


entendendo-o como necessário à prosperidade.

3- A dinâmica do mercado de trabalho estaria subordinada a uma série de variáveis


macroeconômicas (nível de consumo, investimento, gastos do governo, arrecadação de tributos
e balanço do comércio exterior).

4- Rejeita que o pleno emprego seja uma situação de equilíbrio espontâneo, derivado
exclusivamente do equilíbrio entre oferta e demanda de emprego.
5- Compreende a dinâmica do mercado de trabalho inserido na economia nacional como um
todo.

6- Recomenda a fixação de um marco jurídico legal que, impondo limites a aspectos como a
extensão da jornada de trabalho, o salário, a instauração de salários indiretos, promove a
repartição dos ganhos de produtividade e a estruturação de assistência aos desempregados e
acidentados.

7- Ciclo Progressista  o consumo gera demanda de produtos, que gera empregos, e estes,
por sua vez, mantêm ou aumentam os níveis de consumo.

8- Sua concepção não é, porém, contraditória ao taylorismo nem ao fordismo, como modelos
de organização do trabalho.
 Estado de Bem-Estar Social, Estado-Providência, Compromisso Keynesiano ou Fordista.

a- Organização do Trabalho: Taylorismo/Fordismo.


b- Regime de Acumulação do Capital sob a Lógica Macroeconômica.
c- Modo de Regulação de Conflitos com Larga Institucionalização (legislação social, regras de
mercado, orçamento público, etc.).

 Décadas de 1940/50 – Idade de Ouro do Capitalismo  Consagração da Administração


Científica.
 Mão de Obra disponível rareou  Ideal de Pleno Emprego e Desfalque ocasionado pelas
guerras.
 Novas questões são postas aos psicólogos dentro das organizações.
 Ocorre um distanciamento da noção clássica do sucesso como consequência do trabalho
duro  O trabalho mantém seu papel instrumental para fins econômicos/salariais e
também para possibilitar qualidade às relações interpessoais e de bem-estar.

 Brasil  Governo Getúlio Vargas  Consolidação das Leis Trabalhistas.

 1950  Maior influência do Keynesianismo na condução da economia e nas relações


trabalhistas.

 As medidas protecionistas e as políticas de altos salários típicas do Estado do Bem-estar


não predominaram no cenário do mundo do trabalho no Brasil.
 Causas da Queda do Modelo de Bem-Estar-Social.

1- Declínio da Hegemonia Estadunidense a partir de 1961. Ex.: Guerra do Vietnã


2- Taylorismo/Fordismo deixou a administração extremamente cara e complexa.
3- Perda de produtividade em decorrência da resistência organizada pelos trabalhadores e
da fuga espontânea dos empregados insatisfeitos.
4- Ganhos em produtividade sofreram queda em decorrência da expansão das lutas sindicais.

 Segunda metade da década de 1970  o mundo capitalista entra em profunda recessão,


combinando baixas taxas de crescimento e altos índices de inflação.
 Resistências dos trabalhadores à cadência da máquina e às tarefas sem significado.

 As organizações começaram a optar por táticas para lidar com o trabalhador, consistindo
em redução dos controles e abertura à participação.

 Emergência de processos de trabalho marcados pela flexibilização da produção, pela


especialização e por novos padrões de busca de produtividade.

 A redução dos mercados, sua diferenciação e o acirramento da concorrência empresarial


tornaram obsoleta a automação da eletromecânica por sua rigidez, pois não comportava
modificações no tipo e na sequência das operações.
 Adoção sistemas de computação e informática.

 Novos modos de gestão

1- Descentralização Administrativa.

2- Eliminação dos níveis hierárquicos intermediários na estrutura da organização.

3- Combate ao gigantismo organizacional.

4- Multiplicaram-se os contratos temporários.

5- Redução de Custos  Terceirização.


6- Contrato de Trabalho  Contrato Comercial.
7- Maior complexidade das relações dentro das organizações, criando a convivência entre
trabalhadores com diferentes tipos de vínculos.
8- Reengenharia – Políticas Poupadoras de Mão de Obra.

 Toyotismo
1- Produção no momento preciso – Estoque Mínimo.
2- Autonomia da máquina para interromper os processos, quando com defeito.
3- Processo muito flexível e de baixo custo.
4- Despolitização e Polivalência do trabalhador.
5- Criatividade, autonomia, independência, iniciativa, reconhecimento, saúde e desafio.
6- Ampliação da exploração.
7- Esperam que o trabalhador realize determinadas ações de forma autônoma, porque se
identifica com os objetivos e os valores das empresas, e não mais pelo controle estrito da
supervisão.

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