Você está na página 1de 16

LEITURA

LITERAL
REORGANIZAÇÃO
INFERENCIAL
CRÍTICA
APRECIATIVA
É importante que o leitor apreenda a existência de vários níveis de
significação de um texto, interferindo nas relações de intenção do
autor, com determinado discurso, possuindo subsídios
de incorporação que lhe possibilitem a reflexão sobre aquilo
que o texto pode suscitar e os efeitos de produção no leitor.

Os níveis de compreensão da leitura são cinco: o


literal, reorganização, inferencial, crítico, apreciação.
Funcionam como elementos de compreensão
aprofundadado texto, seus subentendidos e
pressupostos, construindo uma estrutura mental de significados,
que corresponde ao processo de transformação do próprio texto.
A leitura está longe de ser um processo passivo: todo texto, para ser
interpretado, exige uma ativa participação do leitor. O texto escrito
só oferece linguagem, desligada de qualquer situação e sem apoio
extralinguístico.

A partir dos sinais impressos, o leitor reconstitui as palavras; ele as


escuta como se existissem ao dar a elas um ritmo e uma intonação
que ele inventa. Ao ler, criam-se imagens internas,
estimuladoras do pensamento e da criatividade; estas imagens são
criadas a partir das próprias experiências e necessidades.
O nível de compreensão literal corresponde aos elementos
explícitos do texto; só se pode falar de
compreensão quando se capta os elementos que
configuram o texto; é a percepção que se possui
em torno de uma ideiacentral inserida no texto,
assim ativando mecanismo de produção de seus
próprios textos, desenvolvendo capacidade de
argumentação em torno do que foi discriminado. Também
estabelece relações que propiciam ao leitor o domínio
de estruturas do pensamento e linguísticas mais elaboradas
e o prepara para o entendimento das conjunções e seus
valores, relações lógico-discursivas, relações de coesão.
A triste partida – Luiz Gonzaga

Setembro passou, com oitubro e novembro


Já tamo em dezembro.
Meu Deus, que é de nós?
Assim fala o pobre do seco Nordeste,
Com medo da
peste, Da fome
feroz.

A treze do mês ele fez a experiença,


Perdeu sua crença
Nas pedra de sá.
Mas nôta experiença com gosto se agarra,
Pensando na barra
Do alegre Natá.

Rompeu-se o Natá, porém barra não veio,


O só, bem vermeio,
Nasceu munto além.
Na copa da mata, buzina a cigarra,
Ninguém vê a barra,
Pois barra não tem.
A gente teve de se acostumar com aquilo. Às penas, que, com aquilo, a
gente mesmo nunca se acostumou, em si, na verdade. Tiro por mim, que,
no que queria, e no que não queria, só com nosso pai me achava: assunto
que jogava para trás meus pensamentos. O severo que era, de não se entender,
de maneira nenhuma, como ele agüentava. De dia e de noite, com sol ou
aguaceiros, calor, sereno, e nas friagens terríveis de meio-do-ano, sem
arrumo, só com o chapéu velho na cabeça, por todas as semanas, e meses, e os
anos — sem fazer conta do se-ir do viver. Não pojava em nenhuma das duas
beiras, nem nas ilhas e croas do rio, não pisou mais em chão nem capim. Por
certo, ao menos, que, para dormir seu tanto, ele fizesse amarração da canoa,
em alguma ponta-de-ilha, no esconso. Mas não armava um foguinho em praia,
nem dispunha de sua luz feita, nunca mais riscou um fósforo. O que consumia
de comer, era só um quase; mesmo do que a gente depositava, no entre as
raízes da gameleira, ou na lapinha de pedra do barranco, ele recolhia pouco,
nem o bastável. Não adoecia? E a constante força dos braços, para ter
tento na canoa, resistido, mesmo na demasia das enchentes, no subimento, aí
quando no lanço da correnteza enorme do rio tudo rola o perigoso, aqueles
corpos de bichos mortos e paus-de-árvore descendo — de espanto de esbarro.
E nunca falou mais palavra, com pessoa alguma. Nós, também, não
falávamos mais nele. Só se pensava. Não, de nosso pai não se podia ter
esquecimento; e, se, por um pouco, a gente fazia que esquecia, era só para se
despertar de novo, de repente, com a memória, no passo de outros sobressaltos.
O segundo nível de compreensão é o de reorganização que é o
entendimento da estrutura do texto, bem como seus significados
globais e a organização das ideias do leitor na produção de novos
textos, pois é nesse processo que se constroi resumo, síntese; é a
(re)construção do texto, através de esquemas, e localiza os
grupos: pessoas, lugares, ações etc; cada nova leitura de um texto
lhe permitirá desvelar novas significações, não detectadas
nas leituras anteriores; pela reconstrução que ele
próprio faz do texto, acaba por recriá-lo, tornando-se, por
assim dizer, o seu co-autor; descobrir tudo aquilo que se
encontra, de algum modo, implícito no texto, em seus diversos
níveis de significação
Eu queria surfar. Então vamo nessa: a praia ideal que eu idealizo
no caso particularizado de minha pessoa, em primeiramente,
seria de frente para a cada da avó, com vista para o meu quarto.
Ia ter uma plantaçãozinha de água de coco e, invés do chão ser de
areia, eu botava uns gramadão presidente. Assim, eu, o Zé e os cara
não fica grudando quanto vai dar os rolê de Corcel 1! Na minha praia
dos meus sonhos, ia rolar váááárias vós e uma pá de tia Anastácia
fazendo umas merenda nervosa! Uns sorvetão sarado! Uns minguazão
federal! Uma vitaminas servida! X-tudo! Xcalabresa Cebola Frita!
Xister Mc Tony’s e gemada à vontade prosbrother e pras
neneca!
enclusive, ia idolatrar
Tudo de surfistas
grátis! Aschamados
mina, Foca
(conhecimento Peterson Ronaldo como no caso da minha
figura Pra
pessoa, por exemplo). particularizada da o Xaveco campeão seria ...
ganhar as deusa,
o meu: “E áis, Nina (feminina)? Qual teu CEP? Tua tia já
teve catapora? E teu tio? E tua Avó? Uhu!! Já ganhei!!” e se ela
falasse: “Vai procurar tua turma!”, minha turma estaria bem do meu
lado, pra eu não ficar procurando muito!
Inferencial é o terceiro nível de compreensão da leitura. A
compreensão inferencial, partindo da literal, abordará
o conhecimento de mundo e o entendimento mais
abrangente do leitor, fundamentando-se no implícito, na
inferência de minúcias, ideia central, características dos
personagens etc;
o leitor chega ‘realmente’ a compreender, faz
compreensões intertextuais ou propriamente textuais; a
partir de uma leitura de mundo e de suas
experiências pessoais, ele constrói e reconstruir o texto.
O quarto nível é a leitura crítica, baseada nas ideias
do texto,no conhecimento de mundo do
leitor, na incorporação de significações de
múltiplos sentidos explícitos e implícitos da leitura do
mesmo texto, que pode ser situado em confronto com
outros textos. O leitor emitirá um juízo de valor,
ampliando suas habilidades intelectuais e confrontando
ideias, argumentando e refletindo,
apresentando conceitos do texto com critérios externo
ou interno, reconhecendo valores de juízo da
realidade ou metafórico, distinguindo o verdadeiro do
texto que diz respeito à fantasia do autor etc; o
senso críticoexige um patamar superior de
investigação e produz um entendimento mais
significativo da realidade.
O quinto e último nível de compreensão, a
apreciação implica todas as considerações prévias, porque
tenta avaliar o impacto psicológico ou estético que o
texto produziu no leitor. Abrange o conhecimento e a
resposta emocional às técnicas de escrita e de
produção textual, ao estilo e às estruturas, ou seja, a
identificação do leitor com o texto e as reflexões,
sentimentos e emoções que a leitura despertou em suas
vidas; a leitura deixa de ser uma meta e passa a
interferir na vida do aluno, conseguindo torná-lo capaz de ler
e interpretar o mundo onde vive e de se posicionar
criticamente frente ao texto.
O domínio da linguagem, como atividade discursiva
e cognitiva, e o domínio da língua, como sistema
simbólico utilizado por uma comunidade linguística, são
condições de possibilidade de plena participação social.
Pela linguagem os homens eas
mulheres
informação, seexpressam
comunicam,
e têmdefendem
acesso àpontos de
partilham vista, ou constroem visões de mundo,
cultura. produzem
O homem e a galinha
Ruth Rocha

Era uma vez um homem que tinha uma galinha.


Era uma galinha como as outras.
Um dia a galinha botou um ovo de ouro.
O homem ficou contente. Chamou a mulher:
-Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente: – Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha.
Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha.
Dava pão-de-ló, dava até sorvete.
E a galinha todos os dias botava um ovo de
ouro. Vai que o marido disse:
-Pra que este luxo todo com a galinha?
Nunca vi galinha comer pão-de-ló…
Muito menos sorvete! Vai que a
mulher falou:
-É, mas esta é diferente. Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
-Acaba com isso, mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim! – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha.
E a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
-Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão!
A galinha pode muito bem comer milho.
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim. – respondeu o marido.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha.
E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Vai que o marido disse:
-Pra que este luxo de dar milho pra galinha?
Ela que cate o de-comer no quintal!
- E se ela não botar mais ovos de ouro?
- Bota sim – o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal.
Ela catava sozinha a comida dela.
Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro.
Um dia a galinha encontrou o portão aberto.
Foi embora e não voltou mais.
Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa
casa onde tratam dela a pão-de-ló.
Poema de Sete Faces
Carlos Dru mmond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto


desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na Meu Deus,
[vida. por que me Abandonaste
se sabias que eu não era
As casas espiam os homens Deus, se sabias que eu era
que correm atrás de mulheres. fraco.
A tarde talvez fosse azul, Mundo mundo vasto mundo
não houvesse tantos desejos. se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria
O bonde passa cheio de pernas: uma [solução.
pernas brancas pretas amarelas. Mundo, mundo vasto mundo
Para que tanta perna, meu Deus, Mais vasto é o meu
pergunta meu coração. coração.
Porém meus olhos não Eu não devia te dizer
perguntam [nada. Mas essa lua
Mas esse conhaque
O homem atrás do bigode Botam a gentediacobom.ovido
é sério, simples e forte.
Quase não conversa. como o
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e
do [bigode.

Você também pode gostar