Médico e psiquiatra, nasceu na Suíça, numa família de
pastores protestantes.
Teve contacto também com espíritas e praticou o espiritismo
durante algum tempo.
A imagem que tinha de sua mãe era negativa, considerava-a
uma pessoa imprevisível.
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Trabalhou com Bleuler em Zurich, em 1900, e procurou novas compreensões das psicoses e neuroses em Paris, tendo seguido algumas conferências de Janet.
A sua compreensão de psiquiatria leva-o a ir para
além do interesse pelos sintomas e a centrar-se na totalidade do homem.
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Descobre a psicanálise em 1906 e conhece Freud em 1907, mantendo com ele uma relação intelectual e de amizade profunda ao longo de 7 anos.
Freud considerava Jung o seu discípulo mais
brilhante e tudo se orientava para que fosse seu continuador e presidente da Sociedade de Psicanálise Alguma divergências teóricas surgiram e a ruptura consumou-se em 1913 e fundou uma nova escola face à adesão de alguns discípulos. Presidiu às “Sociedades médicas de psicoterapia” entre 1930 e 1933, onde também ensinou. Criou em 1941 o Instituto C. Jung em Zurique para a formação de psicoterapeutas; e outras escolas em várias partes do mundo.
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Jung alarga os conceitos da psicanálise e interessa-se pela antropologia de Lévy-Bruhl (estudioso de povos primitivos, mitos e filosofia oriental). Criou, a partir de Lévy-Bruhl, conceito de “inconsciente colectivo”.
Deixa-se influenciar também por Teilhard de Chardin, sobretudo
pela ideia de “imanência do espiritual na matéria” que vai ao encontro da sua ideia de “evolucionismo psicológico e espiritual”. Considerava este como o motor do desenvolvimento da humanidade “Libido” – - Para Freud é individual e está ligada ao desejo sexual, energia sexual; - Jung acusa Freud de ter sexualizado demasiado o conceito de libido. - Jung dá-lhe uma interpretação psicológica e filosófica – considera- a “a energia psíquica” no seu conjunto, com fins culturais e simbólicos, tem uma dimensão universal e cósmica, simultaneamente individual e colectiva.
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“Inconsciente” – “Inconsciente colectivo”
- Expande o conceito de inconsciente (lugar do recalcado para
Freud) - Liga-o aos mitos e culturas dos povos - o inconsciente colectivo- através do qual e no qual se nutre o inconsciente individual. O inconsciente individual é constituído pela história pessoal e produto do recalcamento infantil. Mas também é portador de todos os estratos culturais da humanidade. Um sonho ou um sintoma não reenviam apenas para as experiências pessoais, mas também para um fundo originário e comum a todas as culturas (arquétipos) através do inconsciente colectivo “Os arquétipos” - Os arquétipos tornam possível o Inconsciente colectivo. - São o seu motor e também conteúdo. Não são estruturas pré-existentes ou significantes. - São feitos de símbolos e de imagens que têm uma acção dinâmica sobre a personalidade consciente e inconsciente. - Pelo facto de constituírem um fundo simbólico do I. Colectivo, existem como potencialidade ou virtualidade. - São simultaneamente símbolo e energia, anteriores ao indivíduo. São acção dinâmica e têm uma valor emocional, tão importante como as emoções infantis. - São constituídos por imagens primordiais derivadas da pré-história da humanidade.
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Os arquétipos são como as ideias de Platão ou as categorias apriorísticas de Kant. Não podem ser conhecidos directamente, mas pela via simbólica, e os símbolos são formados a partir da cultura e da experiência pessoal. Os arquétipos são formas abstractas aos quais se pode aceder com facilidade através dos mitos , dos sonhos, das crenças religiosas e dos delírios. Propõe, por isso, o estudo dos pacientes (sonhos, delírios, recordações históricas), bem como os mitos e as crenças religiosas.
O psiquismo está submetido aos dinamismos transformadores dos arquétipos
(transformam a personalidade) Arquétipos
O arquétipo parental – não corresponde apenas aos pais reais ou
aos pais fantasmáticos, mas tb veiculam as imagens parentais do Inconsciente Colectivo, entidades universais poderosas (a mãe individual é figura da “mãe colectiva” preexistente)
Mãe dá conta do princípio dos cuidados maternos e simpatia,
fertilidade e renascimento, mas também o reino da morte. É simbolizada pela divindade feminina, pela Virgem, o mar ou a lua; e o lado negro pelas profundezas e pela morte (mãe boa e má, vida/morte)
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A “grande –mãe” – arquétipo da tirania sobre aqueles que protegemos (crianças e doentes, p.e.)
O arquétipo da pessoa é um compromisso entre o
indivíduo e a submissão-social ao grupo, por um lado, mas este, por outro permite-nos ter relação a outros. A sombra representa o conjunto das pulsões e dos instintos, é o nosso ser inferior, o recalcado. Aparece nos sonhos, nos sintomas, na religião e na arte.
Animus – simboliza o masculino, parte recalcada do inconsciente
da mulher e energia do homem. Pode se simbolizado por uma variedade de tipos masculinos.
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Anima – simboliza o feminino, parte recalcada do inconsciente do homem e que domina a mulher e os grandes mitos femininos. É para o homem o princípio feminino, parte da sombra, derivada primariamente da mãe.
O velho sábio- é o arquétipo da megalomania que dá a
sentimento de omnipotência omnisciência como força de dominação Os símbolos
Sendo o Inconsciente Colectivo constituído por
arquétipos, imagens arcaicas, Jung considera que os símbolos são a via que permite acesso ao inconsciente do paciente na cura. Quanto mais o sujeito está submetido a essas imagens arcaicas tanto mais está prisioneiro desse mundo simbólico metido e escondido no mais fundo de si mesmo.
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Os símbolos permitem fazer a ligação, a ponte entre o que é desconhecido no homem e o que é possível conhecer através do trabalho terapêutico.
A psicoterapia jungiana procura, desta forma,
elucidar o sentido dos símbolos, solicitando na cura a imaginação activa e pessoal do paciente. O Self representa Deus, é o arquétipo da totalidade, da integração e perfeição da personalidade, o resultado da individualização. Inclui consciente e inconsciente, os elementos opostos da personalidade. Pode ser expresso geometricamente por mandala, por reis e rainhas, por deuses e deusas, Cristo ou buda, animais poderosos ou míticos…
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A criança dá conta das origens da vida, desenvolvimento e auto-realização e simboliza o potencial de desenvolvimento escondido. Pode ser simbolizado por um macaco, uma jóia ou uma bola dourada.
Tesouro é simbolizado por uma jóia ou outro objecto valioso,
protegido por vezes por uma serpente ou dragão, numa gruta, Na verdade dá conta da auto-realização ou salvação, da descoberta do Self. Jung e alguns elementos da fé cristã
A religião interessa-lhe como fonte de arquétipos
Deus é um arquétipo, uma parte incogniscível do inconsciente colectivo, mas experienciável através dos símbolos. Tem assumido várias formas nas religiões: Cristo, Buda, reis e rainhas... Deus é cogniscível através da experiência religiosa do numinoso
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Trindade – aparece em várias religiões, mas considera que as quatro partes de mandala são mais completos. O quarto lado da Trindade pode ser Satan, a sombra, ou pode ser feminino, e, neste sentido, ele entusiasmou-se com o dogma da Imaculada Conceição. A eucaristia – é um símbolo persuasivo. Tem por detrás o shamanismo, seus mistérios e sacrifícios aos deuses pela fecundidade e renascimento. A eucaristia cristã dá conta de como Deus enviou o seu próprio filho, que é ele próprio, para ser sacrificado. Deste modo o filho renasce novamente, bem como os participantes, que sacrificam o egoismo, dissociando parte do ego, e o Self é transformado
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Cristo – arquétipo do Self, que corresponde a Deus. É o principal símbolo do Self. Parece perfeito, mas não é completo, pois perdeu a sombra. A separação de Cristo de Deus (incarnação) com o seu nascimento simboliza a nossa separação dos nossos pais. A morte de Cristo simboliza a necessidade de sacrificar o ego em ordem à completude. Dogmas religiosos – nascem da experiência. Dogmas e rituais religiosos protegem a experiência religiosa de perturbações graves ou patológicas. Neste sentido conidera que o protestantismo, ao abandonar os dogmas e ritualidade católicos, ficou enfraquecido
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A tarefa espiritual de individuação – a integração da personalidade dá conta de auto-realização, de completude. Consiste na combinação de elementos opostos, consciente e inconsciente, aceitação dos elementos reprimidos, edificação do Self. Isto é uma tarefa da meia idade da vida, ou da psicoterapia. E isso é uma procura religiosa, já que o Self é um arquétipo religioso representado por símbolos religiosos. O louvor a Deus conduz a libertação da inadequação humana, e tal transformação está presente nos ritos de iniciação. Os símbolos de transcendência dão conta da busca de metas de auto- realização Outras ideias religiosas Gnosticismo – tem a crença de um mundo em permanente conflito entre o bem e o mal. Para Jung a luta desses dois opostos simbolizam o conflito interno da personalidade. A salvação pode ser conseguida através de conhecimentos místicos e esotéricos que podem reconciliar os dois lados.
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Alquimia – tem a ver com as experiências químicas para transforma os metais em ouro (pedra filosofal). Para Jung simboliza a transformação da personalidade através da sua integração Jung interpreta a história de Job como a revelação de que Deus tem um lado escuro, um lado sombra, que é violento e injusto. Job conseguiu tomar conhecimento deste lado e Deus teve de reparar a situação através da incarnação. Conclusão: - Jung foi simpático com a religião. Considerava-a importante para a saúde mental, pois é um factor de sentido para a vida e porque aponta desafios ou metas importantes para o homem. - Compreende-se que tenha defendido que a religião tem uma função importante na integração da personalidade e na construção do Self. - Defendeu em dada altura que cada pessoa necessita de encontrar um sentido religioso na vida.
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Jung, porém, não era um homem religioso, nem se importava com a veracidade da religião no que se refere à afirmação da existência de Deus. Interessava-se por temas religiosos e crenças na perspectiva de encontrar arquétipos aí presentes para, deste modo, melhor compreender a mente humana. Neste sentido, a religião apenas dá conta de um arquétipo da deidade, o qual é para a mente apenas a razão pela qual a pessoa se pode pronunciar sobre Deus. Deus era para ele somente uma realidade psíquica Para finalizar - Jung trás contributos importantes para o estudo da religião: A importância do símbolo e da linguagem simbólica A interligação entre cultura e religião A importância da religião no desenvolvimento e integração harmónica da personalidade A religião como factor de sentido para a vida e produtor de metas a alcançar
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Ficam algumas críticas Deus é uma realidade psicológica, não tem consistência real O religioso tem apenas uma função psicológica: estruturar o inconsciente colectivo e permitir a integração da personalidade A religião é uma via de acesso aos arquétipos Jung parte de conceitos apriorísticos -arquétipos- e constrói uma gramática para a interpretação do inconsciente individual e colectivo: a religião, pela sua natureza simbólica, ritual e histórica, serve estes objectivos Enquanto que Freud fala de inconsciente, Jung fala de inconsciente colectiva. Caracterize este conceito. Quais os seus conteúdos?
Jung tem uma opinião positiva sobre a religião. Qual a