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Fluidização e Regimes Fluidodinâmicos

Eng. Leandro Alves Moya


Introdução
Fluidização é o processo pelo qual partículas sólidas passam a apresentar comportamento semelhante ao de
um fluido através da suspensão em um gás ou líquido (Kunii e Levenspiel, 1991).

Os leitos fluidizados são caracterizados por apresentar partículas suspensas e distanciadas entre si quando
submetidas ao escoamento da fase fluida. Esses leitos são amplamente utilizados em processos industriais por
proporcionarem mistura intensa entre as fases fluida e particulada, o que implica taxas elevadas de transferência
de calor e de massa, assim como a uniformidade de distribuições de temperatura e concentração das fases no
interior do equipamento (Cremasco, 2012).
Introdução

Reator de leito fluidizado borbulhante (Cortez et al., 2008)


Propriedades do leito fluidizado
• Partículas sólidas adquirem comportamento semelhante a um fluido;

• Elevado coeficiente de transferência de calor e de massa;

• Equipamentos compactos;

• Elevada área de contato gás-sólido (Ex.: 1m3 de partículas com 100 µm possuem área superficial de 30000
m2).
Vantagens do leito fluidizado
• Permite operações contínuas com fácil controle;

• Proporciona condições isotérmicas no reator;

• Fácil transporte de sólidos entre dois leitos fluidizados;

• Adequado para operações em escala industrial;

• Elevadas taxas de transferência de calor e de massa gás-fluido;

• Elevadas taxas de transferência de calor entre leito fluidizado e superfícies imersas.


Desvantagens do leito fluidizado
• Difícil descrever o escoamento do gás e das partículas;

• Formação de bolhas podem diminuir a eficiência do sistema;

• Tempo de residência das partículas não é uniforme;

• Atrito – sólidos friáveis são pulverizados e elutriados pelo gás;

• Erosão dos tubos e paredes devido à abrasão.


Aplicações industriais do leito fluidizado
Processos Físicos

• Secagem de sólidos;

• Resfriamento de partículas;

• Congelamento de alimentos;

• Recobrimento de comprimidos

• Mistura de sólidos;

• Tratamento térmico de fibras têxteis, vidro, borracha, componentes metálicos.


Aplicações industriais do leito fluidizado
Processos Químicos

• Fabricação de polietileno e hidrocarbonetos clorados;

• Processos térmicos de geração de energia (combustão, pirólise, gaseificação, torrefação) utilizando


combustíveis sólidos;

• Incineração de resíduos sólidos e líquidos;

• Produção de tetracloreto de titânio;

• Aquecimento de minérios (sulfetos de zinco e níquel).


Aplicações industriais do leito fluidizado
Exemplo de aplicação da fluidização em resfriamento de sólidos
Fluidização e Regimes Fluidodinâmicos
Quando um fluxo ascendente de fluido atravessa um leito de
partículas sólidas, este pode se comportar sob diversos regimes que
dependem das características físicas da fase particulada (distribuição
granulométrica, tamanho médio de partículas, forma, massa
específica) e da fase fluida (viscosidade dinâmica, massa específica),
bem como das condições de operação da coluna (temperatura e vazão
da fase fluida, compactação da fase particulada, altura efetiva,
diâmetro). (Cremasco, 2012)

Regimes Fluidodinâmicos
Fluidização e Regimes Fluidodinâmicos
Se um fluido escoa a uma baixa velocidade através de um leito
de partículas finas, ele percola pelos espaços vazios entre as
partículas imóveis, o que caracteriza o leito fixo (a).

Com um aumento na velocidade de fluido, as partículas


separam-se sendo que algumas vibram em locais restritos, situação
na qual se tem o leito expandido. Com a velocidade do fluido ainda
maior, chega-se a um ponto em que a força de arraste entre a
partícula e o fluido iguala-se ao peso da partícula, de modo que todas
as partículas ficam suspensas pelo fluido ascendente. Este é o estado
de mínima fluidização ou de fluidização incipiente (b).

Regimes Fluidodinâmicos
Fluidização e Regimes Fluidodinâmicos
Um aumento na velocidade do fluido acima da mínima
fluidização resulta numa expansão progressiva do leito e num maior
movimento das partículas, até que se atinja a fluidização particulada
ou homogênea (c). Intensificando-se ainda mais a velocidade do
fluido, observam-se grandes instabilidades com formação de bolhas,
o que caracteriza a fluidização borbulhante (d).

Na sequência, aumentos progressivos na da velocidade do fluido


conduzem o sistema para os regimes de fluidização do tipo “slug”
(e,f), fluidização turbulenta (g) e, finalmente, para a fluidização
rápida com transporte pneumático (h).

Regimes Fluidodinâmicos
Fluidização e Regimes Fluidodinâmicos
Visualização do Comportamentos dos diferentes grupos

http://www.erpt.org/retiredsite/012Q/rhod-00.htm

• Fluidização homogênea: vídeo 6;

• Fluidização borbulhante: vídeos 5, 8;

• Fluidização de jorro: vídeo 4;

• Fluidização pistonada (em pistões): vídeo 10.


Velocidade de mínima fluidização
Para um leito de partículas apoiadas sobre um distribuidor uniforme de gás, como uma placa perfurada, por
exemplo, Kunii e Levenspiel (1991) propuseram que o início da fluidização se dá quando:

(1)
(1)

ou

(2)
(2)
Velocidade de mínima fluidização
ou ainda

(3)

em que

ΔPL é a queda de pressão do gás através do leito, N/m2;

A é a área da secção transversal do tubo, m2;


Hmf é a altura do leito nas condições de mínima fluidização, m;

εmf é a porosidade do material no leito nas condições de mínima fluidização;

ρs é a densidade do material sólido do leito, kg/m3;

ρg é a densidade do gás, kg/m3;

g é a aceleração da gravidade, m/s2.


Velocidade de mínima fluidização
Por outro lado, sabe-se que a queda de pressão num leito fixo de partículas não esféricas de iguais
tamanhos pode ser correlacionada pela equação de Ergun:

(4)
(4)

em que

H é a altura do leito estacionário de partículas, m;


ε é a porosidade do material inerte do leito na condição de leito estacionário;
µg é a viscosidade dinâmica do gás, Pa.s;

U0 é a velocidade superficial do gás através do leito fixo de partículas, m/s;

dp é o diâmetro médio de Sauter da partícula, m;

Φ é a esfericidade das partículas do leito, adimensional.


Velocidade de mínima fluidização
A velocidade superficial nas condições de mínima fluidização, Umf, pode ser encontrada combinando-se as
equações (3) e (4). Em geral, para sólidos isotrópicos, essa combinação resulta em

(5)
(5)

A Equação (5) pode ser reduzida para

(6)
Velocidade de mínima fluidização
em que o número de Reynolds da partícula na situação de mínima fluidização é
(7)
(7)

o número de Arquimedes é definido como

(8)
(8)

e também

(9)
(9)
Velocidade de mínima fluidização
(10)
(10)

Resolvendo-se a Equação (6) e, tomando-se a raiz positiva para Remf, a velocidade de mínima fluidização
pode ser então obtida por:

(11)
(11)
Velocidade de mínima fluidização
Transição entre leito fixo e leito fluidizado

Curva da queda de pressão pela velocidade de fluidização para


a determinação da velocidade de mínima fluidização.
Referências bibliográficas
CORTEZ, L. A. B., LORA, E. E. S., GÓMEZ, E. O. Biomassa para Energia Campinas, SP: Editora da
Unicamp, 2008, p. 333-337, 357, 370.

CREMASCO, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidodinâmicos. São Paulo: Blucher,


2012, p. 127-131, 265.

KUNII, D., LEVENSPIEL, O. Fluidization engineering. 2 ed. Stoneham: Butterworth - Heinemann, 1991, p. 1-
3, 61-80.

PÉCORA, A. A. B., O Fenômeno da Fluidização. Apresentação de slides do curso IM 352 – Engenharia da


Fluidização, Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Mecânica.

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