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Comunidade e Intervenção Social

Intervenção e Desenvolvimento Comunitário


50h
Cláudia Paixão

Funchal, 16 de setembro de 2020


Objetivos
 Identificar a estrutura concetual do desenvolvimento comunitário.

 Reconhecer o desenvolvimento comunitário na atualidade como estratégia de intervenção social.

 Reconhecer conceitos básicos da psicologia comunitária.

 Caraterizar projetos de intervenção comunitária.

 Desenvolver projetos de intervenção comunitária.


Conteúdos a abordar:
Desenvolvimento comunitário

 Dimensões do conceito

- Comunidade

- Desenvolvimento
comunitário
- Bairro
- Organização comunitária
- Coletivo
- Território
Conteúdos a abordar:
oRaízes
oPrincípios
oModelos

oEducação
oComunidade e Saúde
oExclusão social
oAção macrossocial
Avaliação do módulo

Responsabilidade
Organização
Autonomia
COMPONENTE
Assiduidade
SOCIO-AFETIVA Pontualidade
20% Atitude
Avaliação do módulo

Trabalho de
grupo
60%
COMPONENTE
Prova de
COGNITIVA conhecimentos
20%
80%
Desenvolvimento
comunitário
Desenvolvimento comunitário
• Definição de Comunidade • Definição de desenvolvimento
da comunidade ou comunitário
Comunidade
Comunidade

Grupo de pessoas que compartilham de uma característica comum,


uma “unidade comum”, que as aproxima e pela qual são
identificadas.

Esta “unidade” é, na maioria das vezes, a região de residência, mas


também podem ser os interesses e causas que defendem, as suas
características, origens, cultura, crenças e interesses partilhados.
Desenvolvimento da
comunidade ou
comunitário –
Dimensões do conceito
Desenvolvimento

• Ato ou efeito de desenvolver ou desenvolver-se;

• Progresso;

• Aumento;

• Prolongamento;

• Progresso de um estado a outro, de tal modo que o seguinte é sempre mais


perfeito que o anterior.
Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário – Dimensões do conceito
Quatro dimensões do conceito:

• uma dimensão doutrinária pela implícita filosofia personalista


que defende;

• uma dimensão teórica pelos pré-requisitos de análise


antropológica, sociológica, política e económica a que se obriga;
Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário – Dimensões do conceito
Quatro dimensões do conceito:

• uma dimensão metodológica pelos propósitos de mudança


planeada que defende;

• uma dimensão prática pelas consequências que a sua


aplicação tem no terreno, tanto pela implicação das
comunidades no processo do seu próprio Desenvolvimento
Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário

conjunto de práticas criadas com o objetivo de


fortalecer e tornar mais efetiva a vida em
comunidade, melhorando as condições locais,
principalmente para aqueles que se encontram em
situações de desvantagem social
Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário
É o esforço para melhorar as condições de vida
daqueles que habitam num local (a comunidade é o seu
espaço geográfico e cultural).
Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário
Distingue-se do desenvolvimento de uma população em geral
 procura o desenvolvimento equilibrado e integrado de uma
comunidade, com o máximo respeito pelos seus valores
próprios.

Procura tirar partido da sua riqueza histórica  história ou


cultural local
Desenvolvimento comunitário

“O desenvolvimento comunitário traduz-se por uma


união de esforços entre as populações e os poderes
públicos, com o fim de melhorarem a situação
económica, social e cultural de um país ou região” .

Silva, 1964: 498


Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário – Dimensões do conceito
• Numa época de instabilidade económica e social como a que
estamos a passar é pertinente investir nas aprendizagens de
modo a fortalecer a comunidade, pois só devidamente
estruturada esta pode apresentar potenciais benefícios para o
futuro.
Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário – Dimensões do conceito
• É trabalhando os indivíduos que se consegue uma melhor
sociedade e por conseguinte um desenvolvimento
comunitário.
Desenvolvimento da comunidade ou
comunitário – Dimensões do conceito
• Para que haja desenvolvimento comunitário, é necessário que:
• a população assim o deseje.

• Ou seja, a mais-valia e impulsão que é oferecida pelas instituições,


seja através da capacitação de pessoas, seja através da providência de
instalações que proporcionem espaços próprios para tal, se não
houver um desejo emergente da comunidade em si, nada se consegue
Desenvolvimento comunitário: as grandes
tendências

1. Promover a coesão social durante as transições para a


independência;

2. Prevenir a desagregação social no caso das agitações dos


movimentos de independência.
Nestas situações, o desenvolvimento comunitário apareceu nos anos 50 em
países de Terceiro Mundo.
Desenvolvimento comunitário: as grandes
tendências

3. Colaborar com as grandes premissas da modernização -


instrumento normalizador, controlado de forma centralizada
pelo Estado, para sustentar o crescimento económico,
promovendo formas de intervenção baseadas na transição entre
a comunidade e os direitos individuais.
Desenvolvimento comunitário: as grandes
tendências

1. Para alguns setores/autores o desenvolvimento


comunitário não passava de um instrumento
centralizado, integrado como uma forma de ação
governamental;
Desenvolvimento comunitário: as grandes
tendências

1. Muitos recusavam-se ao controlo / dependência


estatais;

2. Durante os anos 70 surgiram outras alternativas ao.


foram surgindo, algumas vezes como cisões ou
dissensões em relação ao movimento original
Conceitos alternativos
ao Desenvolvimento
comunitário
Ação Comunitária

Contribui para a construção e


ampliação da cidadania
Ação Comunitária

“processos organizativos que implicam os sujeitos


individuais e coletivos, concebidos estes como atores
sociais, que mostram algum tipo de relação com o território
e que ganham consciência e poder de decisão para poder
transformar e, portanto, melhoraras suas condições de vida”

Cortès e Llobet, 2006: 4


Ação Comunitária

• Tem por base a democracia participativa, segundo a


qual o coletivo “ganha voz” e aumenta a sua
participação na construção de soluções;

• Estimula as pessoas a tomar o controlo total das


atividades comunitárias.
Ação Comunitária

• Estimula a politização da ação, a organização ativa


para exigir do Estado os serviços e deveres respetivos

• Tenta ultrapassar as elites locais e dar mais poder aos


pobres e aos que o não têm EMPOWERMENT
Organização
Comunitária
Organização Comunitária

• tem as suas raízes nos anos 70, nos Estados Unidos da


América e no Reino Unido

• Distingue-se através de dois grandes modelos:


• Tradicional – Organização Confrontacional
• Mais recente – Organização Consensual
Organização Comunitária Confrontacional

• Baseada no princípio de que alguns grupos eram


sistematicamente discriminados;

• A comparação com os interesses ocultos era necessária


para combater essa discriminação;

• O poder não está dividido em igualdade;


Organização Comunitária Confrontacional

• A mudança só ocorre quando os grupos oprimidos


assunam o controlo ou quando pressionam fortemente
as autoridades.

• É necessária uma organização muito forte , por parte


dos que não têm poder, para que se dê a mudança
Organização Comunitária Confrontacional

• Há uma grande organização das pessoas nos bairros,


comunidades ou instituições de pertença;

• Há mobilização das pessoas para confrontos que


confrontem instituições poderosas ou pessoas poderosas
 manifestações, pois só assim se pode «mudar o
Organização Comunitária Consensual

• Nega os confrontos diretos;

• Tenta estabelecer consensos baseados no respeito


mútuo entre as pessoas e as instituições que
representam o poder;
Organização Comunitária Consensual

• Método da organização paralela:


• Por um lado, organizar as pessoas nos bairros, etc.

• Por outro, organizar os que têm recursos e poder, para que possam
apoiar as pessoas dos bairros.

• Tem a missão de criar laços entre as pessoas e pontes entre


realidades mais amplas.
Comunidade e Intervenção Social

Intervenção e Desenvolvimento Comunitário


Cláudia Paixão

Funchal, 23 de setembro de 2020


Desenvolvimento Comunitário – resumo
• Caracteriza-se como uma técnica social de promoção do homem

e de mobilização de recursos humanos e institucionais,

mediante a participação ativa e democrática da população, no

estudo, planeamento, e execução de programas ao nível de

comunidades de base, destinados a melhorar o seu nível de vida.

• Ander-Egg, 1980: 69
Desenvolvimento Comunitário – resumo

• O Desenvolvimento Comunitário compreende uma


intenção e uma atitude pedagógicas, orientadas para
dotar os indivíduos de conhecimentos, saberes,
capacidade e experiências que lhes proporcionem
autonomia e independência.
Desenvolvimento Comunitário – resumo

É sempre uma técnica ou processo de evolução, não só para,


mas acima de tudo com e através da comunidade, seja para ter
em conta as necessidades específicas e vontades da mesma,
seja para se valorizar a si própria como aos indivíduos, seja
para gerar capacidade de continuidade, pois esse é o objetivo,
servir de alavanca para poder ser continuado.
Território
Território

• É um espaço definido e delimitado por e a partir


de relações de poder.
• Pode ser analisado sob três vertentes básicas:
• Política ou jurídico-política;
• Cultural ou simbólico-cultural;
• Económica.
Território

•Política ou jurídico-política
O território é visto como espaço delimitado e
controlado, através do qual se exerce um determinado
poder.
Território

Cultural ou simbólico-cultural
Aquele que prioriza a dimensão simbólica e mais subjetiva,
em que o território é visto, sobretudo, como produto da
apropriação/valorização de um grupo em relação ao seu
espaço vivido.
Território

Económica
O território é visto como fonte de recurso ou é incorporado no
embate entre classes sociais ou na relação capital/trabalho,
como produto da divisão territorial do trabalho.
.
Bairro

• Um bairro é uma subdivisão de uma cidade ou localidade,


que costuma ter uma identidade própria e cujos habitantes
partilham um sentido de pertença.

.
Bairro

• Um bairro pode ter nascido por uma decisão administrativa


das autoridades, por um desenvolvimento imobiliário ou
pelo simples acontecer histórico.

.
Bairro

• O referido sentido de pertença e a identidade própria dos


habitantes de um bairro provocam algum antagonismo para
com aqueles que pertencem a outro bairro. É semelhante ao
que acontece, por exemplo, com os clubes de cada zona,
onde são vistos como grandes rivais. .
Bairro

• De um modo geral, os bairros vizinhos são os que


mais se confrontam entre si e que aumentam os
conflitos.

.
Bairro – resumo

É formado por um conjunto de ruas, avenidas, casas, prédios,


lojas e praças, mas é muito mais que isso.

• É também um lugar de convivência.

.
Bairro – resumo

Podemos brincar na praça, na casa de um amigo, ou


mesmo na rua, se ela for segura. Podemos fazer
compras na padaria, na farmácia, ou no supermercado. 

.
Tipos de Bairro

• Residenciais - Predominam residências. Muitos deles são bastante


arborizados.

• Industrial -Há grande circulação de pessoas, tanto as que chegam ou saem


do trabalho como as que vão para fazer compras.

• Comercial - Há grande movimento de veículos que carregam e descarregam


mercadorias. Neste bairro existe a predominância de indústrias e fábricas.
Tipos de Bairro

• Residenciais - Predominam residências. Muitos deles são bastante


arborizados.

• Industrial -Há grande circulação de pessoas, tanto as que chegam ou saem


do trabalho como as que vão para fazer compras.

• Comercial - Há grande movimento de veículos que carregam e descarregam


mercadorias. Neste bairro existe a predominância de indústrias e fábricas.
O que encontrar nos bairros

• Bares;
• Farmácia;
• Supermercado;
• Escola;
• Igreja;
• Banca de revistas;
• Prédios e casas;
• Padaria Papelaria;
• ATIVIDADES
Atividade
prática
Atividade prática

• Tendo por base os conceitos abordados comente a


frase apresentada e aborde os conceitos:
Comunidade;
Desenvolvimento;
Grupo
“A solidariedade é fundamental para o
desenvolvimento de uma comunidade, mais se a
caridade for fundamentada no amor ao próximo
será extraordinária para o crescimento de todos”

Luiz Otávio Cardoso dos Santos


“Desenvolvimento comunitário significa o
desenvolvimento de todos os seus membros
conjuntamente, unidos pela ajuda mútua e pela posse
coletiva de certos meios essenciais de produção ou
distribuição.”
Paul Singer
Grupo
O grupo é um conjunto de pessoas, com objetivos e
características comuns e com interação entre si.

Para se entender um grupo como tal há que ter em linha


de conta que um grupo tem de apresentar uma estrutura,
perdurar no tempo, apresentar certa coesão e obedecer a
um conjunto de normas.
Fases de um grupo
Os grupos não apresentam sempre a mesma dinâmica, sendo
que a confiança, o à vontade, a identificação com os outros
elementos, a consolidação dos objetivos comuns e normas
entre outros fatores são fulcrais para o amadurecimento do
grupo.
Nominal
Fusional
Conflitual
Madura
Fase nominal
• Primeira fase da constituição do grupo;
• Altura em que o grupo é dominado por uma grande
ansiedade coletiva, provocada pelo desconhecimento da
situação;
• São acionados os mecanismos individuais de defesa e de
perceção do outro.
Fase Fusional

• Quebram-se algumas defesas, embora exista ainda


inibição de respostas originais;
• importante o clima vivido com preferência pelo de
consenso;
• Existe ainda um menor empenhamento individual.
Fase Conflitual

• Existe uma maior abertura para a defesa de ideias e


conceções individuais;
• Há uma tensão assumida no grupo
Fase Madura
• Depois de defendidos pontos de vista diferentes  chega
ao momento da aceitação das diferenças;
• Continua a tendência para a competição do grupo, sem
prejuízo do espírito de cooperação.
Fase Madura
• Nesta fase é fundamental serem definidos e distribuídos os
papéis de cada elemento. Com a maturidade do grupo, o
sentimento de pertença e a implicação pessoal no mesmo
aumenta.
Fenómenos
dos grupos
• Coesão Social;
• Pressão social;
• Interdependência;
• Atração/rejeição;
• Resistência à
mudança
• Cooperação/compe
tição
Coesão Social
• “resultante de todas as forças que atuam sobre os
membros para que permaneçam no grupo.”
Festinger(1950).
• Implica atração interpessoal , responsável por uma
boa relação e pela criação da identidade.
Coesão Social

Que os membros permaneçam juntos;

Que os membros do grupo confiem e sejam leais;

Que os seus membros sejam seguros;


Coesão Social

Que os seus membros se deixem influenciar pelo grupo;

Que aumente significativamente a satisfação dos seus


membros, à medida que o trabalho se desenvolve;

Que a interacção entre os seus membros se intensifique


Pressão Social

• Os valores sociais e as experiências


sócioculturais contribuem para a
seleção de estímulos e para as
percepções obtidas.
Interdependência

• Significa repartição do trabalho


entre os membros do grupo e
também aprendizagem da
dependência quando há disso
uma necessidade objetiva
Atração/rejeição

• Explora a identificação
entre os elementos do
grupo, permitindo que este
funcione em concordância.
Atração/rejeição

• Nem sempre todos os elementos


do grupo se identificam com os
seus pares;
• Podem desenvolver atitudes de
rejeição em relação aos
elementos que têm ideias e
caraterísticas opostas às suas
Resistência à mudança

• O ser humano apresenta naturalmente


alguma resistência à mudança.
• Esta resistência também se pode verificar
em alguns elementos do grupo, quando se
pretendem estabelecer normas novas,
adotar procedimentos novos ou até mesmo
à inclusão de elementos novos no grupo.
Cooperação/
competição

• forças de cooperação,
implementadas pelos
elementos que
impulsionam no sentido
de se atingir o objetivo
comum do grupo.
Cooperação/competição

• Por vezes, alguns elementos do grupo


entram em competição com a intenção
de sobressair no grupo.
• Esta situação não é necessariamente
negativa, pois poderá ser importante
para a resolução de problemas novos
difíceis de serem resolvidos com a
atitude de concordância de um grupo
coeso.
Eficácia nos grupos

• A eficiência do grupo mede-se através da produtividade do


grupo.

• Quando um grupo é eficiente, os elementos sentem-se bem e


geram bem os seus recursos para a consecução dos objetivos.

• São diversas as variáveis que influenciam a eficácia de um


grupo:
Variáveis que influenciam a eficácia de um grupo:

Variáveis estruturais

Variáveis ambientais

Variáveis de tarefa

Outras variáveis
Variáveis estruturais Variáveis ambientais
• Tamanho do grupo; • Local de trabalho do grupo;
• Características dos • Relação do grupo com
membros; outros grupos da
• Canais de comunicação comunidade;
existentes; • Situação do grupo no seio da
• Papéis desempenhados. organização.
Variáveis de tarefa Outras variáveis

• O estilo de liderança;
• Natureza da tarefa; • As relações de amizade entre as pessoas;

• Grau de dificuldade da • A motivação;


• A coesão;
tarefa;
• A produtividade do grupo;
• Tempo disponível para a • O grau de satisfação dos membros do grupo

realização da tarefa

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