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Desenvolvimento físico,

cognitivo e psicossocial na
segunda infância

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W. & FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano.


Porto Alegre: Artmed, 2006.
Desenvolvimento Físico
• O desenvolvimento físico continua dos 3 aos 6 anos, mas em ritmo
mais lento do que na primeira infância.

• Os meninos são, em média, ligeiramente mais altos, pesados e


musculosos do que as meninas.

• Os sistemas corporais internos estão amadurecendo, e todos os


dentes de leite estão presentes.
• Os padrões de sono mudam durante a segunda infância, como ocorre
durante toda a nossa vida, e são afetados pelas expectativas culturais.

• É normal que as crianças em idade pré-escolar desenvolvam rituais


que adiem a hora de ir dormir e dependam de objetos transacionais.

• Embates prolongados na hora de dormir ou terrores ou pesadelos


noturnos persistentes podem indicar perturbações emocionais que
necessitam de atenção.

• A enureses é comum e geralmente superada sem auxílio especial.


Habilidades motoras gerais na segunda infância

Crianças de 3 anos Crianças de 4 anos Crianças de 5 anos

Não são capazes de virar ou para Tem controle mais eficaz para parar, São capazes de iniciar, virar e parar
súbita ou rapidamente. iniciar e virar. eficazmente em jogos.

São capazes de saltar a uma distância São capazes de saltar a uma distância Podem saltar correndo a uma
de 30 a 60 cm. de 60 a 84 cm. distância de 71 a 91 cm.

São capazes de subir escadas sem se São capazes de descer uma escada São capazes de descer uma escada
apoiar, alternando os pés. comprida alternando os pés, se comprida sem apoio, alternando os
apoiadas. pés.

São capazes de pular, utilizando São capazes de pular de 4 a 6 passos São capazes de ir saltando a uma
principalmente uma série irregular de sobre um dos pés. distância de 4,8 cm com facilidade.
saltos com algumas variações.
• As crianças progridem rapidamente nas habilidades motoras gerais,
nas habilidades motoras refinadas e na coordenação olho-mão,
desenvolvendo sistemas de ação mais complexos.

• A preferência no uso das mãos geralmente é evidente aos 3 anos,


refletindo o domínio de um hemisfério cerebral.

• As etapas do desenvolvimento artístico, que parecem refletir o


desenvolvimento cerebral, compreendem a fase dos rabiscos, a fase
da forma, a fase do desenho e a fase pictórica.
• Garatuja ou
rabisco (+- 2 anos
de idade:
• Garatujas
desordenadas;
• Sem forma
humana;
• Comumente
monocromático.
• Garatuja ou
rabisco (+- 2 anos
de idade:
• Garatujas
nomeadas ou
ordenadas;
• Círculos.
• Figura humana –
fase girino:
• Círculo com riscos.
• Pré-
esquematismo:
• O corpo já
aparece ligado à
cabeça;
• Pernas não tão
longas;
• As cores começam
a aparecer.
• Esquematismo:
• Figura humana
sofre alterações –
cabeça diminui,
podem aparecer
cabelos, orelhas,
dedos.
• Doenças menos graves, como resfriados e outras doenças
respiratórias, são comuns durante a segunda infância e ajudam a
construir a imunidade à doença.

• Acidentes domésticos e segurança.

• Fatores ambientais, como exposição a estresse, fumo, pobreza e falta


de moradia aumentam os riscos de doença ou dano.
Desenvolvimento Cognitivo
• A função simbólica permite que as crianças reflitam sobre pessoas,
objetos e eventos que não são fisicamente presentes.

• Evidencia-se na imitação diferida, no jogo de faz-de-conta e na


linguagem.

• As crianças são capazes de compreender o conceito de identidade.


Estão tornando-se proficientes na classificação e dominam os
princípios de contagem e quantidade.
• Dificuldade em compreender os princípios de conservação e
reversibilidade.

• Embora apresentem certo egocentrismo, são capazes de sentir


empatia.

• A teoria da mente, que parece se desenvolver caracteristicamente


entre os 3 e 5 anos, inclui a consciência de que a criança tem de seus
próprios processos de pensamento, sua capacidade de distinguir
fantasia de realidade, compreender que as pessoas podem ter falsas
crenças, a capacidade de enganar e a capacidade de distinguir
aparência e realidade.
Avanços cognitivos na segunda infância
Avanço Significado Exemplo
Uso de símbolos As crianças podem pensar em eventos ou Uma criança pergunta à mãe sobre o
objetos sem estarem em contato com eles. cachorro da avó que viram meses antes.
Compreensão de identidades As crianças sabem que alterações A criança compreende que seu tio
superficiais não mudam a natureza das fantasiado continua sendo seu tio.
coisas.
Compreensão de causa e efeito As crianças se dão conta de que os eventos Vendo uma bola vindo de trás da parede, a
possuem causa. criança procura atrás da parede quem
chutou a bola.
Capacidade de classificar As crianças organizam objetos, pessoas e A criança divide os brinquedos em grandes
eventos em categorias com significado. e pequenos.
Compreensão de números As crianças sabem contar e lidar com A criança divide os doces com as amigas,
quantidades. contando a mesma quantidade para todas.
Empatia As crianças tornam-se mais capazes de A criança consola seu amigo quando
imaginar como os outros poderiam sentir- percebe que ele está chateado.
se.
Teoria da mente As crianças tornam-se mais conscientes da A criança quer guardar algumas bolachas
atividade mental e do funcionamento da para si, e por isso esconde-as de seu irmão
mente. em uma caixa de massa.
• Durante a segunda infância, o vocabulário aumenta muito e a
gramática e a sintaxe tornam-se bastante sofisticadas.

• As crianças adquirem competência na pragmática à medida que


utilizam fala social.

• A fala privada é normal e comum; pode auxiliar na transição para a


autorregulação e geralmente desaparece aos 10 anos.

• A interação com adultos pode promover a alfabetização emergente.


• Em todas as idades o reconhecimento é melhor do que a recordação,
mas ambos aumentam durante a segunda infância.

• A memória episódica inicial é apenas temporária; desaparece ou é


transferida para a memória genética, que produz um roteiro de
rotinas familiares para orientar o comportamento.

• A memória autobiográfica inicia-se em torno dos 4 anos e pode estar


relacionada ao desenvolvimento da linguagem.
• Segundo o modelo de interação social, as crianças e os adultos
constroem memórias autobiográficas conversando sobre suas
experiências comuns

• As crianças tendem a lembrar-se melhor de atividades pouco comuns


das quais participaram ativamente.

• O modo como os adultos conversam com as crianças sobre os fatos


influencia a formação da memória, assim como o faz a teoria da
mente da criança.
• Memórias implícitas podem inconscientemente influenciar o
comportamento.

• O ambiente familiar parece ter seu maior impacto na segunda


infância.

• Educação na segunda infância e a pré-escola.

• A adaptação à pré-escola pode depender da interação entre as


características da criança e as dos ambientes doméstico, escolar e
comunitário.
Desenvolvimento psicossocial
• O autoconceito sobre mudanças importantes na segunda infância, pois
crianças pequenas não reconhecem a diferença entre eu real e eu ideal.

• A compreensão das emoções dirigidas ao eu e de emoções simultâneas


desenvolve-se gradualmente durante a segunda infância.

• A autoestima na segunda infância tende a ser global e irrealista,


refletindo a aprovação adulta. Se a autoestima depender do êxito, as
crianças podem desenvolver um padrão de “impotência” no
pensamento e no comportamento.
• Desenvolvimento da identidade de gênero e o desenvolvimento de
autoconceito  construções sociais e culturais.

• Brincar traz muitos benefícios físicos, cognitivos e psicossociais. As


mudanças no modo de brincar refletem o desenvolvimento cognitivo
e social.

• Os jogos de faz-de-conta torna-se cada vez mais comum durante a


segunda infância e ajuda as crianças a desenvolver habilidades
cognitivas e sociais.

• As brincadeiras tornam-se mais sociais.


• Tanto os aspectos cognitivos e sociais do brincar são influenciados
pelos ambientes culturalmente aprovados que os adultos criam para
as crianças.

• A disciplina pode ser um poderoso (?) instrumento de socialização 


autoridade, abuso, violência...

• O conflito familiar pode ser utilizado para ajudar as crianças a


aprender regras e padrões de comportamento e habilidades de
negociação.
• As origens do altruísmo ou comportamento pró-social aparecem cedo
e podem ser cultivadas pelo exemplo e pelo encorajamento dos pais.

• Agressividade - pode ser influenciada pelo lar e pela cultura.

• Os pré-escolares desenvolvem temores temporários de objetos e de


eventos reais e imaginários; os temores de crianças mais velhas
tendem a ser mais realistas.
• Relacionamentos entre irmãos e pares.

• As crianças pré-escolares escolhem parceiros e amigos que sejam


parecidos consigo.

• A criação pode afetar a competência social das crianças com os pares.


Pontos principais...
• O crescimento é constante; o corpo torna-se mais delgado e as
proporções mais semelhantes às do adulto.

• O apetite diminui e problemas de sono são comuns.

• A preferência no uso das mãos se manifesta; as habilidades motoras


gerais e refinadas, e a força aumentam.
• O pensamento é um pouco egocêntrico, mas a compreensão do
ponto de vista dos outros aumenta.

• A imaturidade cognitiva produz algumas ideias ilógicas sobre o


mundo.

• A memória e a linguagem melhoram.

• A inteligência torna-se mais previsível.

• A experiência na pré-escola é comum.


• O autoconceito e a compreensão das emoções tornam-se mais complexos; a
autoestima é global.

• Aumentam a independência, a iniciativa e o autocontrole.

• Desenvolve-se a identidade de gênero.

• As brincadeiras tornam-se mais imaginativas, mais complexas e geralmente mais


sociais.

• Altruísmo, agressividade e medo são comuns.

• A família ainda é o foco da vida social, mas as outras crianças tornam-se mais
importantes.

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