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COLOCAÇÃO

PRONOMINAL
N O R M A E S I N TA X E D O S
PRONOMES PESSOAIS
OS PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS

Os pronomes pessoais oblíquos átonos atuam, sintaticamente, como complementos


de verbos. A colocação pronominal é a parte da gramática normativa que determina qual
deve ser a posição ocupada pelos pronomes oblíquos em relação aos verbos, a depender do
contexto sintático em que ocorrem.
Pronominais
Dê-me um cigarro
“Iniciar a frase com pronome
Diz a gramática
Do professor e do aluno átono só é lícito na

E do mulato sabido conversação familiar,


despreocupada, ou na língua

Mas o bom negro e o bom branco escrita quando se deseja

da Nação Brasileira reproduzir a fala dos


Dizem todos os dias personagens”
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro. CEGALA, Novíssima gramática
da língua portuguesa. São Paulo:
Nacional, 1980.
ANDRADE, Oswald. Seleção de textos. São Paulo: Nova Cultural, 1998.
OS PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS
Qui-lo, fê-lo. Depois convocaram-no para ouvi-lo.
Por uma questão de acomodação de pronúncia, quando os pronomes oblíquos o, a, os, as,
se colocam após o verbo, ocorrem certas alterações no verbo e/ou no pronome:
 Os verbos terminados em r, s, z perdem estas consoantes finais e o pronome assume as
formas lo, la, los, las. Exemplos:

Informar + o = Informá-lo
 Nos verbos terminados em mQueremos
ou ditongo +nasal,
o = Queremo-lo
aparece um n antes do pronome. Exemplos:

Chamaram + o = Chamaram-no
Põe + o = Põe-no
OS PRONOMES OBLÍQUOS ÁTONOS

Todos o respeitam, tudo lhe pertence.


Os pronomes oblíquos o, a, os, as, como complementos verbais, só funcionam como objeto direto.
Por isso, só podem ligar-se a verbos transitivos diretos. Exemplo:
Cumprimentei - o
Transitivo direto Objeto direto
O pronome lhe (lhes) funciona como objeto indireto. Exemplos:

Variedade popular:
Faz tempo que não lhe vejo.

Variedade culta escrita


Faz tempo que não o vejo.
PRONOMES: NORMA E SINTAXE
Eu ou mim? O pronome mim não conjuga verbo, ou seja, não faz a ação do verbo a que se
refere. Quem conjuga o verbo, quem faz a ação do verbo são os pronomes pessoais retos.
Menino da porteira (Teddy Vieira e Luizinho)
Toda vez que eu viajava pela estrada de ouro fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo:
– Toque o berrante seu moço que é pra mim ficar ouvindo.

Quando a boiada passava e a poeira ia baixando,


Eu jogava uma moeda e ele saía pulando:
– Obrigado boiadeiro, que deus vá lhe acompanhando
Pra aquele sertão à fora meu berrante ia tocando.

Nos caminhos desta vida muitos espinhos eu encontrei,


Mas nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada o menino não avistei. [...]
PRONOMES: NORMA E SINTAXE
Observe as duas redações para um trecho da canção “Menino da porteira”, de Teddy Vieira
e Luizinho:
I. Toque o berrante, seu moço, que é pra mim ficar ouvindo.
II. Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo.
Pela diferença do uso dos pronomes, pode-se afirmar que a frase I simula linguagem de
um falante de uma variedade popular do português (trata-se da fala de um sertanejo que
abre a porteira para a passagem dos bois em comitiva); e que na frase II o pronome está
ajustado à norma da língua padrão, usada em situações mais formais. Portanto, não se pode
afirmar que haja, simplesmente, um desacordo com a língua: diante da especificidade de cada
contexto, uma das formulações incorrerá em desvio, enquanto a outra será a mais adequada.
PRONOMES: NORMA E SINTAXE
Observe os enunciados que seguem:
I. Você pode emprestar o livro para eu ler?
II. É hora de eu ir embora.
Os pronomes eu e tu são sujeitos dos verbos ler e falar.
Para simplificar, podemos adotar a seguinte formulação:

Preposição + eu ou tu + ø: não ocorrem na língua culta escrita, sendo tidos como usos
incorretos.
Preposição + eu ou tu + infinitivo: é comum na variante culta escrita.

Exemplos:
Mandaram cinco livros para mim.
Mandaram cinco livros para eu distribuir.
PRONOMES: NORMA E SINTAXE
Na variedade popular, é comum o uso de pronome reto na função de complemento
do verbo; na variedade padrão, essa função é exclusiva dos pronomes oblíquos:

Variedade popular:
Presentes de criança, guardo eles até hoje.

Variedade culta:
Presentes de criança, guardo-os até hoje.

Variedade popular:
Entre sua mãe e eu os assuntos são tratados abertamente.

Variedade culta:
Entre sua mãe e mim os assuntos são tratados abertamente.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL
 Quando o pronome oblíquo vem antes do verbo, diz-se que
ocorreu uma próclise pronominal. Exemplo: Me
colocaram um cinto de castidade.

 Quando aparece após o verbo, diz-se que ocorreu uma


ênclise pronominal. Exemplo: “Coloram-me uma venda
na boca”.

 Quando o pronome aparece entre o radical e a desinência


das formas verbais do futuro do presente e do futuro do
pretérito, diz-se que ocorreu uma mesóclise. Exemplo:
Inscrever-me-ei no concurso público.
Próclise
Deve ser usado em tempos futuros. Além disso, há determinadas palavras da língua que são consideradas
“atratores” dos pronomes pessoais oblíquos átonos, porque, nos enunciados em que elas ocorrem, esses pronomes
devem anteceder o verbo que complementam.

• Palavras ou locuções de sentido negativo


Dinheiro algum nos compra a consciência.

• Advérbios
Sempre lhe pedem que conte histórias para as crianças.

• Pronomes relativos, indefinidos ou demonstrativos

Os discos que lhes foram emprestados deverão ser devolvidos em 15 dias.


Todos nos pediram que trouxéssemos carne para o churrasco.
Aquilo nos provocou horror.
Ênclise
• Não se usa em tempo futuro de qualquer modo verbal: faria-nos/ diriam-se/etc. X

• Verbo iniciando a oração

Faça-me o favor de não chegar atrasado para a reunião!

• Verbo no imperativo afirmativo:

• Verbo no gerúndio

Nossos parentes do interior chegaram ontem, trazendo-nos muitas notícias da família.

• Verbo no infinitivo impessoal

É importante alertá-los para os riscos do consumo de bebidas alcoólicas.


Mesóclise
• A gramática normativa recomenda o uso da mesóclise sempre que o verbo estiver no futuro do presente
ou no futuro do pretérito.
• Sobre o uso da mesóclise, convém lembrar que essa forma de colocação pronominal está em franco
desuso, na língua, ficando hoje restrita apenas a alguns contextos formais de uso escrito da linguagem.
• Nas raras ocorrências de mesóclise na linguagem coloquial, ela costuma ser utilizada para provocar um
efeito de humor ou de ironia, ou para criar uma imagem associada ao formalismo excessivo e ao
pedantismo.

— Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou te partir a cara. Lhe partir a cara.
Partir a sua cara. Como é que se diz?
— Partir-te a cara.
— Pois é. Parti-la-ei, se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me.
VERISSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 65-66. 

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