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 RAFFAEL GAROFALO

 (1851-1934)
 Jurista e criminologista, professor da
Universidade de Nápoles, tendo sido
ministro da Corte de Apelação de Nápoles.

 Criador do termo “Criminologia”, para


quem seria a ciência da criminalidade, do
delito e da pena.
 em seu livro "Criminologia. Um estudo do
crime, suas causas e da teoria da repressão
 O termo delito não pertence aos juristas.
 A noção de delito deve ser procurada
pelos sociólogos.
 Rutura com a tradição jurídica do
domínio do Direito sobre tudo o que ao
criminoso, o crime e à pena dissesse
respeito.
 Afirma que o crime sempre esta no
individuo, e que é a revelação de uma
natureza degenerada, quaisquer que
sejam as causas dessa degeneração,
antigas ou recentes.
 Introduz o conceito de temibilidade que
sustenta ser a perversidade constante e
ativa do delinquente e a quantidade do
mal previsto que se deve temer por
parte do mesmo delinquente.
 Tal conceito foi decisivo para as
formulações posteriores concernentes a
intervenção penal, propostas pelos
positivistas: a medida de segurança.
 "A temibilidade implicava a
perversidade constante do delinquente,
bem como a quantidade de mal previsto
que se deveria recear por parte do
individuo perigoso, configurando-se a
medida de segurança seu instrumento
de contenção; nascia a relação
temibilidade-medida de segurança.
 A temibilidade era a justificativa para a
imposição do tratamento.
 Unificava os fins de proteção social e
tratamento, alcançando a eficácia com a
impedimento de novos delitos.
 Ele acreditava que a responsabilidade
criminal devia ser aferida com base no
perigo inato do infrator, a quem
considerava uma "variedade", uma
involução da espécie humana, incapaz
de assimilar os valores da sociedade.
 Sua grande contribuição criminológica,
no entanto, foi a tentativa de conceber
um conceito de “delito natural”.
 Sua proposta básica era saber se, "entre
os delitos previstos pelas leis atuais, há
alguns que, em todos os tempos e
lugares, fossem considerados puníveis.
 A resposta afirmativa parece impor-se,
desde que pensamos em atrocidades
como o parricídio, o assassino com o
intuito de roubo, o homicídio por mera
brutalidade"
 Elaborou sua conceção de delito natural
partindo da ideia lombrosiana do
criminoso nato e, assim sendo, afirmava
que, se existia um criminoso nato,
deveria, necessariamente, existirem
delitos que fossem considerados como
tal, em qualquer lugar ou época.
 Observou que tanto Lombroso como
Ferri evitaram definir o que
consideravam delito.
 Garofalo propôs-se a isto. Passou a
observar grupos sócias de diferentes
épocas e chegou á conclusão de que o
conceito de delito era completamente
diferente entre povos distintos..
 Para chegar à definição de delito
natural, Garofalo procurou a parte mais
profunda e essencial dos sentimentos
humanos, segundo ele mesmo
afirmava.
 E se auto perguntou: "Mas quais desses
instintos morais de que temos de
ocupar-nos? Será a honra, o pudor, a
religião, o patriotismo?", e responde:
 "Por estranho que possa parecer, a
verdade é que nas nossas
investigações poremos de lado
sentimentos desta ordem".
 Em vista disto, encaminhou suas
investigações em outro sentido,
buscando quais eram os sentimentos
indispensáveis para a conveniência
social e chegou á essa conclusão: são
indispensáveis a piedade e a probidade.
 Mas como ficaria então, pergunta-se, o
chamado senso moral, os instintos
altruístas, aqueles que tendem
diretamente ao bem dos outros, ou seja,
à benevolência e à justiça?
 Na esteira de suas observações,
Garofalo segue dizendo que "a piedade
é um sentimento fundamental da
natureza humana, como o é,
essencialmente, também a probidade.
 Pode concluir-se que a consciência
pública qualifique de criminosa uma
ação, por ser ela uma ofensa feita à
parte do senso moral, formada pelos
sentimentos altruístas de piedade e
probidade da sociedade".
 "O criminalista sociólogo não pode
estudar outra coisa: só os verdadeiros
delitos interessam à ciência, a qual
cumpre estudar suas causas naturais e
os seus remédios.”
Duas espécies de delitos:
 Enquanto estes, os verdadeiros delitos, os
delitos naturais, ofendem a moralidade
elementar universal de um povo civilizado e
revelam anomalias nos que os praticam.
 Os outros (legais) atos puníveis violam apenas
as leis de determinada sociedade, variáveis de
país para país, pelo que não se pode mais
procurar-lhes causas biológicas, ou imaginar
para eles remédios que não sejam castigos
também variáveis segundo a maior ou menor
necessidade de repressão".
 A teoria do delito natural como sendo a
violação dos sentimentos básicos e
universais.
 Garofalo preocupava-se com a
explicação – psicológica – da ausência
ou inoperância de tais sentimentos a
que, em ultima instância, se conduziria
a explicação do crime.
 Delito Natural seriam aqueles que
"ofendem os sentimentos altruístas
fundamentais de piedade e probidade,
na conformidade do que assim
consideraria a média de determinada
coletividade ou agrupamento social".
 Para Garofalo, há duas maneiras de se tratar os
delinquentes:

 Os que cometem delitos legais, estabelecidos em


textos positivos como Códigos, regulamentos, etc,:
bastaria uma simples advertência e a obrigação de
reparar o dano;

Os que cometem delitos naturais, ou seja, próprios
de criminosos natos: pena de morte ou expulsão do
país.
Classificação do homem delinquente para
Garofalo:

 Os assassinos, ou delinquentes típicos, "obedecem


unicamente ao próprio egoísmo, aos próprios
desejos e apetites instantâneos, atuando sem
cumplicidade alguma indireta do meio social.

 Oferecem, frequentemente, anomalias anatômicas,


umas vezes regressivas, outras teratológicas ou
atípicas; muitos sinais exteriores falam neles de uma
suspensão de desenvolvimento moral, compatível,
aliás, com uma anormal faculdade de ideação, pelos
instintos, como pelos apetites; aproximam-se estes
delinquentes dos selvagens e das crianças".
 Criminosos enérgicos ou violentos: falta o sentido de compaixão ou
é sobremaneira escasso, a ponto de, facilmente, permitir-lhes a
prática criminosa sob pretexto de falsa ideia, de exagerado amor-
próprio ou preconceitos sociais, religiosos ou políticos.

 Dos criminosos violentos se destaca um subgrupo, os impulsivos,


ou seja, os que cedem à cólera ou à excitação nervosa exacerbada.
Eles não têm a fisionomia peculiar ou característica dos violentos e
neles poucas vezes se percebem as assimetrias e hemiatrofias do
crânio ou da face correspondentes ou desequilíbrio funcional das
faculdades.
 Ladrões ou neurastênicos: falta o instinto de
probidade, que pode ser diretamente
hereditário e, num pequeno número de casos,
atávico; à herança direta juntam-se os
exemplos do ambiente imediato, imprimindo-
se-lhes no espírito durante a infância ou a
adolescência.
 Nos ladrões notam-se frequentemente,
anomalias cranianas atípicas, tais como a
"submicrocefalia", a "oxicefalia", a
"scaphocephalia", a "trococephalia".
 Posteriormente acrescentou um quarto
grupo:
 o daqueles que cometem crimes contra
os costumes, aos quais chamou de
criminosos cínicos.

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