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Produção e Destruição de

Alcatrão
Flaviany Vieira Magesk Coimbra
Produto de pirólise
 Produtos de pirólise: A pirólise envolve uma repartição de grandes moléculas complexas em
várias moléculas menores. Seu produto é classificado em três tipos principais:
1. Sólido (principalmente carvão ou carbono)
2. Líquido (alcatrão, hidrocarbonetos mais pesados, e água)
3. Gás (CO2, H2O, CO, C2H2, C2H4, C2H6, C6H6, etc.)

Alcatrão é um liquido espesso, preto, altamente viscoso que condensa nas zonas de baixa
temperatura de um gaseificador, obstruindo a passagem de gás e levando interrupções ou bloqueio
do sistema. O alcatrão é altamente indesejável, pois pode criar os seguinte problemas:
 Condensação e subsequente obstrução do equipamento a jusante;
 Formação de aerossóis de alcatrão;
 Polimerização em estruturas mais complexas.
Conteúdo

 O que é Alcatrão?
 Limites aceitáveis para o Alcatrão
 Formação do Alcatrão
 Composição do Alcatrão
 Redução do Alcatrão
 Redução do Alcatrão no local
 Redução Secundária de Alcatrão
O que é Alcatrão?

É uma mistura complexa de hidrocarbonetos condensáveis, incluindo, entre


outros, hidrocarbonetos aromáticos de 1 a 5 anéis contendo oxigênio e
hidrocarbonetos poliaromáticos complexos (Devi et al., 2003).
Limites aceitáveis para o
Alcatrão
O alcatrão permanece vaporizado até que o gás que o transporta é resfriado, quando se condensa em
superfícies frias ou permanece em gotas finas de aerossol (<1 micron). Isto torna o produto gasoso
impróprio para utilização em motores a gás, os quais têm uma baixa tolerância ao alcatrão. Por isso é
necessário que haja uma redução de alcatrão no gás para ser utilizado.
Limites aceitáveis para o
Alcatrão
• Processo de limpeza do gás;
• Aplicações do gás produto:
1. Sistema de combustão direta;
2. Motores de combustão interna;
3. Produção de gás.
Limites aceitáveis para o
Alcatrão
• Sistema de combustão direta.
Limites aceitáveis para o
Alcatrão
A quantidade de alcatrão no produto gasoso depende da temperatura de gaseificação, bem como
do projeto do gaseificador. Os níveis típicos de alcatrão nos gases provenientes dos gases de
biomassa descendente e ascendente são 1g/Nm3 e 50g/Nm3, respectivamente (Tabela 4.2)
Limites aceitáveis para o
Alcatrão
a quantidade de alcatrão se reduz com o aumento da temperatura, como mostrado na Figura 4.1.
Formação do Alcatrão

 O alcatrão é produzido principalmente através da despolimerização durante o estágio de


pirólise.
1. Fase de 200 ºC a 500 ºC - alcatrão primário;
2. >500 ºC – alcatrão secundário.
Em temperaturas ainda mais elevadas, os produtos primários de alcatrão são destruídos e os produtos
terciários são produzidos.
Composição do Alcatrão
 O rendimento e a composição do alcatrão dependem da temperatura de reação, do tipo de
reator e da matéria prima. A tabela a seguir mostra que o benzeno é o maior componente de
um alcatrão típico.
Composição do Alcatrão
O alcatrão pode ser classificado em quatro grandes grupos de produtos:
 Alcatrão primário: É produzido durante a pirólise primária. Compreende moléculas oxigenadas, orgânicas
primárias, condensáveis. Os produtos primários vêm diretamente da divisão dos componentes de celulose,
hemicelulose e lignina da biomassa.
 Alcatrão secundário: À medida que a temperatura do gaseificador aumenta acima de 500°C, o alcatrão
primário começa a se rearranjar, formando mais gases não condensáveis e moléculas mais pesadas, dos quais
fenóis e olefinas são constituintes importantes.
 Alquil terciário: Inclui derivados de metilo de aromáticos, tais como metil acenaftileno, metil naftaleno,
tolueno e indeno
 Condensados terciários: terciários constituem uma série de hidrocarbonetos aromáticos polinucleares (HAP)
sem substituinte.
Composição do Alcatrão
Redução do Alcatrão
 Várias opções estão disponíveis para redução de alcatrão. Estes podem ser divididos em
dois grandes grupos:
1. Redução de alcatrão in-situ (no local ou primário), que evita a formação de alcatrão;
2. Redução pós-gaseificação (ou secundária), que tira o gás produto do alcatrão já produzido.
Redução do Alcatrão no local

 Nesta abordagem as condições de funcionamento no gaseificador são ajustadas de modo


que a formação de alcatrão seja reduzida. Alternativamente, o alcatrão produzido é
convertido em outros produtos antes de sair do gaseificador. A redução é alcançada por:
1. Modificação das condições de funcionamento do gaseificador
2. A adição de catalisadores ou materiais de leito alternativo no leito fluidizado
3. Modificação do projeto do gaseificador
Redução do Alcatrão no local

A reforma catalítica é um processo


 Reforma do alcatrão: A reação de craqueamento ocorre na gaseificação a vapor, onde o
químico utilizado no refino do vapor quebra o alcatrão, produzindo moléculas mais simples e mais leves como H 2 e CO.
petróleo. Seu objetivo é aumentar a
octanagem da nafta pesada obtida na
destilação atmosférica do petróleo cru.
Isto se consegue mediante a
transformação de hidrocarbonetos
parafínicos e naftênicos em  Reforma do alcatrão a seco: A reação de reforma seca ocorre quando CO 2 é o meio de
gaseificação. Aqui o alcatrão é dividido em H2 e CO.
isoparafínicos e aromáticos. Estas
reações produzem também hidrogênio,
um subproduto valioso que se
aproveita em outros processos de
refino.
Redução do Alcatrão no local

 Craqueamento térmico: O craqueamento térmico pode reduzir o alcatrão, mas não é tão
atraente quanto a reforma, pois requer alta temperatura (> 1100 °C) e produz fuligem.
 Craqueamento a vapor: No craqueamento a vapor, o alcatrão é diluído com vapor e é
brevemente aquecido num forno na ausência de oxigênio. Os hidrocarbonetos saturados
são divididos em hidrocarbonetos menores.
Redução do Alcatrão no local

 Condições de funcionamento:
1. Temperatura: A temperatura de operação do reator influencia a quantidade e a composição do
alcatrão. A quantidade em geral diminui com um aumento na temperatura de reação, assim como
a quantidade de carvão não convertido. Assim, o funcionamento a alta temperatura é desejável
em ambas as contagens.
2. Pressão do reator: Com a crescente pressão, a quantidade de alcatrão diminui, mas a fração de
HAP aumenta.
3. Tempo de residência: O tempo de residência tem um efeito nominal sobre o rendimento de
alcatrão num gaseificador de leito fluidizado. Kinoshita et al. (1994) observou que com o
aumento do tempo de residência (ponto elevado do leito/velocidade do gás superficial), o
rendimento de compostos oxigenados e compostos de 1 e 2 anéis (excluindo benzeno e
naftaleno) diminuiu, mas o rendimento de compostos de 3 e 4 anéis aumentou.
Redução do Alcatrão no local

4. Meio de gaseificação: Quatro meios - ar, vapor, dióxido de carbono e uma mistura vapor-
oxigênio podem ser usados para gaseificação; Podem ter efeitos diferentes na formação e
conversão do alcatrão. A relação combustível/meio é um parâmetro importante que influencia o
produto da gaseificação, incluindo o alcatrão. Este parâmetro é expresso de forma diferente para
diferentes meios.
Redução do Alcatrão no local
5. Redução do Alcatrão por Aditivos em Gaseificadores de Leito Fluido: Catalisadores aceleram as
duas principais reações químicas de redução de alcatrão. Numa reação de reforma a vapor,
temos :

Numa reação de reformação a seco, temos:

 Os catalisadores podem facilitar as reações de redução do alcatrão quer no reator primário


(gaseificador) quer na jusante de um reator secundário. Em ambos os casos, dolomite,
olivina, álcali, níquel e carvão vegetal têm encontrado um uso bem-sucedido em
catalisadores para redução de alcatrão.
Redução do Alcatrão no local
 Projeto de gaseificador: O projeto do gaseificador pode ser uma grande influência na quantidade de alcatrão no
gás de produto. Por exemplo, um gaseificador de leito móvel contra corrente com uma reciclagem interna e uma
zona de combustão separada pode reduzir o teor de alcatrão até 0,1g/Nm 3(Susanto e Beenackers, 1996),
enquanto que num gaseificador de corrente ascendente o alcatrão pode exceder 100g/Nm 3.
1. Gaseificador de Corrente Ascendente( updraft):
Redução do Alcatrão no local
2. Gaseificador de Corrente Descendente ( Downdraft):
Redução do Alcatrão no local
3. Gaseificador de Leito fluidizado:
Redução do Alcatrão no local

 4. Planta de Pirólise:
Redução do Alcatrão no local

4. Gaseificador de Fluxo Arrastado: A produção de alcatrão é desprezível, uma vez que tudo o que é
liberado passa por uma zona de alta temperatura (>1000ºC) e é, portanto, quase todos
convertidos em gases.
 Modificações de Projeto Para Remoção De Alcatrão:
A modificação de um projeto de gaseificador para remoção de alcatrão envolve o seguinte:
1. Injeção de ar secundária
2. Separação da zona de pirólise da zona de gaseificação de carbonização
3. Passagem de produtos de pirólise através do char.
Redução Secundária de Alcatrão

 Pós-pirolisação – Redução Secundária de Alcatrão


O nível de limpeza necessário para o gás produto depende grandemente do seu uso final.
Uma quantidade substancial de alcatrão pode ser removida do gás numa seção de limpeza pós-
pirolisação. Ele pode ser cataliticamente convertido em gases úteis ou simplesmente capturado
e removido. Os dois métodos básicos de pós-gaseificação são remoção física e fissuração.
Redução Secundária de Alcatrão

 Remoção Física do Alcatrão: A limpeza física é semelhante à remoção de partículas de


poeira de um gás. Exige que o alcatrão seja condensado antes da separação. A remoção de
alcatrão física pode ser realizada por ciclones, filtros de barreira, precipitadores
eletrostáticos úmidos, depuradores úmidos ou sais alcalinos. A escolha depende do
seguinte:
 Concentração de entrada de partículas e alcatrão
 A distribuição de tamanho de partícula de entrada (DTP)
 Tolerância dos particulados no gás especificada para a aplicação à jusante.
A distribuição de tamanho das partículas de entrada é difícil de medir, especialmente para
partículas mais finas, mas a sua medição é importante na escolha dos dispositivos de recolha
adequado.
Redução Secundária de Alcatrão
1. Ciclones: Os ciclones não são muito práticos para a remoção do alcatrão devido à viscosidade do
alcatrão e porque os ciclones não conseguem remover pequenas gotículas de alcatrão (<1 mícron).
2. Filtros de Barreira: Os filtros de barreira apresentam uma barreira física no caminho do alcatrão e
das partículas enquanto permitem que o gás limpo passe.
Redução Secundária de Alcatrão

3. Precipitadores Eletrostáticos Úmidos: OS (PEUs) são utilizados em algumas instalações de


gaseificação.
4. Purificadores Úmidos: A água ou um líquido de lavagem apropriado é pulverizado sobre o gás.
Partículas sólidas e gotículas de alcatrão colidem com as gotas, formando gotas maiores devido à
coalescência. Estas gotas maiores são facilmente separadas do gás por um ciclone semelhante ao
de uma bomba. O gás precisa ser resfriado até estar abaixo de 100°C antes de limpar.
5. Removedor de Alcalino.
Redução Secundária de Alcatrão

6. Eliminação de Alcatrão Coletado: Os processos de remoção de alcatrão produzem resíduos


líquidos com maiores concentrações de compostos orgânicos, o que aumenta a complexidade do
tratamento da água. Os alcatrões coletados são classificados como resíduos perigosos,
especialmente se forem formados em altas temperaturas
7. Craqueamento: O craqueamento envolve a quebra das moléculas maiores em moléculas menores
convertendo o alcatrão em gases permanentes como H 2 ou CO.
8. Craqueamento Térmico: A queima térmica do catalizador é possível a uma temperatura elevada
(1200ºC). A exigência de temperatura depende dos constituintes do alcatrão.
Obrigada.
Flaviany Vieira Magesk Coimbra

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