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ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA:

O DOMÍNIO DA LÓGICA INFORMAL

PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS


E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA
PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

2 Raciocínio ou inferência

Operação mental através da qual


chegamos a uma conclusão partindo
de determinadas razões.

Comunicar o raciocínio

Argumento

Todos os seres racionais possuem a capacidade


de raciocinar e de argumentar, mas nem todos o
fazem de modo correto.
PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

3 ARGUMENTOS

Têm na sua base convicções,


crenças, ideias, opiniões,
informações: aquilo em que
acreditamos acerca do mundo.

Existência de discordâncias:
não há uma verdade única.

Embora existam crenças partilhadas e bastante consensuais.

Existem crenças que nos levam a discordar de conclusões


que eventualmente as contradigam e das razões avançadas
para as apoiar.
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adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

ARGUMENTOS
4 NÃO DEDUTIVOS

A sua força depende de aspetos que vão para lá da


forma lógica do argumento.

Num argumento não dedutivo, a verdade das premissas


apenas sugere a plausibilidade da conclusão ou a
probabilidade de ela ser também verdadeira.

Um argumento não dedutivo é forte ou aceitável quando é


improvável, mas não propriamente impossível, ter premissas
verdadeiras e conclusão falsa.
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adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

LÓGICA (FORMAL E INFORMAL)


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Disciplina filosófica que estuda a distinção entre argumentos corretos ( válidos e fortes) e
incorretos ( inválidos e fracos), mediante a identificação das condições necessárias à
operação que conduz da verdade de certas crenças (premissas) à verdade de outras
(conclusões).

Estudo das leis, princípios, regras e critérios a que devem obedecer o


pensamento e o discurso para serem válidos ou fortes.

Lógica formal Lógica informal

Analisa
Analisa a validade
essencialmente a
dos argumentos
força dos
dedutivos (através
argumentos não
de regras e
dedutivos (através
princípios).
de critérios).
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adaptado Eduarda Raposo QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS ARGUMENTOS NÃO DEDUTIVOS? EXISTEM CRITÉRIOS PARA ESTABELECER A SUA FORÇA?
11/02/2020

Apenas em alguns casos de


argumentos informais é possível
estabelecer critérios de força; ainda
assim, a sua aplicação nem sempre é
consensual ou destituída de
ambiguidades. Apontaremos aqui
alguns exemplos de argumentos
não dedutivos e respetivos critérios
para estabelecer a sua força.
adaptado Eduarda Raposo
11/02/2020
PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA

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• 1. Argumentos indutivos
• Um argumento diz-se indutivo quando algo (a conclusão) que está para além do conteúdo das
premissas é, de alguma forma, apoiado por elas ou é provável em consequência destas.

• As inferências indutivas são sempre extrapolações: a conclusão ultrapassa as premissas, dizendo mais
do que estas dizem, no sentido em que a verdade conjunta das premissas não garante a verdade da
conclusão.

• É sempre logicamente possível, mesmo quando é improvável, que as premissas sejam verdadeiras e a
conclusão falsa.

• São argumentos mais arriscados e mais criativos que os dedutivos, mas menos seguros.

• Generalização e previsão são dois casos particulares de argumentos indutivos.


adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020
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• 1. Argumentos indutivos

1.1.Generalização Alguns A são X.


(no espaço) Logo, todos os A são X.

Dois tipos
1.2.Previsão No passado ocorreu X.
(no tempo) Logo, no futuro ocorrerá X.
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• 1. Argumentos indutivos

Até hoje não foram observados lobos que não


Até hoje não foram observados lobos que não
fossem carnívoros. Logo, todos os lobos são
fossem carnívoros. Logo, o próximo lobo que
carnívoros.
observarmos será carnívoro.
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

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• 1. Força dos argumentos indutivos (critérios)

Para garantirmos que os argumentos indutivos são fortes, isto é,


para acautelarmos que o vínculo que une premissas e conclusão
está baseado num forte grau de probabilidade:
A) A amostra deve ser ampla.
B) A amostra deve ser relevante, representativa do universo em
questão.
C) A amostra não deve omitir informação relevante.
EXEMPLO (1) DE FALSA GENERALIZAÇÃO
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020
ARGUMENTO INFORMAL FRACO

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11/02/2020
adaptado Eduarda Raposo

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EXEMPLO (2)
DE FALSA GENERALIZAÇÃO
ARGUMENTO INFORMAL FRACO
11/02/2020
adaptado Eduarda Raposo EXEMPLO (3) DE FALSA GENERALIZAÇÃO
ARGUMENTO INFORMAL FRACO
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• II. Argumentos por
analogia
• A inferência por analogia decorre do estabelecimento de uma
relação entre o que se pretende argumentar e um elemento que
se vai procurar a outra dimensão do real.
• Pode ser um tipo de argumento extremamente persuasivo,
principalmente quando aquilo que se pretende estabelecer na
conclusão é do domínio do complexo ou invisível.
• Argumentar por analogia é argumentar que, uma vez que A e B
são idênticos em alguns aspetos conhecidos, então sê-lo-ão
também noutros.
• A é como B em x e y. B inclui z. Então A também inclui z.
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020
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15 Força dos argumentos por analogia (critérios)


Argumentar por analogia pode parecer, à primeira vista, uma forma de
raciocínio segura, mas para que um argumento por analogia possa ser
considerado forte devemos poder responder afirmativamente às duas primeiras
perguntas do conjunto que se segue e negativamente à terceira.
A) As semelhanças apontadas são relevantes para a conclusão? (sim)
B) A comparação tem por base um número razoável de semelhanças? (sim)
C) Não haverá diferenças importantes entre o que está a ser comparado? (Não)
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020
PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA

16 Exemplo (1) de argumento por analogia fraco ou uma falsa analogia

O cabo que liga a pessoa ao barco no


ski aquático é resistente e fiável,
conseguindo suportar muito peso
durante bastante tempo.
O fio de pesca é como o cabo que liga
a pessoa ao barco no ski aquático.
Logo, o fio de pesca é resistente e
fiável, conseguindo suportar muito
peso durante bastante tempo. Esta
analogia não cumpre, pelo menos, o
critério da alínea c), ou seja, há
diferenças importantes entre o que
está a ser comparado.
PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA 11/02/2020
adaptado Eduarda Raposo

Exemplo (2) de Argumento por Analogia


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adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

• III. Argumentos de autoridade


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• Uma vez que a vida é demasiado breve e as nossas
capacidades intelectuais são limitadas, não nos é
possível investigar e descobrir tudo sozinhos.
Somos, por isso, frequentemente levados a
argumentar apoiando-nos no trabalho e opinião de
especialistas, instituições ou saberes constituídos.
• Sem eles ser-nos-ia impossível reunir toda a
informação e conhecimento que temos sobre o
nosso mundo.
• X (uma pessoa, livro ou uma organização que tem
obrigação de saber) diz A. Logo, A é verdade.
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020
PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA

19 III. Força dos argumentos de autoridade (critérios)

Para que um argumento de autoridade possa ser considerado forte:


A) As fontes devem ser citadas.
B) As fontes devem ser qualificadas para a afirmação (consideram-se
argumentos de autoridade qualificada e não qualificada).
C) As fontes devem ser imparciais.
D) Deverá existir acordo relativamente à informação.
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020
PRINCIPAIS TIPOS DE ARGUMENTOS INFORMAIS E RESPETIVOS CRITÉRIOS DE FORÇA

20 Exemplo (1) de um argumento de autoridade

De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF),


a menos que façamos algo imediatamente, o tigre estará
extinto em 2022 (em 1998 a população de tigres em
liberdade rondava os 7600 indivíduos; no início da década,
o número de tigres em liberdade caiu para menos de
metade). Logo, é seguramente verdade que, caso não
façamos alguma coisa, o tigre estará extinto no início da
próxima década (está também aqui presente um argumento
indutivo de previsão).
adaptado Eduarda Raposo Exemplo (2) de Argumento de Autoridade

A Bíblia Sagrada foi, especialmente durante a Idade Média, um argumento de autoridade tão
forte que nada nem ninguém poderia dar-se ao atrevimento de a questioner ou contrariar.
Para muitas pessoas religiosas, ainda hoje o é.
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adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

22 FORÇA E FRAQUEZA DE ARGUMENTOS


Nem sempreINFORMAIS
é fácil decidir se um
argumento informal é forte ou fraco,
mesmo tendo presentes os critérios que
lhe devem ser aplicados: nem sempre é
óbvio saber-se quando é que uma amostra
da população é ampla ou não; nem sempre
é óbvio saber-se quando há informação
relevante a ser ocultada; nem sempre é
óbvia a decisão de saber se as
semelhanças encontradas são relevantes
ou não e se serão suficientes… O campo
da argumentação e da Lógica informal é,
pois, muito mais rico que o da Lógica
Formal mas, também muito mais
labiríntico.
adaptado Eduarda Raposo 11/02/2020

CENAS DA PRÓXIMA MATÉRIA:

23
FALÁCIAS INFORMAIS

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