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Logoterapia: conceito,

fundamentos e prática
Viktor E. Frankl (1905-1997)
 Nasceu em Viena, 26 de março de 1905.
 Foi um médico psiquiatra austríaco.
 Em 1948, doutorou-se em Filosofia com o
tema: "O Deus inconsciente".
 Em 1955, tornou-se professor de neurologia
da Universidade de Viena.
 Fundador da escola Logoterapia que explora
o sentido existencial do indivíduo e a
dimensão espiritual da existência.
 Ficou conhecido mundialmente com o seu
livro Em Busca de Sentido (Um Psicólogo no
Campo de Concentração) onde expõe suas
experiências nas prisões nazistas e lança as
bases de sua teoria.
 Morreu em 02 de setembro de 1997.
Logoterapia, origem do termo
 “Logos”,
Logos palavra grega que significa
“sentido”.
sentido Desse modo a “Logoterapia
concentra-se no sentido da existência humana,
bem como na busca da pessoa por este
sentido” (Frankl).

 “Para a Logoterapia, a busca de sentido na


vida da pessoa é a principal força motivadora
no ser humano... A Logoterapia é considerada
e desenhada como terapia centrada no
Pressupostos teóricos
Concepção de Homem

 O homem é um ser que procura sentido por


participar da história e, na história, construir
vida e dar sentida a ela.

  O homem vive diante da catástrofe em massa


da ideologia, do imperialismo cultural e da
coerção psicológica que determinam a
consciência do homem (vazio existencial).
A tridimensionalidade do ser

 A teoria psicoterápica de Frankl baseia-se


numa concepção integral de pessoa a qual
inclui o ser biológico, psicológico, social e
espiritual.

 DIMENSÕES:
 NOETICA (Existencial- Espiritual)

 PSICOLOGICA e SOCIAL

 BIOLOGICA (Somática)
Pressupostos teóricos
 “Vazio existencial” = Neurose do século XX
 Neurose do século XX: XX está fundamentada no
niilismo singular de cada indivíduo, que se
caracteriza pela ausência de sentido da vida; perda
das referências e da singularidade da existência do
homem.
 Niilismo atual:
atual máxima expressão do
reducionismo. O ser humano instrumentalizado
passou a agir em função do ter. Ele não consegue
descobrir os seus anseios e, muitas vezes, perdeu o
significado de suas decisões. A sua consciência
nada mais é que a representação da
Pressupostos teóricos
 Vazio existencial:
existencial ao homem é negado o
protagonismo, a liberdade e o poder de
decisão. Nada mais é que uma situação de
perda de sentido na vida. O indivíduo age sem
ter presente seus objetivos e sem mesmo saber
o porquê está agindo: “há uma insatisfação
remota, um sentimento de tristeza, uma
esterilidade existencial e criativa junto com
uma perda dos objetivos e metas da
existência” (RODRIGUES, 1991, p. 186).
Pressupostos teóricos
“Em nossos dias um número cada vez maior de
indivíduos dispõem de recursos para viver, mas
não de um sentido pelo qual viver” (FRANKL, 1989,
p. 15).

A falta de sentido acaba ocasionando a neurose.


Por isso, uma terapia somente poderá
desenvolver-se se considerar a dimensão
noética do indivíduo, pois sua condição humana
está além da sua dimensão psíquica (como
também da biológica).
Pressupostos teóricos
 Procura do sentido:
sentido questão de sobrevivência,
pois, segundo Albert Einstein, “o homem que
considera sua vida sem sentido, não é
simplesmente um infeliz, mas alguém que
dificilmente se adapta à vida” (FRANKL, 1989, p.
28).

 “A busca do indivíduo por um sentido é a


motivação primária em sua vida, e não uma
‘racionalização secundária de impulsos
instintivos’ ” (FRANKL, 2008, p. 124).
A função da logoterapia
 Desafio da psicoterapia:
psicoterapia enfrentar os desafios
apresentados pelo niilismo, em decorrência dos
valores prescritos no mundo atual, a fim de
imprimir o valor de sentido na vida humana.

 A logoterapia imuniza o paciente contra o conceito


mecanicístico e desumanizante do homem, surge
com a função de ajudar o indivíduo a encontrar sua
cura.
O terapeuta
 O terapeuta será um facilitador, facilitador “amigo”
confidente que desenvolve a atitude de escuta e
oferece meios para que o neurótico tome
consciência da sua angústia e encontre a cura.
 A função do médico será sempre de “energético
da alma”, inserido na prática de consolar a alma
do paciente (FRANKL, 1973, p. 65).
 “O médico não pode dar sentido à vida do
paciente. Em última análise, sentido nem pode
ser dado, mas precisa ser encontrado” (FRANKL,
2007, p. 82).
O terapeuta
 O sentido,
sentido segundo Frankl, deve ser
encontrado e não dado à pessoa.

 O terapeuta tem papel fundamental na


autodescoberta do seu paciente. Ele deve indicar
os meios e não produzir uma nova pessoa. Deve
considerar a capacidade do indivíduo de ser
portador da sua cura, e não objeto de reflexão.
Logoterapia como técnica

 As técnicas logoterapêuticas não consistem


num sistema de teorias a serem aplicados, já
estabelecidos, no paciente, mas uma via de
orientações para ajudar o paciente encontrar a
sanidade, a sua verdadeira libertação de
espírito.
As técnicas de logoterapia
 1. “Intenção paradoxal”:
paradoxal abordagem que
pretende, a partir do problema identificado,
propor o seu contrário. O paciente deve
adquirir uma maneira diferente de atuação
diante da sua problemática. O seu temor se
transformará em desejo paradoxal (numa
constante ansiedade) e assim superará a
angústia que o aflige (FRANKL, 2008, p. 147-148).
 Indicação terapêutica para seu uso:

Transtornos de ansiedade: fobias; transtornos


obsessivo-compulsivos, fobias sociais.
As técnicas de logoterapia
 2. Derreflexão: tentativa de deslocar a atenção
do cliente que está preocupado com sua doença
para alguma outra coisa mais importante e mais
significativa de sua vida, preferencialmente algo
que esteja no futuro (GOMES, 1992).

 3. Apelação: técnica que proporciona o


reavivamento da riqueza sentimental e afetiva
da pessoa perturbada. Consiste em denunciar ao
cliente a sua capacidade de sentir, a sua
humanidade escondida e carente, de um resgate
(GOMES, 1992).
As técnicas de logoterapia

 Ex: se o cliente chora, ou sorri. O terapeuta


intervir dizendo: “Você tem sentimento,
consegue chorar pelas coisas importantes de
sua vida”. “Veja como você consegue sorrir,
mesmo com todo o seu sofrimento”.
Importante: sublinhar o lado forte da pessoa
que por ora se encontra enfraquecida.
As técnicas de logoterapia

 4. Diálogo socrático: discussão sobre o


autoconhecimento, que permite ao cliente
entrar em contato com seu inconsciente
noético, seu potencial humano e a direção que
pretende dar a sua existência. Técnica mais
utilizada, 95% do tempo de duração de cada
atendimento (GOMES, 1992).
Logoterapia como encontro
 O ENCONTRO entre o paciente e o
logoterapeuta revela uma atitude de busca e
cooperação
 Na terapia estamos diante de um fenômeno
existencial complexo.
 O que vemos da pessoa são suas ‘projeções’ nos
vários planos ônticos ou do ‘ser-no-mundo’ e, a
partir deles, procuramos nos aproximar do ‘ser
espacial’, único e multifacetado que se apresenta
com toda a sua problemática existencial,
sintomatológica e social (RODRIGUES, 1991, p. 110).
Logoterapia como encontro

PORTANTO...

“A linguagem é mais que mera auto-


expressão. A linguagem está sempre
apontando para algo além dela. Em outras
palavras, é sempre autotranscendente – como
a existência humana em sua totalidade”
(FRANKL, 1989, p. 82.).
Logoterapia como encontro
 A linguagem vem acompanhada de
significados e neles é construída uma
significação da realidade. Observa-se, então,
que o significado (agora compreendido na
forma de logos) é matéria fundamental da
psicologia e sem ela não é possível
compreender o ser humano.
 O relacionamento atingirá um grau elevado de
coexistência quando o logos for resultado da
experiência de auto-transcendência (capaz de o
ser humano ir além do mero significado, mas
Caminho da terapia
 Divide-se nos seguintes momentos:

1) Vínculo paciente-terapeuta: se caracteriza pela


naturalidade e abertura do paciente com o médico;
2) Catarse: abertura da situação psíquica do paciente,
confiança e partilha das experiências vividas,
principalmente com aquilo que o mais lhe angustia;
3) Abertura antropológica: etapa de conhecimento holístico
do paciente;
4) Logoterapia específica: irá realizar o quadro de valores
que sustenta o sentido da vida do paciente (RODRIGUES,
1995, p. 11).
Para Frankl...

o indivíduo clama pela intimidade, busca que


será alcançada pela presença existencial do
outro. A intimidade protagonizará um constante
movimento de procura e de realização humana e,
com isso, busca de sentido.

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