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Desmistificando a Bruxaria e Magia Natural

Conceitos
Bruxaria
Dicionário Michaelis - Ação própria de bruxa ou bruxo; bruxedo, coisa-feita, feitiçaria, feitiço;
Conjunto de práticas que, segundo a crendice popular, permitem à bruxa ou ao bruxo usar de poderes sobrenaturais de
modo a prever o futuro e atuar negativamente sobre a vida de uma pessoa, causando-lhe danos ou malefícios ou, até
mesmo, levando-a à morte;
Antropologia – “Na Europa, a bruxaria pode ser uma categoria local, mas mesmo isso precisa ser qualificado.[...] O diabo
também pode ter sido conhecido localmente, mas geralmente não fazia parte do discurso de feitiçaria local [...] e só se
tornou conectado a ele em circunstâncias específicas.”

Tradição
Dicionário Michaelis - Transmissão oral de feitos, lendas, ritos, costumes etc. feita no decorrer dos tempos, de
geração em geração; Conjunto de ideias e valores culturais, morais e espirituais transmitido de geração em geração;
Tudo aquilo que se pratica por hábito ou costume adquirido;
Antropologia – “[...] a ligação que a tradição estabelece entre o passado e o presente é mais complexa do que
poderia parecer à primeira vista: se as tradita são permanências do passado, elas existem no presente, onde
desempenham normalmente a função de emprestar sua chancela de autoridade a atos do presente. Para cumprir tal
função, a tradição será, como aponta Raymond Williams, sempre seletiva, “uma versão intencionalmente seletiva de
um passado modelador e de um presente pré-modelado, que se torna poderosamente operativa no processo de
definição e identificação social e cultural”.”
Sociedades Pagãs e Bruxaria

Leis contra magia e bruxaria

• 1750 A.C. O Código de Hamurabi, um dos primeiros códigos de lei escritos,


contém seções que lidam com magia e acusações legais de feitiçaria. As
punições se estendem ainda para os territórios do Egito e da Pérsia que
também adotam leis anti-bruxaria.
• 400 A.C. Magos (maggoi) possuem reputação negativa na Grécia, são
condenados por Platão e outros filósofos.
• 451 A.C. As Doze Tabuas do direito romano tinham previsões contra
encantamentos e feitiços mal intencionados que podiam danificar culturas de
cereais.
Exemplos de Tradições

Escandinavos - “[...]um cemitério revelou uma mulher da Idade do Bronze, possivelmente uma feiticeira,
sepultada com uma pata de lince, com os ossos de uma doninha, vértebras de serpentes, dentes de
cavalo, um galho de sorveira brava, uma lâmina quebrada de faca e dois pedaços de pirita; segundo
parece, acreditava-se que tudo isso possuía qualidades mágicas.”
Teutônicos - “As feiticeiras teutônicas usavam ervas, peneiras e figuras de cera, massa ou barro em seus
trabalhos. Na magia hostil, suspendiam-se essas figuras no ar, mergulhavam-nas em água, esquentavam-
nas ao fogo ou perfuravam-nas com agulhas. Feitiços eram usados para causar dano ou para curar.”
Portugal – “O Fervedouro é utilizado para ferver a pessoa alvo do Feitiço. Há, então, Fervedouros de
Amarração Amorosa, de Dominação, de Amansamento, de Maldição (lançando Feitiços de Azar, Doença,
Fracasso, Derrota, Impotência, Loucura, Banimento, etc.), além de Fervedouros de Morte, que incluem
ossos humanos, penas de coruja, penas de corvos, pedras d’Ara[...], assim como pedras de cemitérios
encruzilhadas, ruínas onde ocorreram tragédias, campos onde ocorreram batalhas e animais como os
sapos, serpentes, morcegos, aranhas, escorpiões, etc.”
Romênia – “Bratara Buzea, considerada a Rainha das Bruxas da Romênia[...] protestou contra a cobrança
de impostos em cima dos trabalhos das bruxas. Ela ameaçou os políticos com um feitiço usando uma
mistura particularmente eficaz de excrementos de gato, um cão morto, junto a um coro de bruxas.[...] A
bruxaria romena é uma mistura de costumes ciganos, escolas ocultistas e cristianismo”
Inglaterra – “Cultus Sabbati é uma instituição iniciática cerimonial focada em estudos baseados em
grande parte no século XIX. A definição do termo é direcionado na visão cristã medieval do "Sabbat das
Bruxas" europeias com embasamento na filosofia chamada de Gnose Cainita, onde Caim, o primeiro
agricultor do Velho Testamento (Judaísmo) é visto como o Primeiro Feiticeiro.”
Referências

Francisco Bethencourt - O Imaginário da Magia - Feiticeiras, Adivinhos e Curandeiros em Portugal no


Século XVI;
Diogo Barbosa Maciel e Renata Harumi Cortez - Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande;
Michael D. Baley – Historical Dictionary of Witchcraft;
Jeffrey B. Russell – História da Bruxaria: Feiticeiras, Hereges e Pagãs;
Andrew D. Chumbley – Azoetia;
Jonathan Barry – Cultures of Witchcraft in Europe from the Middle Ages to the Present;
Oliver J. Thatcher – The Library of Original Sources Vol. III: The Roman World;
Carlos Roberto F. Nogueira - Ruptura e Permanência: a Cristianização dos Povos Bárbaros;
Bjarke Følner - Theoretical Foundations of Witchcraft and Demonological Development;

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