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Faculdade de Medicina

DEI de Ginecologia e Obstetrícia


Unidade Curricular de Ginecologia e Obstetrícia

Sofrimento Fetal.

Coordenador: Dr. Pedro Almeida


Aluno: Nelson Lima Nascimento.

Abril 2020
Objectivos

1. Definir Sofrimento Fetal (SF).

2. Identificar Sinais e Sintomas

3. Abordar Métodos de Diagnóstico do SF.


Sumário

1.Conceito de SF e tipos;

2.Incidência (de morbimortalidade resultante de SF);

3.Fisiopatologia

4.Sinais e Sintomas de SF

5.Diagnóstico

6. Referências Bibliográficas
Sofrimento Fetal - Conceito
-Sofrimento fetal agudo: aquele que afecta o bem estar do feto durante
o trabalho de parto,
ou
presença de bradicardia ou de desacelerações da FC fetal associados a
outros sinais, ex: mecônio no líquido amniótico, sangramento,
hipertensão na gravidez, resultando frequentemente em cesarianas.
 
-Sofrimento fetal crônico: sofrimento intríncico à gestação de alto risco
associado a patologia materna ex: anemia acentuada, problemas
cardiorespiratórios, hipertensão ou diabetes gestacional causando
hipoxia.
Incidência
Incidência: 4/1000 nascidos vivos (países desenvolvidos).
33/1000 nascidos vivos (países emdesenvolvimento)
 
Fisiopatologia
↓ aguda na troca maternofetal de gases com ↓ transitória/permanente do
aporte de O2 necessário ao concepto->(causa)->asfixia.
Se Asfixia persistir->sinais bioquímicos de SF = hipoxemia e hipercapnia->
acidose metabólica.

Contrações maternas no parto vaginal ↓ temporariam/ troca de gases. Após a


contração há recuperação fetal com autoreanimação, seguida de perfusão
normal antes de nova contração.
 
Falha nesses mecanismos compensatórios causa acidemia hipóxica; se
persistir há lesão cerebral, sequela neurológica, lesões orgânicas ou morte
intraparto ou neonatal.
 
Deslocamento da placenta, placenta prévia, compressão do cordão umbilical,
infecção fetal alteram trocas metabólicas entre sangue materno-fetal, (na
placenta)=>afecta homeostase fetal=>hipoxia fetal transitória/permanente =>
SF agudo. ↓ aguda nas trocas maternofetais são intrínsicas do parto com
asfixia resultando da insuficiência nas circulações útero ou fetoplacentárias.
Sinais e Sintomas

1. ↓ na intensidade ou frequênicia de movimentos fetais:


2. sangramento vaginal;
3. presença de mecônio na bolsa de água quando se rompe;
4. cãibras abdominais fortes associada a dor nas costas.
 
Alexander E P Heazell et al. 2018, sugere que não só a ↓ , mas também o
↑ na intensidade ou frequência de movimentos fetais é sinal de SF.
 
 
Diagnóstico
1) Clínica:
1.1) ↓ na intensidade ou frequênicia de movimentos fetais: ex: (FC com
desacelerações variáveis repetidas, taquicardia ou bradicardia,
desacelerações tardias, perda da variabilidade e ↓ valor do perfil biofísico
fetal).
1.2) sangramento vaginal: sangramento abundante = alteração na
placenta = ↓ de níveis de O2 ou = aborto.
1.3) mecônio no líquido amniótico da bolsa de água quando se rompe:
sugere SF durante parto. Líquido amniótico marrom ou esverdeado em vez
de transparente amarelado ou rosado = SF mas não é patognomônico de
SF
1.4) cãibras abdominais fortes associada a dor nas costas: indica
problema com a placenta = feto está a receber menos O2
1.5) outros factores (causadores de hipoxia): alterações nas contrações
uterinas; posições anômalas do feto; desproporção entre tamanho da
pélvis da mãe versus tamanho do feto; nascimentos múltiplos; ruptura
uterina; anomalias do cordão umbilical.
Diagnóstico

Cardiotocografia (CTG): muito usada, mas ensaios clínicos não comprovam ↓ de


morbimortalidade com CTG.
-Vantagem: registo contínuo e concomitante da FCF e das contrações uterinas.
Desvantagem: muitos parâmetros a serem mensurados.
-Monitora: 1)presença/ausência de contrações;

2)FCF média (basal) com ↑ de ~5bpm/10min, excepto mudanças


períodicas/episódicas de grande variabilidade (flutuações basais em 2 ou +
ciclos/min) e segmentos basais diferindo por mais de 25 min. Cada intervalo de
10min deve ter uma linha basal de 2 min ou ser indeterminada. Linha basal
<110bpm=bradicardia e >160 bpm=taquicardia.
 
Diagnóstico

Cardiotocografia (CTG):.
3)variação na FC/tempo=variação da linha basal=índice mais seguro de
avaliação do bem estar fetal.

4)acelerações (↑ abrupto do início ao pico máx superior em menos de


30seg) transitórias ou ↑ de FCF após movimento fetal.

-O Royal College of Obstetricians and Gynaecologists recomenda uso da


CTG continua para:1-gestações de alto risco de morte perinatal, 2-
encefalopatia neonatal, 3-paralisia cerebral e 4- trabalho de parto induzido
ou conduzido com ocitocina, se houver alterações FC durante auscultação
fetal intermitente com sonar Doppler (bradi/taquicardia e desacelerações).
 
 
Diagnóstico
3) Microanálise do sangue fetal: 7,3<pH(parto)<7,32. Determina pCO2,
pO2. Método invasivo descartado.
4) Auscultação intermitente da FC fetal: De acordo com Alex Rolland de
Souza, Melania Ramos Amorim, 2008, auscultação fetal intermitente é tão
útil quanto a CTG.
-usa estetoscópio de Pinard/sonar Doppler p ausculta antes/durante/após
contração uterina.
-Padrão-ouro para alguns pesquisadores na avaliação do SF durante o
trabalho de parto.
-OMS sugere auscultação de 30 e 15 min (1º estágio de trabalho de parto)
De 15 e 5 min (2º estágio/gestação de baixo e alto risco respectivamente).
-parâmetros da auscultação intermitente são:
1-FCF basal
2-acelerações transitórias espontâneas ou relacionadas a movimentos
e contrações uterinas e
3-desacelerações precoces, tardias e variáveis 
Diagnóstico

Rebbecca Brown et al., 2014, sugere que o registo contínuo da FC fetal ou


Cardiotocografia e movimentos fetais diagnostica SF e ↓ nº de nado-
mortos.
 
5) Espectroscopia (de luz próxima ao infra-vermelho): usado para
ensaios clínicos e não prática clínica.
 
6) Oximetria de pulso fetal, monitora a FCF. Saturação de O2 no feto 30-
70% (adulto 95-100%). Mede %Hg que carrega O2. Confiável. Sensores
colocados durante exame vaginal no pólo cefálico ou outra parte e presos
por sucção/clipes. Desvantagem: invasivo=> exige ruptura de membranas,
toque vaginal e manipulação materna e fetal. Caro, sem benefícios
comprovados=>Desaconselhado pela American College of Obstetrics and
Gynaecology.
 
Diagnóstico

7) Electrocardiografia fetal, monitora a FCF.


 
8) Estimulação do pólo cefálico, invasivo.
 
9) Estimulação sonora (de 3-5 seg), técnica não-invasiva de baixo custo
e fácil execução. Satisfatório se houver aceleração da FCF de ~15bpm em
padrão mono/bifásico.
 
Conclusão:
-Nenhum teste garante 100% a ausência de SF [(hipoxia) por isso,
Informar pais sobre método de monitoração usado, evitando falsa
sensação de segurança].
- obstetras devem familiarizar-se e saber as limitações e vantagens de
Referências Bibliográficas

1.Alex Rolland de Souza, Melania Ramos Amorim, Avaliação da vitalidade


fetal intraparto, Acta Med Port 2008; 21: 229-240.

2.Alexander E P Heazell et al., Excessive fetal movements are a sign of


fetal compromise which merits further examination, Med Hypotheses,
2018.

3.Rebecca Brown et al., Continuous objective recording of fetal heart rate


and fetal movements could reliably identify fetal compromise, which could
reduce stillbirth rates by facilitating timely management, Med hypotheses,
2014.

4.Sofrimento fetal Agudo (Obstetrícia – Resende 12ª Ed) pág 938.


 

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