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Efeito fotoelétrico e teoria dos

fotões de Einstein. Dualidade


onda--corpúsculo para a luz
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

No século XVII, Newton defendeu que as fontes luminosas


emitiam pequenos corpúsculos, em todas as direções, a
grandes velocidades.

Esta teoria, conhecida por Teoria Corpuscular da Luz, só


permitia explicar fenómenos óticos mais comuns como a
reflexão e a refração.
Estudos de Newton

Um contemporâneo de Newton, o holandês Christian Huygens, defendeu, pelo contrário,


que a luz era uma onda, criando assim a Teoria Ondulatória da Luz, a qual explicava
outros fenómenos, como a interferência.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Em 1803, o físico inglês Thomas Young fez prevalecer a Teoria Ondulatória em resultado
da chamada experiência de Young: a luz incidia numa dupla fenda, sendo geradas, em
cada fenda, ondas que se propagavam e interferiam umas com as outras.
Formavam-se zonas claras, resultantes de interferências construtivas, e zonas escuras,
resultantes de interferências destrutivas, criando-se um padrão de claro e escuro.

Experiência de Young
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Foi realizada uma experiência semelhante à de Young feita com água numa tina de ondas.

Experiência de Young numa tina de ondas

Este fenómeno, chamado difração, só podia ser explicado usando a Teoria Ondulatória.
A Teoria Ondulatória acabou, assim, por se revelar mais adequada do que a Teoria
Corpuscular.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

O caráter ondulatório da luz veio a ser confirmado pelas equações do eletromagnetismo


de Maxwell: estas mostraram que a propagação de uma perturbação do campo
eletromagnético se faz por uma onda que se propaga à velocidade da luz, confirmando
os resultados das experiências de interferência e difração.

O alemão Heinrich Hertz observou a emissão


de eletrões da superfície de um metal quando
nele incidia luz de uma certa frequência. Este
fenómeno é chamado de efeito fotoelétrico.

Representação do efeito
fotoelétrico
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Podemos iluminar um metal com luz muito


intensa mas de pequena frequência sem que
haja emissão de eletrões.

O mesmo metal pode ser iluminado com luz


menos intensa mas de maior frequência e
observar-se a remoção de eletrões do metal.

Conclui-se que é apenas a frequência da luz incidente e não a sua intensidade que
determina se há ou não emissão de eletrões do metal.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Uma luz monocromática de frequência f passa através


de uma janela transparente e incide numa placa
metálica (fotocátodo), fazendo-a emitir eletrões.

Quando se fecha o circuito, a diferença de potencial


entre C e D é positiva, e os eletrões emitidos pelo
fotocátodo, D, são atraídos para o ânodo, C.
 − +¿
 
Se esta diferença de potencial for suficientemente elevada,
Célula fotoelétrica para o
estudo experimental do todos os eletrões emitidos chegarão ao ânodo e a corrente
efeito fotoelétrico.
elétrica estabelecida no circuito atingirá um valor limite
(chamando-se por isso corrente de saturação).
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Se a polaridade no gerador de tensão for invertida, a


diferença de potencial entre C e D passa a ser negativa e
os eletrões que saem do fotocátodo são repelidos pelo
elétrodo C, diminuindo a corrente elétrica.

Aumentando a diferença de potencial, a corrente

 − elétrica acabará por se anular para uma diferença de


+¿
 
potencial igual a –U0 (sendo U0 >0), que é designada por
Célula fotoelétrica para o
estudo experimental do potencial de paragem. Neste caso apenas os eletrões
efeito fotoelétrico.
mais energéticos chegarão próximo do elétrodo C.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Eletrões com energia cinética suficiente Não passa corrente elétrica no circuito.
para «vencer» o potencial de paragem.

Como a energia cinética máxima dos eletrões é igual à energia potencial elétrica inicial, o
potencial de paragem permite medir esta energia cinética: Ec = |e U0|. Só se os eletrões

saírem do fotocátodo com energia cinética superior a |e||U0| (ou |e U0|) é que
atingirão o outro elétrodo.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Fazendo incidir luz da mesma frequência mas com


intensidades diferentes, o potencial de paragem, U0, é
igual mas, quanto mais intensa for a luz, maior será a
corrente de saturação.

Fazendo incidir luz de frequência diferente, mas com


igual intensidade, o potencial de paragem é maior
para a luz de maior frequência:
f2 > f1 ⇒ U'0 > U0

A corrente elétrica aumenta com a diferença de potencial aplicada aos elétrodos, até
atingir um valor constante para a corrente de saturação.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Quando se representa o potencial de paragem, U0, em função da frequência f da luz


incidente, obtém-se um gráfico linear.

Potencial de paragem em função


da frequência da luz incidente no
metal sódio, segundo os dados de
Millikan.

Em 1916, o físico norte-americano Robert Millikan efetuou medidas cuidadosas do efeito


fotoelétrico, mostrando que o declive dessas retas é igual para todos os metais!
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Os estudos experimentais feitos sobre o efeito fotoelétrico estavam em contradição com


as previsões da teoria clássica.

Previsões da teoria clássica Resultados experimentais


O número de eletrões emitidos será tanto Desde que ocorra efeito fotoelétrico, o
maior quanto maior for a intensidade da número de eletrões emitidos será tanto
luz. maior quanto maior for a intensidade da
luz incidente.

Aumentando a intensidade da luz O potencial de paragem e a energia


incidente, aumenta a energia transferida cinética máxima dos eletrões dependem
para os eletrões, aumentando a sua apenas da frequência da radiação
energia cinética máxima. incidente e do metal onde a luz incide e
não da sua intensidade.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Os estudos experimentais feitos sobre o efeito fotoelétrico estavam em contradição com


as previsões da teoria clássica.

Previsões da teoria clássica Resultados experimentais


A luz de qualquer frequência deverá Há uma frequência mínima da luz
remover eletrões da superfície do metal incidente abaixo da qual não há emissão
desde que a sua intensidade seja elevada de eletrões.
ou se espere tempo suficiente para que o Se essa frequência aumentar, o potencial
eletrão acumule energia. de paragem aumentará linearmente.

Os eletrões demoram a acumular A emissão dos eletrões é praticamente


energia para se libertarem do metal, instantânea: a corrente de eletrões
sendo maior o tempo para luz menos estabelece-se mal haja incidência de luz.
intensa.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Das previsões da teoria clássica indicadas, só a primeira


foi confirmada pela experiência! A solução para o
problema foi encontrada por Albert Einstein.

A teoria dos fotões, segundo Einstein

A luz existe em quantidades discretas: quanta de


Albert Einstein
radiação ou fotões.
A energia de um fotão é dada pela relação de Planck Efotão = h f.
A energia de um feixe de luz (fotões) é E=nhf com n = 1, 2, 3, ... (número de fotões).
A intensidade de uma fonte de luz depende do número de fotões emitidos por unidade de
tempo e de área.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Emissão de um eletrão pela superfície de um metal onde incide luz, de frequência f,


resultante do choque de um fotão da luz incidente com um eletrão do metal.

 𝐸fot ã o=h 𝑓

  1 2
𝐸c = 𝑚e 𝑣 m á x
má x
2

 
A energia cinética máxima, , do eletrão removido do metal é a diferença entre a
energia do fotão incidente, Efotão, e a função trabalho, W:
  1 2
𝐸c =𝐸 fot ã o −𝑊 ⟺ 𝑚 e 𝑣 m á x =h 𝑓 −𝑊
máx
2
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

 
• Só haverá efeito fotoelétrico se a energia do fotão incidente for igual ou superior à
função trabalho, que é característica do metal: h f ≥ W.

• A energia mínima do fotão que pode remover um eletrão é igual à função trabalho,
W = h fmin, sendo a frequência mínima dada por .

• A energia cinética máxima só depende, para uma dada superfície metálica (mesmo
W), da frequência da luz incidente e não da sua intensidade.

• O número de eletrões emitidos é proporcional ao número de fotões incidentes: luz


mais intensa produz emissão de mais eletrões.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Gráfico da energia cinética máxima do eletrão removido em função da frequência da luz


incidente para três metais diferentes, M1, M2 e M3.

Em cada caso, f0 é a frequência mínima


da luz para que ocorra efeito fotoelétrico
nesse metal.

As retas têm igual declive: a equação que descreve o efeito fotoelétrico permite concluir
que esse declive é igual à constante de Planck, h.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

O efeito fotoelétrico tem muitas aplicações, As fotocélulas são também usadas para
como, por exemplo, na abertura automática ligar automaticamente as luzes da rua
de portas, no funcionamento de alarmes, na ao anoitecer, quando a intensidade da
medição da intensidade da luz em máquinas luz está abaixo de um certo valor, e para
fotográficas e de câmaras de vídeo, etc. as desligar ao amanhecer.
Efeito fotoelétrico e teoria dos fotões de Einstein

Um outro aparelho que se baseia neste efeito é o fotomultiplicador: tubo de vidro onde
se fez o vácuo e onde existem um fotocátodo e uma série de elétrodos.

• Um fotão que entra na janela do


fotomultiplicador emite um eletrão do
fotocátodo, que é acelerado para o primeiro
elétrodo.

• Ao atingi-lo, esse eletrão faz emitir vários eletrões que são acelerados para o
segundo elétrodo e assim sucessivamente, gerando-se uma multiplicação do
número de eletrões.

• No último elétrodo poderemos ter vários milhões de eletrões que foram gerados por
um único fotão!
Dualidade onda-corpúsculo para a luz

O comportamento ondulatório da luz aparece de modo evidente em fenómenos de


interferência e de difração da luz (por uma fenda ou múltiplas fendas, como numa rede
de difração).

No efeito fotoelétrico, em que há interação da luz com a matéria, a explicação baseia-se


na hipótese de que a luz surge na forma de corpúsculos, os fotões, que, segundo
Einstein, têm uma energia quantizada. Ou seja, este fenómeno revela o comportamento
corpuscular da luz.

Na realidade, a luz pode comportar-se como onda ou como partículas, ou seja, tem um
comportamento dual.
Dualidade onda-corpúsculo para a luz

A dualidade onda-partícula é evidente na experiência de Young, uma vez que há um


padrão de interferência da luz que atravessa as duas fendas.

O padrão de interferência na experiência de


Young pode ser registado por um
fotomultiplicador, que conta os fotões.

A insuficiência das teorias clássicas na explicação


da radiação do corpo negro e do efeito
fotoelétrico está na origem da criação de uma
nova era na física – a era da física quântica.

Planck e Einstein foram os precursores da física quântica.


Dualidade onda-corpúsculo para a luz

A mecânica quântica tem passado todos os testes experimentais! As tecnologias que se


baseiam direta ou indiretamente em fenómenos quânticos invadiram o nosso quotidiano.

Num leitor de CD, a emissão de luz laser que Os semicondutores dos circuitos integrados têm
lê a informação gravada no disco é um por base fenómenos que apenas se
fenómeno quântico. compreendem recorrendo à mecânica quântica.
Questões (Resolução)

Um metal só emite eletrões se nele incidir luz com frequência mínima de 8,43 × 10 14 Hz.
  h=Js
1. Calcule a função do trabalho do metal.
− 34 14
  c =𝐸 fot ã o −𝑊 ⟺ 0=h 𝑓 −𝑊 ⟺ 𝑊 =6 , 626 ×10 × 8,43× 10 ⟺
𝐸 má x


  𝑊 =5,59× 10−19 J
 2. Se sobre o metal se fizer incidir uma radiação de J ocorre efeito fotoelétrico?

Não haverá efeito fotoelétrico pois a energia do fotão incidente é inferior à função
trabalho.
3. Determine a energia cinética máxima dos eletrões emitidos quando incide sobre
o metal uma radiação de frequência 9,30 × 1014 Hz.

 
  J

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