Base Legal: Decreto- Lei n.4/2006, de 23 de Agosto.
1. Conceito de Direito Notarial
Como bem dispõe Larraud, o Direito Notarial é conceituado como
“o conjunto sistemático de normas que estabelecem o regime jurídico do notariado”. Análogos ensinamentos são ministrados por Argentino Néri, quando salienta que “o direito notarial pode definir-se como o conjunto de normas positivas e genéricas que governam e disciplinam as declarações humanas formuladas sob o signo da autenticidade pública”. Nesse diapasão, vale destacar a definição legal, hoje em vigor, de serviço notarial e de registo público: “Os serviços notariais e de registo são os de organização técnica e administrativa destinada a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos actos jurídicos O direito notarial pode definir-se como o conjunto de normas positivas e genéricas que governam e disciplinam as declarações humanas formuladas sob o signo da autenticidade pública. A função notarial destina-se a dar forma legal e conferir fé pública aos actos jurídicos extrajudiciais. Ela tem essencialmente por fim dar forma legal e conferir aos actos jurídicos extrajudiciais. O notário pode prestar assessoria às partes na expressão da sua vontade negocial. A função notarial visa a segurança formal ou instrumental do documento notarial e a segurança substancial, quedo documento notarial e a segurança substancial, que requer um negócio válido num documento redigido de requer um negócio válido num documento redigido de maneira clara, sem contradições, ambiguidades ou lacunas, apto para satisfazer as necessidades práticas para satisfazer as partes perseguem. A função notarial é de fundamental importância em uma sociedade democrática de direito, uma vez que a preservação da sua memória e da sua história estão directamente ligadas a um sistema notarial eficiente que relate os actos jurídicos e convénios por ela celebrados. Os actos notariais geram segurança jurídica para as partes, e um notariado bem organizado e estruturado, conforme Liane, apresenta reflexos em vários segmentos da sociedade, inclusive no que se refere à prevenção de litígios, diminuindo o número de acções que tramitam nos foros judiciais. Os órgãos normais da função notarial são os notários e os técnicos das repartições notariais. Os demais funcionários apenas poderão exercer a função notarial na medida em que expressamente a lei o permitir. Na sua actuação, compete aos notários dentre várias atribuições o seguinte: Lavrar testamentos públicos, instrumentos de aprovação, deposito e abertura de testamentos cerrados; Exarar termos de autenticação em documentos particulares, ou de reconhecimento de assinaturas neles apostas; Passar certificados de vida e identidade, e bem assim do desempenho de cargos públicos, de gerência ou de administração de pessoas colectivas; Expedir fotocópias de instrumentos e de outros documentos ou conferir com os respectivos originais as fotocópias extraídas pelos interessados; Intervir nos actos jurídicos extrajudiciais, a que os interessados pretendam dar garantias especiais de certeza ou de autentidade. A competência do notário verifica-se, quer em função da matéria, quer do lugar da celebração do acto é delimitada pelos casos de impedimento legal do notário. Compete em geral ao notário, redigir o instrumento público conforme a vontade das partes, a qual deve indagar, interpretar e adequar ao ordenamento jurídico, esclarecendo-as do seu valor. 1.1. Impedimentos Notariais No entanto, o notário não pode realizar atos em que sejam partes ou beneficiários, diretos ou indiretos, quer ele próprio, quer o seu cônjuge ou qualquer parente ou afim, na linha recta ou em segundo grau da linha colateral. O impedimento acima é extensivo aos atos cujas partes ou beneficiários tenham como procurador ou representante legal alguma das pessoas atrás referidas. Importa referir que tais impedimentos também são extensivos aos técnicos da repartição a que pertença o notário impedido. 1.2. Execução de Actos Notariais Os actos notariais são escritos em língua oficial, devendo ser redigidos com a necessária correcção, em termos claros e precisos. A sua terminologia será aquela que, em linguagem jurídica, melhor traduza a vontade das partes, expressa nas suas instruções, devendo, porém, evitar-se a inserção nos documentos de tudo o que seja supérfluo. O documento escrito em língua estrangeira deve ser acompanhado da tradução correspondente, a qual pode ser feita por notário moçambicano, pelo consulado moçambicano no país onde o documento foi passado, pelo consulado desse país em Moçambique, ou ainda por tradutor idóneo que, sob juramento ou compromisso de honra, afirme, perante o notário, ser fiel a tradução. É insusceptível de reconhecimento a assinatura aposta em documento cuja leitura não seja facultada ao notário, ou em papel sem nenhuns dizeres, em documento escrito em língua estrangeira que o notário não domine, ou em documento escrito ou assinado a lápis. 1.3. Recusa de Actos Notariais No entanto, o notário pode recusar o reconhecimento da assinatura em cuja feitura tenham sido utilizados materiais que não ofereçam garantias de fixidez, e bem assim da assinatura aposta em documentos que contenham linhas ou espaços não utilizados. O notário deve recusar a prática do acto que lhe seja requisitado nos casos seguintes: Se o acto for nulo; Se o acto não couber na sua competência ou ele estiver pessoalmente impedido de o praticar; Se tiver dúvidas sobre a integridade das faculdades mentais dos outorgantes; Se as partes não fizerem os preparos devidos. 1.4. Meios de Impugnação dos Actos Notariais Quando o notário se recusar a praticar o acto, pode o interessado interpor recurso para o tribunal distrital a que pertença a sede da repartição notarial, sem prejuízo da reclamação hierárquica prevista na lei. Para tal, se o interessado declarar, verbalmente ou por escrito, que pretende recorrer, ser-lhe-á entregue pelo notário, dentro de quarenta e oito horas, uma exposição datada na qual se especifiquem os motivos da recusa. Dentro de quinze dias subsequentes à entrega da exposição deve o recorrente apresentar na repartição notarial a petição de recurso, dirigida ao juiz de direito e acompanhada da exposição do notário e dos documentos que o interessado pretende oferecer.