5.

Princípios e fins da Ética Social

5.1.Princípios básicos organizativos e orientadores da vida social

a) O BEM COMUM 1
*Conceito
- é o bem da comunidade, do conviver social das pessoas
- conjunto de condições sociais/externas necessárias aos cidadãos para o
desenvolvimento de sua perfeição, suas qualidades, funções, vida material,
intelectual e espiritual (Pio XII)

-rede de condições e meios socialmente necessários para que cada individuo

possa, querendo, alcançar o próprio fim, ou seja a sua perfeição, a sua realização,
a sua felicidade (Vendemiati, 1999)
- tocaaquele conjunto de instituições que estruturam jurídica, civil,
política e culturalmente a vida social (Bento XVI)
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5.1.Princípios básicos organizativos e orientadores da vida social
a) O BEM COMUM 2
*Função
- teleológica: bem comum como meta da vida social, da ação politica
- verificadora: bem comum como critério de qualidade da realidade social
concreta
*Características
- dinamicidade: necessidades crescem, mudam com o tempo
- intencionalidade: não vem sozinho, deve ser construído
- concretizável nos vários setores sociais
- obra de todos
- compromisso principal do Estado e suas instituições e representantes
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5.1.Princípios básicos organizativos e orientadores da vida social
B) Subsidiariedade 1 (Cavalcanti, 2009)
 Origem:
- Etimológica: do latim: subsidium afferre - prestar ajuda, oferecer proteção
- Filosófica: problema aristotélico de como governar homens livres – governo e
liberdade
- Desenvolvimento: Doutrina Social da Igreja (1931 na Encíclica Quadragesimo anno, Papa Pio XI)

A que se refere:
- atuação do Estado em relação aos indivíduos, e vice-versa
- O Estado - diante da pessoa, da família, grupos intermediários,
associações - não deve fazer mais, como também não deve fazer menos,
que oferecer uma ajuda à autonomia.
- Repartição de atribuições e responsabilidades entre comunidade maior e
comunidade menor
 
“Como é injusto subtrair aos indivíduos o que eles podem efetuar com a própria
iniciativa e capacidade, para confiar à coletividade, do mesmo modo passar para
uma sociedade maior e mais elevada o que as sociedades menores e inferiores
podiam conseguir, é uma injustiça, um grave dano e perturbação social.
O fim natural da sociedade e da sua ação é coadjuvar os seus membros, não destruí-
los nem absorvê-los. Deixe, pois, a autoridade pública ao cuidado das associações
inferiores aqueles negócios de menor importância, que a absorveriam
demasiadamente; poderá então desempenhar mais livre, enérgica e eficazmente o
que só a ela compete, porque só ela o pode fazer: dirigir, vigiar, urgir e reprimir,
conforme os casos e a necessidade requeiram. Persuadam-se todos os que
governam: quanto mais perfeita ordem hierárquica reinar entre as várias
agremiações, segundo este princípio da função SUBSIDIÁRIA dos poderes
públicos, tanto maior influência e autoridade terão estes, tanto mais feliz e lisonjeiro
será o estado da Nação” (Pio XI, quadragésimo anno, …)
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5.1.Princípios básicos organizativos e orientadores da vida social

B) Subsidiariedade 2

Pressupostos:
- Uma antropologia positiva (contra a antropologia Hobbesiana)
- Visão da pessoa como sujeito, capaz, protagonista, corresponsável de seu desenvolvimento
Implicações para o Estado:
- fortalecer entidades mais próximas a pessoa
- estimular participação activa
- incentivar e fortalecer iniciativas comunitárias e da sociedade civil
- descentralização
- transferir competências para pessoas e entidades menores
- ajudar, suprir deficiências das sociedades menores
- sentido positivo: o Estado deve dar ajuda económica, institucional, legislativa às entidades sociais menores: fortalecer, estimular entidades
próximas da pessoa: descentralizar, dar mais competências as entidades menores.
- sentido negativo: Estado deve abster-se de tudo o que restringe o espaço vital das células menores e essenciais da sociedade

Vantagens:
- Emancipa, capacita, dignifica, autonomiza, inclui, envolve pessoa e grupos menores.
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5.1.Princípios básicos organizativos e orientadores da vida social

c) A solidariedade
• Firme empenho no bem comum
• Empatia e cooperação/colaboração
• Interdependência: nacional e internacional

- com gerações do passado: dele herdamos património material e imaterial

- com gerações do presente: coesão
- com gerações futuras: sustentabilidade
•O princípio de subsidiariedade há-de ser mantido estritamente ligado
com o princípio de solidariedade e vice-versa, porque, se a
subsidiariedade sem a solidariedade decai no particularismo social, a
solidariedade sem a subsidiariedade decai no assistencialismo que
humilha o sujeito necessitado
(Bento XVI, caritas in veritate, 58)
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5.1.Princípios básicos organizativos e orientadores da vida social

d) A justiça
- ligada à vontade, é um hábito que nos permite dar a cada um o “seu direito”.
Tipos (Aristoteles e S. Tomas)
1- Gerale ou legal: a giustica com a qual o legislador/governo ordena e promove o bene da sociedade
2- Particular: nas trocas e distribuicoes que as pessoas fazem entre si, em bens ou impenhos comuns. Pode ser:
* distributiva: o bem do patrimonio comum vai proporcionalmente aos individuos, de acordo com o
contributo, o merito de cada um
* commutativa: nas trocas em que um bem passa de um individuo a altro

- A justiça é o objectivo e, consequentemente, também a medida intrínseca de

toda a política. A política é mais do que uma simples técnica para a definição dos
ordenamentos públicos: a sua origem e o seu objectivo estão precisamente na
justiça, e esta é de natureza ética (Bento XVI, Deus caritas est, 28; caritas in veritate, 6)
A justiça é o primeiro caminho da caridade
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e) Liberdades : emancipam e dignificam o homem

cívicas, - associação
- opinião
- reunião
- expressão
- iniciativa
sociais
usufruto dos bens para uma vida digna:
trabalho digno, lazer,
políticas
participacao na gestao da coisa publica
f) Equidade
- equilíbrio/proporção na partilha de bens e oportunidades
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5.2. Alguns valores da vida social

A verdade: congruentia inteletus et rei

A responsabilidade
Liberdade
Cidadania
- Pertença a uma nacionalidade
- Participação na gestão da sociedade politicamente organizada
- Conhecimento e exercício de direitos e deveres (cívicos, políticos, sociais)
- Competências: aprender a ser cidadão
- Pensar/visão global, agir local
- Autonomia: autoliderança, personalidade em bases axiológicas
- Solidariedade
- Abertura às diversidades, pluralidade, multiculturalidade e interculturalidade
sociais
- Viver em democracia (como meta e método)