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Políticas sociais da

saúde e Previdência
social
UNIDADE 1

O CONTEXTO HISTÓRICO
SOCIAL DA POLÍTICA DE
SAÚDE NO BRASIL COM
ENFOQUE NO MODELO
RESIDUAL
 TÓPICO 1 – AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE
SEGURIDADE SOCIAL

 TÓPICO 2 – OS PRIMÓRDIOS DA SAÚDE NO


BRASIL

 TÓPICO 3 – A ERA DA LUTA DOS DIREITOS


AS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE SEGURIDADE
SOCIAL

a Seguridade Social figurou como caminho ideal


para o combate à pobreza e, ao mesmo tempo,
observou-se o chamado desmonte da
Seguridade Social (MAURIEL, 2010).
QUADRO COMPARATIVO ENTRE AS PERSPECTIVAS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

ASSISTENCIALISTA DIREITO
SOCIOASSISTENCIAL
Concebida como ajuda, benesse e Concebida como DIREITO SOCIAL.
favor.

Sujeito de ajuda Sujeito de direitos.


Ênfase na ajuda humanitária aos Ênfase ao atendimento às
mais pobres e necessitados. necessidades sociais da população

Responsabilidade da igreja e de Responsabilidade estatal (gestão e


“pessoas de bem”. financiamento), com participação da
sociedade civil (controle social).
Incentivo à criação de instituições de Incentivo à criação de equipamentos estatais
caridade públicas e privadas (Cras e Creas) e ao fortalecimento da rede
socioassistencial.

Ênfase em ações de natureza Ênfase em ações de natureza pública (estatal e


filantrópica, com apoio estatal por não estatal), com financiamento público (por
Estados, Distrito Federal e Munícipios) e
meio de isenções fiscais.
comando único em cada esfera de governo

Ações planejadas e coordenadas


pelas primeiras-damas Responsabilidade do Estado, em cada esfera
de governo, pela formulação das políticas e
pelo controle das ações.

Decisões em gabinete Incentivo a criação e ao fortalecimento de


espaços de participação e de deliberação
(conselhos, conferências e fóruns).

Práticas clientelistas Práticas que visam à autonomia dos


sujeitos
Seguridade social remete à
articulação de políticas
públicas e estratégias de
ação buscando a superação
de situações de risco e
vulnerabilidade social.
Em termos gerais, a Seguridade Social pode ser
definida como o conjunto de políticas e ações
articuladas com o objetivo de amparar o indivíduo
e/ou seu grupo familiar ante os eventos
decorrentes de morte, doença, invalidez, idade,
desemprego e incapacidade econômica em geral.
Como não poderia deixar de ser, o caráter genérico
da definição comporta um sem-número de
variantes no campo prático, dependendo de fatores
políticos, econômico-sociais, históricos e culturais
que influenciaram a evolução de cada sistema em
particular (OLIVEIRA, 1992, p. 3).
SEGURIDADE SOCIAL
“A Seguridade Social compreende um
conjunto integrado de ações de iniciativa dos
poderes públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social” ( Art. 194 da
CF)

Saúde Previdência Social Assistência Social


Direito de todos e É organizada sob forma de regime A assistência social, direito do
dever do Estado, geral, tem caráter contributivo e cidadão e dever do Estado, é
com acesso universal de filiação obrigatória, visando a Política de Seguridade Social
e igualitário, visando cobertura de doenças, invalidez, não contributiva, que prevê
a proteção, promoção morte ou idade avançada; proteção os mínimos sociais, realizada
e recuperação da saúde. a maternidade ou desemprego através de um conjunto
involuntário; auxílio reclusão e integrado de ações de
iniciativa
pensões; Aposentadorias. Pública e da sociedade, para
garantir o atendimento
às
necessidades básicas.
A CF/1988 no art. 201 destaca: "A previdência social será
organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá,
nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade


avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda
V - pensão por morte do segurado , homem ou mulher, ao cônjuge
ou companheiro e dependentes".
SAÚDE E SEGURIDADE SOCIAL
concepção de saúde
universalmente utilizada se
Ao longo da história inicia após o fim da Primeira
é possível identificar Guerra Mundial, porém só
uma diversidade obtém sucesso após o fim da
significativa de Segunda Guerra Mundial.
concepções para
saúde que variam no A determinação das noções de
tempo e no espaço e saúde visava contemplar o
representam culturas sistema de bem-estar social
e visões de mundo implantado nas políticas
diferentes. públicas de países europeus
nesse período.
O conceito de saúde remete às relações
amplas e que vão além da dicotomia
doente/saudável

Por saúde entende-se além dos fatores


biológicos que levam à doença pois
compreende-se nesse universo questões
como :

o meio ambiente
e também à
que influencia a
assistência à
qualidade de
saúde
vida,
o estilo de vida
escolhido pelo
indivíduo ou
condicionado a ele
Como compreender a saúde apenas como a
ausência da doença?

O posicionamento da OMS permitiu a


disseminação e a defesa de um ideal amplo de
saúde que compreende elementos variados da
vida do indivíduo e, especialmente,
o acesso universal – independente das
condições econômicas-sociais
– a condições de vida dignas
-e ao atendimento através dos serviços de
saúde.
AConstituição Federal de 1988 foi um
marco para a conceituação do direito
à saúde no Brasil. O texto elevou à
saúde ao patamar de direito subjetivo
público, o que significa que o sujeito é
detentor do direito e o Estado, por sua
vez, é obrigado a garantir o acesso a
esse direito
O conceito de saúde leva em consideração
seus determinantes e condicionantes
Deve-se atentar para as condições de alimentação,
moradia, saneamento, meio ambiente, renda, trabalho,
educação, transporte, entre outros.

Em outras palavras entende-se que a saúde e o acesso aos


serviços públicos de saúde devem compreender as dinâmicas
que envolvem o bem-estar individual e coletivo, bem como os
fatores que influenciam ou determinam o adoecimento de
indivíduos ou grupos sociais

A noção de saúde não é restrita a estar


saudável ou adoecer, essa noção está
estreitamente relacionada a todos os
aspectos da vida do indivíduo
 Precisamos um olhar mais atento para
percebermos que as pessoas que sofrem com
maior intensidade a doença e seus agravantes
são aquelas que se encontram em situação de
vulnerabilidade social.

 Essa realidade permanece mesmo quando o


serviço de saúde é capaz de atender as suas
demandas de saúde, porque o sistema não
consegue transformar sua situação de
vulnerabilidade.
PREVIDÊNCIA E SEGURIDADE SOCIAL

Políticas de assistência e saúde

são políticas não contributivas

a Previdência

é uma política contributiva


Constituição de 1824 remete a esse documento o entendimento da
garantia dos direitos aos conhecidos como
“socorros públicos”.
Constituição de 1891 esse texto contempla dois dispositivos relativos
à previdência: a prestação de socorro aos
estados em calamidade pública e a
aposentadoria por invalidez dos funcionários
públicos. Vale ressaltar que essas
aposentadorias não exigiam contribuição.
Contudo, seguia-se sem a efetivação das
atribuições previstas em lei.
Constituição de 1934 passa a ser previsto o sistema tripartite que
conhecemos hoje. A partir desse momento, a
Constituição previa que o trabalhador, o
empregador e o Estado deveriam contribuir no
financiamento da Previdência. Característica
considerada um progresso no que se refere à
Constituição de 1937 instituiu seguros para acidentes de trabalho:
seguro de vida, invalidez e velhice. Salvo esses
seguros, pode-se afirmar que não houve outras
inovações nesse texto no que diz respeito ao
seguro social, como era chamada a Previdência
Social nesse contexto. No entanto, o período foi
marcado por ações do plano infraconstitucional
como, por exemplo, a criação do Departamento
Nacional de Previdência Social pouco antes de
promulgação da Constituição de 1946.
Constituição de 1946 esse contexto o termo seguro social cai em desuso
e, em termos constitucionais, é substituído por
Previdência Social. No plano infraconstitucional
destaca-se a edição da Lei Orgânica da Previdência
Social (Lei nº 3.807/1960) que institui avanços
como o auxílio-reclusão, o auxílio natalidade e o
auxílio-funeral.
a instituição do seguro desemprego e do salário família
foram as inovações significativas dessa Constituição.
No plano infraconstitucional destacam-se:

=o seguro de acidentes de trabalho,


=a inclusão do trabalhador rural na previdência,
=a criação do Programa de Integração Social (PIS), =a
Constituição de 1967 criação do Programa de Formação do Patrimônio do
Servidor Público (PASEP),
=a criação do Programa de Assistência ao Trabalhador
Rural (PRÓ-RURAL),
=inclusão dos empregados domésticos,
= criação do Ministério da Previdência e Assistência
Social,
=criação do Processamento de Dados da Previdência
Social (DATAPREV),
=a Consolidação das Leis da Previdência Social, criação
o retorno do Estado democrático de direito marca a
discussão a respeito da eficácia dos direitos
fundamentais de segunda dimensão, incluindo o
direito à Previdência.

Esses direitos passam a ser garantidos mesmo


Constituição de 1988 diante de emendas constitucionais, porém a nossa
de universalidade de cobertura e atendimento os
coloca numa posição distante do que, de fato, é
alcançado pela realidade.

Enquanto o sistema de Saúde e Assistência é


garantido a todos por não ser contributivo, a
exigência de contribuição por parte da Previdência
torna ainda mais distante a universalidade do
Evolução Histórica da Previdência Social
no mundo

O primeiro documento
legislativo de grande
importância na Inglaterra, no
que diz respeito à Previdência
Social, foi o “Poor Relief Act”, de
4.1 Inglaterra 1601, o qual regulamentou a
instituição de auxílios e socorros
públicos aos necessitados. Tal
documento criou uma
contribuição obrigatória
arrecada da sociedade pelo
Estado.
Foi a Constituição
mexicana de 1917,
4.2 México considerada como a
primeira Constituição
social do mundo, que
incluiu em seu texto,
de maneira até então
pioneira, a
Previdência Social
Foi na Alemanha que teve origem o primeiro
ordenamento legal que tratou sobre a
Previdência Social. Tal ordenamento foi
editado pelo então chanceler Otto von
Bismarck em 1883, tendo, inicialmente,
instituído o seguro-doença e, em um
momento posterior, incluído outros
benefícios, tais como o seguro contra
4.3 acidente de trabalho, em 1884, e o seguro
Alemanha invalidez e o seguro velhice, ambos em
1889.

O objetivo dos chamados seguros sociais de


Bismarck foi o de, precipuamente, impedir
movimentos socialistas fortalecidos com a
crise industrial, atenuando a tensão
existente nas classes de trabalhadores,
criando para o segurado um direito subjetivo
público ao seguro social.
Um dos marcos mais importantes da evolução
da Previdência Social nos Estados Unidos se
deu com o “New Deal”, plano do governo
Roosevelt pautado na doutrina do “Welfare
State” (Estado do bem-estar social).

Tal marco foi o “Social Security Act”, de 14 de


4.4 agosto de 1935, o qual tinha com o escopo
Estados diminuir de maneira considerável os
Unidos problemas sociais acarretados pela crise
econômica de 1929.

O referido documento, além de estimular o


consumo, previa também o auxílio aos
idosos, além de ter instituído o auxílio-
desemprego para os trabalhadores que,
temporariamente, ficassem desempregados
MODELOS DE PROTEÇÃO SOCIAL

Na sociedade capitalista, o sistema de


proteção social ou seguridade social, foi
construído como exigência histórica e é
resultante da relação capital x trabalho,
em que se destaca a concentração de
renda e profunda desigualdade social
 A origem do seguro social foi um modelo que
atendia apenas à necessidade dos
trabalhadores vinculados, (que tinham uma
contribuição prévia) seguiam uma legislação
que :

obrigava os patrões a “protegerem” os


trabalhadores em casos de acidentes
trabalhistas e manter a renda em situação de
risco.
Somente após a Constituição de 1988

é que surge o modelo de Seguridade Social


compreende um conjunto integrado de ações
de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à
assistência Social (Art. 194) aos cidadãos
independentes de sua vinculação ou
pagamento.
Esse seguro previa a proteção às
vulnerabilidades relacionadas ao
trabalho, como doenças,
acidentes, morte, idade avançada,
maternidade e desemprego,
envolvendo trabalhadores e
dependentes
TRÊS MODELOS DE PROTEÇÃO SOCIAL NA SAÚDE
Traços / Assistência Seguro Seguridade
Modalidade
Denominações "Residual" Meritocrático "Institucional"
Ideologia Liberal Corporativa Social
Princípio Efeito Caridade Solidariedade Democrata
Status Finanças Discriminação Manutenção Justiça
Atuarial Desqualificação Privilégio Redistribuição
Cobertura Doações % Salário Direito
Benefício Fundos Acumulação Orçamento
Acesso Focalização Ocupacional Repartição
Administração Bens e Serviços Proporção do Universal
Organização Prova de meios Salário Mínimo vital
Referência Filantrópica Filiação Necessidade
Cidadania Local Corporativa Pública
"Leis dos Pobres" Fragmentada Central
Invertida Bismark Beveridge
Esse quadro nos mostra claramente a diferença dos três
modelos

o primeiro residual, ou alguns autores chamam de


Assistência Social, refere-se à negativa de proteção.

O segundo referia-se ao Seguro Social só tinha cobertura o


trabalhador no exercício de suas funções com prévia
contribuição.

E o terceiro o modelo de Seguridade Social que prevê a


proteção à saúde sem prévia contribuição e estende a
todos os cidadãos brasileiros.
OS PRIMÓRDIOS DA SAÚDE NO BRASIL

Caracterizamos os primórdios da saúde no


Brasil como o período entre o “descobrimento”
ou o início da colonização portuguesa,
passando pelo período Colonial, os
desdobramentos da vinda da Corte
portuguesa, o período da Independência, o
Brasil Império chegando até meados do século
XIX nas primeiras décadas da República.
Destacam-se algumas características da saúde
nesse contexto histórico e social:

as formas alternativas de oferecer cuidados à saúde, chamadas


de artes da cura, e destinadas à população mais pobre

as iniciativas assistencialistas de cuidados médicos,


especialmente as Santas Casas

as primeiras iniciativas governamentais na tentativa


de superar os desafios que as epidemias
representavam para a saúde pública.
A SAÚDE DO “DESCOBRIMENTO” AO SÉCULO
XVIII: PERÍODO COLONIAL, A SAÚDE E AS
ARTES DA CURA

Ao longo do período colonial as questões


relacionadas à saúde não estavam restritas
aos cuidados médicos. O acesso à medicina
era de exclusividade dos setores dominantes
da sociedade.
As características da saúde para as camadas
privilegiadas da sociedade:

 a medicina era exercida por um grupo


pequeno de médicos, cirurgiões ou boticários
de classe alta formados na Europa,
concentrados geograficamente nas maiores
cidades do país e com atendimento voltado
para a elite.
De outro lado, a relação das camadas populares
com a saúde possuía outras características:

Os contatos com os cuidados médicos nos


padrões da medicina tradicional constituíam
uma realidade fora do alcance para os mais
pobres e, ainda mais distante, para os
escravos.
No contexto social da época era considerado
mais produtivo substituir um escravo doente a
oferecer o tratamento médico necessário.
Outra situação comum era o uso dos escravos
para testes com tratamentos médicos.
AS PRIMEIRAS INICIATIVAS DAS ORDENS
RELIGIOSAS PARA OS CUIDADOS DE SAÚDE NO
BRASIL

Os cuidados de saúde ficavam a cargo da


solidariedade entre as pessoas da comunidade,
vários tipos de curandeiros e de iniciativas de
ordens religiosas como a Santa Casa da
Misericórdia. Fica evidente a diferenciação
entre as classes sociais no que diz respeito ao
acesso à saúde no Brasil Colônia
DESAFIOS DA SAÚDE NO BRASIL COLÔNIA

O ambiente e os modos de trabalho


característicos desse período histórico
influenciaram de forma significativa os
problemas de saúde. As camadas sociais mais
baixas, formadas por indígenas, escravos e
outros colonos, sofriam com:
[…] parasitas intestinais, doenças determinadas
pela carência de nutrientes e doenças
transmissíveis também relacionadas ao
enfraquecimento, como a tuberculose, que se
acredita ter chegado ao país antes dos
colonizadores. Além desses males, a varíola foi
uma doença epidêmica que tirou a vida dos
brasileiros no início da colonização. A partir de
meados do século XIX a ela se juntariam
diversas doenças transmissíveis, como a febre
amarela, a sífilis e a malária, que muitas vezes
atacavam as cidades em fortes epidemias
(ESCOREL; TEIXEIRA, 2012, p. 280).
LINHA DO TEMPO DA SAÚDE PÚBLICA
NO BRASIL (1911-1930)
D. Manoel baixa o Regimento de Físico-Mor e Cirurgião-
1521 Mor do Reino, e instituindo os Comissário-Delegados
nas Províncias, inclusive no Brasil

Em Portugal, os almocéis eram encarregados da saúde do povo, com o


papel de verificar os gêneros alimentícios e destrutir os que estavam em
1550 más condições. Ao Brasil-Colônia eram extensivas a legislação e as
práticas vigentes em Portugal.

• No reinado de D. João V, foi reiterada, ao então Vice-Rei do Brasil,


1744 Conde de Galvães, determinação relativa às atribuições dos Comissários-
Delegados, que instruia sobre a obrigatoriedade de aceitar a Delegação
de Físico-Mor

• Por lei da Rainha D. Maria I, foi reformada a organização estabelecida,


1782 sendo instituída a Junta do Protomedicato, formada por sete deputados,
com atribuições semelhantes às do Físico-Mor. A fiscalização foi
enfatizada.
O número de médicos com formação era
pequeno em relação à população que
necessitava de atendimento, além disso, não
havia instituições públicas ou políticas
governamentais destinadas à saúde. As
dificuldades sanitárias e os diversos agentes
de cura revelam o baixo alcance da medicina
tradicional na vida da população brasileira
(ESCOREL; TEIXEIRA, 2012).
 As iniciativas dos poderes públicos estavam
restritas ao processo de regulamentação das artes
de curar.

 As licenças eram expedidas pelos tribunais


portugueses para físicos cirurgiões – que
conhecemos hoje como médicos ou cirurgiões, para
boticários – equivalentes aos atuais farmacêuticos e
para outros agentes sem formação acadêmica –
como aqueles conhecidos como sagradores,
aplicadores de ventosas, parteiras, entre outras.

 As licenças eram emitidas para a realização de


funções específicas em uma localidade com tempo
determinado
 (ESCOREL; TEIXEIRA, 2012).
PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX:
AS INFLUÊNCIAS DA CHEGADA DA CORTE PORTUGUESA
NOS CUIDADOS DE SAÚDE

Em 1808, com a chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro,


foram criadas as primeiras instâncias de saúde pública em terras
brasileiras: a Fisicatura-mor e Provedoria-mor de Saúde.

A Fisicatura-mor =fiscalizar o exercício da medicina, mas suas


responsabilidades de limitaram, quase exclusivamente, nas artes
da cura e, principalmente, nas aplicações de multas aos que
exerciam o cargo sem a habilitação legal.

A Provedoria-mor de Saúde, também dirigida pelo físico-mor,


tinha como objetivo garantir a salubridade da Corte, atuando na
fiscalização dos navios para impedir a chegada de novas doenças
em nossas cidades costeiras
INDEPENDÊNCIA, EPIDEMIAS E A CRISE
SANITÁRIA

A Independência do Brasil levou a novas


configurações no que se refere ao
atendimento médico e aos cuidados com a
saúde.
Ao cortar laços com a Coroa portuguesa, as
responsabilidades ligadas aos cuidados com a
saúde e a regulamentação da medicina
deixaram de ser atribuídas à Portuga
 Entre as mudanças desse período destacamos a
extinção da Fisicatura -mor em 1828. Após essa
medida as questões relativas à saúde passaram
para a alçada dos municípios que existiam em
território brasileiro.

 a institucionalização das primeiras faculdades e


agremiações médicas:
a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro (1829),
transformada em Academia Imperial de Medicina
(1831)
e cursos médicos cirúrgicos na Bahia e no Rio de
Janeiro se transformaram em faculdades de
Medicina e passaram a expedir diplomas de
médicos, farmacêuticos e parteiras.
A RESPOSTA DO IMPÉRIO ÀS EPIDEMIAS: A REFORMA
NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

= Junta Vacínica da Corte transformada no ano de 1846 em Instituto


Vacínico do Império, a partir desse momento, além de oferecer a
vacinação contra a varíola, passou a fiscalizar as atividades que
envolviam formas de vacinação por parte dos municípios;

=a criação, entre 1849 e 1851, da Junta Central de Higiene Pública.


Essa instituição passou a gerir as ações da: “polícia sanitária,
vacinação antivariólica e fiscalização do exercício da medicina,
efetuadas pelas provedorias de saúde criadas nas províncias"
 A centralização das atividades de saúde
passou a ser instituída em meados do século
XIX. Nesse formato, o poder central atuava na
normatização dos serviços de saúde e aos
poderes locais ficou atribuída a função de
alocação recursos e execução das funções.

 O município da Corte foi o único a receber


recursos de forma regular, os demais não
chegaram a receber recursos mesmo em
situações de epidemias.
Foram poucos os avanços no sentido de
melhorar, de fato, a qualidade do acesso aos
cuidados de saúde no período imperial.
Tampouco o governo foi capaz de consolidar
uma política de saúde pública para atender às
demandas da população, especialmente os mais
pobres
 Era comum nesse período que a população
buscasse alternativas de assistência
médica: os mais ricos se dirigiam à Europa
ou às primeiras clínicas particulares
criadas na região serrana do Rio de
Janeiro, enquanto os mais pobres eram
atendidos pelos curandeiros negros.
 Um dos motivos dessa busca por

alternativas era o medo da população em


relação aos serviços de saúde oferecidos
nessa época:
LINHA DO TEMPO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
(1800-1840)

• Criação da primeira organização nacional de saúde pública no Brasil. Em 27 de fevereiro foi criado o cargo
de Provedor-Mor de Saúde da Corte e do Estado do Brasil, embrião do Serviço de Saúde dos Portos, com
1808 delegados nos estados.

• Após a Independência foi promulgada, em 30 de agosto, a lei da Municipalização dos Serviços de Saúde que
conferiu as Juntas Municipais, então criadas, as funções exercidas anteriormente pelo Físico-Mor,
CirurgiãoMor e seus Delegados. No mesmo ano ocorreu a criação da Inspeção de Saúde Pública do Porto do
1828 Rio de Janeiro, subordinada ao Senado da Câmara, sendo e 1833, duplicado o número de integrantes.

• Ficou estabelecida a imunização compulsória das crianças contra a varíola.


1837

• • Obedecendo o mesmo critério da luta contra as epidemias, foi organizado o Instituto Vacínico do Império.

1846 Mandou executar o regulamento do Instituto Vacínico do Império (Decreto nº 464, de 17/8/1846)
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX:
CRISE SANITÁRIA E O RETORNO A CENTRALIZAÇÃO DA ATENÇÃO
À SAÚDE

Vacinação antivariólica
em períodos de
epidemia

Medidas de purificação do Controle da


ambiente - cremação de entrada de
ervas e destruição do lixo. escravos doentes
nas cidades.

Expulsão das áreas urbanas de


acometidos por doenças
contagiosas, principalmente
leprosos
crise sanitária

A crise sanitária se deve à expansão das


epidemias, fato comum no período
colonial, constituindo um desafio do
Império. Além do número de mortes
causadas por doenças como a febre
amarela e a varíola, era preciso superar
o estigma que se formou a respeito da
capital do Império.
 Outra característica marcante desse momento
histórico são as transformações sociais
ocasionadas pela dinamização da economia
agroexportadora nacional.

Nesse contexto consolida-se a política do


“café com leite” responsável por alternar no
poder lideranças paulistas e mineiras e pelo
crescimento e modernização da economia
brasileira.
Amaior inovação das ações de saúde
na República se deu por conta da
vacinação obrigatória contra a varíola
e a criação da lista de doenças de
notificação compulsória (febre
amarela, cólera, peste, difteria,
escarlatina e sarampo).
 Outra iniciativa desse período foi a
ampliação do poder da Inspetoria Geral de
Higiene em relação aos estados,
especialmente no que concernia à
fiscalização dos portos

 A tentativa de centralizar os serviços de


saúde se reverteu com a Constituição de
1891 que transferiu a responsabilidade por
esses serviços aos municípios
 A Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP),
criada em 1896, representou um formato
diferente na concepção de saúde pública e
mais uma vez essas ações foram
centralizadas na capital e nos portos.

Como atribuições da diretoria destacam-se a


fiscalização dos portos e do exercício da
medicina e farmácia, além dos estudos sobre
doenças infecciosas e organização de
estatísticas demográfica-sanitárias.
Outra iniciativa nesse sentido foi a criação
em 1900 do Instituto Soroterápito Federal
para evitar a disseminação da peste
bubônica. Posteriormente, o Instituto
passou a ser denominado Instituto Oswaldo
Cruz e começou a produzir vacinas e soros
para doenças epidêmicas
Os principais objetivos da atuação
desses médicos era
=a fiscalização sanitária dos habitantes
As constantes epidemias das cidades,
entre 1890 e 1900 levaram =a retificação dos rios que causavam
o governo a incentivar a enchentes,
ocupação de cargos =a drenagem dos pântanos,
importantes na =a destruição dos viveiros de ratos e
insetos disseminadores de
administração pública por
enfermidades
médicos higienistas. =e a reforma urbanística das grandes
cidades

Além dessas atribuições cabia aos médicos “[...] divulgar regras


básicas de higiene e tornar obrigatório o isolamento das pessoas
atingidas por moléstias infectocontagiosas e dos pacientes
perigosos para a sociedade”. Nesse momento tem início a
internação compulsória para portadores de doenças contagiosas
e mentais.
As bases do que hoje entendemos como
políticas da saúde se consolidam através
dessas ações:

 da necessidade de planejar ações contínuas


para promover a saúde da população e
ampliar sua vida ativa no trabalho,

bem como desenvolver ações em todo o


território, deixando de restringi-las a capital e


outras áreas econômica e politicamente
centrais
Desse período também fica uma das marcas da política
social brasileira como setor menos privilegiado pelo
governo. Essa realidade expõe uma contradição:

=Por um lado, é reconhecido trabalho da população


como fonte de riqueza e, por outro, os investimentos
do governo privilegiam a expansão dos setores
produtivos.

=A adoção dessa concepção de gestão pública cria um


círculo vicioso no qual os investimentos restritos na
melhoria da qualidade de vida da população tornam
cada vez mais difíceis a superação das desigualdades
sociais e
A ERA DA LUTA PELOS DIREITOS

A PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

A primeira década também é denominada


como ano 00, ou de 1900, pelo fato do
calendário gregoriano não apresentar o ano
zero, desta forma passou a contar a partir
do ano um, 1901 a 1910.
Podemos considerar que esta década foi
importante por ter acontecido, no seu
processo

grande desenvolvimento tecnológico

no transporte, na aviação
e automobilística,

também houve importante avanço na chamada arte


moderna, a partir dos movimentos que visualizavam o
movimento pós-romantismo, e o espírito romântico que
centrava sua visão no indivíduo
"Em cada país o romantismo produziu uma nova literatura exuberante
com imensas variações entre seus autores, porém, em todos eles,
persistem algumas características em comum: opulência e liberdade,
devoção ao individualismo, confiança na bondade da natureza e no
homem "natural" e na fé permanente nas fontes ilimitadas do espírito
e da imaginação humanos".

Bradley, Beatty e Long


 O Brasil desse período é marcado por
transformações e desafios, especialmente para a
capital. A opção pela imigração europeia como
alternativa para a mão de obra escrava levou à
necessidade de promover uma reforma sanitária no
país .

 O conjunto de reformas para dar conta desse


cenário se conforma a partir de 1902 no governo de
Rodrigues Alves (1902-1906). Ao passo que as
reformas sanitárias se organizam, ocorre a
consolidação das oligarquias cafeeiras e da
conhecida política café com leite .
 O início desse século é representado na
saúde, como período de atenção devido a
uma epidemia de peste bubônica,
centralizada principalmente no Rio de Janeiro,
nas áreas periféricas localizadas próximas às
áreas portuárias, atingiu principalmente os
trabalhadores de armazéns, ou seja, a
população menos favorecida. Destacamos,
nesse período, o início da fabricação de
vacinas e soros de combate
 Essa situação possibilitou em 25 de maio de
1900 abertura do Instituto Soroterápico Federal.
Esses primeiros anos foram cruciais ao
desenvolvimento do país, o então presidente
Rodrigues Alves estabeleceu como prioridade o
saneamento e a reforma urbana da cidade.

 Nessa época, o sanitarista Oswaldo Cruz foi


convidado a assumir a Diretoria Geral de Saúde
Pública, cargo que equivale hoje ao Ministro da
Saúde, que inicia um movimento de higiene
nacional, um dos grandes feitos desse período,
foi o incentivo à pesquisa básica em saúde e
qualificação de recursos humanos
O mandato de Rodrigues Alves seguia com dois
objetivos: melhorar o porto e sanear a cidade
do Rio de Janeiro. Entre as reformas da época
podemos citar:
 a urbanização do centro da cidade com o

rebaixamento dos morros,


 abertura de ruas,
 demolição de casas de cômodos e cortiços
 e a normatização de vários aspectos da vida

urbana. Duas marcas desse projeto foram a


avenida Central (atual avenida Rio Branco) e
as reformas do porto
 A campanha de combate à febre amarela teve
equivalência à ação militar, pois setorializaram
a cidade em 10 pontos sanitários estratégicos
sob a supervisão direta de um delegado de
saúde, que visava extinguir o mosquito
transmissor.

 Essas ações visavam a medidas rigorosas para o


combate ao mal amarílico, inclusive multando e
intimando proprietários de imóveis insalubres a
demoli-los ou reformá-los.
 A imprensa (rádio e folhetins) passaram a
questionar as ações sanitárias realizadas, pois
a população era obrigada a se submeter às
ações determinadas pelo governante, as
residências eram invadidas e expurgadas, sem
a autorização dos proprietários, sendo essas
ações consideradas de bem à coletividade.

 As pessoas em condições mais debilitadas de


saúde eram obrigadas a serem removidas aos
centros de atendimento.
 A peste bubônica era disseminada principalmente
pelos ratos próximos às áreas portuárias. Nesse
período, a campanha realizada foi a de
desratização da cidade. A saúde pública passou a
recompensar financeiramente os moradores que
conseguissem capturar os roedores, porém em
poucos meses a incidência de peste bubônica
diminuiu com o extermínio dos ratos
As campanhas sanitárias tinham por objetivo:

= impedir a contaminação dos mosquitos


pelos doentes infectados pela febre amarela,
isolando esses pacientes;
= exterminar os ratos e fazer uso de soros e
vacinas fabricados em Maguinhos para
combater a peste;
= e vacinar a população contra a varíola
Com a promulgação da Reforma de Oswaldo Cruz visava ao
combate na região sudoeste do país da malária e da peste que
vinha assombrando principalmente o Rio de Janeiro. Esse mesmo
pacote obrigação a vacinação contra a varíola (Decreto nº 1.261,
de 31/10/1904).
A vacina era obrigatória antes dos seis meses de idade e para
todos os militares, revacinação de sete em sete anos, candidatos
para vagas públicas precisam apresentar documento
comprobatório de vacina.

Esse período também marcou a importância


do registro dos nascimentos, pois a partir
dele era possível saber a capacidade de
cobertura das vacinas, o mesmo acontecia
quando as crianças ingressaram nas escolas
precisam apresentar documento
comprobatório de vacinação.
LINHA DO TEMPO DA SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL (1900-1910)
• Foi criado, em 25 de maio de 1900, o Instituto
Soroterápico Federal, com o objetivo de
1900 fabricar soros e vacinas contra a peste

• Conhecido como Túmulo dos Estrangeiros, o Rio de Janeiro do início do


século 20 era considerado um desafio ao desenvolvimento do país. O
Presidente Rodrigues Alves, ciente da importância de ter uma capital
moderna, estabeleceu como prioridade o saneamento e a reforma urbana
da cidade. Para isso, convidou o engenheiro Pereira Passos para a
Prefeitura e o sanitarista Oswaldo Cruz para a Diretoria Geral de Saúde

1902 Pública, o que iria inaugurar a nova era para a higiene nacional. Ampliou as
atividades do Instituto Soroterápico Federal, que não mais se restringiu à
fabricação de soros, mas passou a dedicar-se também à pesquisa básica e
qualificação de recursos humanos
1903

Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública,


cargo que corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde.
Utilizando o Instituto Soroterápico Federal como base de apoio
técnico-científico, deflagrou suas memoráveis campanhas de
saneamento. Seu primeiro adversário: a febre amarela, que
angariara para o Rio a reputação de Túmulo dos Estrangeiros e
que matou, de 1897 a 1906, quatro mil imigrantes
.• Oswaldo Cruz estruturou a campanha contra a
febre amarela em moldes militares, dividindo a
cidade em dez distritos sanitários, cada qual
chefiado por um delegado de saúde. Seu primeiro
passo foi extinguir a dualidade na direção dos
serviços de higiene. Para isso, estabeleceu uma
conjugação de esforços entre os setores federais
e a Prefeitura, com a incorporação à Diretoria
Geral de Saúde Pública do pessoal médico e de
limpeza pública da municipalidade.
Em seguida, Oswaldo Cruz iniciou sua luta contra a peste
bubônica. A campanha previa a notificação compulsória
dos casos, isolamento e aplicação do soro fabricado em
Manguinhos nos doentes, vacinação nas áreas mais
problemáticas, como a zona portuária, bem como
desratização da cidade.
1904
• Instituiu a Reforma Oswaldo Cruz, que criou o Serviço de Profilaxia da Febre
Amarela e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção (com responsabilidade de
combate à malária e à peste no Rio de Janeiro) (Decreto Legislativo nº 1.151,
de 5/1/1904).
• Tornou obrigatória, em toda a República, a vacinação e a revacinação
contra a varíola (Decreto nº 1.261, de 31/10/1904).
• Na reforma de Oswaldo Cruz, foi criada a Diretoria Geral de Saúde Pública,
a qual se destinava a atender aos problemas de saúde da capital do país e
prosseguir na defesa sanitária dos portos brasileiros.
• No dia 14, a Escola Militar da Praia Vermelha aderiu à rebelião, mas após
intenso tiroteio, os cadetes foram dispersados. No bairro da Saúde, no Porto
Arthur carioca, os protestos continuaram.

Finalmente, o Governo decretou estado de sitio e, no dia 16, conseguiu


derrotar o levante, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina.
1907

• Criação do Instituto de Patologia Experimental de


Manguinhos (atual Instituto Oswaldo Cruz), onde
foram estabelecidas normas e estratégias para o
controle dos mosquitos, vetores da febre amarela
(Decreto nº 1.802, de 12/12/1907).

• A febre amarela estava erradicada do Rio de


Janeiro. Em setembro de 1907, no IV Congresso
Internacional de Higiene e Demografia de Berlim,
Oswaldo Cruz recebeu a medalha de ouro pelo
trabalho de saneamento do Rio de Janeiro.
1908

• O Instituto Soroterápico Federal foi


rebatizado como Instituto Oswaldo
Cruz.
• Em 1908, uma violenta epidemia de
varíola levou a população em massa aos
postos de vacinação.
• Oswaldo Cruz reformou o Código
Sanitário e reestruturou todos os órgãos
de saúde e higiene do país.
1909
• Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria Geral de Saúde Publica,
passando a dedicar-se apenas ao Instituto de Manguinhos, que fora
rebatizado com o seu nome. Do Instituto, lançou importantes expedições
científicas, que possibilitaram maior conhecimento sobre a realidade
sanitária do interior do país e contribuíram para a ocupação da região.
Erradicou a febre amarela no Pará e realizou a campanha de saneamento
na Amazônia, que permitiu o término da obras da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido interrompida pelo grande
número de mortes entre os operários. O sanitarista recomendou uma série
de medidas drásticas a serem implantadas, sem demora. Os cuidados
sanitários começariam antes do operário chegar à ferrovia, com o
engajamento de pessoal em áreas não palustres, exame médico minucioso
e fornecimento de quinino durante a viagem. Recomendou ainda exames
periódicos nos empregados, fornecimento diário de quinino, desconto dos
dias em que o trabalhador não ingerisse o medicamento e gratificação para
o operário que passasse três meses sem sofrer nenhum acesso de malária.
Finalmente, aconselhou a construção de galpões telados para alojamento
do pessoal, fornecimento de água fervida, uso de calçados, locais
determinados para a defecação.
– LINHA DO TEMPO DA SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL (1911-1930)

1913

• Em 1913, Oswaldo Cruz foi eleito para a Academia


Brasileira de Letras. Em 1915, por motivo de saúde,
abandonou a direção do Instituto Oswaldo Cruz e
mudou-se para Petrópolis. Em 18 de agosto de 1916,
assumiu a prefeitura daquela cidade, traçando vasto
plano de urbanização, que não pôde ver implantado.
Sofrendo de crise de insuficiência renal, morreu na
manhã de 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44
anos de idade.
A Inspetoria de Isolamento e Desinfecção foi
1914 transformada em Inspetoria de Serviços de
Profilaxia.

Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto


1917 Oswaldo Cruz, em 14 de fevereiro de 1917.

Foi criado o Serviço da Quinina Oficial, profilático da


malária, inicial a dos medicamentos do estado,
1918 necessários ao saneamento no Brasil (Decreto nº 13.000,
de 1/5/1918). • Foram iniciadas as atividades do Serviço
de Profilaxia Rural, subordinado à Inspetoria de Serviços
de Profilaxia (Decreto nº 13.001, de 1/5/1918).
1920
• Novo marco importante da evolução sanitária brasileira com a
reforma de Carlos Chagas que, reorganizando os Serviços de
Saúde Pública, criou o Departamento Nacional de Saúde Pública.
A regulamentação desse diploma legal sofreu substituição e
modificações até a publicação do Decreto em 1923, que vigorou
como Regulamento Sanitário Federal, por muitos anos.
• Regulamentou o Decreto nº 3.987, de 2 de janeiro de 1920,
que criou o Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto nº
14.189, de 26/5/1920).
• Aprovou o regulamento para o Departamento Nacional de
Saúde Pública, em substituição do que acompanhou o Decreto
nº 14.189, de 26 de maio de 1920 (Decreto nº 14.354, de
15/9/1920).
• Instituiu a Reforma Carlos Chagas, que ampliou as
1921 atividades de cooperação com estados, por meio da
Diretoria de Saneamento e Profilaxia Rural (Decreto nº
15.003, de 15/9/1921).

1930 • Criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde


Pública (Decreto nº 19.402, de 14/11/1930).
• Os serviços relacionados com a saúde pública foram
transferidos para o novo Ministério dos Negócios da
Educação e Saúde Pública.
• Reativado o Serviço de Profilaxia de Febre Amarela, em
função da epidemia de 1927-1928, no Rio de Janeiro, e da
dispersão do mosquito transmissor.
O FINAL DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

O Período de 1930 a 1945 é conhecido pelo nome de “Era Vargas “,


período em que Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos de
forma contínua.

Esse governo teve significativos


avanços na história brasileira

findou a oligarquia cafeeira representou avanços na economia

entendimento e atendimento das questões sociais

precariedade da saúde da população passa a ter mais visibilidade.


GOVERNO PROVISÓRIO –1930 -1934

As ações do governo Vargas em relação à saúde


seguiram por duas frentes: a saúde pública e a
medicina previdenciária. Essa divisão seguiu
pelas próximas décadas em relação à política
pública de saúde.
A previdência social tem início com a criação
das primeiras Caixas de Aposentadorias e
Pensões (CAPs) das empresas ferroviárias
 A preocupação com a saúde teve início com a
criação do Ministério dos Negócios da Educação
e Saúde Pública (Decreto nº 19.402, de
14/11/1930).
 Esse documento estabelece necessidades em

relação à Educação, elaboração do um Plano


Nacional de Educação, que tenha como
destaque a gratuidade e obrigatoriedade do
ensino elementar.
 Esse modelo industrial era necessário às
pessoas com conhecimentos educacionais para
possibilitar sua continuidade ao processo de
desenvolvimento
Deixando a saúde como ação secundária,

porém os serviços escassos que eram


desenvolvidos foram repassados a esse
Ministério, que teve sua primeira ação com
a reativação do Serviço de Profilaxia de
Febre Amarela, em função da epidemia de
1927-1928, no Rio de Janeiro, e da
dispersão do mosquito transmissor.
 Nessa época, também se destacava a epidemia
de febre amarela, que necessitava de ações de
combate e diminuição da contaminação.

 Esse trabalho de contenção teve maior


repercussão até 1939, quando a situação foi
controlada e esse trabalho foi extinto.

 Essa década foi marcada pelos movimentos


reivindicatórios que ocasionaram a criação do
Instituto de Organização Racional do Trabalho
GOVERNO CONSTITUCIONAL – 1934 – 1937

Esse ato constitucional deu maiores poderes ao


poder executivo, que repercutiu em medidas
democráticas que favoreceram a elaboração da
legislação trabalhista.
Outro marco desse período é o voto das
mulheres e a possibilidade do sigilo do voto,
essas medidas repercutiram no apoio da
maioria e a garantia de um segundo mandato.
 Esse governo ficou conhecido como Governo
Constitucional a qual desenvolveu sua trajetória
política com dois ideais:

Fascista Democrático

Conjunto de ideias e preceitos Representado pela Aliança Nacional


político sociais totalitário Libertadora (ANL), era favorável à
introduzido na Itália por Mussolini reforma agrária, a luta contra o
–, defendido pela Ação Integralista imperialismo e a revolução por
Brasileira (AIB). meio da luta de classes.
O Brasil é um país que apresenta muitas espécies na flora, o
que favorece o estudo e a pesquisa. Desde 1930, a
Amazônia é tida como uma referência na ciência, pois
apresenta um vasto potencial para pesquisa nas áreas
médica e científica

Desta forma, as doenças e situações isoladas ou


regionalizadas poderiam ser facilmente combatidas com
ações de saúde preventivas e curativas. Essa discussão
resultou, em 1936, na construção do Instituto de Patologia
Experimental do Norte (IPEN) atual Instituto Evandro Chagas
(IEC).
ESTADO NOVO – 1937 – 1945

Em 1937, o presidente Getúlio Vargas instaurou no Brasil o


Estado Novo, que representou um ano de renovação na área
política, sendo esse conhecido também como primeiro período
da ditadura

Nesse período foi imposto ao país o


fechamento do Congresso Nacional e
uma nova Constituição, inspirada na
Constituição fascista da Polônia.
No final deste mesmo ano, o presidente Getúlio
Vargas estabeleceu a censura aos meios de
comunicação,
com isso era mais fácil isolar seus inimigos
políticos e divulgar à sociedade apenas o que
fosse de seu interesse, além do mais poderia
mascarar muitas informações,
pois entendia-se que comunicar a sociedade
sobre as doenças da época era aterrorizá-la de
maneira desnecessária.
Getúlio incentivou a construção da sua política
trabalhista com a criação da Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), a partir do registro em carteira
de trabalho, descanso semanal remunerado, salário
mínimo e a própria justiça do trabalho, dando
embasamento legal a partir do Código Penal e o
Código de Processo Penal.
 Em 1930, o Nordeste do país,
mais especificamente em Natal,
apresenta doenças regionalizadas,
como é o caso da malária, sendo
necessário criar o Serviço de
Malária do Nordeste (SMN)
 Quando se fala em amparo e proteção à
maternidade, a infância e a adolescência, é
importante ressaltar que esse movimento só foi
realmente efetivo anos depois, pois na década de
40 eram ações isoladas, que estavam sob
responsabilidade do Departamento Nacional de
Saúde Pública, passando para o Departamento
Nacional da Criança, com a transformação da
Divisão de Amparo à Maternidade e à Infância.

 Em 1940, o IPEM foi renomeado de Instituto


Evandro Chagas em homenagem ao cientista
morto em acidente aéreo
 Reforma da Saúde Pública Federal, ocorrida em 1941,
quando houve a reorganização que reestruturou o
Departamento Nacional de Saúde, do Ministério dos
Negócios da Educação e Saúde Pública que segundo
(Decreto Lei nº 3.171, de 2/4/1941). Setorializou
esse departamento em:
• Divisão de Organização Sanitária.
• Divisão de Organização Hospitalar. Essa setorialização permite
• Instituto Oswaldo Cruz.
• Serviço Nacional de Lepra.
tratar de maneira mais
• Serviço Nacional de Tuberculose. eficiente as doenças em suas
• Serviço Nacional de Febre Amarela. especificidades, nesse
• Serviço Nacional de Malária.
momento inicia-se o
• Serviço Nacional de Peste.
• Serviço Nacional de Doenças Mentais. movimento por
• Serviço Nacional de Educação Sanitária. especialidades médicas.
• Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina.
• Serviço de Saúde dos Portos.
• Serviço Federal de Águas e Esgotos.
• Serviço Federal de Bioestatística.
• Delegacias Federais de Saúde, (com a criação de Sete).
Ano de 1942 torna-se referência, pois o Ministério da
Educação e Saúde determinou a organização do
Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), em
cooperação com o Institute of Interamericana Affairs,
do Governo Americano (Decreto-Lei nº 4.275, de 17
de abril de 1942).

O SESP ampliou seus serviços para Vale do Rio


Doce, prestando assistência aos trabalhadores na
reconstrução da estrada de ferro Vitória-Minas.

As Conferências Nacionais de Saúde têm um


papel de destaque na elaboração e avaliação
das políticas de saúde em nosso país
As Conferências passaram a compor o universo da
discussão de políticas de saúde e constituíram um
espaço de controle social e democratização do
acesso à saúde ao longo de nossa história.
TEMAS DAS CONFERÊNCIAS DE SAÚDE NO BRASIL

 1ª CNS (1941)
Temas: 1. Organização sanitária estadual e municipal;
 2ª CNS (1950)
Tema: Legislação referente à higiene e à segurança do trabalho.
 3ª CNS (1963)
Temas: 1. Situação sanitária da população brasileira;
 4ª CNS (1967)
Tema: Recursos humanos para as atividades em saúde.
 5ª CNS (1975)
Temas: 1. Implementação do Sistema Nacional de Saúde
 6ª CNS (1977)
Temas: 1. Situação atual do controle das grandes endemias;
 7ª CNS (1980)
Tema: Extensão das ações de saúde por meio dos serviços básicos.
 CNS (1992)
Tema central: Municipalização é o caminho
 CNS (1996)
Temas: 1. Saúde, cidadania e políticas públicas
 CNS (2000)
Tema central: Efetivando o SUS 
 (2003)
Tema central: Saúde direito de todos e dever do Estado, o SUS
que temos e o SUS que queremos.
 CNS (2007)
Tema central: Saúde e qualidade de vida, políticas de estado e
desenvolvimento
 CNS (2011)
Tema: Todos usam o SUS! SUS na seguridade social - política
pública, patrimônio do povo brasileiro
A história de saúde mostra certas epidemias
em locais específicos, por exemplo, as
chamadas endemias rurais – como a bouba,
uma doença que afeta as camadas da pele, que
pode ser altamente debilitante para tecidos e
ossos se não for tratada.
Por isso, foi necessário desenvolver uma
campanha de conscientização para evitar os
agravos dessa doença.
 No que se refere ao sistema previdenciário pode-
se destacar a ampliação do modelo com a
assistência médica individual, porém apenas os
trabalhadores assalariados e inseridos na rede
sindical ligadas ao presidente poderiam acessar a
previdência.

 Outro aspecto que ganha destaque entre 1931 e


1934 foi o aumento do trabalho formal nas áreas
urbanas levando a mudanças na legislação como:
nova lei da sindicalização, carteira de trabalho
para mulheres, código de menores, jornada de
trabalho de oito horas, direito de férias, o salário
mínimo e a Consolidação das Leis do Trabalho
 vale destacar que os avanços sociais desse período
faziam parte de uma forma muito particular de
cidadania, chamada de cidadania regulada

 O conceito de cidadania regulada, definido por


Wanderley Guilherme dos Santos (1987), é central
para a compreensão da questão social no Brasil no
período getulista e do pilar de sustentação da
previdência social brasileira. Ele se refere a uma
modalidade de cidadania em que a base dos
direitos não se encontra em valores políticos
universais, e sim em um sistema de estratificação
ocupacional definido por norma legal, com
benefícios desiguais
LINHA DO TEMPO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
(1931-1945)

1931

• Em março de 1931, o sanitarista João de Barros Barreto


assumiu a diretoria do Serviço Sanitário Estadual de São Paulo.
Na gestão desse médico, foi formada a Secretaria Estadual de
Educação e Saúde Pública, embora o Decreto que ordenou a
sua criação tenha sido um dos últimos atos do dirigente
anterior. Vale lembrar que já em 14 de novembro de 1930,
com o Decreto nº 19.402, o Governo Federal havia criado o
Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública.
1932

• Convênio com a Fundação Rockefeller, para intensificação


das atividades de controle da febre amarela, encerrado em
1939, com a extinção do Serviço de Profilaxia da Febre
Amarela.

• No Brasil surgiram o ensino e a pesquisa científica no


campo da administração, com a criação do Instituto de
Organização Racional do Trabalho (IDORT). Na década de
1930, outro passo importante na racionalização da
Administração Pública foi a criação do Departamento
Administrativo do Serviço Público (DASP)
1936

• A comissão chefiada por Evandro Chagas chegou ao Pará,


instalando-se na localidade de Piratuba, município de
Abaetetuba. Liderando uma equipe de médicos e farmacêuticos,
Evandro Chagas constatou que a Amazônia era um campo vasto
para pesquisa nas áreas médica e científica.

O cientista sugeriu ao governador paraense na época, José da


Gama Malcher, a criação de um instituto de pesquisa para
ampliar os estudos de doenças regionais, como malária,
leishmaniose, filariose. Nasceu então, em 11 de novembro de
1936, o Instituto de Patologia Experimental do Norte (IPEN) atual
Instituto Evandro Chagas (IEC).
1939

• Criação do Serviço de Malária do Nordeste


(SMN) para intensificar o combate ao
Anopheles gambiae, introduzido em
Natal/RN, em 1930. Foi estabelecido, com
essa finalidade, novo convênio com a
Fundação Rockefeller. O SMN existiu até
1941, quando foi erradicado o mosquito
(Decreto nº 1.042, de 11/1/1939).
1940

• As atividades relativas à proteção da maternidade, da infância e da


adolescência, anteriormente sob a responsabilidade do Departamento
Nacional de Saúde Pública, passaram para o Departamento Nacional da
Criança, com a transformação da Divisão de Amparo à Maternidade e à
Infância daquele Departamento (em 1948, o DNCr foi reorganizado).

• Em dezembro de 1940, o IPEN passou a se chamar Instituto Evandro


Chagas (IEC), em homenagem ao cientista, morto prematuramente num
acidente aéreo.
1941

• Nesse período, foi processada nova reforma da Saúde Pública


Federal, orientada por Barros Barreto. A estrutura criada manteve as
linhas gerais durante vários anos, apesar dos cortes sofridos em várias
oportunidades.

• Reorganizou o Departamento Nacional de Saúde, do Ministério dos


Negócios da Educação e Saúde Pública, define sua competência,
composição e criou: a Divisão de Organização Sanitária; Divisão de
Organização Hospitalar; Instituto Oswaldo Cruz; Serviço Nacional de
Lepra; Serviço Nacional de Tuberculose; Serviço Nacional de Febre
Amarela; Serviço Nacional de Malária; Serviço Nacional de Peste;
Serviço Nacional de Doenças Mentais; Serviço Nacional de Educação
Sanitária; Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina; Serviço de
Saúde dos Portos; Serviço Federal de Águas e Esgotos; Serviço Federal
de Bioestatistica; e Sete Delegacias Federais de Saúde, e deu outras
providências. (Decreto Lei nº 3.171, de 2/4/1941).
1942

• Autorizou ao então Ministério da Educação e Saúde, organizar o


Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), em cooperação com o
Institute of Interamerican Affairs, do Governo Americano (Decreto
Lei nº 4.275, 17.4.1942).
• Assinado convênio básico, que estabelecia o desenvolvimento de
atividades de saneamento, profilaxia da malária e assistência
médico-sanitária às populações da Amazônia, onde se extraía a
borracha necessária ao esforço de guerra. • Em 31 de julho de
1942, o Instituto Evandro Chagas (IEC), fundado em 10 de
novembro de 1936 sob a denominação de Instituto de Patologia
Experimental do Norte, passou a integrar o SESP, na condição de
laboratório central. • A ampliação do convênio básico levou o SESP
a atuar no Vale do Rio Doce, prestando assistência aos
trabalhadores na reconstrução da estrada de ferro Vitória-Minas. •
I Conferência Nacional de Saúde.
• Criação da Campanha contra a Bouba.
1943 • Implantação dos Postos Experimentais de
Combate à Esquistossomose (Catende/PE) e ao
Tracoma (Jacarezinho/PR

1944 • Criação do Serviço Nacional de Helmintoses (em


especial a esquistossomose e a ancilostomose).
• Novo convênio com o governo americano
assegurou o funcionamento do Sesp até 1948.
UNIDADE 2

O CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIAL DA


POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL COM
ENFOQUE NO MODELO DE SEGURO
SOCIAL
TÓPICO 1

 O CONTEXTO DA SEGURIDADE SOCIAL EM


PARALELO À POLÍTICA DE SAÚDE
 No Brasil, o acesso aos direitos sociais e previdenciários foi lento,
pois se visualizava a produção e o desenvolvimento de um país e
se desconsiderava a mão de obra operária.

 Os operários passaram a ganhar mais visibilidade a partir do


momento em que se uniram e formaram as reivindicações a partir
dos movimentos sociais, pois esses movimentos buscavam
direitos para uma coletividade.

 Esse processo também fortaleceu o êxodo rural e a ocupação


desordenada dos centros urbanos. A migração era resultado de
ilusão por melhores condições, em que as pessoas vinham em
busca de empregos e salários, porém esses empregos e salários
não eram regulamentados e as pessoas passaram a ter sua força
de trabalho explorada.
O CONTEXTO HISTÓRICO DA SEGURIDADE
SOCIAL

história da Seguridade Social

é um processo e uma luta histórica

que não surgiram da necessidade


do operário,
surgiram da necessidade das categorias
profissionais, não em relação à saúde do
sujeito

mas sim da necessidade de manutenção


do sistema a partir da mão de obra.
Surge a assistência privada

o Estado não interfere na desigualdade social,

a ideia de bem-estar social ainda não existia.

As necessidades deveriam ser supridas de forma


particular por seu núcleo familiar, no máximo poderia
ampliar para núcleo comunitário.

Não existia intervenção ou regularização do


Estado.
 A primeira intervenção do Estado acontece na
Europa, mais especificamente na Inglaterra, com a
promulgação da Lei dos Pobres em 1601, que
identificava algumas ações sociais, vinculadas a
preceitos religiosos.

 A Europa inicia a ideia de seguro social em 1883,


durante o processo da Revolução Industrial, quando
as pessoas saíam da área rural em busca de centros
urbanos e, assim, surgem novas necessidades e a
busca por garantias trabalhistas.
O CONTEXTO HISTÓRICO DA SEGURIDADE
SOCIAL NO BRASIL.

Quando falamos da história, precisamos


considerar o contexto histórico, em que o
Brasil foi descoberto por Portugal e, portanto,
precisa seguir as regras impostas pela
monarquia portuguesa.
indígenas fossem domesticados ou
perseguidos, pois não existia escolha aos
nativos, apenas a obediência

Quando a mão de obra indígena não foi


Essa mais suficiente, buscou-se a alternativa de
dependência compra de escravos, estes eram
mercadorias, apenas com deveres e
fez com que trabalho.

o escravo apenas cedia sua força de trabalho sem


nenhuma segurança. Ao serem julgados
desnecessários, os escravos eram revendidos para
outros e, assim, não tinham noção e nem direito à
cidadania.
 Abolição da Escravatura, em 1888, é que os
negros passaram a ser considerados como
seres humanos, já que eram ignorados pela
sociedade mandante, porém não se
tornaram totalmente livres, porque
precisavam buscar trabalho para se manter
e, assim, se tornaram, de certa forma,
escravos “livres”, porém obrigados a vender
sua força de trabalho ao “homem branco”
para conseguir se manter e manter seus
dependentes.
A industrialização se desenvolveu de
forma lenta, quando os colonos
passavam a buscar melhores condições
de vida, o que impulsionou o êxodo
rural e o inchaço nos centros urbanos.

 Esseprocesso também modifica a lógica


agrícola e passa a fortalecer o
desenvolvimento da industrialização
O êxodo rural

o chão das fábricas e o processo de


industrialização, onde a força de trabalho é
trocada por salários e, consequentemente,
inicia-se a lógica capitalista de acumulação.

êxodo rural atinge um grande número de


pequenos agricultores, especialmente os que
não são proprietários ou os que o são de forma
insuficiente, o que os torna extremamente
vulneráveis .
 A primeira conquista para o trabalhador era o
acesso uma “vaga de trabalho”, porém surgem
novas necessidades, e essas podem ser
denominadas de proteções, pois ainda não tinham
a conotação de direito

 A segunda conquista pode ser identificada com a


instituição da Caixa de Aposentadorias e Pensões
(CAPs), em 1923, porém mascarava a verdadeira
realidade, que era a de preservar a ferrovia, que
era importante no processo de escoamento da
produção cafeeira
Política Saúde Previdência

Lei Eloy Chaves 1923 As CAPs são


Assistência médica organizadas por
para os operários. empresas

Consolidação das Leis Serviços de saúde IAPs organizadas por


Trabalhistas (CLT) - oferecidos como categoria profissional
1943 concessão
A década de 1930
Esse período ficou conhecido como um marco
nas políticas públicas sociais, pois ampliava a
cobertura para todos os funcionários.
Após as mudanças institucionais
estabelecidas, aconteceu a unificação das
Caixas de Aposentadorias e Pensões – CAPs
em Institutos de Aposentadorias e Pensões –
IAPs.
Esse processo, segundo Iamamoto (2006), criava
um novo fluxo,

buscando identificar as particularidades de quem eram esses


operários efetivos, e buscar compreender quem eram os
demais operários

apenas as pessoas regularmente formais, com carteira de


trabalho assinada, tinham acesso ao atendimento de saúde,

enquanto os demais (trabalhadores informais, idosos, mulheres


crianças e desempregados) eram considerados não ativos e se
necessitassem de atendimento em saúde deveriam buscá-la de
forma particular
O que determinava a cobertura ao acesso ao
atendimento à saúde era :

a questão de estar ou não empregado, ressaltando


que a população ativa era inferior às demais camadas
da população, pois nesse período as mulheres
estavam ingressando de forma tímida no mercado de
trabalho.

Idosos, crianças e pessoas com deficiência eram


excluídos do processo, mesmo sendo o público que
mais precisava do atendimento.
 A lógica da exclusão no processo formal de
trabalho: eram considerados “pré-cidadãos”,
mesmo que possuíssem uma ocupação regular

 os cidadãos só tinham acesso a direitos com a


comprovação apresentando a carteira de
trabalho assinada, ter a profissão
regulamentada em lei ou ser dependente de
pessoa com vínculo a alguma repartição.
“pré-cidadãos”

distinguiam-se duas categorias que estavam em


constante crescimento: os “marginalizados” e o
“mercado informal”, em que estavam inseridos os
desempregados, os subempregados e as ocupações
não regulamentadas.
 Outra particularidade que precisa ser
considerada

Esse processo
institutos eram também causou
independentes, disparidade, pois,
não havendo conforme a categoria,
qualquer a arrecadação e a
vinculação, pois cobertura eram
cada um recebia o diferenciadas,
valor de influenciando
arrecadação por diretamente na
categoria afim. quantidade e na
qualidade dos
serviços ofertados.
 As décadas de 1930 e 1940

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