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LOGÍSTICA

DE TRANSPORTES
INTERNACIONAIS
VOLUME 3

Nelson
Ludovico

|2010|
Capítulo 7
Transporte marítimo

Capítulo 7

Transporte marítimo
Capítulo 7
Transporte marítimo

7.1 INTRODUÇÃO

 O transporte marítimo internacional, como elemento fundamental do


comércio mundial, é uma atividade econômica regida por uma extensa
gama de normas e princípios internacionais aceitos.
 No Brasil, as atividades direta ou indiretamente ligadas ao transporte
marítimo estão, do ponto de vista funcional, divididas da seguinte
forma:
• administração de reaparelhamento dos portos;
• serviços auxiliares;
• construção de navios e estaleiros privados;
• estiva, desestiva, mão de obra especializada;
• coordenação-geral da política de Marinha Mercante.
Capítulo 7
Transporte marítimo

7.2 CARACTERÍSTICAS DO TRANSPORTE MARÍTIMO

 Entre os itens de relevância do tráfego marítimo, destacamos:


• Caráter internacional.
• Capacidade.
• Flexibilidade.
• Versatilidade.
• Concorrência.
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7.3 EVOLUÇÃO NO BRASIL

 Desde o século XIX existe um sistema denominado “Conferências de


Fretes”, que são grupos de armadores que formam uma associação
cujo objetivo é criar um regulamento igual para todos, praticar uma só
tarifa de fretes por produto transportado, estabelecer uma rota
marítima, serviço regular de navios, dividindo as cargas entre os
componentes dessas organizações.
 Esse serviço teve início no Brasil em 1970 (encerrou-se em maio de
1999) com o programa das exportações incentivadas.
 Ao longo dos anos, as entidades foram se retirando em razão de
interesses em outras áreas comerciais do mundo e também do
desequilíbrio existente entre as importações e as exportações
brasileiras, causando prejuízos financeiros nos fretes.
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7.4 ACORDOS BILATERAIS

 O exportador/importador deve estar atento sobre os acordos de


navegação celebrados entre o Brasil e vários países – Alemanha,
Argélia, Argentina, Bulgária, Chile, China, França, Polônia, Portugal,
Romênia, Rússia e Uruguai – cujos governos têm por objetivo propiciar
linhas regulares ou autorizar empresas de navegação que
disponibilizam programações regulares de navios.
 Informações nesse sentido estão disponíveis na Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), por meio do site
<http://www.antaq.gov.br/acordos>.
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7.5 JOINT-VENTURE

 Sistema em que dois ou mais armadores se unem para oferecer


serviço regular em certas rotas marítimas, aplicando as mesmas tarifas
de fretes/serviços.
 Essa união garante cargas para seus navios, pois mesmo que um
exportador contrate espaço em um navio de um armador a carga
estará sendo transportada em navio do outro armador.
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7.6 NAVIOS

7.6.1 Conceito

 Entende-se por navio toda construção flutuante destinada a navegar


por água e transportar cargas e pessoas.
 Deve ostentar a bandeira de sua nacionalidade e um nome em lugar
visível na proa (dois lados) e na popa.
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7.6.2 Alguns tipos de navios

1. Carga geral.
2. Porta-contêineres (Full container).
3. Roll-on-Roll-off (Ro-Ro).
4. Reefer.
5. Granel líquido.
6. Graneleiro.
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7.7 DEFINIÇÃO DA CAPACIDADE DOS NAVIOS

 Para poder utilizar corretamente a capacidade de transporte de um


navio, é preciso conhecer os seguintes conceitos:
• Lightweight displacement (peso de deslocamento). É o
peso do navio sem combustível, equipamentos, apetrechos,
tripulação e carga.
• Cargo capacity (capacidade de carga). É o peso da carga
que pode transportar um navio.
• Deadweight tonnage (peso morto). É o peso da carga, do
combustível, dos apetrechos, dos equipamentos.
• Gross registre tonnage (tonelagem de arqueamento
bruto). É uma medida de caráter fiscal da capacidade do navio a
fim de avaliar sua rentabilidade.
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7.8 CARGA

 Para quem exporta, o “bem” é chamado de mercadoria ou produto,


e para quem transporta é chamado de carga.
 Classificação:
• Carga geral – pode ser transportada por meio de fardos, sacos,
amarrados, caixas, que com essas características é chamada de
carga solta; ou por meio de unidades de carga como em paletes
ou contêineres, daí então ser chamada de carga unitizada.
• Carga granel – divide-se em dois grupos: granéis sólidos e
granéis líquidos.
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7.9 NATUREZA DA CARGA

 De acordo com normas internacionais, as cargas têm a seguinte


classificação:
• Cargas normais
• Cargas perecíveis
• Cargas frágeis
• Cargas de dimensões extraordinárias
• Cargas de pesos excepcionais
• Cargas perigosas
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7.10 CARGA PERIGOSA

 Existem publicações da Organização Marítima Internacional (IMO),


sediada em Londres, que por meio de nove categorias classifica
produtos e identifica-os por grau de periculosidade, determinando
regras e normas para o transporte adequado em navios.
TABELA 7.1 – CLASSIFICAÇÃO IMO
Categoria Grupo de produtos
1 Explosivos
2 Gases
3 Líquidos inflamáveis
4 Sólidos inflamáveis
5 Substâncias oxidantes
6 Substâncias venenosas
7 Material radioativo
8 Corrosivos
9 Substâncias perigosas variadas
Fonte: Organização Marítima Internacional (IMO)
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7.11 CARGA PERECÍVEL

 Exportadores devem verificar com as companhias marítimas se


existem possibilidades de ter todas as garantias de que durante o
transporte os produtos estarão sob condição de temperatura exigida
para que não percam suas características.
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7.12 CUSTO DO TRANSPORTE

7.12.1 Tipos de tarifas de frete

 Mínima - Aplicado a pequenos embarques quando não atingem


determinado peso ou cubagem.
 Carga geral - Cobrado quando o produto não consta na tarifa da
companhia marítima, significando sempre um valor maior em relação à
tarifa específica.
 Específica - Frete específico de uma mercadoria, normalmente
baseado na classificação fiscal do produto.
 Contratada - Aplicado sobre o valor firmado em “contrato” entre a
empresa exportadora ou importadora e a companhia marítima, com a
garantia de que os valores negociados não se alterarão durante o
período de vigência do contrato.
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7.13 MODALIDADES DE FRETE

• Gross-terms
• Liner terms
• Free-in (FI)
• Free-out (FO)
• Free in and out (FIO)
• Free in liner out (FILO)
• Free in, out and stowed (FIOS)
• Free in and trimmed (FIOT)
• Free in stowed liner out (FISLO)
• Liner in free out (LIFO)
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7.14 CÁLCULO DO FRETE

 Os fretes são calculados pelo peso (t) ou volume (m3) do embarque.


 As empresas marítimas consideram sempre o que for maior, pois a
regra é: para cada tonelada existe um espaço de um metro cúbico no
navio.
 Outras formas de cobrança são: por contêiner (desconsiderando o
peso e o volume da mercadoria) ou ainda pelo valor da mercadoria
(percentual sobre o valor FOB – Advalorem).
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7.15 TAXAS OPERACIONAIS OPCIONAIS

• Bunker surcharge.
• Aluguel de contêiner.
• Travessia de canal,
• Carga pesada (gross weight).
• Carga com dimensões extraordinárias.
• Porto secundário.
• Desvalorização monetária.
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7.16 ATORES NO TRANSPORTE MARÍTIMO

• Armador.
• Capitão.
• Embarcador.
• Consignatário.
• Agente marítimo.
• Agente de cargas.
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7.17 LEIS DOS PORTOS

 Lei n. 8.630/93, de 25 de fevereiro de 1992.


 Lei n. 11.518, de 5 e setembro de 2007.
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7.17.1 Definições sobre a Lei dos Portos

 Alguns termos:
• Porto organizado.
• Operação portuária.
• Operador portuário.
• Área do porto organizado.
• Instalação portuária de uso privativo.
• Instalação de transbordo de cargas.
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7.18 OPERADOR PORTUÁRIO

 Cabe aos operadores portuários a realização das operações portuárias


previstas em lei, sendo dispensável sua intervenção nas operações
portuárias, que, por seus métodos de manipulação, suas características
de automação ou mecanização, não requeiram a utilização de mão de
obra ou possam ser executadas exclusivamente pela própria tripulação
das embarcações.
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7.19 GESTÃO DE MÃO DE OBRA DO TRABALHO PORTUÁRIO


AVULSO

 Os operadores portuários devem constituir, em cada porto


organizado, um Órgão Gestor da Mão de Obra (Ogmo) do trabalho
portuário.
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7.20 TRABALHO PORTUÁRIO

 O trabalho portuário de capatazia, estiva, conferência e conserto de


carga, bloco e vigilância de embarcações, nos portos organizados, será
realizado por trabalhadores portuários com vínculo empregatício a
prazo indeterminado e por trabalhadores portuários avulsos.
 A contratação de trabalhadores portuários de estiva, conferência,
conserto de carga e vigilância de embarcações com vínculo
empregatício a prazo indeterminado será feita, exclusivamente, dentre
os trabalhadores portuários avulsos registrados.
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7.21 ÓRGÃO GESTOR DA MÃO DE OBRA (OGMO)

 O Ogmo organizará e manterá cadastro de trabalhadores portuários


habilitados ao desempenho das atividades referidas no artigo anterior e
registro dos trabalhadores portuários avulsos.
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7.22 ADMINISTRAÇÃO DO PORTO ORGANIZADO

7.22.1 Conselho de Autoridade Portuária (CAP)

 Será instituído, em cada porto organizado ou no âmbito de cada


concessão, um Conselho de Autoridade Portuária.

7.22.2 Administração aduaneira nos portos organizados

 A administração aduaneira nos portos organizados, será exercida nos


termos da legislação específica.
 A entrada ou saída de mercadorias procedentes ou destinadas ao
exterior somente poderá efetuar-se em portos ou terminais
alfandegados.
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7.23 COMPETÊNCIA DO MINISTÉRIO DA FAZENDA

• cumprir e fazer cumprir a legislação que regula a entrada, a


permanência e a saída de quaisquer bens ou mercadorias do
país;
• fiscalizar a entrada, a permanência, a movimentação e a saída
de pessoas, veículos, unidades de carga e mercadorias, sem
prejuízo das atribuições das outras autoridades no porto;
• exercer a vigilância aduaneira e promover a repressão ao
contrabando, ao descaminho e ao tráfico de drogas, sem
prejuízo das atribuições de outros órgãos;
• arrecadar os tributos incidentes sobre o comércio exterior;
• proceder ao despacho aduaneiro na importação e na exportação;
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• apurar responsabilidade tributária decorrente de avaria, quebra


ou falta de mercadorias em volumes sujeitos a controle
aduaneiro;
• proceder à apreensão de mercadoria em situação irregular, nos
termos da legislação fiscal aplicável;
• autorizar a remoção de mercadorias da área do porto para
outros locais, alfandegados ou não, nos casos e na forma
previstos na legislação aduaneira;
• administrar a aplicação, às mercadorias importadas ou a
exportar, de regimes suspensivos, exonerativos ou devolutivos
de tributos;
• assegurar, no plano aduaneiro, o cumprimento de tratados,
acordos ou convenções internacionais;
• zelar pela observância da legislação aduaneira e pela defesa dos
interesses fazendários nacionais.
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7.24 CONTRATO DE TRANSPORTE MARÍTIMO

 O contrato de transporte por via marítima é efetuado entre o


embarcador e o transportador, podendo ser o embarcador pessoa física
ou jurídica.
 Denominado “Conhecimento de Embarque Marítimo” ou ainda Carta
de Fretamento, esse contrato é regido por convenção internacional.
 Esse contrato começa a valer com a entrega da carga ao fretador
(armador).
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7.25 CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

 Convênio internacional para unificação de certas regras em matéria


de Conhecimento de Embarque – Regras de Haia. Firmado na
Conferência de Bruxelas em 25 de agosto de 1924, mas só entrou em
vigor em junho de 1931.
 Protocolo para modificação do Convênio internacional para unificação
de certas regras em matéria de Conhecimento de Embarque – Regras
de Haia – 25 de agosto de 1924. Firmado em 23 de fevereiro de 1968,
em Bruxelas.
 Convênio das Nações Unidas sobre o transporte marítimo de
mercadorias – Regras de Hamburgo. Firmado em março de 1978 com a
finalidade de substituir as Regras de Haia.

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