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MERCADO DE DERIVATIVOS

Octavio Bessada
Conceito de contrato
derivativo

“Derivativo é um contrato cujo valor


depende (ou deriva) do valor de um
bem básico, taxa de referência ou
índice”
(Grupo dos Trinta, “Global Derivatives Study
Group”,Washington, D.C., julho de 1993).
Conceito de contrato
derivativo

Isto explica o motivo pelo qual servem


tão bem para limitar o risco de flutuações
inesperadas de preço do ativo em
questão.
Conceito de contrato
derivativo

“O uso de derivativos surgiu da


necessidade de reduzir a incerteza, e
certamente não há nada de novo nisso.”
(Desafio aos Deuses, Peter L.Bernstein, editora
Campus, 3a edição,1997, pág.305/306).
Conceito de contrato
derivativo

Os contratos derivativos só existem porque há a


possibilidade de o preço da mercadoria à vista
(ações, moedas, grãos, taxas e índices)variar.Caso
o mercado à vista deixe de existir, o derivativo
perde a razão de ser.
A mercadoria física, negociada no mercado à vista,
referência para o derivativo, é chamada de ATIVO-
OBJETO.
Outro aspecto bem importante é que
só pode existir derivativos sobre ativos
e mercadorias que possuam seus
preços de negociação livremente
estabelecidos pelo mercado, sem
nenhum tipo de controle, ou seja, os
preços devem ser transparentes,
correndo seus próprios riscos.
Derivativos Financeiros e Não
Financeiros

Os derivativos financeiros são os referenciados


sobre taxas de juros, moedas, ações e índices.
Os não-financeiros são os derivativos sobre os
preços das commodities, como o ouro, petróleo e
ativos agropecuários (boi gordo, bezerro, algodão,
soja, açúcar, álcool, milho e café)
Na prática, os derivativos são
transações nos mercados de futuros, a
termo, swaps e opções, ou contratos
com características semelhantes a um
ou mais desses instrumentos
(contratos de seguro, por exemplo).
Mercado Futuro

São contratos padronizados negociados


entre duas contrapartes, por intermédio de
uma bolsa, para um determinado
vencimento em uma data futura.
Obedecem a um ajuste diário de posições e
pagamento inicial de margens de garantia.
Mercado Futuro

Os mercados futuros com maior liquidez


aqui no Brasil são os que negociam a
taxa de juros (DI – Depósito
Interfinanceiro), o dólar comercial e o
de ações (ibovespa futuro).
Mercado a Termo

São contratos de compra e venda de um


ativo com liquidação física ou financeira
numa data futura, determinada pelo
contrato.
O montante, preços e prazos são definidos
pelas partes.
Diferenças entre o Mercado a Termo e
o Mercado futuro

A diferença básica entre estes dois contratos é que


enquanto nos mercados futuros é exigido o ajuste
diário das posições, nos mercados a termo isto não
ocorre. É tudo resolvido no vencimento do contrato
e está aí o seu maior risco.
Os mercados futuros são negociados em PREGÃO
enquanto que os mercados a termo são negociados
nos chamados mercados de BALCÃO.
SWAPS

De um modo geral é uma troca de índices


entre dois investidores, sem envolver a
troca do principal.
Os swaps com maior liquidez no Brasil são os
que negociam a taxa de juros prefixada
contra a pós-fixada (DI x Pre) e a taxa de
juros contra a variação cambial (DI x US$).
OPÇÕES

Uma opção é um contrato que fornece o


direito de comprar ou vender um número
prefixado de unidades de um ativo em sua
data de vencimento (opções européias) ou
em sua vigência (opções americanas), a um
preço combinado na data inicial do contrato
(preço de exercício).
OPÇÕES

O preço da opção é, portanto, um prêmio


pago (recebido) por adquirir (fornecer) um
direito.
Existem dois tipos básicos de opções, opções
de compra (call) e opções de venda (put).
OPÇÕES

A opção, portanto, é um instrumento que dá


ao seu comprador (titular) um direito futuro
sobre algo, mas não uma obrigação; e, a
seu vendedor (lançador), uma obrigação
futura, caso o titular da opção exerça seu
direito.
Por assumir esta obrigação, o vendedor
recebe um prêmio.
Participantes dos mercados
derivativos

• HEDGER
• ESPECULADOR
• ARBITRADOR
• MARKET MAKER
Hedger

• Os hedgers são os agentes econômicos


que desejam proteger-se dos riscos
derivados das flutuações adversas nos
preços de commodities, taxas de juros,
moedas estrangeiras, etc.
Hedger

• A função do hedger é a de administração


do risco. Dessa forma, o hedger,
normalmente, assume uma posição no
mercado de derivativos contrária àquela
assumida no mercado à vista.
Hedge Cambial

Um investidor está aplicado em um título do governo


indexado ao câmbio, como uma NTN-D. Para ele se
proteger contra uma possível queda futura do
dólar, ele fica VENDIDO em dólar futuro, se
apropriando de renda no caso de queda do valor do
mesmo, compensando a perda no carregamento do
título à vista.
Hedge Cambial

• Esta operação de VENDA futura de câmbio serve


também para os exportadores fazerem seu hedge,
pois, assim como os detentores de títulos cambiais,
eles também perdem com a queda do dólar.
• Já para um investidor ou empresa com dívidas em
dólar, ou um importador, o hedge tem de ser feito
no outro sentido, qual seja, o da COMPRA de
contratos futuros de câmbio, pois a alta da moeda
americana iria impactar, negativamente, o seu
balanço.
Hedge de Taxa de Juros

Um investidor está aplicado em um título prefixado,


como, p.ex., um CDB ou uma LTN – Letra do
Tesouro Nacional. Para ele se proteger contra uma
possível alta dos juros, ele tem de ficar COMPRADO
em juros futuro, se apropriando de renda no caso
de uma alta no valor do mesmo, compensando a
perda de rentabilidade no título físico.
Hedger

Todas estas operações de hedge apresentadas


anteriormente – feitas com futuros- também
poderiam ser realizadas através de operações de
swaps. Daí troca-se o pregão (recinto aonde são
negociadas as cotações dos mercados futuros – na
BM&F, em SP) pelo mercado de balcão (Cetip, ou
na própria BM&F), aonde as operações são feitas
entre duas partes.
Ou seja, os swaps são contratos a termo.
Hedger

Na primeira o investidor deveria estar COMPRADO no Swap DI


versus dólar, ou seja, comprado na variável juros (DI –
Depósito Interfinanceiro) e vendido na variável câmbio (pois
já está comprado em dólar – NTN-D - no mercado físico).

Na segunda o investidor deveria também estar COMPRADO,


porém no Swap DI versus Pre, ou seja, comprado na 1a
variável, os juros, e vendido na 2a, a taxa pré (pois já está
comprado em taxa prefixada – CDB ou LTN- no mercado
físico).
Especuladores

• São os agentes econômicos, pessoas


físicas ou jurídicas, que estão dispostos a
assumir riscos das variações de preços
motivados pela possibilidade de ganhos
financeiros.
• A sua motivação básica é a oportunidade
de realização de lucros aproveitando as
flutuações de preços no mercado.
Especuladores

• Contemplam posição contrária à dos


hedgers e de outros especuladores,
assumindo o risco de variação nos preços
dos produtos negociados.
• Sua presença nos mercados futuros é
indispensável, pois é ele que se dispõe a
assumir o risco dos hedgers.
Especuladores

Nos esforços que fazem para conseguir lucros, os


especuladores devem prever, com a maior
precisão possível, as oscilações futuras dos
preços e das taxas de juros e de câmbio. Com
objetivo de aperfeiçoar essas predições, muitos
especuladores empregam tempo e recursos
consideráveis para conseguir e analisar as
informações sobre a situação e perspectivas
das condições de oferta e procura.
Especuladores

Portanto, uma função muito importante


desempenhada pelos especuladores é a de
projetar os preços, ou seja, ele forma a
expectativa dos preços dos bens. Por esse
motivo, os mercados futuros estimulam a
participação destes agentes, pois sem eles as
duas funções econômicas básicas dos mercados
futuros - transferência de riscos e visibilidade
de preços, na prática, ficariam inviabilizadas.
Especuladores

Outra função importante cumprida pelos


especuladores é sua contribuição para a
liquidez do mercado. A maior liquidez do
mercado oferece maiores facilidades a
quem deseja cobrir-se (os hedgers) para
abrir e fechar posições rapidamente e em
condições competitivas.
Especuladores versus
Manipuladores

No entanto, é importante distinguir o especulador


do manipulador. Enquanto o primeiro é
imprescindível ao funcionamento do mercado, o
segundo é predador e deve ser eliminado. O
manipulador quer apenas provocar distorções
artificiais nos preços dos contratos para auferir
ganhos fáceis, geralmente assumindo posição
simultânea no derivativo e no ativo-subjacente.
Normalmente, as bolsas e autoridades possuem
regras severas quanto a esse tipo de prática.
Arbitrador

Os preços de um bem, transacionado em dois mercados


diferentes, podem, temporariamente, apresentar
discrepâncias entre si, provocadas por desequilíbrios entre a
oferta e a demanda do bem, em um ou outro mercado.
Quando isto ocorre, indivíduos atentos ao comportamento dos
preços nos dois mercados imediatamente procuram auferir
ganhos destas distorções, através da compra do bem, no
mercado onde ele está mais barato, e a sua venda, naquele
onde ele está mais caro. Os agentes deste processo são
denominados de arbitradores.
Arbitrador
• O arbitrador é o participante que, correndo
um risco bastante pequeno, opera
simultaneamente em mais de um mercado
para se valer de distorções de preços
relativos.
• São responsáveis, portanto, pela manutenção
de uma relação entre preços futuros e à vista.
Market Maker

• São especialistas em determinado produto


e devem carregar posição própria para,
sempre que convocados pelas bolsas,
oferecerem preços de compra e de venda
para os produtos em que são especialistas.
• Ajuda na liquidez e na formação de preço.
As Bolsas de Futuros
Os mercados a termo e de opções têm origens muito
remotas. Em períodos anteriores à civilização
greco-romana, já aconteciam negociações que, de
alguma forma, determinavam preços para
transações futuras. No Japão, em 1730, surgiram
negociações a termo de recibos de arroz com
especificações de condições de pagamento,
qualidade, quantidade e prazo para entrega futura .
As Bolsas de Futuros
No próprio interior do Brasil podemos
encontrar raízes históricas dos derivativos,
quando surgiram operações a termo do tipo
venda futura de produtos agrícolas com
preço predeterminado.
A simplicidade destas operações, porém,
gerava vários tipos de problemas, tais como:
As Bolsas de Futuros

• Risco de crédito;
• Falta de padronização da qualidade;
• Falta de divulgação ampla de preços;
• Impossibilidade de transferência de posições.
As bolsas somente ganharam a dimensão que têm hoje
porque provaram que eram úteis para eliminarem
estes entraves, tornando mais ágeis e eficientes as
negociações com derivativos.
As Bolsas de Futuros
• O papel de uma bolsa de futuros é organizar,
desenvolver e liquidar os mercados
relacionados com os contratos futuros e
derivativos em geral.
• As bolsas oferecem aos seus membros uma
localização física para que os negócios
ocorram de forma livre e transparente e
garantam a boa liquidação dos contratos.
Estrutura Operacional BM&F

• Corretora de Mercadoria
• Membro de Compensação
• Operador Especial (Scalper)
• Permissionárias Correspondentes
Corretora de Mercadoria

• Trata-se de uma corretora de valores


detentora de um título junto à Bolsa. Ela
tem a função de intermediar todas as
operações em nome de clientes.
Membro de Compensação

• Também detentora de um título junto à


Bolsa, é uma corretora de valores e de
mercadorias que tem como papel assumir
a responsabilidade pelo registro,
compensação e liquidação de todos os
negócios realizados pelas Corretoras de
Mercadorias, Operadores Especiais e
Permissionárias Correspondentes;
Operador Especial

• Pessoa física ou firma individual que possui,


junto à BM&F, um título que lhe dá o direito
de atuar diretamente no pregão, executando
operações por conta própria ou de uma
Corretora de Mercadorias;
Permissionárias
Correspondentes

• São corretoras associadas às bolsas


conveniadas, que podem atuar na BM&F
através de uma corretora a ela associada.
Sistemas de Garantia e a
Clearing House
• Para que as bolsas possam assegurar a
boa liquidação dos negócios nelas
realizados, um sistema de garantias é
administrado pela Clearing House ou
Câmara de Compensação.
Clearing
As compensações das bolsas são realizadas
por esta clearing house, que assume
para si todos os compromissos
financeiros e vai liquidando as partes. Ou
seja, é a primeira garantidora de todas
as operações.
Clearing
Entretanto, é bom frisar que, apesar da
câmara garantir a operação perante
outros membros, a corretora é a
garantidora final das posições de seus
clientes.
Salvaguardas da Clearing
• Liquidação das operações em D+1;
• Ajuste diário;
• Margem de garantia;
• Estabelecimento de limites operacionais;
• Caução de títulos; e
• Fundos.

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