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Parnasianismo e Simbolismo

Profa. Maria Gabriella Flores


Parnasianismo: a estética da arte pela arte

 O Parnasianismo pretendeu representar na poesia o movimento científico e filosófico do


final do século XIX.
 Ênfase à beleza e ao rebuscamento dos versos, sem a preocupação direta com a realidade.
 Resgate dos ideais clássicos (temática greco-romana).
 Percepção objetiva da arte.
 Preciosismo (preocupação com o detalhe)
 Culto à forma.
 A publicação de Fanfarras (1882), de Teófilo Braga, marca o início do Parnasianismo no
Brasil.
 Impossibilidade da objetividade total.
Dos temas exóticos à natureza brasileira: o
Parnasianismo de Alberto de Oliveira
Última deusa

Foram-se os deuses, foram-se, em verdade; A C


Mas das deusas alguma existe, alguma D
Que tem teu ar, a tua majestade, B De lá trouxeste o olhar sereno e garço,C
A
Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma B O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto,
Rútilo rola o teu cabelo esparso...
E
Ao ver-te com esse andar de divindade,
Como cercada de invisível bruma, A Pisas alheia terra, essa tristeza D
A gente à crença antiga se acostuma, B E
Que possuis é de estátua que ora extinto
E do Olimpo se lembra com saudade. B Sente o culto da forma e da beleza.
A
Príncipe dos poetas brasileiros: a poesia de
Olavo Bilac
 Propaganda da estética parnasiana ou um manifesto a
ela.
 “O belo, arte, o estilo do autor, a defesa da forma são
elementos fundamentais nesse conjunto de poemas do
autor, retomando padrões de arte clássicos e recusando os
valores românticos.”
 [NO MEIO DO CAMINHO]

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada


E triste, e triste e fatigado eu vinha.
Tinhas a alma de sonhos povoada,
E a alma de sonhos povoada eu tinha...

E paramos de súbito na estrada


Da vida: longos anos, presa à minha
A tua mão, a vista deslumbrada
Tive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo... Na partida


Nem o pranto os teus olhos umedece,
Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo,


Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.
 Olavo Bilac
O fim do século e a estética simbolista

 Elevação da percepção simbólica.


 Postura estética de tom quase religioso.
 Defesa do subjetivo, da sugestão, do vago, do misterioso e ilógico.
 Culto à imaginação.
 Espiritualidade ou transcendentalidade (caráter místico).
 Musicalidade: uso de aliterações, assonâncias e sinestesias para a construção de um clima de
sugestão e imprecisão.
 Valorização da intuição.
 Despreocupação com questões sociais.
 Supremacia do individualismo (subjetivismo)
 Valorização dos estados da alma.
A França e As Flores do mal: a estética
simbolista
 O sentimento finissecular.
“A velha Paris não é mais! (uma cidade
Muda mais rápido, ai, que um coração mortal);
[…]
Paris muda! porém minha melancolia
Não!, andaimes, palácios novos, avenidas,
Blocos, para mim tudo vira alegoria,
E mais que as pedras, pesam lembranças queridas.”
(Baudelaire, “O cisne”, As Flores do Mal
 O flâneur está entre a multidão e a classe burguesa consumidora.
“Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo fixar residência no numeroso,
no ondulante, no movimento, no fugidio e no infinito. Estar fora de casa, e contudo sentir-se em casa onde
quer que se encontre; ver o mundo, estar no centro do mundo e permanecer oculto ao mundo”
(Baudelaire, Sobre a modernidade, p.19)
O Simbolismo no Brasil

 Esgotamento da estética realista, naturalista e parnasiana.


 Simbolismo é um resgate do Romantismo, dada a lente subjetiva
com que ambos os movimentos interpretam a realidade.
 “O Simbolismo conviveu com um clima de oposição e, muitas
vezes, de hostilidade, visto o prestígio que o Parnasianismo gozava
no cenário cultural [...].”
Cisne negro: a poesia de Cruz e Sousa

 Filho de escravos alforriados, teve sua existência permeada por


tragédias, principalmente a morte dos quatro filhos em decorrência
da tuberculose, relegando-o à loucura.
 Missal e Broquéis (1893) – marcos do simbolismo no Brasil.
 Literatura de sugestão: culto da brancura mística, uso da sinestesia,
construção de cenários diáfanos, gosto pelo mistério, o sonho, a dor,
a morte, o transcendentalismo, a musicalidade e o subjetivismo.
 Cárcere das almas  Ó almas presas, mudas e fechadas
 Ah! Toda a alma num cárcere anda Nas prisões colossais e abandonadas,
presa, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades, Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Mares, estrelas, tardes, natureza.
para abrir-vos as portas do Mistério?!
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as
Publicado no livro Últimos Sonetos
liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades (1905).
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
O solitário de Mariana: a poesia de Alphonsus
de Guimaraens
 Ismália  Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,


Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu


As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

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