O Parnasianismo pretendeu representar na poesia o movimento científico e filosófico do
final do século XIX. Ênfase à beleza e ao rebuscamento dos versos, sem a preocupação direta com a realidade. Resgate dos ideais clássicos (temática greco-romana). Percepção objetiva da arte. Preciosismo (preocupação com o detalhe) Culto à forma. A publicação de Fanfarras (1882), de Teófilo Braga, marca o início do Parnasianismo no Brasil. Impossibilidade da objetividade total. Dos temas exóticos à natureza brasileira: o Parnasianismo de Alberto de Oliveira Última deusa
Foram-se os deuses, foram-se, em verdade; A C
Mas das deusas alguma existe, alguma D Que tem teu ar, a tua majestade, B De lá trouxeste o olhar sereno e garço,C A Teu porte e aspecto, que és tu mesma, em suma B O alvo colo onde, em quedas de ouro tinto, Rútilo rola o teu cabelo esparso... E Ao ver-te com esse andar de divindade, Como cercada de invisível bruma, A Pisas alheia terra, essa tristeza D A gente à crença antiga se acostuma, B E Que possuis é de estátua que ora extinto E do Olimpo se lembra com saudade. B Sente o culto da forma e da beleza. A Príncipe dos poetas brasileiros: a poesia de Olavo Bilac Propaganda da estética parnasiana ou um manifesto a ela. “O belo, arte, o estilo do autor, a defesa da forma são elementos fundamentais nesse conjunto de poemas do autor, retomando padrões de arte clássicos e recusando os valores românticos.” [NO MEIO DO CAMINHO]
Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha. Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha...
E paramos de súbito na estrada
Da vida: longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha.
Hoje, segues de novo... Na partida
Nem o pranto os teus olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida.
E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece Na extrema curva do caminho extremo. Olavo Bilac O fim do século e a estética simbolista
Elevação da percepção simbólica.
Postura estética de tom quase religioso. Defesa do subjetivo, da sugestão, do vago, do misterioso e ilógico. Culto à imaginação. Espiritualidade ou transcendentalidade (caráter místico). Musicalidade: uso de aliterações, assonâncias e sinestesias para a construção de um clima de sugestão e imprecisão. Valorização da intuição. Despreocupação com questões sociais. Supremacia do individualismo (subjetivismo) Valorização dos estados da alma. A França e As Flores do mal: a estética simbolista O sentimento finissecular. “A velha Paris não é mais! (uma cidade Muda mais rápido, ai, que um coração mortal); […] Paris muda! porém minha melancolia Não!, andaimes, palácios novos, avenidas, Blocos, para mim tudo vira alegoria, E mais que as pedras, pesam lembranças queridas.” (Baudelaire, “O cisne”, As Flores do Mal O flâneur está entre a multidão e a classe burguesa consumidora. “Para o perfeito flâneur, para o observador apaixonado, é um imenso júbilo fixar residência no numeroso, no ondulante, no movimento, no fugidio e no infinito. Estar fora de casa, e contudo sentir-se em casa onde quer que se encontre; ver o mundo, estar no centro do mundo e permanecer oculto ao mundo” (Baudelaire, Sobre a modernidade, p.19) O Simbolismo no Brasil
Esgotamento da estética realista, naturalista e parnasiana.
Simbolismo é um resgate do Romantismo, dada a lente subjetiva com que ambos os movimentos interpretam a realidade. “O Simbolismo conviveu com um clima de oposição e, muitas vezes, de hostilidade, visto o prestígio que o Parnasianismo gozava no cenário cultural [...].” Cisne negro: a poesia de Cruz e Sousa
Filho de escravos alforriados, teve sua existência permeada por
tragédias, principalmente a morte dos quatro filhos em decorrência da tuberculose, relegando-o à loucura. Missal e Broquéis (1893) – marcos do simbolismo no Brasil. Literatura de sugestão: culto da brancura mística, uso da sinestesia, construção de cenários diáfanos, gosto pelo mistério, o sonho, a dor, a morte, o transcendentalismo, a musicalidade e o subjetivismo. Cárcere das almas Ó almas presas, mudas e fechadas Ah! Toda a alma num cárcere anda Nas prisões colossais e abandonadas, presa, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Nesses silêncios solitários, graves, Que chaveiro do Céu possui as chaves Mares, estrelas, tardes, natureza. para abrir-vos as portas do Mistério?! Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as Publicado no livro Últimos Sonetos liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades (1905). Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. O solitário de Mariana: a poesia de Alphonsus de Guimaraens Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar...
E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...