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Amor

(de mãe)
Eduardo Arruda Sautchuk
Disciplina:
Diferentes estados emocionais e sua influência sobre a saúde biopsicoespiritual
Profª. Drª. Denise Gimenez Ramos
Núcleo de Estudos Avançados em Psicossomática
O desenvolvimento do cérebro direito
ao longo da vida:
O que o amor tem a ver com isso?
Cap. 6 do livro:
“The Development of the Unconscious Mind”
Allan Schore (2019)
Teoria do Apego Moderna (Schore)

• Atualização neurobiológica da teoria do apego de Bowlby


• Neurociência afetiva, social e do desenvolvimento
• O cérebro direito: informações emocionais e sociais
• A relação de apego com a mãe
• Hardwiring do cérebro direito
• Comunicação não-verbal de estados emocionais
• Regulação relacional do cérebro/mente/corpo do bebê
Esquema proposto por
Schore (2019, p. 67)

• Processamento inconsciente
implícito dos sistemas “inferiores”
• Cérebro direito primeiramente
desenvolvido
• Conexões com o sistema “superior”
e explícito
• Cérebro esquerdo, posteriormente
desenvolvido
Desenvolvimento neurobiológico interpessoal

• Cérebros alinham atividades neurais com outros cérebros em


interações
• Comunicações entre cérebros direitos:
• Viso-faciais; tátil-gestuais; auditivo-tônicas
• Alinhamento do ritmo de interação
• Relação de apego reflete em uma coordenação entre os cérebros
direitos inconscientes da mãe e da criança
Papel crítico

O relacionamento inicial com a mãe molda o cérebro do


bebê

O primeiro O desenvolvimento sócio-emocional inicial afeta os


relacionamento mecanismos de mudança do cérebro/mente/corpo em todos
humano os momentos posteriores da vida

Experiência emocional inicial atua como uma matriz


relacional

Surgimento da capacidade de compartilhar um


relacionamento amoroso com um outro
O amor é

A característica mais
Um estado ou Afeto profundo –
Substantivo e verbo essencial da
sentimento forte apego emocional
experiência humana

Ações que expressam


Sentimento de
afeto físico, ternura e
ternura, paixão e calor
bondade
(intrapessoal)
(interpessoal)
O amor de mãe

• A maioria das mães têm a intenção de amar seus bebês


• Os processos subjacentes envolvidos no amor operam abaixo do nível
da consciência
• Mecanismos relacionais psicobiológicos constituem a base do amor
mútuo: neurobiologia e psicanálise
• Um começo de vida amoroso pode moldar epigeneticamente processos
de desenvolvimento básicos na infância
Darwin (1872): A emoção de amor, por exemplo a de uma mãe pelo
filho, é uma das mais fortes que a mente é capaz

Freud (1940): Relação entre mãe-criança é única e sem paralelos,


estabelecida inalteravelmente, protótipo de todas as relações amorosas
posteriores

Winnicott (1975): O gerenciamento inicial de uma criança está além


de intenção, só é possível por meio do amor
Background
Bowlby (1953): O amor materno na infância é tão importante quanto
vitaminas e proteínas

Erich Fromm (1956): O problema central no desenvolvimento


individual é: qual o significado que o desejo pela mãe tem? O que
constitui o vínculo com a mãe?
Maslow (1968): Necessidade de amor e pertencimento
logo acima das necessidades básicas

MacLean (1989): Em momentos emocionalmente


intensos as expressões do bebê ativam regiões do cérebro
direito da mãe

Background Joseph (1990): A amígdala e o cíngulo anterior são


essenciais para desenvolvimento e manutenção de
vínculos sociais e emocionais de longo prazo

Schore (1994): O córtex orbitofrontal direito age como o


centro de controle do apego. Aspectos do amor materno
são inscritos nos circuitos do sistema pré-frontal
lateralizado
O amor mútuo
• O amor é satisfatório e desejável apenas se for mútuo
• Mudança de perspectiva - o cérebro relacional
• Estudo do amor mútuo comunicado em contexto relacional
• Dimensões da emoção: valência/excitação
• Estados compartilhados de amor recíproco geram os mais intensos estados de
excitação emocional e afetos positivos na experiência humana
• Todas as formas de amor mútuo se originam nas primeiras experiências
afetivas
Amor “calmo” ou amor “animado”
(Winnicott, 1963)

• Amor “calmo” • Amor “animado”


• Regulação de um estado de afeto • Regulação de uma excitação
negativo forte, de grande emocional em um estado
excitação, para um estado de baixa intensamente excitado e positivo
excitação expresso em conforto e com grande potencial energético
alívio do estresse expresso em alegria
Ninar o bebê
• Lado esquerdo
• Amor “calmo”
• Funções do hemisfério
direito
• Lateralização de sistemas
no desenvolvimento
cerebral

(Schore, 2019, p. 405)


Ninar o bebê

• Lado direito
• Amor “animado”
• Estimulação

(Schore, 2019, p. 407)


Neuroimagens maternais (fMRI)

Estudos de
Utilização de vídeos
neuroimagem sobre
ou gravações da
amor em díades mãe-
mãe/bebê
criança
Bartels e Zeki (2004)

• “The Neural Correlates of Maternal and Romantic Love”


• Estudo fMRI de mães vendo fotos dos rostos dos filhos
• Estado afetivo extraordinário
• Ativações:
• Córtex lateral orbitofrontal: estímulo prazeroso
• Cíngulo anterior: sentimentos de empatia e querer cuidar
• Ínsula: área envolvida na parte visceral de estados emocionais regulando repostas emocionais/hormonais a
carinho e contato de pele
• Áreas corticais – giro fusiforme: leitura de expressões e reconhecimento facial
• Desativações
• Áreas cognitivas relacionadas à “teorização”
• Emoções negativas como agressão e medo
Emergência do amor mútuo aos 2-3 meses
• Período de transição em que surge um “eu”
• Possibilidade de interpessoalidade e interações
• Expressão primordial de amor mútuo é nesse período
• 3 primeiros meses
• Grande neuroplasticidade e crescimento do cérebro
• Mudanças estruturais neuroplásticas no cérebro da mãe no mesmo período pós-
natal
• Sentimentos positivos intensos de amor estão associados a mudanças no cérebro
da mãe
Mecanismo evolutivo

Criação do amor mútuo Vínculo de apego


Matriz intersubjetiva
entre mãe-criança emocional forte

A base biológica de
Efetividade de Sensibilidade maternal
vinculação parental e
engajamento romântico durante os 3 primeiros
romântica compartilham
posterior anos de vida
mecanismos similares
Apaixonar-se é o protótipo de
formação de relacionamento

Estudos de
fMRI de O amor “animado” evolui para
indivíduos estados intensos de amor romântico
apaixonados
Euforia; atenção intensamente
focada em um indivíduo;
pensamento obsessivo;
Respostas emocionais
dependência emocional; aumento
de energia; ativações de áreas
associadas a recompensa e
motivação
Amor companheiro

• Sentimentos
• Calma, segurança, conforto social e união emocional

• O amor “calmo” evolui para intimidade compartilhada, calor


profundo e união emocional característica de todas as relações
extremamente próximas
• Momentos de intimidade intensa de amor “calmo” mútuo envolve
regulação sincronizada de sistemas nervosos autônomos
O amor mútuo ao longo
da vida
• Períodos críticos de amadurecimento neurobiológico
• Experiências entre mãe-filho de estados
extraordinariamente afetivos de amor mútuo
imprimem a conectividade dos circuitos corticais e
subcorticais do sistema límbico
• Amígdala direita, cíngulo anterior direito e córtex
orbitofrontal direito
• Envolvimento central da amígdala em todas as
formas de relações muito próximas que
compartilham estados emocionais intensos
• Competência interpessoal, capacidade
de interagir e comunicar-se com outros
• Identificar estímulos sociais, entender
intenções, consciência das dinâmicas de
Funções relações sociais
adaptativas do • Conectividade emocional, regulação de
emoções, integração de experiências
cérebro direito negativas, resiliência, confiança,
atenção ampla
• Desenvolvem-se durante os primeiros
meses de vida
Amizades profundas e duradouras, relacionamentos românticos
duradouros, experiências espirituais íntimas e compartilhadas

Mecanismos neurobiológicos interpessoais de ressonância e


amplificação de ativação emocional intensa

Experiência Intersubjetividade
de união
Estado de expansão de si mesmo, completude e integração

A busca por amor mútuo é um sistema motivacional principal


expresso desde o começo até o fim da vida
• Olhar nos olhos, sem falar, por vários minutos, como janelas da alma
• Atenção aos sentimentos do outro, chegando a antecipá-los
• Brincadeiras com imitações faciais, gestuais e posturais
• Criação de um mundo privado, um espaço intersubjetivo exclusivo
• Palavras especiais, abreviações secretas, rituais e lugares sagrados

Elementos do apaixonar-se
Processamento emocional

• O amor mútuo aumenta o processamento emocional lateralizado no


cérebro direito de qualquer díade amorosa
• A intimidade está relacionada tanto com o amor “calmo” quanto
“animado”, expressa em estados adaptativos posteriormente
• Criatividade, imaginação e senso de humor compartilhados
• Rir intensamente até quase chorar
• Ser capaz de comunicar sonhos e esperanças profundamente pessoais
Conclusão

“A primeira expressão de amor entre mãe e criança representa


uma das mais fortes e evolucionariamente preservadas formas de
afeto positivo no cenário emocional do comportamento
humano”, um mecanismo biologicamente essencial para a
preservação da espécie humana (Schore, 2019, p. 478-79).
Falling in Love is Associated
with Immune System Gene
Regulation Resultados
• Pesquisa nos EUA (Murray et al., 2019) • 17 mulheres reportaram estarem apaixonadas
no período da pesquisa; 25 não; 5 reportaram
• Impacto somático de apaixonar-se
apaixonar-se durante a pesquisa
• Objetivo de caracterizar o impacto do amor
• Alteração (pequena) na regulação de genes de
romântico na função genômica humana
células imunológicas
• Condução do transcriptoma (perfil global da • Efeitos não associados a alterações em
expressão gênica) de células circulatórias do sentimento de solidão, doenças ou contato
sistema imunológico sexual
• 115 amostras de sangue de 47 jovens • Limitação sobre medir a presença ou ausência
mulheres ao longo de 2 anos de amor dicotomicamente
“Mother and child in
an MRI scanner”
(Schore, 2019, p. 22)
Referências
SCHORE, A. The Development of the Unconscious Mind (Norton Series on
Interpersonal Neurobiology). New York, NY: W. W. Norton & Company, 2019.
MURRAY et al. Falling in Love is Associated with Immune System Gene
Regulation. Psychoneuroendocrinology, 100, p. 120-126, 2019.

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