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Número de Neper

Número de Neper
𝑛
1  
𝑢
Consideremos a sucessão de termo geral 𝑛 = 1+
𝑛 ( ).
Tem-se que:
1
 𝑢   1
(1+ 1 ) ¿ 2
1¿
2
 

  𝑢 ¿ (1+ 1 ) ¿2,25
2
 
 
2
3
𝑢 ¿ 1+ 1 ≈2,37037
 
  3
( 3)  

 
10
 
Tal como os cálculos efetuados
  𝑢10¿ 1+ 1   sugerem, a sucessão é crescente e
( ) ≈2,  59374
  10
… é majorada.
100
 𝑢100 ¿
  1
1+ ( 100 ) ≈2,  70481

 
1000
 𝑢1000   1
¿ 1+ (
1000 ) ≈2,  71692
Número de Neper
𝑛
  1
𝑢
A sucessão de termo geral 𝑛 = 1+
𝑛( ) é crescente.

Demonstração

Utilizando a fórmula do desenvolvimento de um binómio, tem-se:


𝑛
  1
𝑢𝑛 = 1+ (
𝑛 )
 

  1 𝑛 ( 𝑛 −1 ) 1 2 𝑛 ( 𝑛 −1 ) ( 𝑛 −2 ) 1 3 1 𝑛
¿ 1+𝑛× +
𝑛 2!
×
𝑛 ()
+
3!
×
𝑛
+…+
𝑛() ()
1 𝑛 ( 𝑛− 1 ) 1 𝑛 ( 𝑛 −1 ) ( 𝑛 −2 ) 1
¿  1+1+ × + × +…+ 𝑛
2! 𝑛×𝑛 3! 𝑛 ×𝑛 × 𝑛 𝑛
1 𝑛 −1 1 𝑛− 1 𝑛 −2 1   A soma tem parcelas
¿  2+ × + × × +…+ 𝑛
2! 𝑛 3! 𝑛 𝑛 𝑛
  1 1 1 1 2 1
¿ 2+
2! (
× 1− +
𝑛 3! ) (
× 1 − × 1− + …+ 𝑛
𝑛 𝑛 𝑛 )( )
Número de Neper

Demonstração (continuação)
  1  𝑛 1 11 1 2 1
𝑢𝑛 = 1+(𝑛 )
¿ 2+
2! 𝑛 3! (
× 1− )
× 1 − × 1− + …+ 𝑛
𝑛 𝑛
+
𝑛 ( )( )
  1 1 1 1 2 1
  𝑢¿ 2+
𝑛+ 1
2!
× 1− (
+
𝑛+1 3 !
× 1 −
𝑛+1 )
× 1 −
𝑛+1 (
+…+
( 𝑛+1 )𝑛+1 )( )
  A soma tem parcelas
 
Vamos agora comparar as parcelas de e de :
 1 1 1 1  1 1  1 1

2!
× 1− ( >
𝑛+1
×) 1 −
2!
⇔ 1
(

𝑛+1
𝑛 )
>1−
𝑛
⇔−
𝑛+ 1
>−
𝑛
  1 1
𝑛+1 𝑛 ⇔ 𝑛<𝑛+1
⇔ <
Verdadeiro
 1 1 2 1 1 2
 3! × 1−( 𝑛+1
× 1−) ( > × 1− × 1 −
𝑛+ 1 3 ! 𝑛 )𝑛 ( )( )
Verdadeiro
Número de Neper

Demonstração (continuação)
Resulta que:
 
 tem mais uma parcela positiva do que ;
 
 As primeiras parcelas de e de são iguais;
 
 A segunda parcela de é superior à segunda parcela de ;
 
 A terceira parcela de é superior à terceira parcela de ;

 E assim sucessivamente.

 
Donde se conclui que ,, isto é, a sucessão é crescente.
Número de Neper

 
, tem-se que .

Demonstração
 
Mostra-se por indução matemática que , .
 
i. Para , tem-se que:
Verdadeiro
 3 !>2 ⇔ 6> 43−1

 
ii. Hipótese de indução:
 
Tese de
 ( 𝑛 +1 ) ¿!( 𝑛+1 ) ×𝑛 !
indução: ¿ ( 𝑛+1 ) ×2𝑛 −1
Hipótese de indução
𝑛 −1
≥ 4×2
 
  2 𝑛 −1
×2
¿2 𝑛+1  Assim, , .
¿ 2𝑛
 

¿2
 
Número de Neper
𝑛
  1
𝑢
A sucessão de termo geral 𝑛 = 1+(𝑛 ) é limitada.

Demonstração 𝑛
  1
𝑢
A sucessão de termo geral 𝑛 = 1+(𝑛 ) é crescente.
 
Logo o seu primeiro termo, que é , é um minorante da sucessão , isto é
  1 𝑛
( 𝑛)1+ ≥2   , .
𝑛
  1
Vamos provar que ( 1+
𝑛 ) <3   ,.

Anteriormente vimos que:


1 𝑛
  1 1 1 1 2 1
 
(
𝑢𝑛 = 1+
𝑛 ) ( ) (
¿ 2+ × 1 − + × 1 − × 1 − +…+ 𝑛
2 𝑛 3! 𝑛 𝑛 𝑛 )( )
 Como , tem-se que .

 Como , tem-se que .


Número de Neper

Demonstração (continuação)

Procedendo da mesma forma para as restantes parcelas, conclui-se que:


  𝑛 <2+ 1 + 1 +…+ 1 .
𝑢
2 3! 𝑛!
 
Como, para , já se provou que , vem que, para ,
 1 < 1 .
𝑛! 𝑛− 1
2

Assim,
  2+ 1 + 1 +…+ 1 .
  𝑛 <2+ 1 + 1 +…+ 1 ¿
𝑢
2 3! 𝑛! 2 22 2
𝑛 −1

 
Aplicando a fórmula da soma dos primeiros termos de uma progressão
geométrica, vem que: 𝑛 −1
1
 
 1 + 1 +…+ 1 ¿ 1 ×
1− ( )   1 𝑛 −1

2 2
2 𝑛 −1
2 2
2
1−
1
2
¿ 1−( )
2
Número de Neper

Demonstração (continuação) 𝑛− 1 𝑛 −1
  1 1  
𝑢
Portanto, tem-se que 𝑛 <2+1 −
2 ( ) 𝑢
, ou seja, 𝑛 <3 −
2 ( ) .
  1 𝑛−1 1 𝑛
Como 3 −
2 ( )  
<3, conclui-se que 1+
𝑛
<3   , .( )
 
Portanto, todos os termos da sucessão estão compreendidos entre e , pelo
que a sucessão é limitada.
𝑛
  1
𝑢
A sucessão de termo geral 𝑛 = 1+
𝑛 ( ) é convergente.

Recorda que toda a sucessão monótona e limitada é convergente.


𝑛
  1
 
(
Prova-se que o limite de 1+ )
é um número irracional, designado por
𝑛
número de Neper ou número de Euler, e se representa por .
Número de Neper

 
O número representado pela letra designa-se por número de Neper e é o
  1 𝑛
( )
limite da sucessão de termo geral 𝑢𝑛 = 1+ 𝑛 , ou seja,
  𝟏 𝒏
( )
𝐥𝐢𝐦 𝟏+
𝒏
=𝒆 .
 
O número é um número irracional cujo valor arredondado às milésimas é .

 
Repara que do ponto de vista dos juros compostos, representa o montante
disponível ao fim de um ano, dividindo esse ano em períodos iguais e
capitalizando-se um juro de no  final de cada um deles, relativamente a
um capital inicial de e a uma taxa anual de juros de .
Exercício 1

Determina os seguintes limites de sucessões:


2 −𝑛
  1 5𝑛   1
a) lim ⁡ ( )
1+
𝑛 b) lim ⁡ 1+
𝑛 ( )
𝑛 𝑛+2
  𝑛+1   5+5 𝑛
lim ⁡(
3𝑛 )
lim ⁡(
c) d) 𝑛 )
Sugestão de resolução:
𝑛 5 𝑛 5
1 5𝑛   1 1
a)
 
lim ⁡ 1+( )
𝑛
¿ lim ⁡ 1+
𝑛 [([ )]  
¿ lim ⁡ 1+
𝑛 ( )] ¿  𝒆 𝟓

2 −𝑛 2 −𝑛 𝑛 −1
1 1 1 1
b)
 
𝑛
 
lim ⁡(1+ ) ¿ lim ⁡( 1+ ) × lim ⁡( 1+ )
𝑛 𝑛 [( ) ]   2
¿ 1 × lim ⁡ 1+
𝑛
¿  𝑒 −1   𝟏
¿
𝒆
𝑛 𝑛 𝑛
𝑛+1 ¿ lim ⁡ 1 × 𝑛+1 ¿ lim ⁡ 1 × lim ⁡ 1+ 1 ¿ 0 ×𝑒 ¿ 𝟎
𝑛    
c)
 
lim ⁡(
3𝑛 )
(3 𝑛 ) (3) ( 𝑛)    
𝑛+2 𝑛 +2 𝑛+2
  5+5 𝑛   1+𝑛 1  
lim ⁡(
𝑛 ) ( 𝑛) ( 𝑛) 𝑛+2
d) ¿ lim ⁡ 5 × ¿ lim ⁡5 × lim ⁡ 1+
𝑛 2
  1 1
¿ lim ⁡5 ×lim ⁡5 ×lim ⁡(1+ ) × lim ⁡( 1+ ) ¿+∞ × 25× 𝑒 ×1 ¿+∞
𝑛 2
   
𝑛 𝑛
Exercício 2

 
Caso se aplique um juro de ao ano a um capital inicial de , determina o
capital acumulado ao fim de um ano, com aproximação às centésimas, se o
juro for capitalizado:
a) anualmente; b) semestralmente;
c) mensalmente; d) diariamente;
e) hora a hora; f) continuamente.
Sugestão de resolução:
 
a) Sabemos que dado um capital inicial , e aplicando-se juros compostos à
taxa de a , tem-se que o capital disponível ao fim de períodos de tempo
𝑛
 𝐶 0 1+ 𝑟
é igual a ( 100 ) .

 
No contexto deste problema, , e ano.
 
O capital acumulado no final do ano é .
1
  100
𝐶 1 =1000 × 1 ) 𝟐𝟎𝟎𝟎
¿  10 00× ( 1+1 ¿ +
100 ( )
Exercício 2

 
Caso se aplique um juro de ao ano a um capital inicial de , determina o
capital acumulado ao fim de um ano, com aproximação às centésimas, se o
juro for capitalizado:
a) anualmente; b) semestralmente;
c) mensalmente; d) diariamente;
e) hora a hora; f) continuamente.
Sugestão de resolução (continuação):
 
b) Sabemos que, dados um número real , um número natural e um capital
disponível no início de um determinado período de um ano, se dividirmos
esse ano em períodos iguais, de medida temporal , e aplicarmos juros
𝑟
 
compostos à taxa de % períodos ao capital inicial ,
a , durante esses
𝑛
o capital disponível ao fim de um ano é igual a
𝑛
 𝐶 0 1+ 𝑟
( 100 𝑛 )
.
Exercício 2

 
Caso se aplique um juro de ao ano a um capital inicial de , determina o
capital acumulado ao fim de um ano, com aproximação às centésimas, se o
juro for capitalizado:
a) anualmente; b) semestralmente;
c) mensalmente; d) diariamente;
e) hora a hora; f) continuamente.
Sugestão de resolução (continuação):
 b) No contexto deste problema, tem-se que: , e meses.

  1 2 1 00
 
2
¿ 1000
𝐶 1 =10 00 × × 11+
+  euros.
22 × 100 ( ( ) )
 c) Neste caso, tem-se que: , e meses.
12 12
  11   00
𝐶 1 =10 00 × 1×
¿ 1000 +1+
12 (
euros.
12   × 100 ( ) )
Exercício 2

 
Caso se aplique um juro de ao ano a um capital inicial de , determina o
capital acumulado ao fim de um ano, com aproximação às centésimas, se o
juro for capitalizado:
a) anualmente; b) semestralmente;
c) mensalmente; d) diariamente;
e) hora a hora; f) continuamente.
Sugestão de resolução (continuação):
 
d) Considerando que ano tem dias, resulta que:
365 365
  1
1 00
 
𝐶 1 =10 00 × ¿ 1
1000
+× 1+
365 (
euros.
365×  100 ( ) )
 
e) Se ano tem dias, sabemos que ano tem horas.
8760
    1 8760
1 00
𝐶 1 =10 00 × 1¿+ ( 1000 × 1+
8760 (   euros.
× 100
8760 ) )
Exercício 2

 
Caso se aplique um juro de ao ano a um capital inicial de , determina o
capital acumulado ao fim de um ano, com aproximação às centésimas, se o
juro for capitalizado:
a) anualmente; b) semestralmente;
c) mensalmente; d) diariamente;
e) hora a hora; f) continuamente.
Sugestão de resolução (continuação):
f) Neste caso, se o juro for capitalizado de forma contínua, o período de
medida é “infinitamente pequeno”.
Tem-se que:
𝑛
  1
100 𝑛
 
[
¿ lim 1000×
lim ⁡ 1000 × (
1 +lim ⁡⁡ 1+ ¿  1000 ×𝑒
𝑛 × 𝑛 100 ( ) ) ]
  euros.

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