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História da legislação brasileira

sobre o gás natural


Quanto ao início da exploração comercial do gás natural
no Brasil existe certa divergência entre os historiadores.
Há quem diga, inclusive, que Santos foi uma das primeiras
cidades a fornecer o serviço de distribuição de gás
(inicialmente pela Cia. City, que depois foi incorporada
pela empresa pública Cidade de Santos - Serviços de
Eletricidade e Gás S.A. - CSEG), a partir de 1870 até a
explosão do gasômetro em 9 de janeiro de 1967 (quando
a CSEG foi incorporada pela LIGHT, a qual deixou de
explorar o serviço de fornecimento de gás). Já a
distribuição do gás envasilhado teve início em 1937, pela
Ultragaz S.A. (na época Empresa Brasileira de Gás a
Domicilio Ltda.).
A legislação pertinente a regulamentação do gás
caminha atrelada a regulamentação do petróleo, tendo
como primeiro diferencial a Portaria 1.061/86, do
Ministério de Minas e Energia, que se tornou a primeira
regra jurídico-regulatória (ainda que fosse apenas uma
norma administrativa) sobre o gás natural.
Esta norma regulamentava a distribuição do gás
encanado, que até então era feito apenas em São Paulo e
Rio de Janeiro, onde existiam distribuidoras.
Até a promulgação da CF/88 a exploração comercial do
gás canalizado era de outorga dos municípios
(entendimento que se assentava na distribuição de
competências entre os entes federativos, cabendo sempre
aos municípios a organização dos serviços públicos locais).
Apesar disso, o controle societário das empresas
concessionárias eram das Fazendas Públicas Estaduais.
Com a CF/88, criaram-se dois níveis de governo
competentes para legislar e regular as atividades e
os serviços de gás natural canalizado: União e
Estados.
Em primeiro lugar, a CF/88 transferiu a
competência que antes eram dos Municípios para
os Estados:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se
pelas Constituições e leis que adotarem,
observados os princípios desta Constituição.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente,
ou mediante concessão, a empresa estatal, com
exclusividade de distribuição, os serviços locais
de gás canalizado.
E por fim manteve o monopólio da União quanto a
pesquisa, lavra e transporte:
Art. 177. Constituem monopólio da União:
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e
gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de
origem nacional ou de derivados básicos de
petróleo produzidos no País, bem assim o
transporte, por meio de conduto, de petróleo
bruto, seus derivados e gás natural de qualquer
origem;
A estrutura legal estatizante trazida pela CF/88
teve duração efêmera, pois alguns anos após, a EC
5/95 alterou a redação do §2º do art. 25,
suprimindo que a exploração seria feita por
empresa estatal e proibindo a regulamentação por
medida provisória.
§ 2º - Cabe aos Estados explorar diretamente,
ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de
medida provisória para a sua regulamentação.
Soma-se a essa alteração as alterações trazidas
pela EC 9/95, com relação a flexibilização do setor
e fim do monopólio da União (§1º do art. 177):
§ 1º A União poderá contratar com empresas
estatais ou privadas a realização das atividades
previstas nos incisos I a IV deste artigo
observadas as condições estabelecidas em lei.
Assim, a estrutura legal para o gás natural, desde a
exploração até o consumidor final, sofre
interferência:
Da União: a que tem competência para legislar
sobre as atividades econômicas de exploração,
produção, processamento, importação,
exportação e transporte;
Dos Estados: que tem competência para legislar
sobre os serviços públicos de distribuição.
A Lei do Petróleo (Lei 9.478/97), que criou a ANP,
traz regulamentação acerca da exploração do gás,
incluindo-o no âmbito de competência
regulamentar da ANP, e também traz um conceito
legal de gás (art. 6º, II).
Porém, o marco regulatório para a exploração do gás será
a Lei 11.909 de 04 de março de 2009, também chamada
de Lei do Gás, que em seu artigo 1º preceitua:
Esta Lei institui normas para a exploração das
atividades econômicas de transporte de gás natural
por meio de condutos e da importação e exportação de
gás natural, de que tratam os incisos III e IV do caput
do art. 177 da Constituição Federal, bem como para a
exploração das atividades de tratamento,
processamento, estocagem, liquefação, regaseificação
e comercialização de gás natural.
Assim, com relação a regulamentação do gás
natural, o Brasil apresenta “(...) um cenário
legislativo altamente complexo e que não encontra
paradigma em outros países, o que faz dele
singular”. (COSTA).
História da legislação brasileira
sobre o álcool
Na década de setenta, por conta das Crises do
Petróleo, foi instituído pelo Decreto 75.593/75 o
Programa Nacional do Álcool, ou PróÁlcool, que
visava incentivar a produção do álcool, visando o
atendimento das necessidades do mercado interno
e externo e da política de combustíveis
automotivos, com o objetivo de reduzir as
importações de petróleo.
Em 1979, através do Decreto 83.700, são criados o
Conselho Nacional do Álcool – CNAL, e a Comissão
Executiva Nacional do Álcool, ambos com o
objetivo de implementar definitivamente o
PróÁlcool.
A Lei 7.029/82 passou a dispor sobre o transporte
do álcool por dutos, na forma de concessões da
União.
Em 2000 é criado o Conselho Interministerial do
Açúcar e do Álcool – CIMA, vinculado ao Ministério
da Agricultura e do Abastecimento, o qual tinha
boa parte da competência para regular aspectos
dos biocombustíveis.
A Lei 11.097/05, que introduz o biodiesel e os
biocombustíveis na matriz energética nacional e os
incluiu na âmbito de competência regulamentar da
ANP, inclusive alterando seu nome, que passou a
ser Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis.
Contudo, a determinação do montante de álcool
a ser adicionado à gasolina continuou sendo do
Ministério da Agricultura, condicionada a
aprovação do CIMA.
Em 2009, o diretor da ANP baixou a Resolução
9/2009, a qual determinou que os postos
revendedores passassem a utilizar a denominação
ETANOL ao invés de ÁLCOOL, de forma a adequar-
se a nomenclatura internacional.

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