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A incompletude, o real e a contradição em diferentes

materialidades sobre a imagem feminina


Fernanda Surubi Fernandes
(UNEMAT/CAPES)
Olimpia Maluf-Souza (UNEMAT)

Docente: D
ivino Alex
de Deus R.
Discentes:
Diego K
Paulo .
Narumi Ito
Nayara N. D
ias.
Introdução:

• A linguagem não é um mero código que se aprende e


se aplica de modo mecânico e/ou automático. Não
pode, portanto ser considerada segundo uma visão
mecanicista, que leva a uma produção discursiva
acrítica e/ou limitada em suas possibilidades. A boa
pratica discursiva, ao contrário, implica compreender
que a linguagem não pode ser estudada independente
do seu contexto sócio histórico, isso é, porque traz em
si os valores e a história social de diferentes grupos .
Corpus analítico:

• 1) Recorte do item “observações”, constante nos


registros policiais da cidade de Cáceres-MT, no
período de 60 e 70;
• 2) Uma entrevista realizada em 01 de junho de 2009,
pelo programa Roda Viva com Gabriela Leite,
prostituta aposentada;
• 3) Recorte da letra da música Natasha, da banda de
roque nacional Capital Inicial;
Objetivo principal:

• Verificar como ocorre a formulação e a circulação dos


sentidos de constituição da imagem feminina nessas
diferentes materialidades, tomando como base os
conceitos de real, de incompletude e de contradição,
defendidos por Orlandi (2005 e 2007) e por Lagazzi-
Rodrigues (2011);
• Levando em conta que a Análise de Discurso é uma
disciplina que se institui nas margens, nos
entremeios, na contradição necessária marcada pelo
jogo entre a história, a língua e a ideologia. (p. 66)
• Ressignificação do papel da mulher: dona de casa x
dona de suas vontades;
• Pela observação dos materiais, a prostituta é vista
como pecadora, libertina, sensual, sem moral e
transgressora;
• Há organizações como Os profissionais do Sexo e a
ONG Davida que lutam para tornar a prostituição, no
Brasil, uma profissão legal, com direitos trabalhistas
iguais a qualquer profissão;
• Produzem deslocamentos dos sentidos já cristalizados
em relação a imagem social e a histórica sobre a
prostituição.
Compreender a Análise de Discurso em
diferentes materialidades simbólicas
• Texto 1 O. A.A. – Vulgo “Márcia”
• “Ficha aberta em 21/01/1970. É de cor branca,
cabelos oxigenados, olhos castanhos claros, nariz
grosso, boca normal, boa aparência, compleição
franzina e não tem sinais particulares visíveis nem
defeito físico. É separada do marido, tem um filho
menor que se encontra em companhia de uma tia em
Várzea Grande. Está no meretrício por sua livre e
espontânea vontade, Faltam todos os dentes do
maxilar superior e pretende usar dentadura postiça.
Mede 1.64 cm de altura. Declara nunca haver sido
processada pela Justiça.” (p. 69)
Texto 2: Natasha - Capital Inicial
Texto 3: Recorte da entrevista com Gabriela
Leite realizada pelo Roda Viva 2009
• Nos três recortes percebe-se várias regularidades:
• Vulgo – “nome de guerra”
• (01) O. A. A. – Vulgo “Márcia”
• (02) Era Ana Paula, agora é Natasha
• (03) Em seu livro “Eu, mulher da vida” Leite expõe
que trocou o nome “Otília” por Gabriela
• Conceitos: MULHER E PROSTITUTA
• Apego a aparência, o que faz parecer que ser
prostituta é algo que se inscreve no aspecto físico,
principalmente no rosto:
• “É de cor branca, cabelos oxigenados, olhos
castanhos claros, nariz grosso, boca normal, boa
aparência, compleição franzina e não tem sinais
particulares visíveis nem defeito físico (...)” (p. 69)
(registro policial da cidade de Cáceres-MT, em
1970)

• “ (...)Usa salto quinze e saia de borracha


Cabelo verde, tatuagem no pescoço
Um rosto novo, um corpo feito pro pecado (...)”
(Música Natasha, Capital Inicial)
Discurso sobre a prostituta x discurso da
prostituta
• Posição-sujeito: Gabriela Leite – prostituta
aposentada;
• “(...) prostituta é acima de tudo também mulher
como outra qualquer”;
• Essa necessidade de inclusão remete ao lugar de
apagamento do papel social atribuído a condição
feminina
• “(...) A partir desses sentidos já dados e cristalizados
que o novo, o diferente é possível” (p. 74).
Lei Gabriela Leite
Referências bibliografias:

• FERNANDES, Fernanda Surubi; MALUF-SOUZA, Olimpia. A incompletude, o


real e a contradição em diferentes materialidades sobre a imagem feminina. In: 
MALUF-SOUZA, Olímpia; SILVA, Valdir; ALMEIDA, Eliana de; BISINOTO,
Leila Salomão Jacob (orgs.) Redes discursivas: a língua(gem) na pós-
graduação. Campinas,  SP: Pontes Editores, 2012  (coleção ENALHC)   p. 65
• ORLANDI, Eni Pulcinelli. Exterioridade e Ideologia. In: Caderno de Estudos
Linguístico. Campinas, (30):1-116, Jan./Jun. 1996
• ________ . Estudos da língua(gem): Michel Pêcheux e Análise de
Discurso. Vitória da Conquista. n.1. p. 9 – 13. Junho de 2005.
• ________. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 7.ed. Campinas:
Pontes, 2007.
• _______. Introdução às ciências da linguagem - Discurso e Textualidade.
2º ed.São Paulo: Pontes, 2010 (p.33 a 43).
• LEITE, Gabriela. Filha , Mãe , Avó e Puta: a história de uma mulher que decidiu
ser prostituta/ Gabriela Leite; em depoimento a Marcia Zanelatto. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2009.

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