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Faculdade de Ciências Médicas

Universidade Nova de Lisboa

1º Caso Clínico
Polineuropatia
Amiloidótica Familiar

Departamento de Bioquímica
Bioquímica II
2007/2008
Factos
Dados Pessoais
 Doente do sexo masculino
 30 anos de idade
 Natural da Póvoa de Varzim

História Clínica
 Períodos alternados de obstipação e diarreia, com
duração de 3 anos
 Tonturas
 Impotência sexual
 Pele seca
 Queimaduras indolores
 Dormência nos pés (parestesias) no último ano

Motivo da Consulta
 Dificuldade na marcha durante as últimas semanas
Diagnóstico Diferencial
Sistema Nervoso
Dificuldade na
Periférico
marcha
(vias motoras)

Queimaduras
indolores Sistema Nervoso
Periférico
Adormecimentos / (vias sensitivas)
parestesias
Doença
neurodegenerativa
Sistema
Nervoso
Tonturas Autónomo

Diarreia /
obstipação Impotência
sexual
Hipótese
 Doença neurodegenerativa

Exames Complementares de Diagnóstico


 Estudo electromiográfico (EMG)

Electromiografia- estudo da
actividade eléctrica dos músculos,
normalmente acompanhado pelo
estudo da condução dos nervos
periféricos (sensitivos e motores).
Inserção de eléctrodos nos músculos a
estudar e registo dos potenciais de
acção resultantes da excitação das
fibras musculares.
Resultado: Polineuropatia periférica

Disfunção simultânea de vários nervos


periféricos ao longo do corpo
 Biópsia de nervo e pele
Resultado: Deposição de proteína anormal na matriz
extracelular e sistema nervoso periférico

Variante amiloidogénica da proteína


transtirretina (TTR)

Imagem de microscopia electrónica do


nervo sural
Diagnóstico:

Polineuropatia Amiloidótica Familiar


(PAF)
Bioquímica da
Patologia
Unfolded Protein
Response
(UPR)
Retículo Endoplasmático Rugoso

 O RE é responsável pela síntese de proteínas secretoras e


membranares.

As proteínas necessitam de serem


enroladas (folded) e de sofrerem
modificações pós-traducionais.

Esse enrolamento e modificações


requerem chaperones e um
ambiente propício no interior do
lúmen do RE.
Unfolded Protein Response (UPR)
Todas as proteínas têm uma conformação especial (estado
nativo), que corresponde à forma mais estável da proteína.

Mais de 95% das proteínas


presentes na célula
apresentam-se na sua
conformação nativa (folded).
As restantes encontram-se
desenroladas (unfolded) e/ou
mal enroladas (misfolded).
Unfolded Protein Response (UPR)
 Quando o enrolamento das proteínas no RE é afectado, levando
à acumulação de unfolded & misfolded proteins, o RE entra em
stress.

 São activados mecanismos de sinalização no RE que incluem o


aumento de produção de chaperones e outros processos.

Unfolded Protein Response


(UPR).
Unfolded Protein Response (UPR)
Interrupção da homeostasia do Ca2+ ;
Alteração do estado redox;
Mutações de genes;
Aumento de síntese de proteínas
secretoras;
Excesso de Colesterol;
Alterações das condições metabólicas
Factores que
(privação de glucose, etc.);
activam o UPR:
Infecção patogénica ou viral;
Inibição da glicosilação;
Isquémia
Anóxia;
Diminuição do transporte de proteínas
para o Complexo de Golgi;
Toxinas (Ex.: tunicamycin).
Unfolded Protein Response (UPR)

ERAD

Atenuação
da
Transcrição

Activação da
Transcrição
dos genes
UPR
Unfolded Protein Response (UPR)

A resposta ao stress no  IRE1;


RE é iniciada por três
tipos de sensores  PERK;
proteicos do stress:
 ATF6.
Unfolded Protein Response (UPR)
Stress no
RE
Via Via Via
PERK IRE1 ATF6
Dissociação do BiP do Dissociação do BiP do Dissociação do BiP do
PERK IRE1 ATF6
PERK fosforila o a.a. Splicing do mRNA ATF6 transita para
Serina da subuni. α da XBP1 pelo IRE1 Golgi
eIF2α
Clivada pela S1P e
Proteína S2P
Atenuação Sintetizad XBP1
da Tradução a ATF4
XBP1 liga-se ao ATF6 liga-se ao
ERSE ERSE
ATF4 liga-se
ao ERSE ↑ Actividade
Transcricional de
genes alvo do UPR
Unfolded Protein Response (UPR)
Golgi

RE

Unfolde
d
PER Protein IRE1
ATF
K s
6
ATF
6
XBP
1
eIF2α eIF2α

Pré-mRNA mRNA
ATF4 XBP1 XBP1
Atenuação
da XBP ATF
Tradução ATF4
1 6
Activação da ERS
Transcrição E
Genes Alvo UPR
Unfolded Protein Response (UPR)

 A acumulação de proteínas não funcionais no RE pode


também desencadear uma resposta de stress denominada
“resposta a proteínas mal enroladas”/”Unfolded Protein
Response” (UPR). Esta resposta consiste na repressão da
síntese de proteínas da via secretória, e a activação da
síntese da maquinaria envolvida na maturação das proteínas
e das proteínas envolvidas na ERAD.
Endoplasmic Reticulum
Associated Degradation
(ERAD)
Endoplasmic Reticulum Associated
Degradation (ERAD)

 É um dos três mecanismos do UPR;

 Sistema de grande importância para o reconhecimento

de proteínas mal-enroladas (misfolded), responsável pela

degradação de proteínas formadas no RE, com a ajuda de

chaperones;

 Impede as misfolded proteins de prosseguir ao longo da

via de secreção;
Endoplasmic Reticulum Associated
Degradation (ERAD)
É um processo que pode ser activado pela presença da proteína EDEM,
localizada no RE e regulada pela via IRE1-XBP1.
O EDEM é responsável pelo reconhecimento de misfolded proteins
(principalmente misfolded glicoproteins).

Splicing do mRNA
Stress no Via Dissociação do BiP do
XBP1 pelo IRE1
RE IRE1 IRE1

XBP1 liga-se ao Proteína


ERSE XBP1

↑ Actividade Splicing do mRNA


Transcricional de Proteína
EDEM pelo XBP1
genes alvo do UPR EDEM

ERAD
Endoplasmic Reticulum Associated
Degradation (ERAD)
 Misfolded Proteins são transportados do RE
para o citoplasma para serem degradados;
 O Retrograde transport faz-se através de
translocons (Sec61complex);
 Pode ser reforçado com ATPases presentes
nos proteassomas, visto que podem ser
encontradas junto ao RE;
 No citoplasma, as proteínas seguem a via da
ubiquitina-proteassoma.
Chaperones
Chaperones

• São grandes multisubunidades de proteínas que aceleram o


processo de dobramento, proporcionando um ambiente
protegido onde os polipeptídos se dobram nas conformações
nativas formando estruturas quaternárias.

• Facilitam as interacções apropriadas necessárias à


conformação estrutural das proteínas, impedindo a
formação de ligações erradas.

• Encontram-se em vários organelos celulares (citoplasma,


mitocôndria, lúmen do RE).
Chaperones

• A dobragem proteica é
regulada pelas seguintes
reacções, estimuladas
pelas chaperones:
• a formação das
pontes dissulfito catalisada
pela dissulfito isomerase;
• a isomerização da
ligação prolil-peptido
catalisada por peptidil-
prolina isomerases.
A: oxidação, redução e isomerização das
pontes dissulfito
B: isomerização da ligação prolil-peptido
Chaperones
• Evitam a agregação de proteínas mutantes ou lesadas, encaminhando-as
para a via da ubiquitina-proteasoma, onde são degradadas, evitando
assim a apoptose.

• Estão também envolvidas no transporte de proteínas entre organelos,


nomeadamente no transporte através da membrana mitocôndrial.

• Ligam-se predominantemente às regiões hidrofóbicas das proteínas


desdobradas, evitando assim a formação de agregados insolúveis.

• Funcionam como um mecanismo de detecção de proteínas com


anomalias estruturais devido a uma dobragem anormal.
Chaperones

• A sua síntese aumenta em


situações de stress celular
(como a temperatura
elevada), em que a
conformação das proteínas é
alterada, pelo que as
chaperones ligam-se às
proteínas sendo necessário
sintetizar mais chaperones
para se ligarem às restantes
proteínas alteradas.
Chaperones

• A maioria tem actividade


ATPase:
• o complexo ADP-
Chaperone tem elevada
afinidade para a proteína
desdobrada, e quando se
liga a esta o ADP é
substituído por ATP
• o complexo ATP-
Chaperone vai ser
responsável pela libertação
da proteína correctamente
dobrada.
Exemplos de Chaperones

• Proteína Ligadora de Cadeia Pesada de Imunoglobulina


(BIP) – liga cadeias pesadas de imunoglobulina mal
dobradas, impedindo-as de deixar o RE, onde são
degradadas.

• Calnexina – proteína ligadora de cálcio, localizada na


membrana do RE. Liga as espécies monoglicosiladas de
glicoproteínas, retendo-as no RE até que a glicoproteína
esteja dobrada correctamente.

• Calreticulina – proteína ligadora de cálcio com propriedades


semelhantes à calnexina, mas sem estar ligada à membrana
do RE.
Via Ubiquitina-
Proteossoma
Via Ubiquitina-Proteossoma
Via Ubiquitina-Proteossoma
Implicações Patogénicas da Via
Ubiquitina-Proteossoma
Proteína + Proteína
Via Ubiquitina-Proteasoma
Chaperones Tóxica

V ia
s na
a
ali
nom
A Degradação e
Agresomas
Remoção

Corpos de
Cito-Protecção
Inclusão

Lesão e
Morte Celular
Amiloidogénese
O que é um amilóide?
• Depósito glicoproteico anormal
– Insolúvel
– pode agregar em vários territórios: núcleo,
citoplasma e matriz extracelular.

O compartimento
onde se
localiza o amiló
ide depende
do percursor
amiloidogénico
re spectivo.
Isto condiciona
o tipo de
amiloidose.
Proteínas amilóides

Amilóide
de TTR

Amilóide
β-amiloide
PPI
(Aβ)
Proteínas
amilóides

Amilóide Amilóide
AA PrPSc
Identificação histológica

 PAS positiva
 Cora com vermelho Congo
 Verde fluorescente em luz polarizada
 Rosa em H&E
 Cora-se monocromaticamente com cristal ou
metilvioleta
 Birrefringênia verde que desaparece com
permanganato de potássio
Identificação histológica

Vermelho do Congo +
Luz Polarizada

Vermelho do Congo
Identificação histológica

Hematoxilina-Eosina
Estrutura dos amilóides

• Cadeias polipeptídicas
dispostas
perpendicularmente ao
eixo da fibrilha
• Conformação em folha β-
pregueada antiparalela
Estrutura dos amilóides

Amilóides

Componente fibrilhar Componente não fibrilhar Aminoácidos


(20 /21 tipos diferentes)

amilóide Insolúvel
resistente Proteoglicanos de Sulfato
Componente Amilóide P Apolipoproteína E
à degradação de Heparano e Sulfato de
dermatano

•Deriva de uma proteína plasmática normal


(liga-se GAG e a proteínas ligantes)
•Contribuem para a amiloidogénese
•Resistência a proteases e células fagocíticas;
(estabilização da estrutura fibrilhar)
•estabilização das fibrilas amilóides
Amiloidogénese
• Polimorfismosde
proteínas normais
•Produção
aumentada de Proteína dissociada em
proteínas monómeros
Causas •Mutações no gene
(intermediário estrutural
amiloidogénico)
que codifica a
proteína ou nos
chaperones

Percursor amiloidogénico
Choque
térmico, Percursor amiloidogénico
radicais livres,
Indução Redobragem
mutações, …
de chaperones e/ou
(via ubiquitina-proteossoma)
degradação

Apoptose
Protofibrilhas

Agregação
•Factores extra-
celulares
•Temperatura
•Oxidação Inclusões proteicas
•pH
•Concentração crítica
das protofibrilhas Polimerização

Alteração da arquitectura do
Fibrilhas tecido

Distúrbios associados aos


nervos periféricos

Doença
Condições para a Amiloidogénese
• Concentração suficiente de
percursor amiloidogénico e
características
termodinâmicas favoráveis à
sua evolução

• Características genéticas
favoráveis

• Anormalidades ocorridas
durante a proteólise das fibrilas

• Alteração na matriz
extracelular
Polineuropatia
Amiloidótica
Familiar
Polineuropatias Amiloidóticas
Familiares
 As Polineuropatias Amiloidóticas Familiares, vulgarmente
designadas de PAF, encontram-se dentro do grupo das doenças
amiloidóticas hereditárias.
 Exemplo: Doença de Alzheimer e a amiloidose Sistémica
Senil.

 Em todos os casos, verifica-se deposição nos tecidos de


fibrila, uma proteína insolúvel.
Neste sentido, as PAF caracterizam-se, assim como qualquer
amiloidose, por serem doenças neurodegenerativas raras de
transmissão genética autossómica dominante.

Assim, a doença surge:


 Homozigóticos - Os dois alelos estão mutados
 Heterozigóticos - Apenas um alelo está mutado

No entanto, a grande maioria é heterozigótica.


Tipos

As PAF estão divididas em 4 grupos distintos:

• Tipo I, Paramiloidose, Doença de Corino de Andrade,


ou Doença dos pezinhos.
• Tipo II, de Rukavina ou tipo Indiana.
• Tipo III, de Van Allen ou tipo Iowa.
• Tipo IV, de Meretoja ou tipo Finlandês.
Polineuropatia Amilóidótica Familiar
(PAF)

• Também designada :
– Paramiloidose
– Amiloidose tipo Andrade
– Amiloidose tipo Português
– Tipo I das amiloidoses primárias hereditárias
– “Doença dos pézinhos” (porque determina analgesia dos
pés e atrofia muscular acentuada)
O que é?
Doença neurodegenerativa rara de transmissão genética
autossómica dominante.

Caracteriza-se pela deposição sistémica de variantes


amiloidogénicas da proteina transtirretina (TTR),
particularmente no sistema nervoso periférico (SNP).
Características
• Polineuropatia periférica
Perda de destreza motora, de sensibilidade táctil e de dor

• Problemas cardíacos
Hipotensão ortostática, diferentes arritmias, obstruções auriculoventriculares, resultante
da infiltração de substância amilóide

• Disfunções eréctil e urinária

• Disfunções gastro-intestinais
Resultante da deposição de substância amilóide no estômago e da degeneração
dos nervos autónomos intrínsecos.

• Disfunções renais - Diminuição da filtração glomerular


• Perturbações oculares
Dr. Corino de Andrade

• Nascido a 10 de Junho de 1906, em


Moura, Distrito de Beja
• Licenciado pela Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa em 1929
• Destacou-se em estudos
neuropatológicos em Estrasburgo, sendo o
primeiro estrangeiro a receber o prémio
Dejerine
• Foi o criador do serviço de Neurologia do
Hospital de Sto. António, no Porto.
• Em 1939, observou uma mulher de 37 anos, residente na
Póvoa de Varzim. Tinha, como chamava o povo, a “doença dos
pézinhos” que era um “mal” que afectava os pés e não deixava
caminhar. Chamou-lhe “uma forma peculiar de neuropatia
periférica”.

• Apresentou publicamente em 1951 “uma forma peculiar de


neuropatia periférica” tendo António Flores proposto o epónimo
“Paramiloidose de Corino de Andrade”.

• O artigo na íntegra foi publicado em Setembro de 1952 na Brain


(vol.75: 408-427)
• Fundou o Centro de Estudos da Paramiloidose em 1960
Distribuição Geográfica
Causa
• Mutação no gene da transtirretina plasmática (pré-albumina) – Braço longo do cromossoma 18
(18q11.2-12.1).

• Este gene transmite de modo dominante e não está ligado ao sexo.

• Existem dezenas de mutações com substituições de aa que tornam a proteína amiloidogénica.


Causa
• Mutação pontual [TTR, val30met] ou mutação [met30]
• Pode acontecer na replicação de ADN.
Transcrição

Substituição
DNA: Adenina Guanina

RNAm:
Tradução

Posição 30
Proteína: Valina Metionina
Transtirretina (TTR)
Proteína que forma amilóide na PAF tipo I

Considerações gerais:

•Classicamente designada de pré-albumina (electroforese);


•Produção
•Fígado
•Plexos coroideus (cérebro)
•Retina (olho);
• Solúvel no plasma;
• Estável a nível dos tecidos.
Transtirretina (TTR)
Monómero 2 folhas pregueadas β

Interações
Dímer antiparalelas
o entre cadeias
β - Pontes H

Tetrâmero Interacção
dímero-
dímero:
unidade
funcional da
TTR
Transtirretina mutada

Alterações estruturais:

• Correspondência com a mutação genética em que ocorre a


substituição do nucleótido;

• Proteína solúvel no plasma mas instável nos tecidos;

• Polimerização da proteína e consequente deposição de fibras


de amilóide;
Transtirretina mutada
Alterações estruturais:
Tetrâmeros de TTR mutados
dissociam-se em monómeros de TTR
desdobrados;

Monómeros

Originam-se agregados não-


fibrilhares de TTR, protofibrilhas e
fibrilhas amilóides
(Estas não são destruídos pela via
ubitquitina-proteossoma e apoptose)
• A substância amilóide na PAF I:

• Esta proteína deposita-se na matriz extracelular de


numerosos órgãos, e em particular no nervo periférico,
penetrando no endonervo sob a forma de amilóide.
• O amilóide deposita-se em alguns pontos da glia sub-
ependimária, mas apenas nos pontos em que o revestimento
ependimário está interrompido.
Endonervo
Ao nível das raízes dos nervos raquidianos, na sua
porção intra-meníngea, verifica-se pequenos depósitos
de amilóide, sendo estes maciços nos gânglios
raquidianos.

Segregada
TTR Líquido céfalo-raquidiano

Espaço
Raízes dos nervos
sub-aracnoideu
periféricos
Sintomatologia
Primeiros sintomas:

• Entre os 30 e os 40 anos;

• Diminuição da sensibilidade e parestesias (inicialmente nas


extremidades dos membros inferiores, alastrando-se
posteriormente para os membros superiores e outras regiões do
corpo);

• Alterações dos hábitos intestinais (períodos de obstipação


alternando com diarreia), náuseas, vómitos, hipotensão
ortostática e retenção ou incontinência urinária.
Evolução da doença

• Degenerescência progressiva dos nervos (tipo Português


particularmente severo);

• Atrofias musculares;

• Ausência de reflexos tendinosos,

• Marcha em “steppage”.
Em fases mais tardias:

• Insuficiência renal

• Insuficiência cardíaca

• Alterações oculares

A doença conduz à morte em 10-12 anos.


Alterações patológicas

Lesões nos gânglios posteriores


Deposição de amilóides
dos nervos
nas fibras nervosas
raquidianos – degeneração do
SN Periférico.

As células de Schwan
degeneram.
Redução de densidade
das
fibras nervosas do SNA

Fibras mielinizadas
As fibras nervosas não de maior diâmetro
mielinizadas só são afectadas em
e as mielinizadas de menor estados avançados da
diâmetro são as doença.
primeiras a ser afectadas.
Hipóteses Terapêuticas

A substituição de um
fígado anormal produtor de
Transplante hepático TTR Met30 por um fígado
normal diminui os altos
níveis de proteína anormal
no sangue

Transplante renal e No caso de depósitos


hemodiálise de amilóide no rim

No caso de depósitos
Transplante cardíaco
de amilóide no coração
Transplante Hepático

• O período de manifestação da doença antes do transplante parece ser um


importante condicionante para o tratamento.

• Há quem aconselhe a realização de transplantes duplos ou até triplos

• A produção de TTR pelos plexos coroideu e retina não cessam com o transplante.

• Em casos em que a doença esteja muito avançada, não há benefício com o


transplante, uma vez que os restantes órgãos apresentam já graves lesões
Redução da evolução da
sintomatologia

• Rápida normalização da temperatura nos pés e nas mãos

• No primeiro ano após o transplante, há melhorias nos


distúrbios sensitivos e autónomos

• Não há melhoras na função motora ou nos danos nos órgãos

• A produção de TTR pelos plexos coroideos e retina não


cessam com o transplante
Possibilidades para o futuro
• Fase de Priming – impedir a dissociação do tetrâmero
em monómeros, e consequente formação de espécies
intermediárias (potencialmente amiloidogénicas)

• Fase de Extensão – inibição da associação das


espécies intermediárias e crescimento das fibras

• Fase de Disrupção – desagregação de fibras já


formadas
Atenuação com a DES
A Diethylstilbestrol (DES):
• Estrogénio sintético
• Potente inibidor competitivo da hormona da tiróide
para a TTR
• Contém dois grupos fenil hidrofóbicos com
substituintes hidroxil ligados por um grupo etileno

• Apresenta uma estrutura


molecular semelhante ao
resveratrol, composto descrito
como inibidor da fibrilogénese
Interacção TTR - DES

Nos estudos realizados, obtiveram-se duas formas


cristalinas diferentes do complexo TTR – DES.

A fibrilogénese diminui com


o aumento da concentração
Resveratrol DES
do inibidor (DES).
Outras
amiloidoses
AMILOIDOSES

As amiloidoses são um grupo de doenças que é definido pela


presença de depósitos de proteínas fibrilhares insolúveis
(amilóides), principalmente no espaço extracelular, sendo
classificadas consoante os sinais clínicos e as características
bioquímicas da proteína amilóide envolvida
Amiloidoses - Classificação

Os depósitos de amilóide ocorrem no


• Localizadas seu local de génese ou próximo deste

Os percursores levam à deposição


• Sistémicas amilóide em geral em locais distantes da
sua síntese

Proteínas mutantes desde o nascimento


• Hereditárias

• Adquiridas Surge mais frequentemente como resposta


a uma complicação numa inflamação
crónica
DOENÇA DE ALZHEIMER

- É localizada (cérebro);
- É hereditária e esporádica;
- Inclusões proteicas extra-celulares
de β –amilóide (que deriva de uma
glicoproteína transmembranar
designada proteína precursora β –
amilóide )

Placa neurítica (à esquerda) e novelo


neurofobrilhar (à direita) de Augusto D
• Doença degenerativa
• Causa mais frequente de demência
• Maior incidência a partir dos 45 anos

Lesões associam-se a:
- perda neuronal
- cérebro pequeno
- atrofia mais proeminente na circunvoluções temporais
superiores e média
• Depósitos Amilóides
Depósitos Intracelulares
Trama neurofibrilar (filamentos helicoidais pregueados
formados a partir de uma forma hiperfosforilada da Proteína Tau
associada a microtúbulos).

Depósitos extracelulares
Placas senis ou amilóides constituídas por fragmentos da
Proteína Amilóide β.

Hereditária - precoce
• Tipos

Esporádica - tardia
DOENÇA DE HUNTINGTON

• Desordem hereditária do cérebro


• Inclusões proteicas nucleares
• Repetição exagerada de resíduos de glutamina, levando à
agregação da conformação da proteína – huntingtina – em
estrutura β -pregueada e depósitos fibrilhares
• doença degenerativa que afecta o SNC;
• provoca movimentos involuntários bruscos dos braços,
pernas e cabeça;
• é comum a dificuldade para articular palavras (disartria) e
engolir alimentos (disfagia); há também risco de asfixia;

• as causas de morte destes doentes geralmente estão


relacionadas com as complicações da doença, como
infecções, asfixia e traumatismos crânio-encefálicos.
DOENÇA DE PARKINSON

- Doença degenerativa do sistema nervoso central


- Resulta da acumulação inicial de agregados proteicos
denominados corpos de Lewy e inclusões atípicas no citoplasma de
Alfa-sinucleína que em conformação errada se agregam e
depositam constituindo a maior componente desses agregados
- Causa genética (mutações)

 A partir dos 50 anos


 Incidência máxima aos 75 anos
 Também pode estar relacionada com patologia mitocondrial.
DIABETES MELLITUS TIPO II

- Localizada;
- Existe resistência insulínica e hiperglicémia devido ao aumento
de PPI;
- A deposição ocorre nos ilhéus de Langerhans. Fibrilhas que
contribuem para a degenerescência das células β
PRIONOSES

- Localizada
- A proteína priónica normal, converte-se na proteína priónica
patogénica ou infecciosa, resistente às proteases, e acumula-se em
depósitos amilóides no cérebro
- Hereditária (mutações)
Proteínas infecciosas associadas a doenças neurodegenerativas

Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis

Homem Animais

Doença de Creutzfeld-Jakob Doença das Vacas Loucas


encefalopatia
Espongiforme Bovina)

Amiloidose Localizada
A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é caracterizada por ser:

 Uma desordem cerebral com perda de memória, tremores,


desordem na marcha, postura rígida e ataques epilépticos devido a
uma rápida perda de células cerebrais.
 A doença incide em todas as populações humanas com uma
incidência típica de 1 caso para 1.000.000 de habitantes por ano.
Normalmente aparece na meia-idade com o início médio da
doença ocorrendo na idade de 50 anos.
AMILOIDOSE DO AMILÓIDE SÉRICO A

- É sistémica (fígado, baço, rins e coração);


- Ocorre em doentes com doenças inflamatórias crónicas infecciosas
ou não;
- Tem como consequência a catabolização do amilóide sérico A
Proteína Amilóide Percurssor Consequência S/L H/A Doença

Amilóide Transtirretina (TRR) Proteína tetramérica dissocia- S H Polineuropatias


Transtirretina (TTR) se em monómeros amiloidóticas
familiares

Amilóide AA Amilóide sérico A Catabolizar o amilóide sérico A S (fígado, baço, A Amiloidose de


(AA) em subunidades com rins e amilóide
tendência a se agregarem coração) sérico A
em fibrilhas amilóides

Amilóide PPI Polipéptido pancreático Resistência insulínica e L (pâncreas) A Diabetes Mellitus tipo
dos ilhéus (PPI) hiperglicémia devido ao II, Insulomas
aumento de PPI

Β Amilóide (Aβ) Proteína percurssora do Mutação que aumenta a L (cérebro) H e A(+ Doença de Alzheimer
amilóide (APP) produção da proteína Aβ frequente)

Amilóide PrPSc Proteína priónica PrPc Proteína patogénica age como L (cérebro) HeA Prionoses
uma réplica, convertendo
a proteína normal
Amiloidogénese
chaperones

Proteína degradação
DOENÇA Percursor Amilóide depende da via
amiloide natureza ubiquitina-
Amilóide de Transtirretina proteossoma
TTR TTR
Amilóidose
depósito proteico insolúvel
Polineuropatia ep
os
içã
o

ad
amiloidótica ns
oa
nte
agregação
disfunção
c o consoante
familiar
Sistémica Localizada a
origem
Nucleares Citoplasmática
Hereditária Adquirida Extracelulares
D. Hungtinton
Doenças D. Alzheimer
Diabetes Priónicas D. Parkinson
Mellitus II β-amilóide
deposição
Deposição
proteína priónica
amilóide
normal sensível a α-sinucleína
ilheus
pancreáticos de PrPc proteases
Langerhans

resistência corpos de Lewy


falha nas
células β à insulina proteína priónica resistente a
infecciosa
proteases
PrPSc
Bibliografia
• Azevedo, C. – Biologia Celular e Molecular, 4ª Edição, LIDEL,
2005, Lisboa
• Murray, R.; Granner, D.; Rodwell, V. – Harper’s Illustrated
Biochemistry, 27th edition, McGraw-Hill, 2006, New York
• Lai, E.; Teodoro, T.; Volchuk, A. – Endoplasmic Reticulum
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• www.paramiloidose.com
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