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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Prof. José Barbosa, MSc.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ENCONTRO 1 1. PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO.
2. A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA.
ENCONTRO 2 3. O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA.
4. A SALA DE AULA E A PRÁTICA PEDAGÓGICA: CURRÍCULO ESCOLAR,
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO, INTERAÇÃO PROFESSOR-ALUNO,
RECURSOS DIDÁTICOS.
ENCONTRO 3 5. INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSVERSALIDADE: ÉTICA, SAÚDE, MEIO
AMBIENTE, ORIENTAÇÃO SEXUAL, PLURALIDADE CULTURAL, CULTURA
ÉTNICO-RACIAL, TRABALHO E CONSUMO.
6. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ANALFABETISMO, EVASÃO,
REPETÊNCIA, QUALIDADE DE ENSINO.
ENCONTRO 4 7. FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR.
8. GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO.
ENCONTRO 5 9. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.
PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO
O QUE UM PARADIGMA?
Termo usado por Thomas Kuh
n para designar as realizações
científicas que geram modelos
que, por período mais ou men
os longo e de modo mais ou
menos explícito, orientam o de
senvolvimento posterior das p
esquisas exclusivamente na bu
sca da solução para os proble Paradigma pode ser entendido como a
constelação de crenças, valores e técnicas
mas por elas suscitados. partilhadas pelos membros de uma
comunidade científica
Paradigma em ed
ucação é, portant
o, um modelo/pa
drão explicativo d
e como funciona
a educação, partil
hado por uma co
munidade pedagó
gica.
DUAS CATEGORIAS DE P
ARADIGMAS EDUCACIO
NAIS
Existem duas categorias de
paradigmas: os conservador
es e o inovador. Em cada u
m, muda a visão do que é e
ducar, do que é o professor,
o aluno, o ensino e a aprend
izagem.
PARADIGMA CONSERVADOR
O paradigma conservador, que se materializa nas ab
ordagens tradicional, escolanovista e tecnicista, tem
como características principais transmissão/memoriz
ação do conhecimento, autoritarismo, visão unilatera
l, disciplinaridade, ensino bancário. Baseia-se no pen
samento newtoniano-cartesiano, que se fundamenta
numa visão fragmentada, linear, reducionista e meca
nicista da realidade (FREITAS, 2009).
ABORDAGENS CONSERVADORAS
Na abordagem tradicionalista, a visão pedagógica está centrada no profe
ssor e na transmissão, pedagogia adultocêntrica, com ênfase no cognitivo (ab
strato), na heterodisciplina, na memorização, na repetição. Pedagogia magist
rocêntrica.
A abordagem renovada contrapõe-se à tradicional e se ancora numa visão
existencialista (a natureza humana é determinada pela existência), na vida e
na atividade. O eixo se desloca do intelecto para as vivências, do lógico para
o psicológico, do conteúdo para os métodos; do esforço para o interesse.
Pedagogia pedocêntrica.
A abordagem tecnicista postula que a educação não é só um bem de
consumo, mas também um bem de produção. Visa o desenvolvimento
econômico. Tornou-se a orientação oficial do Brasil nos anos da ditadura
militar (1965-1985) sob a forma de tendência tecnicista. Pedagogia
metodocêntrica.
PARADIGMA INOVADOR
O paradigma inovador/transformador, também conh
ecido como “paradigma emergente” (Santos, 1989),
“paradigma holístico (Cardoso, 1995), “paradigma ec
ológico” (Capra, 1996) ou “paradigma da complexida
de” (BEHREN, 2005), tem como características princi
pais: as abordagens holística/sistêmica, progressista
e heurística (ensino como pesquisa). Materializa-se n
a tendência crítico-social dos conteúdos.
ABORDAGENS INOVADORAS
O precursor da abordagem progressista é Paulo Freire, que enfatiz
a em suas obras o homem como sujeito da educação e a busca pelo p
rocesso de uma transformação social, mediante diálogo e reflexão.
42
O trabalho docente é processual e cíclico, i.e.,. se des
O CICLO DOCENTE
envolve numa sequência de etapas que parte sempre
de um ponto inicial e termina com a recorrência deste
. A administração do ensino busca eficiência e eficácia
e envolve três grandes etapas:
1. PLANEJAMENTO – Etapa reflexiva em que, com bas
e no diagnóstico da realidade (análise da situação),
se faz o prognóstico (estabelecimento de estratégia
s).
2. EXECUÇÃO/ORIENTAÇÃO – Etapa ativa em que se
organizam e dirigem as atividades, mediante motivaç
ão do aluno, apresentação da matéria, integração e fi
xação do conteúdo e governo de classe.
3. CONTROLE – Etapa reflexiva, tanto anterior quanto
ESTAS ATIVIDADES NÃO PRECISAM simultânea e posterior à execução, em que se monito
SER SOLITÁRIAS; PODEM SER ra e avalia o planejamento, o desempenho e os result
COLABORATIVAS. MAS DEVEM SEMPRE ados do ensino para certificação ou retificação da apr
COMBINAÇÃO REFLEXÃO-AÇÃO-
REFLEXÃO. endizagem (MATTOS, 1973; GANDIN, 1994). 43
CICLO PDCA (CICLO DE DEMING)
Planejar “é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com
o previsto” (VASCONCELLOS,1995). Trata-se de uma ferramenta teórica que nos
ajuda a realizar aquilo que desejamos, de forma premeditada e não espontânea.
Projetar o futuro é uma atividade essencialmente humana (Marx), estando presente
em todas as intervenções do homem, inclusive na escola. É essencial para o sucesso
45
de qualquer empreendimento.
FASES DO PLANEJAMENTO
A. PRÉ-PLANEJAMENTO
1. SONDAGEM – Conhecimento da realidade do aluno e de seu ambiente. Isto é feito atrav
és da sondagem, coleta de dados sobre recursos, possibilidades e limitações dos alunos e
seu ambiente socioeconômico e pedagógico bem como da própria escola.
2. DIAGNÓSTICO – Com base na interpretação dos dados levantados, faz-se a síntese con
clusiva a respeito da situação a ser enfrentada.
B. PLANEJAMENTO
3. PROGNÓSTICO – Com base no diagnóstico, faz-se a previsão das decisões a serem impl
ementadas
4. ELABORAÇÃO DO PLANO – Colocam-se as previsões por escrito.
C. PÓS-PLANEJAMENTO
5. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO – Coloca-se o plano em prática.
6. AVALIAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO DO PLANO – Avalia-se o plano com vistas ao replane
jamento.
VANTAGENS DO PLANEJAMENTO
AJUDA A
1. ORIENTAR O DESEMPENHO PARA OS OBJETIVOS
2. DIRIGIR O FOCO PARA AS COISAS PRINCIPAIS
2. EVITAR A ROTINA E A IMPROVISAÇÃO
3. PROMOVER A EFICIÊNCIA E A EFICÁCIA DO ENSINO
4. GERAR MAIOR SEGURANÇA NO ENSINO
5. SUPERAR DIFICULDADES
6. GARANTIR ECONOMIA DE TEMPO E ENERGIA
48
TIPOS DE PLANEJAMENTO DE ENSINO
Antes de se lançar ao ensino, o professor tem que planejá-lo. Seus planos podem ter ho
rizontes de tempo diferentes, mas são fases do mesmo planejamento. Este “plano de tr
abalho” (LDB, Art. 13, II) pode ser individual ou colaborativo:
1.
PLANEJAMENTO DA DISCIPLINA/CURSO: previsão geral das atividades de uma co
mponente curricular a serem desenvolvidas no decurso de seis meses a um ano letivo.
2.
PLANEJAMENTO DE UNIDADE: previsão parcial das atividades de uma temática de
ensino (várias aulas correlatas) a serem desenvolvidas no decurso de um mês, bimestr
e ou trimestre letivo.
3.
PLANEJAMENTO DE AULA: previsão específica e detalhada das atividades de um ou
mais conteúdos a serem desenvolvidos no decurso de um ou vários dias letivos.
49
PRODUTOS DO PLANEJAMENTO NÃO CONFUNDIR
O resultado do processo mental do planejamento pode ser um
plano no sentido amplo, um programa, um projeto ou um plano PLANEJAMENTO: Ação
no sentido estrito. de planejar, processo
Um PLANO no sentido geral é a diretriz mais ampla. Pode ser
mental que envolve
composto por um conjunto de programas. análise, reflexão e
Um PROGRAMA é a diretriz de segunda instância, onde são pr
previsão.
evistas as atividades gerais. Pode ser composto por um conjunt PLANO: Termo genérico
o de projetos. para o resultado/produto
Um PROJETO é a diretriz de terceira instância, onde são previ do planejamento. É o guia
stas as atividades específicas. Pode ser composto por um conju de orientação, o esboço
nto de planos específicos. das conclusões do
Um PLANO no sentido específico é o produto de menor alcanc
processo mental de
e entre os possíveis produtos do planejamento. planejar, que pode assumir
forma escrita ou não
(HAIDT, 2002:95;
VASCONCELLOS, 1995).50
TIPOS DE PLANEJAMENTO SEGUNDO LIBÂNEO
CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
TRADICIONAL DE LIBÂNEO
1. O PLANO DA ESCOLA: é o documento mais amplo que articula
escola/sistema escolar/planos de trabalho docente. Corporifica-se no
plano pedagógico e administrativo da escola, no qual se explicitam
concepções teóricas, bases metodológicas, objetivos educacionais
gerais e estrutura curricular, organizacional e administrativa.
1. PLANO DE 2. O PLANO DE ENSINO: é a previsão dos objetivos e tarefas do
DISCIPLINA trabalho docente para o ano ou semestre; é um documento mais
2. PLANO DE elaborado, dividido por unidades sequenciais, no qual aparecem
UNIDADE objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento metodológicos.
Corporifica-se no plano de disciplina e planos de unidade.
3. PLANO DE AULA 3. O PLANO DE AULA: é a previsão detalhada do plano de ensino
para um tópico ou conjunto de tópicos específicos desdobrado numa
sequência lógica. Corporifica-se nos planos de aula (LIBÂNEO,
2013:245). 51
DOCUMENTOS PLANEJATÓRIOS DA ESCOL
A
DOCUMENTOS BASES LEGAIS
Projeto Político Pedagógico Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
(Plano global da escola) Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
Regimento Escolar Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
(Norma jurídica da escola) Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
Plano de Estudos/Curricular Lei de Diretrizes e Bases (LDB)
(Plano curricular da escola) Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
Expectativas de Aprendizagem
Legislação Estadual/Municipal
Plano de Trabalho Guias Curriculares Nacionais, Estaduais e Municipais
(Planos de ensino do professor) Projeto Político Pedagógico (PPP)
Plano de Estudos
52
COMPONENTES BÁSICOS DO PLANEJAMENTO D
E ENSINO
a) DETERMINAÇÃO DOS OBJETIVOS: Descrição dos resultado
CARACTERÍSTICAS s que se pretende alcançar.
DE UM BOM PLANO b) SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS: Descrição dos itens a serem a
prendidos.
Unidade
Coerência
c) ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS DE ENSINO: Descrição d
Flexibilidade os métodos, técnicas e estratégias para colocar o aluno em co
Objetividade ntato com os conteúdos.
Precisão d) ESCOLHA DOS RECURSOS: Descrição dos meios estimulad
Clareza ores ou aceleradores da aprendizagem.
e) ESCOLHA DOS PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO: Descriçã
o dos instrumentos a serem usados para avaliar o rendimento
da aprendizagem (Martins, 1993).
53
DESVIOS A SEREM EVITADOS NO PLANEJAMENTO
54
OS OBJETIVOS EDUCATIVOS
CONCEITO DE OBJETIVO (PARA QUÊ?)
Resultado buscado pela ação educativa durante e no fim do ciclo didático
(VEIGA, 1996:47). Também chamados competências e habilidades, os
objetivos são o ponto de partida do planejamento, na medida em que
antecipam resultados e presidem o processo educativo. Podem ser formulados
em dois níveis:
1) OBJETIVOS GERAIS: Objetivos mais amplos e de longo
PARA QUE SERVE UM prazo, que enfocam o que se quer alcançar no fim do ciclo di
OBJETIVO? dático. Antigamente chamados de educacionais. Explicitados
1. Para formular de nos programas dos sistemas e nos projetos pedagógicos da e
forma concreta e scola para etapas ou ciclos escolares.
objetiva os 2) OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Objetivos mais restritos e de
resultados desejados. curto prazo que enfocam cada passo que se deve dar para alc
2. Para planificar as ançar o objetivo geral. Antigamente chamados de comportam
ações. 3. Para medir entais ou instrucionais. Explicitados nos planos de disciplina,
ou valorar os de unidade e de aula do professor (LIBÂNEO, 20013:135ss; H
resultados. AIDT, 2002:114). 55
OUTRA CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS:
Objetivo
Para Menegolla e Sant’Anna (1993), três são os níveis dos objetivo geral:
s: Desenvolver a
comunicação
1. OBJETIVOS GERAIS: São objetivos amplos, abrangentes e a l oral e escrita em
ongo prazo. Indicados nas guias curriculares dos sistemas e nos pr língua
ojetos pedagógicos da escola para etapas ou ciclos escolares. portuguesa.
2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: São desdobramento dos objetivos Objetivo
gerais, pelo que são mais concretos e explícitos e observáveis a mé específico:
Identificar as
dio prazo. Indicam objetivamente as características e particularida
regras da
des de algo. Indicados nos planos de disciplina e unidade. pontuação.
3. OBJETIVO OPERACIONAIS: São os que podem ser executad Objetivo
os e atingidos através de uma ação concreta e objetiva. Estes são operacional:
decorrências do objetivo específico. O objetivo operacional torna o Escrever três
objetivo específico, mais concreto e detalhado, para ser melhor tra regras de
balhado e avaliado. Indicados nos planos de aula. pontuação após
a explicação do
professor. 56
CLASSIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS (BLOOM)
1. DOMÍNIO COGNITIVO (conhecimento
e habilidade intelectuais: compreensão,
aplicação, análise, síntese e avaliação).
2. DOMÍNIO AFETIVO (receptividade, re
sposta, valorização, organização, atitud
e, valoração).
3. DOMÍNIO PSICOMOTOR (imitação, m
anipulação, precisão, articulação e natur
alização, hábitos, habilidades).
Os objetivos são apenas indicadores do que os alunos podem desenvolver; eles por
si sós não garantem resultados; não devem ser usados de forma rígida e fechada a
ponto de obscurecer a situação concreta; é preciso refletir sobre eles (CANDAU,
2013:128-132) 57
CRITÉRIOS NA ESCOLHA DOS OBJETIVOS
Devem abranger as diversas dimensões hu
EXEMPLO DE
manas, visando à integralidade. ENUNCIADO DE
Devem estar orientados para o que se espe OBJETIVO:
ra dos estudantes, e não do professor. Objetivo geral:
Devem ser realista, viáveis: nem difíceis de Desenvolver a atitude
mais (para não desanimar) nem fáceis dem científica,
ais (para não desinteressar). compreendendo o
Devem ser claros, precisos e de fácil compr método científico como
forma de solução de
eensão.
problema.
Não devem ser cópia dos sugeridos nos pro Objetivo específico:
gramas oficiais, mas adaptados à realidade Caracterizar as etapas
do aluno (MAGER; LIBÂNEO, 2013) do método científico.
Devem ser mensuráveis e observáveis. 58
OS CONTEÚDOS ESCOLARES
CONCEITO DE CONTEÚDO (O QUÊ?):
Conteúdo é o conhecimento escolar, a matéri
a, o saber organizado, as experiências de apr
endizagem, enfim tudo o que deve ser ensina
do, tudo quanto é passível de integrar um pr
ograma ou unidade educativa. É a base objet
iva da instrução. É O QUE o professor vai ens
inar; é O QUE os alunos vão aprender.
Os conteúdos são reunidos por temas em dis
ciplinas (componentes curriculares), que, por
seu turno, são organizadas no currículo.
59
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DOS CONTEÚDOS
OS CONTEÚDOS DE ENSINO ENGLOBAM TRÊS
ELEMENTOS:
1. INTELIGIR (CONHECIMENTOS SISTEMATIZADOS): conceitos,
termos, fatos, fenômenos, leis, relações. É o elemento
unificador.
2. AGIR (HABILIDADES): qualidades intelectuais e manuais,
métodos e procedimentos de estudo: falar francês, conjugar
verbos, traduzir textos. HÁBITOS: modos de agir relativamente
automatizados: físicos, mentais, profissionais, morais, sociais
etc. DESTREZAS: desenvoltura de movimentos: digitar, patinar,
nadar, tocar um instrumento etc.
3. SENTIR (ATITUDES E CONVICÇÕES): modos de valorar, sentir
e se posicionar diante do estudo e do trabalho (LIBÂNEO,
2013:85, 144-146).
FONTES DE CONTEÚDO: Programação oficial contidas nas guias curriculares
(parâmetros, diretrizes e referenciais), livros didáticos, conhecimentos prévios do
aluno, experiência profissional do professor, livros, jornais, revistas etc. 60
(Ibid.
TIPOS DE CONTEÚDOS
A. CONTEÚDOS CONCEITUAIS/FACTUAIS (SABE
R CONHECER) Aqueles relacionados a conceitos, ou s
eja, O QUE O ALUNO DEVE SABER: conceitos, fatos, le
is e princípios. Exigem análise, síntese, reflexão, comp
(CESAR COLL)
aração.
B. CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS (SABER FAZE
R) Aqueles relacionados a procedimentos, ou seja, O
QUE ALUNO DEVE FAZER: ações, regras, técnicas, mét
odos, estratégias, destrezas, hábitos e habilidades. Exi
gem ação ordenada, específica e intencional.
C. CONTEÚDOS ATITUDINAIS (SABER CONVIVE
R E SER) Aqueles relacionados a atitudes, ou seja, CO (ANTONI ZABALA)
MO O ALUNO DEVE SER E CONVIVER: valores, normasO peso desses conteúdos varia de
, crenças e atitudes. Exigem interiorização, condutas edisciplina para disciplina. Educação
física, por exemplo, é mais
posicionamentos. procedimental que conceitual 61
CONTEÚDOS E CAPACIDADES COGNOSCITIVAS
Em estreita relação com os conteúdos, estão as capacida
des cognoscitivas, “energias mentais disponíveis nos indiv
íduos, ativadas e desenvolvidas no processo de ensino”, t
ais como observação, percepção, compreensão, generaliz
ação, análise, síntese, raciocínio dedutivo, indutivo e abd
utivo, memória, linguagem, motivação e vontade. O estu
do ativo das matérias mobilizam a atividade mental dos a
Todo conteúdo lunos para que a aprendizagem não redunde apenas em
deve ser recepção passiva. Importa que os conteúdos sejam não a
educativo e penas informações a serem decoradas, mas meios de for
formador de mar o pensamento crítico e independente (LIBÂNEO, 201
personalidade 3:85-86, 103, 109). O professor deve, portanto, não só e
(SANT’ANNA E nsinar saberes, mas construir competências e habilidades
.
MENEGOLLA, 62
SELEÇÃO DOS CONTEÚDOS
• VINCULAÇÃO: correlação aos objetivos.
• VALIDADE: possibilidade de aplicação.
• SIGNIFICÂNCIA: relacionado às
experiências dos alunos.
• ADEQUAÇÃO: às estruturas cognitivas e
ao tempo disponível.
• UTILIDADE: atendimento das
necessidades e interesses discentes.
• FLEXIBILIDADE: possibilidade de
O professor não deve ficar bitolado alteração.
ao livro didático nem absolutizar os • ELABORAÇÃO: possibilidade de ser
conteúdos. Deve articular matéria,
ensino e conhecimento prévio dos compreendido/reconstruído pelo aluno
alunos (LIBÂNEO). (HAIDT, 2002). 63
ORGANIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS
TIPOS DE ORDENAÇÃO
PLANO VERTICAL – Sequenciação ao longo de várias
séries (Diacrônico).
PLANO HORIZONTAL – Sequenciação dentro de uma
mesma série (Sincrônico).
PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO
O LÓGICO – forma de encadear os conteúdos
segundo as regras do pensamento de modo não
absurdo.
O CRONOLÓGICO – forma de sequenciar os
conteúdos pela ordem de ocorrência.
O PSICOLÓGICO – forma de ordenar os conteúdos de
acordo com as condições do estudante (HAIDT, 64
CRITÉRIOS NA ESCOLHA DOS CONTEÚDOS
Devem servir de base tanto para a informação como para a formação
(dimensão crítico-social).
Devem servir para mobilizar as capacidades cognoscitivas dos alunos.
Devem ser dosados para não haver volume demais nem de menos.
Devem ser transversalizados, contextualizados e interdisciplinarizados.
Devem estar compatibilizados com o nível diferenciado dos alunos e l
evar em conta o saber discente.
Não devem ser apenas cópia dos sugeridos nos programas oficiais, m
as adaptados à realidade do aluno (LIBÂNEO, 2013).
Devem ser assimilados criticamente: “Cabral descobriu ou invadiu o B
rasil?”
Devem estar equilibrados os diferentes tipos de conteúdo para que ha
ja formação integral (ZABALA, 1998).
65
PROCEDIMENTOS DE ENSINO
CONCEITO DE PROCEDIMENTOS (COMO?):
Ações docentes e discentes planejadas pelo professor, tendo em
vista organizar as experiências de aprendizagem, comunicar os
conteúdos e facilitar a assimilação/reconstrução destes. Também
chamadas estratégias pedagógicas, os procedimentos incluem
métodos e técnicas que servem, segundo Tacca (2006), para
apoiar a transferência do conhecimento.
TIPOS DE PROCEDIMENTOS:
Exposição, demonstração, discussão , debate, trabalho em
grupo, estudo dirigido, pesquisa, projeto, jogos, estudo de caso,
de meio e outros métodos, técnicas e estratégias.
CRITÉRIOS NA SELEÇÃO DOS PROCEDIMENTOS:
Correlação com os objetivos, experiência didática do professor,
condições físicas, estrutura do assunto, tempo disponível,
característica dos alunos. 66
TIPOS MAIS COMUNS DE PROCEDIMENTOS
INDIVIDUALIZADOS
• AULA EXPOSITIVA (EXPOSITIVA-DOGMÁTICA OU EXPOSITIVA-DIALOGADA)
• EXIBIÇÃO DE MÍDIA
• AULA OPERATÓRIA
• ESTUDO DIRIGIDO/ESTUDO DE TEXTO
• DISCUSSÃO/DEBATE
• EXERCÍCIO EM AULA
• PESQUISA
SOCIALIZADOS
• JOGOS
• DRAMATIZAÇÃO/TEATRO/SIMULAÇÃO
• TRABALHO EM GRUPO
• SEMINÁRIO
• ESTUDO DE CASO
• ESTUDO DO MEIO
SÓCIO-INDIVIDUALIZADOS
• PROJETOS
• DESCOBERTA
67
• SOLUÇÃO DE PROBLEMAS
MÉTODOS MAIS USADOS EM EDUCAÇÃO
PELO TIPO DE RACIOCÍNIO:
MÉTODO INDUTIVO
MÉTODO DEDUTIVO CAMINHO DO ENSINO
MÉTODO ANALÓGICO Do simples para o complexo
PELO TIPO DE INTERVENÇÃO DO ALUNO: Do fácil para o difícil
MÉTODO ATIVO Do próximo para o distante
MÉTODO PASSIVO Do concreto para o abstrato
PELA ABRANGÊNCIA DO TEMA: Do material para o imaterial
MÉTODO ANALÍTICO Do todo para as partes
MÉTODO SINTÉTICO Da causa para o efeito
PELA ESCOLHA E ORDENAMENTO: Do vulgar para o científico
MÉTODO LÓGICO Da infra para a superestrutura
MÉTODO PSICOLÓGICO (GIL, 2009:144)
PELA ACEITAÇÃO DO CONHECIMENTO:
MÉTODO DOGMÁTICO
MÉTODO HEURÍSTICO 68
RECURSOS DIDÁTICOS
CONCEITO DE RECURSOS (COM O QUÊ?):
Tecnologias, equipamentos, instrumentos e materiais para ilust
rar, estimular, acelerar e fixar a aprendizagem mediante apelo
aos sensores cognitivos (GAGNÉ, 1971). Libâneo chama-os de
“meios” de ensino; Zabala, de “materiais curriculares”; Bordena
ve, de “meios multissensoriais”.
TIPOS DE RECURSOS:
Quadro e pincel, retroprojetor, TV e DVD, projetor multimídia
(datashow), livro didático e paradidático, folhas auxiliares, teso
ura, cola, papel, tinta, e-mail, celular, MP3, flipchart (álbum ser
iado), folhas auxiliares, retroprojetor, lousa eletrônica etc.
CRITÉRIOS NA SELEÇÃO E USO DOS RECURSOS:
Correlação com os objetivos, experiência didática do professor,
estrutura do assunto, tempo disponível, estilo cognitivo dos alu
nos. Não importa o recurso, o significado começa sempre no cé
69
rebro
O PAPEL DO LIVRO DIDÁTICO
Também chamado compêndio, livro-texto, livro escolar, liv
ro de classe, o livro didático constitui grande apoio didátic
o-pedagógico ao professor, ao aluno e ao ensino. Eles aux
iliam o professor ao desenvolver o conteúdo, propõem ex
ercícios para consolidação da aprendizagem, sugerem ativi
dades complementares etc. Deve ser, porém, apenas um
suporte, um apoio, e não uma diretriz. Convém adaptá-lo
à realidade dos alunos.
As decisões sobre a escolha do livro didático muitas vezes
são feitas à revelia dos professores, que são os que vão ut
ilizá-lo. O correto é que o professor ajude a escolhê-los po
r meio de critérios qualitativos. Nessa perspectiva, é precis
o analisá-los não só do ponto de vista metodológico, mas
também ideológico. 70
TICS E NTICS COMO AJUDAS DIDÁTICAS
Resultado do encontro da ciência com a engenharia, as tecnologi
as são ferramentas, equipamentos, materiais, máquinas e proces
sos que potencializam os sentidos e membros humanos. Ex.: mac
hado e microscópio. Dentre as aplicações práticas da ciência, as t
ecnologias de informação e comunicação (TICs) são as mais utiliz
adas como recursos didáticos na educação. As TICs abrangem to
do o conjunto de recursos analógicos ou digitais que permitem pr
oduzir, armazenar, processar, transmitir, acessar ou manipular inf
ormações. Elas interferem e mediam os processos informativos e
comunicais dos seres humanos.
Podemos falar, grosso modo, de dois tipos de TICs: as TECNOLO Analógico: átomos
GIAS TRADICIONAIS (analógicas): quadro, giz, pincel, livro, cade e moléculas
rno, lápis, caneta, retroprojeto, mimeógrafo, máquina datilográfic (material)
a etc.; e as NOVAS TECNOLOGIAS (digitais): lousa eletrônica, can Digital: bits e
bytes (virtual)
eta digital, e-book, tablet, notebook, internet, smartphone etc.
71
AS QUATRO TELAS
Quatro telas mudaram a vida huma
na nos últimos cem anos (minimalis
mo e portabilidade):
1. O CINEMA
2. A TV
3. O COMPUTADOR
4. OS DISPOSITIVOS MÓVEIS (Cel
ular, smartphone, tablet) que no
s libertaram dos cabos e fios
A AVALIAÇÃO É
QUANDO AVALIAMOS UM MEIO, E NÃO
UM FIM EM SI
No início, para planejar (função diagnóstica) MESMA. É PARTE
INTEGRANTE, E
Durante o processo, para verificar se os objetivos NÃO ISOLADA,
estão sendo alcançados (função controladora) DO PROCESSO
No final, para tomar decisões sobre a promoção ou DE ENSINO-
retenção dos alunos (função classificatória) APRENDIZAGEM.
77
MODALIDADES/FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO
1. DIAGNÓSTICA (AVALIAÇÃO INICIAL): Realizada no início de cada período, unid
ade ou bloco letivo. Visa identificar características dos alunos, levantar conhecimentos p
révios, domínio de requisitos, aptidões, potencialidades e limitações e rendimento. Tem
função heurística (pesquisacional). Enfoca causas, efeitos e condições.
2. FORMATIVA (AVALIAÇÃO PROCESSUAL): Realizada durante o período, unidade
ou bloco letivo. Visa, mediante acompanhamento progressivo, orientar o aluno na super
ação das dificuldades de aprendizagem e subsidiar a reorganização do trabalho docente
, mediante (a) readequação do ensino; (b) retomada dos conhecimentos não assimilado
s; e (b) aperfeiçoamento do ensino através de replanejamento ou redirecionamento de
práticas pedagógicas ineficazes. Tem função reguladora e controladora (feedback). Enf
oca o processo.
3. SOMATIVA (AVALIAÇÃO FINAL): Realizada no fim de cada período ou bloco letiv
o. Visa fazer um somatório do programa instrucional para subsidiar o Conselho de Class
e, na promoção, retenção ou reclassificação dos alunos segundo o nível de aproveitame
nto. Tem função integradora e finalística. Síntese da diagnóstica e da formativa. Enfoca
o produto (HAIDT, 2002:16-18).
78
FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO SEGUNDO LIBÂNEO
CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
TRADICIONAL DE LIBÂNEO
1. FUNÇÃO PEDAGÓGICO-DIDÁTICA: Refere-se à
comprovação sistemática das finalidades sociais do ensino.
Permite avaliar o cumprimento dos objetivos gerais e específicos
da educação escolar como um todo (art. 2º, LDB96).
1. DIAGNÓSTICA 2. FUNÇÃO DIAGNÓSTICA: Refere-se ao levantamento de
dados para determinar a situação do aluno em face do ensino.
Permite identificar potencialidades e limitações bem como
progressos e dificuldades dos alunos.
2. FORMATIVA 3. FUNÇAO DE CONTROLE: Refere-se ao acompanhamento
3. SOMATIVA do processo. Permite tanto regular a aprendizagem quanto
atribuir notas e classificar o aluno de forma parcial ou final.
(LIBÂNEO, 2013:217).
79
TAREFAS DA AVALIAÇÃO
A avaliação escolar é um componente do processo de ensino. Trata-se de
um meio, e não de um fim em si mesmo.
São tarefas da avaliação:
1. Verificação: coleta de dados sobre o aproveitamento dos alunos por
meio de provas, exercícios, tarefas, observação, entrevista etc.
2. Qualificação: confronto entre os resultados obtidos e os objetivos
propostos, com eventual atribuição de notas ou conceitos
3. Apreciação qualitativa: avaliação propriamente dita dos resultados.
3.
TEMPO
•Unidade e Coerência: conexão objeti
4.
SENSIBILIZAÇÃO vos e meios.
5.
CONTEÚDO •Continuidade e Sequência: integraçã
6.
PROCEDIMENTO o entre as atividades.
7.
RECURSOS •Flexibilidade: reajuste e adaptação.
•Objetividade e Funcionalidade: anál
8.
AVALIAÇÃO
ise das condições da realidade.
9.
INTERDISCIPLINARIDADE •Precisão e Clareza: redação não ambí
10.
CONTEXTUALIZAÇÃO gua.
11.
TRANSVERSALIDADE
12.
BIBLIOGRAFIA
(VASCONCELLOS, 2000:148) 82
DIDÁTICA EM QUESTÃO
Mas a didática não é um receituário. É articulação entre teo
ria e prática, ação e reflexão. Não deve se limitar apenas a
o instrumental, dada à multidimensionalidade do processo
ensino-aprendizagem.
Há nela uma dimensão humana, técnica e político-social.
Embora tenha por objeto o “como fazer”, a didática só fará
sentido quando articulada ao “para que fazer” e “por que fa
zer” (CANDAU, 2013a:14).
É preciso também articular a didática vivida e a didática pe
nsada (CANDAU, 2013b:183).
83
INTERAÇÃO ENTRE PROFESSOR E AL
UNO
84
SALA DE AULA: ESPAÇO DE INTERAÇÃO
Cada classe constitui um grupo social multicultural,
dentro da comunidade maior, que é a escola. A
sala de aula é uma rede de relações interpessoais
em que professor-aluno e aluno-aluno interagem
(influência mútua mediante comunicação e
convivência) durante 200 dias por ano, quatro
horas por dia. Essas interlocuções sociais são o
cerne do processo pedagógico: podem ajudar ou
atrapalhar no processo, na medida em que
influenciam o afetivo, o cognitivo e o psicomotor
de ambas as partes (PILETTI, 2003:78-87). As
relações entre quem ensina e quem aprende
repercutem na aprendizagem (BRUNER). 85
O professor não deve
considerar os alunos
CLIMA DA AULA
É claro que o bom relacionamento na sala depende
como uma massa
homogênea e muito do clima que o professor imprime. A maior fonte
indiferenciada, mas como de motivação ou de desmotivação do aluno é a própria
individualidades diversas personalidade do professor, sua simpatia, empatia ou
e singulares. Para ensinar antipatia e tipo de liderança (autocrática, democrática ou
melhor, é preciso acrática). Ele sempre deixa alguma marca (GUSDORF;
conhecer a natureza FREIRE).
diferencial dos alunos, já As emoções são contagiosas. O clima deve ser de
que as características liberdade responsável, e não de medo e coerção nem de
pessoais discentes
desrespeito e anarquia. Nesse intercâmbio, a atitude
afetam significativamente
o processo de ensino- dialógica é fundamental. É preciso equilibrar autoridade
aprendizagem. É preciso e afetividade. Afetividade não é nem paixão nem
se concentrar mais no compaixão (LUCKESI). É preciso promover a autoestima,
aluno do que na matéria a autonomia.
(BORDENAVE E PEREIRA, Diálogo x Duelo. Simpatia/Empatia x Antipatia/Apatia.
2013:63-64, 75). Percepção correta, falsa ou preconceituosa do outro.86
COMO INCENTIVAR OS ALUNOS
AIDA
AIDA é uma
estratégia de
publicidade que
tenta explicar
como funciona o
comportamento
humano em
relação à
aquisição de um Pode ser usado perfeitamente em sala de
produto ou aula para despertar a Atenção, criar o
serviço. Interesse, estimular o Desejo e levar o
aluno a Ação.
88
DESVIOS A SEREM EVITADOS NA EXECUÇÃO
DO ENSINO
Hipertrofia dos conteúdos conceituais em detrimento dos procedimentais e
atitudinais
Hipertrofia dos objetivos cognitivos em detrimento dos afetivos e psicomot
ores
Padronização das aulas
Autoritarismo em vez de autoridade por parte do professor
Passividade e memorização por parte do aluno em vez de atividade e comp
reensão
Heteronomia em vez de autonomia tanto docente quanto discente
Distanciamento afetivo
Ausência dos aspectos filosóficos e sócio-políticos na prática pedagógica, e
nfatizando informação em vez de formação
Indiscrição, assédio, bullying, injustiças, desrespeito aos funcionários da es
cola, falta de ética com os colegas ou com a instituição 89
DIREÇÃO/GOVERNO DE CLASSE
Governar a Equilibre autoridade firme e serena com afetividade.
classe é Apele à responsabilidade, jamais ao suborno, chantagem
assegurar a emocional ou ameaça.
ordem, a Utilize maneiras positivas de orientar (liberdade, empatia,
concentração e apreço, contrato didático etc.)
a disciplina, a Elabore com a turma um contrato didático (código de
garantir o conduta), combinando o que pode e o que não pode fazer.
Não seja superprotetor nem negligente, mas empático.
melhor
Promova um clima de respeito e confiança mútuas.
aproveitamento
Foque mais nas soluções do que nos problemas.
do tempo e
Utilize mais a disciplina educativa que a corretiva ou
conseguir as
preventiva.
melhores Utilize uma liderança situacional (autocrática + democrática),
condições para promovendo a autonomia. Mas defina o sistema de
o ensino- autoridade.
aprendizagem. Organize tarefas e responsabilidades, pois muitas vezes o 90que
DESVIOS A SEREM EVITADOS NO CONTR
OLE DO ENSINO
Retroatividade: avaliar só o passado.
Recenticidade: avaliar só os fatos mais recentes, e esquecer o global.
Controle somente dos aspectos cognitivos.
Homogeneidade das ferramentas de controle.
Não paridade dos objetivos com os resultados.
Erro de Horn (prejudica por antipatia) e erro de Halo (beneficia por simpati
a)
Informações tardias demais para possibilitar qualquer ação corretiva,
Avaliação congelada, baseado apenas num aspecto ou impressão pontual.
Avaliação injusta: cobrar o que não foi dado.
Fadiga.
Identificação com o avaliado.
91
CURRÍCULO
92
CONCEITO DE CURRÍCULO ESCOLAR
Do lat. CURRICULUM, “corrida, carreira, percurso, curso”.
1. LÍNGUA PORTUGUESA
2. LÍNGUA MATERNA (para populações indígenas e migrantes)
3. MATEMÁTICA
4. CIÊNCIAS
5. GEOGRAFIA
6. HISTÓRIA (conteúdo obrigatório: negro e indígena)
7. LÍNGUA ESTRANGEIRA (parte diversificada a partir do 6º
ano)
8. ARTES (conteúdo obrigatório: música)
9. EDUCAÇÃO FÍSICA (facultativa*)
10. ENSINO RELIGIOSO (matrícula facultativa no fundamental)
- DCNs para o Ensino Fundamental (Brasil, 1998).100
CURRÍCULO NO ENSINO MÉDIO
ÁREAS DISCIPLINAS
I. LINGUAGENS, CÓDIGOS 1. LÍNGUA PORTUGUESA/LÍNGUA MATERNA (PARA
E SUAS TECNOLOGIAS POPULAÇÕES INDÍGENAS E MIGRANTES)
2. ARTES (CONTEÚDO OBRIGATÓRIO: MÚSICA*)
3. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (INGLÊS)
4. LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (ESPANHOL:
FACULTATIVO)
5. EDUCAÇÃO FÍSICA (FACULTATIVA*)
II. MATEMÁTICA E SUAS 6. MATEMÁTICA
TECNOLOGIAS
III. CIÊNCIAS DA 7. BIOLOGIA
NATUREZA E SUAS 8. QUÍMICA
TECNOLOGIAS 9. FÍSICA
IV. CIÊNCIAS HUMANAS E 10. HISTÓRIA (conteúdo obrigatório: negro e indígena)
SUAS TECNOLOGIAS 11. GEOGRAFIA - DCNs para o Ensino Médio (Brasil,
12. FILOSOFIA 1998). 101
TIPOS DE CURRÍCULO
Além de desenvolver o currículo manifesto/explícito (formal e real) – referente à t
ransmissão do saber – a escola desenvolve também o currículo implícito (oculto)
– referente à inculcação de valores.
1. CURRÍCULO FORMAL/OFICIAL - Programação formalizada pelos sistemas
de ensino, expressa nas diretrizes, referenciais e parâmetros curriculares nacionai
s; nas guias curriculares estaduais ou municipais; no projeto político pedagógico
e plano de estudos da escola; e nos planos de ensino do professor.
2. CURRICULO REAL OU EM AÇÃO - Experiências que efetivamente ocorrem
na sala de aula a partir da prática pedagógica do professor, quando adapta os co
nteúdos oficiais à realidade dos alunos.
3. CURRÍCULO OCULTO – Conteúdos ensinados e aprendidos de forma implícit
a, espontânea e às vezes inconsciente nas relações interpessoais da escola, que
não figuram no currículo oficial. Pode-se aprender tanto submissão, preconceito e
individualismo quanto autonomia, tolerância e solidariedade, dentre outras coisas
(SILVA, 2001). 102
NÃO CONFUNDIR
• ÁREA DE ESTUDOS – Conjunto de componen
tes curriculares caracterizadas pela integraçã
o de conteúdos afins: Linguagens, Ciências n
aturais, Ciências Humanas, Ciências Sociais.
• COMPONENTE CURRICULAR (Disciplina ou m
atéria) – Ramo do conhecimento organizado
e ordenado didaticamente: português, quími
ca, filosofia, sociologia.
• TEMA – Um conjunto de conteúdos articulad
os dentro de uma disciplina: ortografia.
• CONTEÚDO – Tópico ou conjunto de tópicos
abrangido em determinada disciplina ou tem
a: alfabeto, conjuntos. 103
CURRÍCULO E TRANSVERSALIDADE
104
TRANSVERSALIDADE
Forma de organizar o trabalho didático na qual algumas questões sociais
urgentes, que não têm sido contempladas nas disciplinas convencionais,
passam a integrá-las de forma a estarem presentes em todas elas. Daí s
erem chamadas de transversais: porque atravessam (“inserção transvers
al”) as componentes curriculares do ensino fundamental. São temas de t
ratam de problemáticas sociais da vida cotidiana da comunidade (ARAÚJ
O, 2003).
Nos PCNs, a transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelec
er, na prática educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teo
ricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da
vida real e de sua transformação (aprender na realidade e da realidade).
Não se trata de trabalhá-los paralelamente, mas de trazer para os conte
údos e para a metodologia da área a perspectiva dos temas.
105
OS SETE TEMAS TRANSVERSAIS
Essas “janelas” abertas para o mundo e para a vida, foram
escolhidos pelo CNE com base nos seguintes critérios: urgência
social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e
aprendizagem no ensino fundamental e favorecimento da
compreensão da realidade e participação social. Os temas
transversais, nesse sentido, correspondem a questões importantes,
urgentes e presentes sob várias formas na vida cotidiana, a serem
integradas no currículo. 1. ÉTICA
2. MEIO AMBIENTE
3. SAÚDE
4. ORIENTAÇÃO SEXUAL,
5. TRABALHO E CONSUMO
6. PLURALIDADE CULTURAL.
7. SÍMBOLOS NACIONAIS (PCNs, 1998; Art. 27, I e 3
2, § 6º, LDB96) 106
TEMAS TRANSVERSAIS E CURRÍCULO
1. LÍNGUA PORTUGUESA
2. LÍNGUA MATERNA (PARA POPULAÇÕES INDÍGENAS E MIGRANTES)
3. MATEMÁTICA
4. CIÊNCIAS
EIXO 5. GEOGRAFIA
VERTEBRAL
(Disciplinas 6. HISTÓRIA
Curriculares) 7. LÍNGUA ESTRANGEIRA
8. ARTES
9. EDUCAÇÃO FÍSICA
10. ENSINO RELIGOSO (MATRÍCULA FACULTATIVA NO FUNDAMENTAL)
ÉTICA ORIENT SEXUAL SAÚDE PLURALIDADE MEIO AMBIENTE TRAB E CONS SÍMB. NACIONAIS
EIXO TRANSVERSAL
107
(Temas Transversais)
TEMAS TRANSVERSAIS NO ENSINO MÉDIO
1. EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL (Lei nº 11.947/2009,
que dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da Educação Básica);
2. PROCESSO DE ENVELHECIMENTO, RESPEITO E
VALORIZAÇÃO DO IDOSO, de forma a eliminar o preconceito e a
produzir conhecimentos sobre a matéria (Lei nº 10.741/2003, que
dispõe sobre o Estatuto do Idoso);
3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Lei nº 9.795/99, que dispõe sobre a
Política Nacional de Educação Ambiental);
4. EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO (Lei nº 9.503/97, que institui o
Código de Trânsito Brasileiro);
5. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS (Decreto nº 7.037/2009,
que institui o Programa Nacional de Direitos Humanos
- DCNs do–Ensino
PNDH 3). 108
Médio
COMO DEVEM SER TRATADOS
Os temas devem ser tratados não como conteúdo de uma área esp
ecífica, não como disciplinas autônomas nem como assuntos parale
los, mas temáticas que devem ser articuladas adequadamente às di
versas áreas do conhecimento. Por exemplo, ao estudar o corpo hu
mano com os alunos, o professor de Ciências não deve se restringir
apenas à dimensão biológica, mas aproveitar o pretexto para discut
ir também a diferença de gênero (conteúdo do tema Orientação Se
xual) e do respeito à diferença (conteúdo do tema de Ética).
ENTENDA A DIFERENÇA
Transversalidade se refere à dimensão didática.
Interdisciplinaridade tem que ver com a abordagem epistemológica dos
objetos de conhecimento; questiona a visão compartimentada da realidade.
109
CURRÍCULO,
INTERDISCIPLINARIDADE E
CONTEXTUALIZAÇÃO
110
Para os PCNs, dois importantes princípios
de organização do currículo são a
INTERDISCIPLINARIDADE e a
CONTEXTUALIZAÇÃO (MORIN, 2003).
111
DISCIPLINARIDADE
As palavras disciplinaridade aponta para a lógica mecanicist
a do paradigma newtoniano-cartesiano (BEHRENS, 2005) s
egundo a qual o conhecimento escolar é dividido em “fatias
“ ou ”frações”, mais conhecidas como disciplinas, tais como
matemática, biologia, ciências naturais, história etc. O conh
ecimento foi compartimentado em áreas, departamentos e
componentes curriculares com a Revolução Industrial e a n
ecessidade de mão de obra especializada. A escola hipertro
fia essa divisão, agindo como se houvesse compartimentos
no cérebro do aluno para cada área epistemológica do sab
er.
112
CONCEITO DE INTERDISCIPLINARIDADE
A interdisciplinaridade poderia ser definida a
princípio como o movimento, o conceito, o e
sforço, o enfoque não linear para superar a f
ragmentação do conhecimento em matérias i
soladas e a segmentação curricular, por mei
o da integração de duas ou mais disciplinas
na construção do conhecimento, não só na p
artilha de saberes, mas também na transferê
ncia de métodos. Interdisciplinarizar significa
A ideia é reunir os saberes
, portanto, procurar, pelas interconexões, en moleculares, como se
tender um fenômeno sob diferentes pontos d reúnem as peças isoladas
e vista. de um quebra-cabeças.
113
NÍVEIS DE RELAÇÃO DISCIPLINAR
MULTIDISCIPLINARIDADE – Justaposição de disciplinas
conexas a fim de obter informações para tratar do mesmo a
ssunto, fenômeno ou problema. Não há integração, mas cola
boração. Organização somativa.
INTERDISCIPLINARIDADE – Integração das disciplinas s
obre um mesmo assunto através de uma relação de troca en
tre elas, nas quais elas se modificam e enriquecem. Organiz
ação interativa.
TRANSDISCIPLINARIDADE – Etapa superior de interdisci
plinaridade em que são eliminadas as fronteiras entre as disc
iplinas convencionais através de um pensamento organizado
r num grau máximo e global de interação a ponto de criar u
ma macrodisciplina. Termo proposto em 1970 por Piaget. Ma
is ideal que realidade (ZABALA, 1998:143-144).
114
CONTEXTUALIZAÇÃO
Processo curricular pelo qual estabelecemos pontes/rela
ções entre os conteúdos teóricos/práticos ensinados na
escola e as questões da vida real do aluno e de sua com
unidade. A contextualização consiste em “assumir que t
odo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e o
bjeto” (BRASIL, 1998b, p. 30). Todo conhecimento deve
ter como ponto de partida a experiência do estudante, o
contexto onde está inserido e onde ele vai atuar como tr
abalhador, cidadão, um agente ativo de sua comunidad
e”.
A contextualização também pode ser entendida como um tipo de
interdisciplinaridade, na medida em que aponta para o tratamento de certos
conteúdos como contexto de outros. Essa vinculação do conhecimento ao estudante
e à sua aplicação à vida cotidiana é forte elemento de motivação. 115
DESAFIOS DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA: ANALFABETISMO, EVASÃO, REPETÊNCIA
, QUALIDADE NO ENSINO, PROFESSORES SEM FORMAÇÃO SUPERIOR
116
ANALFABETISMO
Existem várias definições de analfabetismo. No Brasil, são
consideradas ANALFABETAS as pessoas com mais de 15 anos que
são incapazes de ler e escrever um bilhete simples (IBGE). Há
também o ANALFABETISMO FUNCIONAL, que se refere a adultos
que têm nível de instrução equivalente ao de três anos do ensino
fundamental. Supõe-se que essas pessoas não tenham condições
de ler nem de compreender textos relativamente simples.
O analfabetismo é o principal indicador de atraso educacional de
um país, já que ler e escrever é o ponto fundamental para o
processo de aprendizagem do indivíduo na escola, de seu
desenvolvimento no mercado de trabalho e de participação da vida
social e política da nação. Números oficiais no Brasil: 27%
analfabetos totais (8,7%) e funcionais (18,3%).
CLASSIFICAÇÕES
128
FORMAÇÃO: NATUREZA E CONCEITO
A formação docente é a que habilita para o ensino. A Unesco
entende que, para melhorar a educação, é preciso melhorar a
formação dos professores.
129
FONTES DA FORMAÇÃO DOCENTE
A formação do professor é resultado não só da práxis pedagó
gica de várias instituições, mas também de muitas outras exp
eriências formativas (Souza). É um continuum, que se desenv
olve por toda a vida (Mizukami).
Começa em nossa discência (vivência estudantil) quando na
escola, no ofício de aluno, vemos nossos professores dando a
ula e fazemos uma representação do que é ser professor. Co
ntinua depois com saberes plurais que vão sendo incorporado
s e da prática reflexionada. A docência é um ofício feito de sa
beres teóricos e práticos (Gauthier).
130
TIPOS DE FORMAÇÃO DOCENTE
Para Pacheco e Fernandes (1999), t
rês são os momentos no itinerário fo
rmativo do professor:
135
VALORIZAÇÃO DO PROFESSOR
Os docentes compõem o terceiro agrup
amento profissional do País. A maior
ia trabalha em escola pública (85%)
e recebe 60% do seu salário do Funde
b. No Brasil, os professores não têm
profissionalidade plena: são semipro
fissionais. Não é nem um funcionário
público nem um profissional liberal.
Vive no limbo
Para valorizar (Nóvoa).
o professor, atualmente proletarizado (Apple), é preciso
profissionalizá-lo, i.e., fornecer-lhe conhecimento sólido, maior
autonomia, maior reconhecimento social, melhor estatuto e
remuneração condigna (Ginsburg, 1990; Popkwitz, . 136
PROFISSIONALIDADE DOCENTE
O magistério é um ofício. E um ofício estratégico, uma atividade complexa
e de alto nível, que está na raiz de todos os outros ofícios, manuais ou int
electuais (Tardif e Lessard, 2008).
Portanto, o professor não é um missionário, um sacerdote, um filantropo,
um parente chegado (“tio/tia”, termo falsamente afetivo, segundo ARANH
A, 2013), um amador, um ativista, um mercenário. É, antes, um profissio
nal; e como tal deve ser respeitado, merecendo prestígio social e remuner
ação condigna (Formosinho, 2009).
Seu ofício é o de um intelectual transformador (Giroux, 1997), que busca
através de uma docência crítico-reflexiva, gestar uma nova consciência so
cial no aluno e, assim, construir um mundo melhor. Ele é um mediador so
cial do conhecimento, e não um mero facilitador da aprendizagem. Não é
um mero executor do que outros conceberam, um alienado, mas alguém
que tem autonomia. Não é apenas um consumidor de pacotes pedagógico 137
OS REQUISITOS DE UM PROFESSOR
A) REQUISITOS LEGAIS – Itinerários formativos
Para educação infantil e fundamental I: Pedagogia, Normal Superior ou Normal Médio.
Para fundamental II e Médio: Licenciaturas específicas, por área.
Para o ensino superior: no mínimo especialização, mas prioritariamente mestrado e doutorado (LDB, art. 66)
B) REQUISITOS PESSOAIS –
Físicos e fisiológicos (ânimo, acuidade sensorial)
Psicotemperamentais (paciência, versatilidade, estabilidade emocional, segurança, simpatia).
Intelectuais (Memória, observação, imaginação)
C) REQUISITOS TÉCNICOS
Domínio do conteúdo (conhecimentos teóricos e práticos)
Domínio da didática (arte e técnica de ensinar)
Professor leigo é o que
Conhecimento do aluno (diagnóstico da realidade) não tem formação
Gestão da sala de aula (governo de classe) técnica mínima
exigida. Nem todos os
professores do Brasil
possuem formação
superior (PNE 2001-
2010).
INCUMBÊNCIAS LEGAIS DO PROFESSOR
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecime
nto de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedag
ógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de parti
cipar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avali
ação e ao desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as fam
ílias e a comunidade (LDB96, Art. 13). 139
SABERES PLURAIS DA PROFISSÃO DOCENTE
O professor mobiliza múltiplos saberes (conjunto de co
nhecimentos necessários a determinado ofício):
149
1.1 EDUCAÇÃO JESUÍTA (1549-1759)
Portugal utiliza a fé católica como instrumento de
conquista, submissão e colonização. Nesse
empenho, os jesuítas, que chegam com Tomé de
Souza (primeiro governador geral) ao Brasil em
1549, chefiados pelo padre Manuel da Nóbrega,
pregam a fé católica e fazem trabalho educativo
na colônia. Em 1570 havia no Brasil cinco escolas
de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São
Vicente, Espírito Santo e São Paulo) e três colégios A primeira escola a funcionar
(Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia). Ou seja, no Brasil foi o Colégio dos
Meninos de Jesus, em Salvador
uma formação burguesa para a elite brasileira e (BA),tendo os padres jesuítas
uma catequética, para os índios, sempre como professores.
162
ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL NA
1ª REPÚBLICA
•A Reforma de Benjamin Constant tinha como princípios orientadores a liberdade e laicida
de do ensino, bem como a gratuidade da escola primária.
•Em 1901, O Código Epitácio Pessoa inclui a lógica entre as matérias e elimina a Biologia,
a Sociologia e a Moral, fortalecendo a parte literária em detrimento da científica.
•Em 1911, a Reforma Rivadávia Correa pretende o curso secundário como formador do cid
adão e a abolição do diploma em troca de um certificado de assistência e aproveitamento
; transfere os exames de entrada no ensino superior para as faculdades. Esta reforma foi
desastrosa para a educação.
•A Reforma de Carlos Maximiliano, em 1915, surge em função de se concluir que a Reform
a de Rivadávia Correa não poderia continuar. Esta reforma reoficializa o ensino no Brasil.
•A Reforma João Luiz Alves introduz a cadeira de Moral e Cívica para combater os protesto
s estudantis contra o governo do presidente Arthur Bernardes.
3.1 SEGUNDA REPÚBLICA (1930-1936)
Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública. A Reforma Francisco Campos (1931)
criou o Conselho Nacional de Educação e organizou o ensino secundário e comercial e as universid
ades ainda inexistentes. Os pioneiros da Escola Nova (Fernando Azevedo, Anísio Teixeira, Lourenço
Filho e outros) lançaram em 1932 um manifesto com os seguintes princípios: a) Educação como in
strumento democrático; b) Educação pública, gratuita, obrigatória, leiga e plural; c) Todos os profe
ssores com formação superior. Para eles, a escola não estava desorganizada, mas inorganizada. A
Constituição de 1934 dispõe que a educação é direito de todos, devendo ser ministrada pela família
e pelos poderes públicos; promete gratuidade do ensino primário e acesso progressivo aos níveis ul
teriores, mas ficou no papel. Os objetivos do ensino secundário passaram a ser a formação geral e
a preparação para o ensino superior. Criou-se em 1934 também a primeira universidade brasileira:
a Universidade de São Paulo - USP (por iniciativa do gov. Armando Salles Oliveira). Criação da Univ
ersidade do Distrito Federal (RJ) em 1935, com a Faculdade de Educação, por Anísio Teixeira. Époc
a de otimismo pedagógico. Coube à União “traçar as diretrizes da educação nacional” (art. 5º) e “fi
xar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino em todos os graus e ramos” (art. 150).
3.3 ESTADO NOVO (1937-1945)
A Constituição de 1937, de tendência fascista, promulgada em plena Ditadura Vargas
, desresponsabiliza o Estado pela educação. Estimula a preparação de mão-de-obra p
ara as novas atividades do mercado, enfatizando o ensino pré-vocacional e profission
al. Mantém a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino primário, mas impõe o ensino
de trabalhos manuais nas escolas normais, primárias e secundárias. Escola dualista: t
rabalho intelectual (ensino humanista) para as classes mais favorecidas e o trabalho
manual (ensino profissional) para as classes mais desfavorecidas. São criadas as Leis
Orgânicas do Ensino. É instituído o SENAI. O ensino compõe-se de 5 anos (primário),
4 anos (ginasial) e 3 anos (colegial, nas modalidades clássico ou científico). Noventa
por cento dos alunos tenderam para o ensino científico, de formação geral. Reform
a-se o ensino secundário, com disciplinas visando o desenvolvimento da “consciência
patriótica”. Regulamenta-se o ensino profissional (industrial, comercial e agrícola). O
ensino normal visa preparar professores primários, habilitar administradores escolare
s e desenvolver conhecimentos e técnicas sobre a educação infantil. Criada a UNE e
o INEP. É regulamentado o ensino industrial.
3.4 NOVA REPÚBLICA(1946-1963)
A Constituição de 1946 (Eurico Gaspar Dutra) restabelece o regime democrático, dá competência à União
para legislar sobre diretrizes e bases da educação nacional. Volta da educação como “direito de todos”. Pro
mulga-se em 1961 a primeira LDB (Lei nº 4.024), prevalecendo as reivindicações da Igreja Católica e dos
donos de estabelecimentos particulares de ensino, que estrutura assim a educação brasileira:
Pré-primário (0-7 anos): maternal e jardim de infância
Primário: 4 séries
Médio: ginasial (4 anos)
colegial (3 anos)
Superior: graduação
especialização
1946 – Criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).
1947 – Campanha de Educação de Adulto (Lourenço Filho)
1950-1964 – Campanha de Alfabetização baseado no Método Paulo Freire que propõe alfabetizar em 40 horas adultos analfabet
os.
1952 – O educador cearense Lauro de Oliveira Lima inicia uma didática baseada em Piaget.
1953 - Criado o Ministério da Educação e Cultura – MEC
1961 – Em Angicos (RN), inicia-se a campanha freiriana de alfabetização (“De Pé no Chão Também se Aprende a Ler”).
1961 – Movimento de educação de Base (MEB) (Igreja Católica)
1962 – Criado o Conselho Federal de Educação, PNE e Programa Nacional de Alfabetização (de Freire)
1963 – Programação Nacional de Alfabetização (MEC/Freire)
3.5 REGIME MILITAR (1964-1985)
1964 – Abortam-se como “comunizantes e subversivas” todas as iniciativas de revolu
cionar a educação brasileira. São os “anos de chumbo” da ditadura. É nesse período
que procura se adequar a educação às exigências da sociedade industrial e tecnológi
ca. Instala-se o tecnicismo. Entidades estudantis são consideradas ilegais.
1967 – Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral): método Paulo Freire piorado
; corrupção.
1968 – Surge a reforma universitária, impondo o modelo empresarial à universidade.
1971 – Promulga-se a segunda LDB (Lei nº 5.692/71) de cunho profissionalizante. P
rimeiro grau (primário + ginásio): 8 anos
Segundo grau todo profissionalizante: 3 anos
Retiram-se do 2º grau as disciplinas reflexivas (filosofia, sociologia, psicologia)
Cria-se o vestibular classificatório para por fim à crise dos excedentes. Retiram-se d
o 2º grau as disciplinas reflexivas (filosofia, sociologia, psicologia)
1985 – Fim da ditadura militar. Anistia.
167
CARACTERÍSTICAS DA LDB DE 1971
• Prevê um núcleo comum para o currículo de 1º graus (8 anos) e 2º grau (3 anos) e uma
parte diversificada em função das peculiaridades locais (art. 4)
• Inclusão da educação moral e cívica, educação física, educação artística e programas
de saúde como matérias obrigatórias do currículo, além do ensino religioso facultati
vo (art. 7º)
• Ano letivo de, no mínimo, 180 dias e 90 dias de trabalho escolar efetivo (art. 11)
• Ensino de 1º grau obrigatório dos 7 aos 14 anos (art. 20)
• Educação a distância como possível modalidade do ensino supletivo (art. 25)
• Formação preferencial do professor para o ensino de 1º grau, da 1ª à 4ª séries, em h
abilitação específica no 2º grau (art. 30 e 77)
• Formação preferencial do professor para o ensino de 1º e 2º grau em curso de nível s
uperior ao nível de graduação (art. 30 e 77)
• Formação preferencial dos especialistas da educação em curso superior de graduação o
u pós-graduação (art. 33)
• Dinheiro público não exclusivo às instituições de ensino públicas (art. 43 e 79)
• Os municípios devem gastar 20% de seu orçamento com educação, não prevê dotação orça
mentária para a União ou os estados (art. 59)
168
3.6 ABERTURA POLÍTICA(1986-2003...)
1988 – A sétima constituição brasileira, a mais democráti
ca de todas, contendo princípios modernos.
1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente.
1990
1996 – Terceira e atual LDB (Lei Darcy Ribeiro), que pro
cura ajustar-se com suas emendas à educação do século
XXI.
1997 - PCNs
169
3.6 ABERTURA POLÍTICA (1986...)
Promulga-se uma nova Constituição em 1988, a mais democrática de todas, con
tendo princípios modernos: Gratuidade do ensino público como direito público s
ubjetivo, educação básica obrigatória e gratuita, atendimento na educação infan
til, valorização do profissional do ensino, autonomia universitária, aplicação de r
ecursos públicos: 18% (União) e 25% (Estados); plano nacional de educação.
Promulga-se em 1996 a terceira e atual LDB (Lei Darcy Ribeiro), que procura aju
star-se com suas emendas à educação do século XXI, com base em princípios ta
is como educação permanente, contextualização, interdisciplinaridade, transvers
alidade, pluralismo cultural, uso de novas tecnologias etc.
Extinção do Conselho Federal de Educação e criação do Conselho Nacional de E
ducação, mais político e menos burocrático
Exame Nacional de Cursos – Provão;
1997 - PCNs
ORGANIZAÇÃO ATUAL DA EDUCAÇÃO (LDB96)
NÍVEIS ETAPAS (REGULAR) MODALIDADES (NÃO REGULAR) Enquanto os níveis
EDUCAÇÃO BÁSICA EDUCAÇÃO INFANTIL Educação especial (LDB) e etapas se
Creche (0-3 anos) Educação indígena referem ao ensino
Pré-escola (4-5 anos) regular, as
ENSINO FUNDAMENTAL Educação especial (LDB) modalidades são
Anos iniciais (6-10 anos) Educação indígena modos
Anos finais (11-14 anos) Educação profissional (LDB)
ENSINO MÉDIO (15-17 anos) Básica
diferenciados de
Técnica educação,
Educação a distância alternativos à
Educação de jovens e adultos (LDB) forma clássica,
Fundamental (15 anos) tradicional ou
Médio (18 anos)
Ensino noturno regular, destinados
a atender às
EDUCAÇÃO GRADUAÇÃO Educação especial (LDB)
SUPERIOR Bacharelado Educação indígena características
Licenciatura Educação a distância psicológicas e
Tecnologia Ensino noturno necessidades
PÓS-GRADUAÇÃO *O Parecer CEB nº 07/10 acrescentou sociais específicas
Especialização (lato sensu) duas modalidades à educação básica:
Mestrado (stricto sensu) Educação do Campo e
de determinado
Doutorado (stricto sensu) Educação Quilombola segmento de
171
educandos.
ARREMATANDO
Ao longo da história da educação no Brasil, é possível perceber uma
espiral de rupturas e contradições:
1. Sempre predominou uma distância enorme entre a lei no papel e a reali
dade.
2. Continuamos a enfrentar problemas seculares, como analfabetismo, repe
tência, evasão escolar, falta de condições de trabalho, professores leigos, i
nvestimentos irrisórios em educação, falta de apoio familiar na escola etc.
2. Apesar dos projetos de estender a educação a todos os cidadãos, preval
ece sempre o fantasma do ensino dualista, ou seja, uma escola para os ric
os e outra para os pobres.
3. O sistema educacional continua vinculado ao modelo europeu de educaç
ão.
4. O professor continua a receber salários aviltantes e a sofrer desprestígio
social.
172
REFERÊNCIAS
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FILHO, Francisco. A educação brasileira no contexto histórico. Campinas: Alínea, 2001.
HILSDORF, Maria Lúcia S. História da Educação Brasileira: Leituras, São Paulo, Pioneira Thomso
n, 2003.
LIMA, Lauro de Oliveira. Estórias da educação no Brasil: de Pombal a Passarinho. 3. ed. Rio de J
aneiro: Brasília, 1969.
LOPES, Eliane Marta Teixeira; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive. 500 anos
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PILLETTI, Nelson. Estrutura e funcionamento do ensino de 1o grau. 22. ed. São Paulo: Ática, 19
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________ . Estrutura e funcionamento do ensino de 2o grau. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.
________ . História da educação no Brasil. 6. ed. São Paulo: Ática, 1996.
RIBEIRO, Maria Luísa Santos. História da educação brasileira: a organização escolar. 13.ed. São
Paulo: Autores Associados, 1993.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 13.ed. Petrópolis: Vozes, 1991.