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O DIREITO AMBIENTAL E SUA

AUTONOMIA (II):
OS PRINCÍPIOS DO DIREITO
AMBIENTAL

João Alfredo Telles Melo


UNI7
AS NORMAS SÃO REGRAS E PRINCÍPIOS
(Dworkin, citado por Germana Belchior)

PRINCÍPIOS: maior grau de abstração, não apontam uma


conduta específica, possuem um âmbito de incidência ampla,
conteúdo altamente axiológico, nem sempre são expressos.
REGRAS: relatos objetivos, com a descrição de determinadas
condutas, âmbito de incidência delimitado, os direitos são
garantidos de forma definitiva, são sempre expressas;

CANOTILHO: Princípios são normas de natureza ou com um


papel fundamental no ordenamento jurídico devido à sua
posição hierárquica no sistema das fontes ou à sua importância
estrutruante dentro do sistema jurídico
 FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS:

 FUNDANTE: fundamentam o ordenamento jurídico;

 INTERPRETATIVA: orientam o intérprete na aplicação da


norma;

 INTEGRADORA: preenchem lacunas do Direito (art. 4º. da


Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, antiga L.I.
ao Código Civil: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá... de acordo
com a analogia, os costumes e os princípios gerais do Direito”);

 DELIMITADORA: limitam a atuação legislativa, judicial,


administrativa e negocial.
 PRINCÍPIO DO DIREITO HUMANO FUNDAMENTAL AO M.A.
ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO (decorre do Princípio da Dignidade
da Pessoa Humana):

 Direito fundamental de 3ª. Geração/Dimensão

 Este princípio decorre, também, do primeiro princípio da Conferência da ONU


sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (a Rio 92): “os seres humanos estão
no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a
uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente (concepção
antropocêntrica)
 Ponderação: o homem não é a única preocupação do desenvolvimento
sustentável. A preocupação com a natureza deve também integrar o D.S (PAULO
AFFONSO LEME MACHADO) (há que se ponderar o direito humano com a
proteção natural). A resposta está no princípio do dever fundamental de proteção
ao meio ambiente.
 Esse direito vincula-se a uma ideia da natureza como algo em si mesma, e não
como bem de consumo [...] Para tanto, é necessário superar a visão da natureza
como recurso para uso do homem (...) e enxergá-la como um bem (comum)
fundamental (MORATO LEITE, SILVEIRA E BETTEGA).
 Na Constituição, seu fundamento está no art. 225:
 Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

 Os direitos fundamentais são aqueles direitos que


receberam da Constituição um grau mais elevado de
garantia ou de segurança (PAULO BONAVIDES)
 A Carta Magna reconhece expressamente o direito
ambiental ecologicamente equilibrado como meio para a
preservação da vida humana, o que implica dizer que
referido direito fundamental tem status formal (pois está
previsto no texto – art. 225, caput) e material (porque seu
conteúdo é imprescindível à dignidade humana).
 Tem, por conseguinte, aplicabilidade imediata, com
fundamento no art. 5º., §1º, da Constituição de 1988, por
possuir supremacia normativa conferida pela ordem
jurídica constitucional.
 Trata-se da coerência interna dos direitos fundamentais,
baseada no princípio da dignidade da pessoa humana,
defendida por Sarlet, sendo capazes de gerar efeitos
jurídicos.
 GERMANA BELCHIOR
 A concepção de GERAÇÃO de Direitos Fundamentais:
 Os direitos fundamentais passaram na ordem institucional a
manifestar-se em três gerações sucessivas, que traduzem um
processo cumulativo e qualitativo, o qual, segundo tudo faz prever,
tem por bússola uma nova universalidade (material e concreta)
(BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional).

 A concepção de DIMENSÃO de Direitos Fundamentais:


 A teoria dimensional dos direitos fundamentais não aponta, tão
somente, para o caráter cumulativo do processo evolutivo e para a
natureza complementar de todos os direitos fundamentais, mas
afirma, para além disso, sua unidade e indivisibilidade no
contexto do direito constitucional interno e, de modo especial, na
esfera do moderno ‘Direito Internacional dos Direitos
Humanos.”(SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos
Fundamentais, 2007).
 Direitos de 1ª. Geração/Dimensão: direito de liberdade, ser
humano como indivíduo, se requer abstenção do Estado,
marco histórico: Revolução Francesa de 1789. ESTADO
LIBERAL

 Direitos de 2ª. Geração/Dimensão: direito de igualdade, ser


humano como ser social, se requer uma prestação do Estado;
marcos históricos: Revolução Russa de 1917(revoluções
socialistas) e Estado do Bem Estar Social (“welfare state”).
ESTADO SOCIAL

 Direitos de 3ª. Geração/Dimensão): o titular desse direito –


de solidariedade ou fraternidade - é o ser humano planetário,
parte consciente da natureza, direito-dever de todos que se
exerce contra todos; marcos históricos: a Conferência de
Estocolmo, no mundo, em 1972, e a Lei 6938/81, no Brasil.
ESTADO AMBIENTAL (ESTADO SOCIOAMBIENTAL DE
DIREITO).
 O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado - direito de
terceira geração – constitui prerrogativa jurídica de titularidade
coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos
humanos, a expressão significativa de um poder atribuído não ao
indivíduo identificado em sua singularidade, mas num sentido
verdadeiramente mais abrangente, a própria coletividade social.
Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos)
que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais,
realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração
(direitos econômicos, sociais e culturais), que se identificam com as
liberdades positivas, reais ou concretas, acentuam o princípio da
igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam
poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as
formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e
constituem um momento importante no processo de
desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos
humanos, caracterizados enquanto valores fundamentais
indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.
(BRASIL. Supremo Tribunal Federal. MS 22164/SP. Relator
Ministro Celso de Mello. Diário de Justiça, 30 out. 1995.)
 PRINCÍPIO DO DEVER FUNDAMENTAL DE PROTEÇÃO AO
MEIO AMBIENTE:
 Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
 § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
 I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
 II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de
material genético;
 III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e
a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização
que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua
proteção;
 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
 V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de
técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida,
a qualidade de vida e o meio ambiente;
 VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino
e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
 VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as
práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem
a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.

 Para o Estado (Poder Público): Poder-Dever


 Para a coletividade: Direito-Dever
 É interessante perceber que a sociedade acaba sendo sujeito ativo e
passivo do direito-dever (...) todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado e, como consequência o dever de preservá-
lo cabe a todos (Germana Belchior, grifos meus).

 “Podemos enquadrar o dever fundamental à proteção ambiental como


um dever associado ao direito fundamental de usufruir de um meio
ambiente saudável” (Medeiros, citado por Belchior).

 PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA INTERVENÇÃO DO


PODER PÚBLICO EM MATÉRIA AMBIENTAL:
 Dispositivo acima (art. 225, § 1º. ) e

 Art. 23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios:
 VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas;
 VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
 PRINCÍPIO DA NATUREZA PÚBLICA DA PROTEÇÃO
AMBIENTAL

 Este princípio decorre da previsão legal que considera o M.A.


um valor a ser necessariamente assegurado e protegido para
uso de todos, ou como queiram, para fruição humana
coletiva.
 O caráter jurídico do meio ambiente ecologicamente
equilibrado é de um bem de uso comum do povo.
 O princípio ora em exame mantém estreita vinculação com o
princípio geral, de Direito Público, da primazia do interesse
público, e também com o princípio do Direito Administrativo,
da indisponibilidade do interesse público [...] (que) deve
prevalecer sobre os interesses individuais.

 Édis Milaré
 PRINCÍPIO DO ACESSO EQUITATIVO AOS RECURSOS
NATURAIS (Justiça Ambiental)

 Os bens que integram o meio ambiente planetário, como água, ar e solo,


devem satisfazer as necessidades comuns de todos os habitantes da Terra.
 As necessidades comuns dos seres humanos podem passar tanto pelo uso
comum como pelo não uso do M.A. Desde que utilizável o M.A., adequado
pensar-se em um meio ambiente como “bem de uso comum do povo”.
 Declaração de Estocolmo/1972, Princípio 5: “os recursos não renováveis do
Globo devem ser explorados de tal modo que não haja risco de serem
exauridos e que as vantagens extraídas de sua utilização sejam partilhadas a
toda a humanidade”.
 A equidade deve orientar a fruição ou o uso da água, do ar e do solo. A
equidade dará oportunidades iguais diante de casos iguais diante de casos
iguais ou semelhantes.
 (Poderia ser compreendido como o princípio da equidade ou
solidariedade intrageracional).

 Paulo Affonso Leme Machado


 PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE (OU EQÜIDADE)
INTERGERACIONAL:
 Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
 O Princípio da Solidariedade é o fundamento teórico-jurídico
do Estado de Direito Ambiental, ou seja, um dos princípios
fundantes do novo paradigma estatal, o que não exclui os
demais.
 Esse princípio aparece como um dos grandes desafios aos
juristas, na medida em que demanda relacionamento entre as
diversas gerações, o que torna complexa, pois não se sabe o
que está por vir.
 (Belchior, grifos meus).
 Premissas da Equidade Geracional:

 A relação da humanidade com o sistema ecológico, do


qual faz parte (...) “como membros da única espécie que
tem a capacidade de moldar sua relação com o meio
ambiente, temos a responsabilidade de cuidar do planeta”.

 “Nós, como membros da geração atual, recebemos das


gerações passadas uma herança natural e cultural que não
deve ser dilapidada em nome de interesses imediatos, uma
vez que temos o dever de repassar essa herança, no mínimo,
nas mesmas condições que recebemos, às gerações futuras
para que elas tenham possibilidade de satisfazer suas próprias
necessidades.

 Gabriela R. Saab Riva (Água, um direito humano).


 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL:
 “Aquele que atende às necessidades da atuais gerações sem
prejuízo das necessidades das futuras gerações” (Relatório
Brundtland)
 Intenta compatibilizar: crescimento econômico + justiça social
+ proteção ambiental

 Leonardo Boff questiona a denominação “desenvolvimento


sustentável”, que provém da área da economia dominante. Já
sustentabilidade provém da biologia. São expressões
contraditórias e inconciliáveis.
 Sustentabilidade tem por finalidade buscar compatibilizar o
atendimento das necessidades sociais e econômicas do ser
humano com a necessidade de preservação do ambiente
(Sirvinskas).
 PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO (ou de participação popular
nas políticas públicas ambientais):

 Este princípio está fundamentado no princípio décimo da


Declaração do Rio (Rio 92): “A melhor maneira de tratar
questões ambientais é assegurar a participação no nível
apropriado de todos os cidadãos interessados [...] Os Estados
devem facilitar e estimular a conscientização e a participação
em processos de tomada de decisão”.

 O Princípio da Democracia Ambiental, por se encontrar na


essência do Estado do Direito Ambiental, é manifestação
conjunta dos princípios fundantes da legitimidade e da
solidariedade, assim como dos valores da justiça e
solidariedade (GERMANA BELCHIOR).
 PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO (ou de participação
popular nas políticas públicas ambientais):

 Esfera legislativa: Plebiscito (art. 14, I, CF), Referendo


(idem, item II) e Iniciativa Popular de Leis (idem, item
III);

 Art. 14 - A soberania popular será exercida pelo sufrágio


universal e pelo voto direto e secreto, com
 valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

 I - plebiscito;

 II - referendo;

 III - iniciativa popular.


 PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO (ou de participação popular nas
políticas públicas ambientais):

 Esfera administrativa: Direito de Informação (art. 5º., XXXIII, CF),


Direito de Petição (idem, XXXIV), audiências públicas e participação
em órgãos colegiados;

 XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações


de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do
Estado;

 XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de


taxas:
 a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direito ou
contra ilegalidade ou abuso de poder;
 b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de
direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
 PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO (ou de participação popular nas
políticas públicas ambientais):

 Esfera Processual, principalmente, com Ação Popular (art. 5º., LXXIII) e


Ação Civil Pública Ambiental (art. 129, III, da CF e Lei 7.347/85)

 Art. 5º., LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

 Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:


 III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses
difusos e coletivos
 § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas
neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o
disposto nesta Constituição e na lei.
 PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO:

 Entre os Estados-Nações, no combate ao aquecimento global, à


poluição transfronteiriça, na defesa da biodiversidade (através de
tratados, convenções, convênios etc.);

 Entre os entes da Federação: art. 23, parágrafo único da C.F.:


 Parágrafo único - Lei complementar fixará normas para a
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do
bem-estar em âmbito nacional (em matéria ambiental, essa lei é a
LC 140/2011).

 Entre Poder Público e coletividade, através dos mecanismos de


participação popular (aqui se comunica com princípio democrático)
 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE (civil,
administrativa e penal):
 Art. 225, § 3º., CF: As condutas e atividades consideradas
lesivas ao M.A. sujeitarão os infratores, pessoas físicas e
jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
 O ordenamento pátrio adotou o caráter tríplice da
responsabilidade ambiental, ao impor sanções civis, penais e
administrativas.
 O sujeito responsável pela provocação do dano ambiental tem
o dever de reparar o meio ambiente (status quo ante,
recomposição do bem lesado).
 A reparação em pecúnia (...) só deve ser realizada quando se
revelar inatingível a reparação específica (Belchior).
 PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR:
 Preventivamente: o empreendedor é obrigado a “internalizar”
os custos externos da deterioração ambiental (se comunica
com o Princípio da Prevenção)
 Repressivamente: o poluidor arca com os custos da
degradação (Princípio da Responsabilidade).

 PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR:
 Está relacionado ao usuário de um serviço público qualquer
(água, esgoto etc.).

 PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR:
 É a compensação que o proprietário recebe para proteger
determinado recurso natural (bolsa-floresta)
 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E/OU PRECAUÇÃO
(CAUTELA OU PRUDÊNCIA):

 Princípio 15 da Carta do Rio (Conferência Rio 92):

 “De modo a proteger o M.A., o PRINCÍPIO DA


PRECAUÇAO deve ser amplamente observado pelos
Estados, de acordo com suas capacidades. Quando
houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a
ausência de absoluta certeza não deve ser utilizada como
razão para postergar medidas eficazes e economicamente
viáveis para PREVENIR a degradação ambiental”.
 Há divergência na doutrina, onde alguns diferenciam a
PRECAUÇÃO (quando não há certeza absoluta dos
riscos) da PREVENÇÃO (quando os riscos são
conhecidos).
 PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO E/OU PRECAUÇÃO

 Segundo Furlan e Tracalossi, “sua exegese impõe o benefício da


dúvida em favor do meio ambiente quando exista qualquer incerteza
sobre os efeitos de determinadas atividades” (SIRVINSKAS).

 Art. 225 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente


equilibrado...
 § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
 IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
 V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade
de vida e o meio ambiente;
 PRINCÍPIO “IN DUBIO PRO NATURA (PRO
AMBIENTE)”: “em caso de conflitos normativos, a solução
será sempre a que favorecer a proteção ambiental” (Luiz
Fernando Coelho)
 O princípio in dubio pro natura deve ser estabelecido como o
principal critério para dirimir os problemas relacionados à
aplicação das normas de proteção da natureza (MORATO
LEITE, SILVEIRA e BETTEGA)

 PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE RETROCESSO EM


MATÉRIA SOCIOAMBIENTAL: “a proibição de
retrocesso diz respeito a uma garantia de proteção dos
direitos fundamentais (e da própria dignidade da pessoa
humana) contra a atuação do legislador – constitucional e
infraconstitucional -, mas também proteção em face da
atuação da Administração Pública” (Ingo Wolfgang Sarlet e
Tiago Fenterseifer).
 PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DE RETROCESSO EM
MATÉRIA SOCIOAMBIENTAL

 O PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO


ECOLÓGICO significa que, a menos que as circunstâncias
de fato se alterem significativamente, não é de se admitir o
recuo para níveis de proteção inferiores aos já
anteriormente consagrados, implicando, pois, limites à
adoção de legislação de revisão ou revogatória, assim como
no que concerne às cláusulas pétreas (Germana Belchior).

 Art. 60, da CF:


 § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:
 IV - os direitos e garantias individuais.
 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE:

 Concebida como direito fundamental, a propriedade não é, contudo, um direito que possa se
erigir-se na suprema condição de ilimitado e inatingível. Daí o acerto do legislador em
proclamar, de maneira veemente, que o uso da propriedade será condicionado ao bem estar-
social e à defesa do meio ambiente (ÉDIS MILARÉ).

 Art. 170 (CF) - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social,
observados os seguintes princípios:
 III - função social da propriedade;

 VI - defesa do meio ambiente;

 Art. 186 (CF) - A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes
requisitos:
 I - aproveitamento racional e adequado;

 II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

 III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

 IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.


 PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA
PROPRIEDADE:

 A atual Lei Civil Brasileira acabou por contemplar a


função ambiental como elemento marcante do direito de
propriedade (ÉDIS MILARÉ).

 Art. 1228; § 1º (Código Civil): O direito de


propriedade deve ser exercido em consonância com as
suas finalidades econômicas e sociais e de modo que
sejam preservados, de conformidade com o estabelecido
em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o
equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico,
bem como evitada a poluição do ar e das águas

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