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LUCRO REAL E

LUCRO PRESUMIDO
Prof. Edson Cavalcante
Impostos nas modalidades
Lucro Real e
Lucro Presumido
Tabela comparativa
INTRODUÇÃO

Possivelmente o  que vem a determinar as vantagens e


desvantagens em relação às tributações pelo Lucro
Presumido ou Real, não será tão simplesmente a
comparação entre ambas de forma teórica.
2.LUCRO PRESUMIDO

Na tributação de empresas pelo Lucro Presumido não


importa (tecnicamente) as despesas ou os custos que tenha,
haja vista que o lucro é determinado por presunção e o
Imposto de Renda e a CSLL incidem diretamente sobre as
Receitas. Em outras palavras, se pode dizer que a despeito
da empresa apurar prejuízos contábeis, pagará o IRPJ e a
CSLL sobre um lucro presumido.
2.1. Opção
Para realizar a opção pelo lucro presumido deve ser feito um estudo
detalhado sobre a lucratividade, sendo que o lucro da atividade da
empresa deve ser seguramente maior que o Lucro Presumido pela
legislação. A empresa deve ficar atenta que os ganhos de capital,
receita financeira, descontos obtidos e demais receitas não tem
redução do percentual da base de cálculo, devendo ser calculado o
Imposto de Renda sobre a totalidade. A opção pelo Lucro Presumido
se dá mediante o pagamento da DARF, código Lucro Presumido,
sendo que durante o ano-calendário não pode alterar a opção para o
Lucro Real (art.13, Lei 9.718/98).
Assim, mesmo que a empresa tenha prejuízo na sua
atividade deve pagar o IRPJ e a CSSL nos quatro trimestres
do ano em que optou pelo presumido. Não poderão optar
pelo Lucro Presumido, por serem obrigadas a apurar o
Lucro Real, conforme art. 14 da Lei 9.718/98 e MP
472/2009:
I – cuja receita total, no ano-calendário anterior seja superior ao limite de
R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao
número de meses do período, quando inferior a 12 (doze) meses;
II – Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de
investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas,
sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de
crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e
câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros
privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;
III – que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do
exterior;
IV – que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios
fiscais relativos à isenção ou redução do imposto;
V – que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento
mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei 9.430 de
1996.
VI – que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de
serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito,
seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras
de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços (factoring).
VII – que explorem as atividades de securitização de créditos
imobiliários, financeiros e do agronegócio.
2.2. Imposto Renda Pessoa Jurídica

A base de cálculo do Imposto de Renda das empresas tributadas pelo


Lucro Presumido, em cada trimestre (31/mar. 30/jun., 30/set. e
31/dez.), será determinada mediante a aplicação dos percentuais
fixados no art. 15 da Lei 9.249/95, de acordo com a atividade da
pessoa jurídica, sobre a receita bruta auferida no trimestre, sendo o
resultado acrescido de outras receitas, rendimentos e ganho de
capital (art.25, Lei 9.430/96). O Imposto retido na fonte será
considerado como antecipação do devido no trimestre.
2.2. Imposto Renda Pessoa Jurídica

Os coeficientes fixados pelo art.15, da Lei nº. 9.249/95 para a


aplicação sobre a receita bruta da atividade são:
1. I) 8% na venda de mercadorias e produtos;
2. II) 1,6% na revenda, para consumo, de combustível derivado
de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural;
2.2. Imposto Renda Pessoa Jurídica

III) 16% na prestação de serviços de transporte, exceto o de cargas


que é 8%;
120. IV) 16% Para atividades exclusivamente de prestação de
serviços em geral pelas pessoas jurídicas com receita bruta anual
até R$ 120.000,00, exceto serviços hospitalares, de transporte e de
profissões regulamentadas (art. 40, Lei nº. 9.250/95);
121. V) 32% na prestação de serviços;
122. VI) 8% na venda de imóveis de empresas com esse objeto
social (art.32, parágrafo 7º, da IN SRF 93/97).
2.2. Imposto Renda Pessoa Jurídica

Nota: As demais receitas (juros aplicações financeiras, descontos


obtidos, etc.) e ganhos de capital comporão a base de cálculo sem
qualquer redução (100% do valor).
2.3. Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

Foi instituída pela Lei nº 7.689/1988. Aplicam-se à CSLL as mesmas


normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de
renda das pessoas jurídicas, mantidas a base de cálculo e as alíquotas
previstas na legislação em vigor (Lei nº 8.981, de 1995, art. 57). Desta
forma, além do IRPJ, a pessoa jurídica optante pelo Lucro Real, Presumido
ou Arbitrado deverá recolher a Contribuição Social sobre o Lucro Presumido
(CSLL), também pela forma escolhida. Não é possível, por exemplo, a
empresa optar por recolher o IRPJ pelo Lucro Real e a CSLL pelo Lucro
Presumido, devem ser a mesma forma de recolhimento.
2.3. Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

A base de cálculo para Lucro Presumido a partir de 01.09.2003, por força do art. 22 da
Lei 10.684/2003, e também para cálculo da CSLL, devida pelas pessoas jurídicas
optantes pelo lucro presumido corresponderá a:
I) 12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e
de transporte;
II) 32% para:
– prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e transporte;
– intermediação de negócios;
– administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer
natureza.
2.4. PIS E COFINS

O Cálculo do Pis e Cofins tendo como base a pessoa jurídica optar pelo lucro
presumido estará sujeita ao recolhimento respectivamente nas alíquotas de 0,65% e
3,0%.

Se caso a pessoa jurídica optar pelo lucro real nas disposições do art. 8º da lei
10.637/2002 e art. 10 da lei 10.833/2003, permanece recolhendo os percentuais de
0,65% – Pis e 3,0% – Cofins.
3.LUCRO REAL

Como o próprio nome sugere, o lucro apurado é o real, ou seja, a soma das receitas
menos os custos e as despesas irá determinar o lucro. Não havendo a presunção não
há a primeira base para o cálculo do IRPJ e da CSLL.

Vale dizer que estes dois impostos incidem nas mesmas alíquotas (15% de IRPJ, e 9%
de CSLL) diretamente sobre o lucro real. Naturalmente, não havendo lucro, não há que
se falar em incidência de IRPJ e CSLL.
3.1. LUCRO REAL POR ESTIMATIVA

Tendo como base que esta é uma “variação” da tributação pelo Lucro Real, nesta
modalidade, o contribuinte calcula o IRPJ e a CSLL pela presunção de lucros (como se
pelo Lucro Presumido fosse).

A qualquer época do ano levanta um Balanço Patrimonial com cálculo do IRPJ e da


CSLL nos moldes do Lucro Real (sem a presunção de lucro) e exerce o direito de
reduzir ou suspender o pagamento destes dois impostos.

Quer dizer que o IRPJ e a CSLL serão devidos apenas anualmente com o
levantamento do Balanço Patrimonial em 31 de Dezembro e os valores pagos durante
o ano serão considerados como adiantamento do devido anualmente.
3.2. Opção Pelo Lucro Real

A opção pelo Lucro Real Anual, Lucro Real Trimestral será manifestado pelo
pagamento da 1ª quota de qualquer um dos regimes, mediante DARF, sendo que a
legislação não permite mudar a forma de tributação durante o ano-calendário (art.13,
Lei 9.718/98). Por isso, é de extrema importância fazer uma análise detalhada de qual
é a melhor forma de tributação, antes do pagamento da 1ª quota do Imposto, pois se a
empresa optou pelo Lucro Real (anual ou trimestral) não poderá modificar no ano-
calendário para o Lucro Presumido e vice-versa.

Lembrando que a opção feita para o Imposto de Renda deve ser a mesma para a
Contribuição Social Sobre o Lucro.
3.3. Base do IRPJ e da CSLL

De acordo com o art. 247 do RIR/1999, lucro real é o lucro líquido do período de
apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou
autorizadas pela legislação fiscal. A determinação do lucro real será precedida da
apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das leis
comerciais.

Para as pessoas jurídicas optantes pelo lucro real é o lucro contábil, ajustado pelas
adições e exclusões previstas na legislação. A alíquota é de 9% (nove por cento) a
partir de 01.02.2000.
4. TABELA COMPARATIVA – LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO

LUCRO REAL LUCRO PRESUMIDO


15% S/ o Lucro Presumido
calculado da seguinte
15% S/ LUCRO LÍQUIDO
forma: 8% para Indústria e/ou
IMPOSTO DE RENDA – IRPJ =Total das Receitas – Total das IMPOSTO DE RENDA – IRPJ
Comércio, 16% para Transportes
despesas dedutíveis e permitidas.
de passageiros e 32% para
prestadoras de serviços.

1,65% SOBRE O FATURAMENTO 0,65% SOBRE O FATURAMENTO


PIS/PASEP PIS/PASEP
TOTAL (VENDAS + SERVIÇOS, ETC) TOTAL (VENDAS + SERVIÇOS, ETC)

7,6% SOBRE O FATURAMENTO 3% SOBRE O FATURAMENTO


COFINS COFINS
TOTAL (VENDAS + SERVIÇOS, ETC). TOTAL (VENDAS + SERVIÇOS, ETC).

2,88% ou 1,08% SOBRE O
9% S/ LUCRO LÍQUIDO
FATURAMENTO TOTAL (VENDAS +
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – CSLL =Total das Receitas – Total das CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – CSLL
SERVIÇOS + RECEITAS
despesas dedutíveis e permitidas.
FINANCEIRAS, ETC).

10% APLICADO SOBRE A (limite de 20.000,00 ao mês ou


DIFERENÇA, QUANDO O LUCRO 60.000,00 no trimestre e o que
IMPOSTO DE RENDA – ADICIONAL IMPOSTO DE RENDA – ADICIONAL
LÍQUIDO ULTRAPASSAR A R$ 60 exceder este valor deve ser
MIL NO TRIMESTRE. aplicado à alíquota de 10%)
5. 5. EXEMPLO DE CALCULO DO LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO

Por exemplo uma empresa com faturamento de vendas de mercadorias no valor de R$


50.000,00 e 50.000,00 de vendas de serviços, custo de mercadorias no valor de
40.000,00, custo dos serviços 10.000,00 e despesas dedutíveis no valor de 20.000,00
observe abaixo como fica a tributação no Lucro Real e no Lucro Presumido:

1. a) Lucro Real
5. 5. EXEMPLO DE CALCULO DO LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO

PIS/COFINS
Sobre o Faturamento de 50.000,00 de venda de mercadorias e 50.000,00 sobre venda
de serviços, seremos tributados em R$ 1.650,00 de PIS (100.000,00 x 1,65%) e R$
7.600,00 de COFINS (100.000,00 x 7,60%).
IRPJ/CSLL
Para calcular o IRPJ devemos chegar ao valor do lucro para aplicarmos o percentual
de 15% de IRPJ e CSLL de 9%.
Receita de Vendas – Impostos diretos – Custos – Despesas = Lucro
100.000,00 – 1.650,00 – 7.600,00 – 50.000,00 – 20.000,00 = 20.750,00
IRPJ = 20.750,00 x 15% = 3.112,50
CSLL = 20.750,00 x 9% = 1.867,50
5. 5. EXEMPLO DE CALCULO DO LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO

PIS/COFINS
Sobre o Faturamento de 50.000,00 de venda de mercadorias e 50.000,00 sobre venda
de serviços, seremos tributados em R$ 1.650,00 de PIS (100.000,00 x 1,65%) e R$
7.600,00 de COFINS (100.000,00 x 7,60%).
IRPJ/CSLL
Para calcular o IRPJ devemos chegar ao valor do lucro para aplicarmos o percentual
de 15% de IRPJ e CSLL de 9%.
Receita de Vendas – Impostos diretos – Custos – Despesas = Lucro
100.000,00 – 1.650,00 – 7.600,00 – 50.000,00 – 20.000,00 = 20.750,00
IRPJ = 20.750,00 x 15% = 3.112,50
CSLL = 20.750,00 x 9% = 1.867,50
5. 5. EXEMPLO DE CALCULO DO LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO

Nota: Cálculos acima realizados para fins didáticos, porém não está sendo
considerado os créditos de Pis/Pasep e Cofins não cumulativo.

O IRPJ adicional deve se verificar se ultrapassa o limite de 20.000,00 ao mês ou


60.000,00 no trimestre e o que exceder este valor deve ser aplicado à alíquota de
10%.

IRPJ Adicional = 20.750,00 – 20.000,00 = 750,00 x 10% = 75,00


5. 5. EXEMPLO DE CALCULO DO LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO
1. b) Lucro Presumido:
PIS/COFINS
Sobre o Faturamento de 50.000,00 de venda de mercadorias e 50.000,00 sobre venda de serviços,
seremos tributados em R$ 650,00 de PIS (100.000,00 x 0,65%) e R$ 3.000,00 de COFINS
(100.000,00 x 3,00%).
IRPJ/CSLL
No caso do Lucro presumido devem ser utilizadas as alíquotas de lucro presumido por atividade,
conforme demonstramos acima:
Venda de mercadorias = 50.000,00 x 8% = 4.000,00 x 15% = 600,00
Venda de serviços = 50.000,00 x 32% = 16.000,00 x 15% = 2.400,00
Total de IRPJ = 3.000,00
Venda de mercadorias = 50.000,00 x 12% = 6.000,00 x 9% = 540,00
Venda de serviços = 50.000,00 x 32% = 16.000,00 x 9% = 1.440,00
5. 5. EXEMPLO DE CALCULO DO LUCRO REAL X LUCRO PRESUMIDO

O IRPJ Adicional deve se verificar se ultrapassa o limite de 20.000,00 ao mês ou


60.000,00 no trimestre e o que exceder este valor deve ser aplicado à alíquota de
10%.

Nota: Se caso realizado calculo para um determinado mês (antecipado) o limite


para efeito de verificação do adicional será de R$ 20,000,00, se caso excedente
estará sujeito ao adicional de 10%.
6. CONCLUSÃO

Se analizarmos a tributação pelo Lucro Presumido em princípio a carga tributária foi menor que a
do Lucro Real, e podemos dizer que o responsável por essa redução foi o PIS e a Cofins, mas deve
verificar que no Lucro Real modalidade não cumulativa a contribuíção de PÍS e Cofins será maior,
porém nesta modalidade poderá apropriar créditos de Pis 1,65% e Cofins 7,60% que poderá
diminuir o valor devido de imposto.
Mas em muitos casos mesmo com a vantagem apresentada do Lucro Presumido, pois, temos
variáveis como as despesas e os créditos das entradas que variam de acordo como o volume de
compras. Temos também algumas vedações que devem ser verificadas como a obrigatoriedade de
apuração pelo Lucro Real com faturamento superior à R$ 48.000.000,00, entre outras vedações
como atividades específicas, por exemplo, as empresas de Factoring.
Orienta-se entretanto que o mais viável será investir em uma consultoria jurídica e contábil para
efetuar a escolha menos onerosa no ponto de vista tributário.

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