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INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P.

DELEGAÇÃO REGIONAL DO NORTE


CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE BRAGA

Acompanhamento em creche
e jardim de infância

Técnicas Pedagógicas
Formadora: Ana Tereza Araújo
Objetivos e conteúdos da UFCD
• Objetivos: Reconhecer as principais técnicas pedagógicas em creches e jardins de infância; Identificar as atitudes e
desenvolver as ações necessárias ao estabelecimento de relações adequadas à situação de creches e jardins de
infância.
• Conteúdos:
Creches:
Objetivos
Organização do espaço físico e do material
Atividades e rotinas
Relações educador/assistente de ação educativa/criança/pais
Funcionamento e aspetos organizativos
Jardins de infância:
Objetivos
Organização do espaço físico e do material
Atividades e rotinas
Relações educador/assistente de ação educativa/criança/pais
Funcionamento e aspetos organizativos
Criança e creche
A importância da afetividade na creche
Importância das rotinas na vida do bebé
Adaptação da criança e da família à creche
Receção da criança
Criança e jardim de infância
Processo de adaptação da criança ao jardim de infância
Observação da criança no jardim de infância
- Observação naturalista
- Observação sistemática
Relação da criança com o educador de infância
Relação educador de infância/criança/família
Acompanhamento em Creches
O que é uma creche?
Uma creche, na República Portuguesa, consiste
num espaço destinado ao apoio pedagógico e
cuidado de crianças com idades compreendidas
entre os 4 meses e os 3 anos.

Dos 4 meses à aquisição da marcha, as crianças


encontram-se em Berçário, transitando para as
salas seguintes até aos 3 anos em que passam
para a valência de Jardim de infância.
Objetivos
• Proporcionar o atendimento individualizado da
criança num clima de segurança afetiva e física que
contribua para o desenvolvimento global;
• Colaborar estreitamente com a família numa partilha
de cuidados e responsabilidades em todo o processo
evolutivo da criança;
• Colaborar no despiste precoce de qualquer
inadaptação ou deficiência, encaminhando
adequadamente as situações detetadas;
• Responder às necessidades das famílias.
Capacidade e organização dos grupos

Os grupos a constituir não deverão ultrapassar os seguintes


limites:

a)dos 3 meses e meio à aquisição da marcha - até 8 crianças;

b) da aquisição da marcha aos 24 meses - até 10 crianças;

c) dos 24 aos 36 meses - até 15 crianças.


Organização do espaço físico e do
material
As creches devem compreender os seguintes
espaços: Átrios, berçário, zona de
higienização, copa de leite, salas de atividades
e de refeições, instalações sanitárias, cozinha
e anexos, gabinetes, outros espaços de apoio
(área isolável, espaço destinado ao pessoal,
despensas) e de ar livre.
Organização do espaço físico e do
material
O espaço físico e os materiais devem ser sempre
organizados tendo em conta o espaço existente, os
recursos de que dispomos e o número de crianças.

O espaço deve ser organizado de modo a proporcionar


às crianças conforto, bem-estar, segurança e
oportunidades de aprendizagem.

Um ambiente bem pensado promove o progresso das


crianças em termos de desenvolvimento físico,
comunicação, competências cognitivas e interações
sociais.
Linhas orientadoras para a organização do espaço e
dos materiais

• Criar a ordem e a flexibilidade no ambiente


físico;
• Proporcionar conforto e segurança à criança e
aos/às adultos/as;
• Apoiar a abordagem sensório-motora das
crianças.
Criar ordem e flexibilidade no ambiente
físico

Formas de organizar e flexibilizar o ambiente físico:


- Áreas distintas de cuidados e de brincadeiras;
- Um espaço de chão livre;
- Mobiliário, equipamento e caixas móveis;
- Acesso fácil ao exterior.
EX: Berçário: espaço destinado às crianças entre os 3 meses e a aquisição da marcha. Deve ter uma sala de
berços e uma sala-parque, com comunicação entre si. A sala dos berços destina-se aos tempos de
repouso e deve dispor de sistema de obscurecimento e os berços devem encontrar-se dispostos de
forma a permitir o fácil acesso e circulação de pessoal.
A sala-parque destina-se aos tempos ativos e deve dispor de uma zona de higienização equipada com uma
bancada com tampo almofadado e banheira incorporada, com misturador de água corrente, quente e
fria, arrumos para produtos de higiene e prateleiras para roupas de muda. Integrado no berçário, deve
existir também um espaço equiparado a copa de leites para a preparação de biberões e papas.
Proporcionar conforto e segurança a crianças e
adultos
Elementos a ter em conta para tornar o contexto
mais confortável e seguro:
- Chão, paredes e tetos acolhedores;
- Luz natural e suave;
- Focalização ao nível do chão;
- Mobiliário e equipamento à medida dos bebés e das crianças;
- Mobiliário à medida dos adultos;
- Arrumação para os objetos dos adultos e das crianças
(armários e cacifos para adultos; armários, caixas de arrumação
individual para as crianças);
- Espaço para as produções criativas das crianças.
Apoiar a abordagem sensório-motora das
crianças

Formas de apoiar o desenvolvimento sensório-


motor:

- Apelar aos sentidos das crianças;


- Proporcionar espaço e materiais para movimento.
• Apelar aos sentidos das crianças:

Para apoiar o desejo de exploração sensorial


é essencial incluir materiais e experiências
aromáticas; materiais e experiências sonoras
e táteis, para levar à boca, provar e observar;
etc (tapetes e placas sensoriais, diferentes
brinquedos e atividades).
• Proporcionar espaço e materiais para o
movimento:
É indispensável incluir espaços e materiais
que apoiem as tarefas de movimentação que
as crianças procuram dominar: escadas,
rampas, escorregas, paredes para escalar,
etc.
As crianças precisam de espaço e liberdade
para desenvolverem os seus movimentos.
• Mobiliário e equipamento pedagógico
Devem ser adequados às necessidades de conforto e estimulação
do desenvolvimento das crianças, de acordo com a sua fase
evolutiva. A aquisição de equipamento, deve ter em
consideração as necessidades e os interesses do grupo de
crianças e deverão satisfazer um conjunto de requisitos:
• Qualidade estética;
• Adequação ao nível etário;
• Resistência adequada;
• Normas de segurança;
• Multiplicidade de utilizações;
• Valorização de materiais naturais, evitando materiais sintéticos;
• Utilização de materiais de desperdício.
• Distinguem-se três tipos de
equipamento
• Mobiliário;
• Material didático (conjunto de instrumentos que
facilitam a aprendizagem e cuja durabilidade,
embora variável, seja uma caraterística essencial),
material de apoio (todo o equipamento,
designadamente audiovisual, de reprografia, de
secretaria e de informática) e material de consumo
(material de desgaste);
• Material de exterior.
• Mobiliário, equipamento e caixas
móveis:
As estantes e prateleiras devem estar baixas e ter
suportes móveis, mas bem fixas e estáveis para
que as crianças não as possam virar ao agarrá-las
para se porem de pé ou alcançar algum material.

É importante ter um espaço com almofadas


grandes, tapetes, etc.

As caixas móveis, além de terem bom espaço de


arrumação, são ótimas para cativar bebés que
ainda não gatinham.
• Na seleção do material didático, deve-
se ter em conta alguns critérios:
• Rico e variado;
• Polivalente;
• Resistente;
• Estimulante e agradável ao tato;
• Multigraduado, permitindo a utilização de vários
níveis de dificuldade;
• Acessível, tanto pela forma como se arruma como
pela forma como deve ser utilizado;
• Manufaturado e/ou feito pelas crianças.
Rotinas

As rotinas são muito importantes nesta fase inicial do


desenvolvimento da criança, pois proporcionam
experiências e aprendizagens a todos os níveis.

Ajudam a atingir determinados objetivos e


transmitem ainda segurança, na medida em que a
criança começa a perceber o que acontece em cada
etapa do seu dia.
Rotina diária:

• Oferece um enquadramento comum de apoio às


crianças à medida que elas perseguem os seus
interesses e se envolvem em diversas atividades de
resolução de problemas;
• proporciona às crianças uma sequência de
acontecimentos que lhes permite saber o que se
vai passar no momento a seguir;
• aos/às educadores/as permite que eles organizem
o seu tempo com as crianças de forma a
oferecerem-lhes oportunidades de aprendizagem e
experiências.
Atividades e Rotinas
Um horário diário previsível e bem coordenado,
onde se prestam cuidados com rotinas tranquilas,
dá às crianças muitas oportunidades de realizarem
as suas ações e ideias, sentindo-se mais seguras.
No entanto, esta rotina também não deve ser
rígida e inflexível. Deve estar aberta a novas
situações e experiências, adaptando-se ao dia a dia
das crianças, assim como às suas novas
descobertas e partilha de experiências.
Orientações para as rotinas diárias:
• Seguir todas as partes da rotina, dia a dia sempre na mesma
ordem;
• Fazer questão de usar, durante o dia na conversação com a
criança, o nome de cada tempo: “isso mesmo, chegou a hora de
arrumar. Carla, vais arrumar os cubos todos”; “está na hora de
mudarmos a fralda, para irmos dormir bem secos”;
• Estabelecer e utilizar um sinal para marcar o fim do tempo. Ex.
por uma criança a tocar pandeireta e dizer: “tempo de arrumar,
tempo de arrumar”;
• No fim de cada tempo, falar com as crianças sobre o que vem a
seguir;
• No caso de haver alteração de rotina, não esquecer de informar
as crianças;
• Tirar fotografias das atividades durante cada período de tempo
do dia. Incitá-las e ajudá-las a fazer a ligação entre a fotografia e o
nome do tempo, em que efetuou as atividades.
Momentos da Rotina
• Acolhimento;
• Atividades livres e/ou orientadas;
• Refeições;
• Cuidados corporais;
• Sesta;
• Exterior;
• Partida.
Acolhimento e Partida

O acolhimento deve ser feito por um adulto da


sala, que deve estar disponível para conversar com
quem traz a criança, de forma a saber como passou
a noite, como acordou, a que horas comeu, (…).

Na partida, as despedidas devem ser agradáveis e


simpáticas permitindo que as crianças se reúnam
com os pais sem se preocuparem com os adultos de
quem se estão a despedir
Estratégias de apoio às crianças no momento do
acolhimento/ partida:

• Dar as boas-vindas e fazer as despedidas calmamente de


forma a tranquilizar crianças e pais;
• Reconhecer os sentimentos das crianças e dos pais acerca
da separação e do reencontro;
• Seguir os indícios das crianças sobre o querer entrar e sair
das atividades do contexto educativo;
• Comunicar abertamente com as crianças sobre as
chegadas e partidas dos pais;
• Trocar informações e observações com os pais sobre as
crianças.
Tempo de atividades livres
Período em que bebés e crianças podem investigar e
explorar materiais e ações e interagir com as restantes
crianças.
Num ambiente apoiante e seguro com materiais e
oportunidades interessantes, bem como espaço para se
deslocarem em diferentes direções; cada criança escolhe
aquilo que está de acordo com os seus interesses e
inclinações pessoais e com o seu nível de desenvolvimento.
Num grupo de crianças, o tempo de escolha livre ocorre
num contexto social rico e, por isso, as crianças têm a
oportunidade de observar outras a explorarem e a
brincarem, imitar as suas ações e estabelecer relações com
os outros.
Estratégias de apoio às crianças durante o
tempo de atividades livres:

• Prestar muita atenção às crianças enquanto


exploram e brincam;
• Ajustar as ações e respostas do adulto às indicações
e ideias da criança;
• Envolver-se numa relação de estilo dar-e-receber
com as crianças;
• Apoiar as interações das crianças com os pares;
• Encorajar as crianças a arrumarem os materiais
depois de os utilizarem.
Atividades orientadas
Neste momento da rotina, as crianças são reunidas em grupo
para explorarem e brincarem com um determinado conjunto
de materiais ou para fazerem parte de uma atividade comum
proposta pelo adulto.
Todas as crianças e adultos se juntam num grande grupo
para cantarem e inventarem canções que envolvem ação,
para tocar instrumentos musicais, para se moverem ao som
da música, fazerem jogos e, às vezes discutem um
acontecimento especial que se aproxima.
Pode-se dividir o grupo em dois pequenos grupos
(dependendo do que irão executar), ficando a Educadora
responsável por orientar a atividade num grupo e o/a auxiliar
no outro.
Estratégias de apoio no tempo de grupo:

• Planear antecipadamente e proporcionar


experiências em grupo;
• Recolher materiais e oferecê-los às crianças;
• Respeitar as escolhas e ideias das crianças sobre a
utilização de materiais;
• Fazer comentários breves e específicos sobre
aquilo que as crianças fazem;
• Interpretar as comunicações das crianças para com
as outras crianças;
• Deixar que as ações das crianças anunciem o fim do
tempo de grupo.
Tempo de cuidados corporais
Ao nível mais básico, as rotinas de cuidados corporais
promovem o asseio, o conforto físico e a saúde,
minimizando a exposição das crianças a infeções e
irritações da pele. Os cuidados corporais também
contribuem de igual forma para o seu bem-estar
emocional.

Através das interações pessoais envolvidas nos cuidados


de higiene corporal, as crianças têm a oportunidade de
construir relações de confiança com o adulto e de
ganharem um maior sentido de confiança no contexto
educativo.
Estratégias de apoio durante os cuidados
corporais:
• Integrar os cuidados corporais na exploração e
brincadeira da criança. "Os momentos de higiene e
mudança de fralda são momentos privilegiados da
relação adulto/criança, momentos de brincadeira com
o corpo – pé, mãos, barriga, momento de contato
físico e de diálogo" (Figueira: 1998);
• Centrar-se em cada criança durante a rotina de
cuidados corporais;
• Encorajar a criança a fazer as coisas sozinha.
Hora das refeições
As refeições dos bebés e crianças vão para além da
necessidade básica de uma alimentação nutritiva.
Para os bebés, as refeições proporcionam um
contato físico mais próximo com o adulto atento.
A refeição é uma hora para comer, mas também
para explorar novos sabores, cheiros, texturas e
tentar comer sozinho. Além disto, é uma hora de
convívio social.
O local onde a refeição ocorre depende da fase de
desenvolvimento de cada criança.
Estratégias para os adultos apoiarem as
crianças durante as refeições:
• Prestar atenção plena ao bebé lactente;
• Apoiar o interesse das crianças em comerem
sozinhas;
• Respeitar o horário das refeições, a introdução de
novos alimentos e o ritmo individual de cada
criança;
• Juntar-se à mesa na hora das refeições.
Tempo da sesta

A sesta proporciona o sono e o descanso


necessários para o crescimento e
desenvolvimento das crianças, além de
permitir que as crianças recarreguem as
energias física e emocionais.
Estratégias de apoio às crianças durante a
sesta:
• Ajudar as crianças a acalmarem-se para a sesta;
• Adormecer num espaço calmo, silencioso, de modo a que o
sono proporcione um momento agradável à criança.
• Se existir um objeto transacional (um peluche ou objeto
preferido), deverá acompanhar a criança neste momento,
pois transmite conforto e alívio;
• Proporcionar alternativas sossegadas para as crianças que
não dormem;
• Respeitar os diferentes estilos de acordar das várias
crianças.
Tempo de exterior

Possibilita aos bebés e às crianças expandirem a


sua exploração e brincadeira a um contexto
exterior (parque ou outros locais fora da
instituição).
Durante o tempo de exterior, as crianças
observam, exploram e brincam sozinhas ou com
outras, ao seu próprio ritmo e com o seu nível de
interesse e desenvolvimento.
Estratégias de apoio às crianças no tempo de
exterior:

• Proporcionar materiais diversos para o conforto e


brincadeiras das crianças;
• Proporcionar uma variedade de experiências a
bebés pequenos;
• Utilizar estratégias de apoio adequado ao tempo
de escolha livre;
• Observar a natureza com as crianças;
• Acabar de forma tranquila o tempo de exterior.
Relações Educadora / Técnica de
Ação Educativa / Crianças / Pais
Relações
Educadora - Técnica
Em grande parte das instituições, o grupo de
crianças mantém-se com a mesma Educadora e
com a mesma assistente durante o tempo que
permanecem no programa de educação infantil.

Isto permite que as crianças e respetivas famílias


estabeleçam elos de ligação estáveis com a
Educadora e assistente, evitando transições
dolorosas e confusas e promove um sentimento de
bem-estar e de pertença para todos os envolvidos.
De forma a proporcionar cuidados consistentes e
contínuos e apoio mútuo, Educadora e assistente
devem trabalhar em conjunto, assumindo os
mesmos valores educativos, os mesmos objetivos, os
mesmos procedimentos para que, na ausência de
uma delas, as crianças não sintam uma “quebra” na
sua rotina diária.
Através do trabalho em equipa, Educadora e
assistente aprendem a conhecer os interesses e os
pontos fortes uma da outra, bem como apoiarem-se
mutuamente.
Estratégias de colaboração entre Educadora – Assistente:

- Praticar uma comunicação aberta;


- Tomar decisões conjuntas sobre as questões do
programa;
- Observar as crianças, discutir as observações e
planificar formas de apoiá-las.
Relações Educadora/ Assistente - Criança
Estratégias para construir e manter relações com bebés e crianças:

•Criar um clima de confiança com as crianças;

• Estabelecer uma relação cooperante com as crianças;

• Apoiar as interações das crianças;


Estratégias para construir e manter relações com bebés e crianças:

•Respeito pelas caraterísticas individuais de cada criança:


existem crianças mais serenas, outras mais ativas; umas mais
calmas, outras mais rabugentas; umas aceitam muito bem
situações estranhas, outras ficam com receio perante elas, etc.
Não se irão comportar todas da mesma forma perante a mesma
situação;
•Carinho. A criança deve sentir-se segura e o adulto deve ser
encarado, pela criança, como um “porto seguro” que estará
sempre presente quando ela sentir medo, receio, angustia, etc;
•Estabelecimento e cumprimento de regras com as quais as
crianças se devem identificar e serem coerentes com o grau de
maturidade e caraterísticas de cada grupo.
Relações Educadora/ Assistente - Pais

A equipa pedagógica deve trabalhar em parceria


com os pais, trocando observações sobre a criança
e procurando proporcionar consistência entre as
experiências em casa e as experiências na creche.

A cooperação entre todos os adultos é


imprescindível para a criação de um ambiente de
aprendizagem seguro e adequado às crianças.

Pais, Educadora e Assistente recolhem, trocam e


interpretam informação específica sobre ações,
sentimentos, preferências, interesses e
capacidades sempre em mudança na criança.
Orientações para as parcerias eficazes entre educadores e pais:
- Reconhecer o papel da separação;
- Praticar uma comunicação aberta;
- Centrar-se nos pontos fortes dos pais;
- Utilizar uma abordagem de resolução de
problemas e conflitos. Detetar e ajudar a criança a
ultrapassar determinado problema com que,
família e escola se possam vir a deparar, é muito
mais fácil quando todos os agentes educativos
juntam esforços e trabalham em equipa (Ex:
desfralde complicado; atraso na linguagem;
dificuldade no relacionamento interpessoal, etc.).
Utilizar uma abordagem de resolução de problemas
aos conflitos

Nem sempre pais e educadores concordam em todas as decisões


que são tomadas, discordando em alguns pontos.

Passos para a resolução de conflitos em adultos:


1. Abordagem calma;
2. Reconhecer sentimentos dos adultos;
3. Troca de informação;
4. Olhar para o problema adotando o ponto de vista da criança;
5. Reformular o problema;
6. Gerar ideias para soluções e escolher uma em conjunto;
7. Estar sempre preparado para continuar a acompanhar o problema.
Funcionamento e aspetos
organizativos

Projeto Curricular de Escola e Plano


Anual de Atividades

(Comuns a Creche e Jardim-de-Infância)


Projeto Curricular de
Escola/Instituição
Conjunto de decisões articuladas, partilhadas pela equipa
docente de um estabelecimento educativo que dotando de
maior coerência a ação, concretizam as Orientações
Curriculares de âmbito nacional em propostas de intervenção
pedagógico-didática adequadas a um contexto específico.

É o conjunto de intenções definidas pela equipa e respetivas


estratégias para as concretizar.

É normalmente elaborado pelas instituições que fazem parte


de um agrupamento de escolas, uma vez que tem elementos
comuns ao Projeto Educativo.
Componentes que deve integrar:
• Ambições da escola;
• Opções e prioridades no âmbito curricular e
metodológico (ex: priorizar a língua materna,
cooperação entre docente, participação dos pais,
etc.);
• Funcionamento e organização (horários, ratios
adulto/criança, serviços especializados, parcerias,
clubes, projetos, etc.)
• Aprendizagens gerias em todas as valências;
• Estratégias previstas de concretização (o que a escola
oferece – atividades extracurriculares);
• Modalidades, princípios, critérios e instrumentos de
avaliação das aprendizagens e do trabalho realizadas
nas várias valências.
Plano Anual de Atividades
Deve espelhar a dinâmica de cada escola, contemplando
propostas para a satisfação de necessidades e projetos
específicos do interesse da maioria dos utentes.

Deve caracterizar, passo a passo, cada uma das estratégias


definidas e seguir os seguintes procedimentos:
- Objetivos (com referência ao PE e PCE)
- Atividades a promover
- Recursos humanos responsáveis pela dinamização das
referidas atividades
- Previsão de recursos materiais e financeiros
- Calendarização das atividades
- Avaliação dos resultados obtidos.
Acompanhamento em
jardim de infância
O que é um jardim de infância?

Jardim de infância consiste num espaço


destinado ao cuidado e acompanhamento
pedagógico de crianças com idades
compreendidas entre os 3 e os 6 anos, sendo
também denominado por pré-primário ou
pré-escolar.
Objetivos
• Promover o desenvolvimento pessoal e social da criança
com base em experiências de vida democrática numa
perspetiva de educação para a cidadania;

• Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos,


no respeito pela pluralidade das culturas, favorecendo uma
progressiva consciência do seu papel como membro da
sociedade;

• Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à


escola e para o sucesso da aprendizagem;

• Estimular o desenvolvimento global de cada criança, no


respeito pelas suas características individuais, incutindo
comportamentos que favoreçam aprendizagens
significativas e diversificadas;
• Desenvolver a expressão e a comunicação através da
utilização de linguagens múltiplas como meios de relação,
de informação, de sensibilização estética e de compreensão
do mundo;

• Despertar a curiosidade e o pensamento crítico;

• Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências e


precocidades, promovendo a melhor orientação e
encaminhamento da criança;

• Incentivar a participação das famílias no processo educativo


e estabelecer relações de efetiva colaboração com a
comunidade.
Organização do espaço
e dos materiais
Linhas orientadoras do espaço e materiais

O espaço é atraente para as crianças:

Suavidade;
Esquinas arredondadas;
Cores e texturas agradáveis;
Materiais e luz naturais;
Sítios tranquilos.
O espaço é dividido em áreas de interesse bem
definidas, de forma a encorajar diferentes tipos de
atividades:
Definir áreas de interesse é uma maneira concreta de
aumentar as capacidades de iniciativa, autonomia e
estabelecimento de relações sociais das crianças.
Como os materiais estão diariamente disponíveis às
crianças, elas sabem quais materiais querem e onde
os podem encontrar.
Áreas fundamentais: áreas de blocos, área da biblioteca,
área da casa, área da música e movimento, área da
expressão plástica, área das atividades repousantes, área
da água e areia, área dos animais e plantas, área do recreio
ao ar livre.
As áreas de interesse estão organizadas de forma a ter
em conta aspetos práticos, bem como as mudanças de
interesse das crianças nas atividades
O espaço deve ser flexível de modo a que permita aos
adultos fazerem mudanças ao longo do ano que
acompanhem o desenvolvimento e a evolução dos
interesses das crianças.
A organização do espaço da sala é expressão das intenções
do educador e da dinâmica do grupo, sendo indispensável
que este se interrogue sobre a sua função, finalidades e
utilização, de modo a planear e fundamentar as razões
dessa organização.
Os materiais e objetos são numerosos permitindo uma
grande variedade de brincadeiras

Devem existir materiais suficientes de modo a que


um grupo de crianças possa brincar na mesma área
em simultâneo. Da mesma forma deve existir uma
relativa variedade de materiais que permita a
diversidade de atividades.
O educador deve definir prioridades na aquisição dos
materiais, tendo em conta as necessidades das crianças e o
projeto curricular do grupo.

A escolha de materiais deverá atender a critérios de qualidade


e variedade, baseados na funcionalidade, versatilidade,
durabilidade, segurança e valor estético. A utilização de
material reutilizável (caixas de diferentes tamanhos, bocados
de canos, interior de embalagens, bocados de tecidos,
pedaços de madeira, fios, etc.), bem como material natural
(pedras, folhas sementes, paus) podem proporcionar
inúmeras aprendizagens e incentivar a criatividade,
contribuindo ainda para a consciência ecológica e facilitando a
colaboração com os pais/famílias e a comunidade.
Os locais de arrumação permitem que sejam as próprias
crianças a arrumarem os materiais quando já não os
tiverem a usar

É crucial que as crianças tenham hábitos de


responsabilização e de arrumação desde muito
pequenas. Ter consciência de que utilizou o
material, mas se não quer mais brincar com ele
deverá arrumá-lo no sítio onde o foi buscar. Desta
forma, os locais de arrumação devem estar ao
alcance das crianças, permitindo-lhe colocar no
local o material que utilizaram.
O espaço está organizado de forma a assegurar a
visibilidade e possibilidade de locomoção entre os
diferentes espaços
A visibilidade do espaço permite que as crianças
observem os restantes colegas em atividade
noutros espaços/ áreas e permite também que os
adultos consigam facilmente localizar uma criança
na sala.
As crianças deverão poder deslocar-se livremente
pelos diversos espaços da sala.
Momentos da rotina diária:

Acolhimento e partida;
Atividade livre;
Cuidados corporais;
Refeições;
Sesta;
Exterior;
Trabalho em grande grupo;
Trabalho em pequenos grupos.
ATIVIDADES

As atividades desenvolvidas nos contextos


de educação pré-escolar devem ter como
objetivo o desenvolvimento de
conhecimentos e competências a partir de 3
áreas de conteúdos (área da formação
pessoal e social; área da expressão e
comunicação; e área do conhecimento do
mundo).
Representação criativa
• Reconhecer objetos através da imagem, do som,
do tato, do sabor e do cheiro;
• Imitar ações e sons;
• Relacionar reproduções, imagens e fotografias
com locais e objetos reais;
• Fazer de conta e representar papéis;
• Construir reproduções a partir de barro, blocos e
outros materiais;
• Desenhar e pintar.
Linguagem e literacia
• Falar com os outros sobre experiências com
significado pessoal;
• Descrever objetos, acontecimentos e relações;
• Tirar prazer da linguagem: ouvir histórias e
poemas, inventar histórias e versos;
• Escrever de várias formas: desenhar, garatujar,
fazer as formas das letras, inventar ortografias,
formas convencionais;
• Ler de várias formas: ler livros de histórias, sinais e
símbolos, a sua própria escrita;
• Ditar histórias.
Iniciativa e relações interpessoais
• Fazer e expressar escolhas, planos e decisões;
• Resolver problemas experimentados ao brincar;
• Responsabilizar-se pelas suas próprias
necessidades;
• Exprimir sentimentos através das palavras;
• Participar em rotinas de grupo;
• Ser sensível aos sentimentos, interesses e
necessidades dos outros;
• Desenvolver relações com crianças e adultos;
• Criar e experimentar brincadeiras cooperativas;
• Lidar com conflitos sociais.
Movimento
• Movimentar-se de formas não locomotoras;
• Mover-se de formas locomotoras;
• Mover-se com objetos;
• Exprimir criatividade no movimento;
• Descrever movimentos;
• Movimentar-se seguindo diretrizes;
• Sentir e exprimir um ritmo compassado.
Música

• Mover-se ao som da música;


• Explorar e identificar sons;
• Explorar a voz ao cantar;
• Criar melodias;
• Cantar canções;
• Tocar instrumentos musicais simples.
Classificação
• Explorar e descrever semelhanças, diferenças e
atributos dos objetos;
• Distinguir e descrever formas;
• Separar e emparelhar;
• Utilizar e descrever alguma coisa de diversas
formas;
• Pensar em mais do que um atributo ao mesmo
tempo;
• Distinguir entre “alguns” e “todos”;
• Descrever as características que uma coisa não
possui, ou a classe a que não pertence.
Seriação

• Comparar atributos (mais comprido/curto);


• Colocar diversos objetos, um após o outro,
de acordo com uma série ou um padrão e
descrever relações;
• Ligar um conjunto de objetos ordenados a
outro conjunto;
Número

• Comparar o número de objetos em dois


conjuntos para determinar “mais”,
“menos”, “o mesmo número”;
• Fazer corresponder dois conjuntos de
objetos um a um;
• Contar objetos.
Espaço
• Encher e despejar;
• Encaixar objetos e separá-los;
• Modificar forma e disposição de objetos
(embrulhar, torcer, esticar, empilhar, pôr dentro
de);
• Observar pessoas, locais e objetos a partir de
diferentes pontos de vista espaciais;
• Experimentar descrever posições, direções e
distâncias no espaço de brincadeira;
• Interpretar relações espaciais em desenhos,
imagens e fotografias.
Tempo

• Iniciar e interromper uma ação de acordo


com um sinal;
• Experimentar e descrever movimentos de
diferentes ritmos;
• Experimentar e comparar intervalos de
tempo;
• Antecipar, recordar e descrever sequências
de acontecimentos.
Relações Educadora – Assistente – Crianças - Pais

Para a existência de uma boa relação entre educadores,


assistente, crianças e pais, é essencial a presença de
elementos como:

Proximidade Relação direta


Cumplicidade Partilha
Interação Coerência
Diálogo Atenção
Cooperação Confiança
Companheirismo Afeto

Esta relação assenta numa comunicação através de trocas informais (orais


ou escritas) ou em momentos planeados (reuniões com cada família).
O trabalho em equipa entre profissionais

O trabalho em equipa pode realizar-se a vários níveis,


nomeadamente, através de reuniões regulares da
equipa que trabalha com o mesmo grupo de crianças:
educador, auxiliar de ação educativa/assistente
operacional, animadores/as da componente de apoio
à família ou outros profissionais que intervenham com
as crianças em tempo letivo (professor/a de educação
especial ou professor/a com especialidade numa
determinada área). Este trabalho é indispensável para
desenvolver uma ação articulada, que se integra na
dinâmica global do grupo e no trabalho que se está a
realizar.
Criança e Creche
Importância da Afetividade

Partimos do princípio de que a afetividade é


uma dimensão humana educável e,
portanto, menos dependente dos fatores
genéticos.
O desenvolvimento da afetividade deve ser
visto como uma “atitude” docente, uma
constante na ação educativa e não tanto
como um “conteúdo conceptual” ou uma
“atividade específica”.
Trata-se de situar a ação educativa sob
certos requisitos, condições e normas que
garantam a correta vivência afetiva e o
desenvolvimento de atitudes e hábitos
sociais.
O/a educador/a e o/a assistente serão a chave
para um correto desenvolvimento afetivo.
Neste ponto, as suas ações são cruciais e têm
repercussões iminentemente formadoras,
pois servirão de modelo à criança.
É de sublinhar, principalmente, a importância do
“clima” educativo em que se vai desenvolver a
criança.

Neste sentido, os diferentes “espaços” (físico,


social, cultural, pré-escolar, familiar, etc.) deverão
ser adequadamente integrados para que propiciem
estímulos adequados qualitativamente e
quantitativamente, de modo a que o
desenvolvimento da personalidade, como
resultante unitária e funcional do ser humano, seja
possibilitado e enriquecido.
A independência, a curiosidade, a exploração e expressão
dos seus estados afetivos, estão, por sua vez, relacionados
com os êxitos nas dimensões cognitivas, sociais, etc.

A educação afetiva ir-se-á alcançar com processos de


descentralização, cooperação, autoconhecimento, etc., mas
totalmente encadeados e interdependentes uns dos outros.
Adaptação da criança à creche e ao
jardim de infância
Sugestões:

• Os pais deverão preencher um questionário:


Sobre o desenvolvimento e sobre os hábitos da criança
e, sempre que possível, respeite-os, procurando dar
continuidade à rotina que existe em casa.
• Sempre que possível, a adaptação da
criança deve ser gradual.
Nos(s) primeiro(s) dias é desejável que a criança
fique na sala sempre com um dos pais e
progressivamente vai-se aumentando o tempo que
fica sozinha.
• Peça aos pais para se despedirem sempre dos
seus filhos/as:
É preferível deixar a criança a chorar do que “sair
escondido” e torná-la insegura pois deixa de prever
o “desaparecimento” do pai ou da mãe.
• Mantenha um diálogo próximo com a família:
Organize a sua semana de forma a que os pais
saibam que está disponível para dialogar
individualmente com eles, quer sobre o dia a dia da
sala, quer sobre o desenvolvimento da criança ou
mesmo dificuldades específicas – em casa e/ou na
escola.
• Peça fotografias da família mais chegada ou o
brinquedo preferido:
Plastifique-as e mostre-as às respetivas crianças,
falando nos diversos membros à medida que
verbaliza sentimentos positivos indutores de
segurança emocional e permita à criança sentir a
ligação entre o ambiente escolar e familiar.
Observação da criança no jardim de infância

Se reconhecermos que as crianças chegam à


escola com algumas competências,
conhecimentos e com um determinado nível de
compreensão, então a tarefa central dos
educadores consiste em identificar com
precisão, através da observação, o que é que a
criança já sabe e pode fazer no sentido de ser
capaz de construir sobre as competências
previamente existentes.
As crianças devem ser observadas enquanto
estão envolvidas em diversas atividades
iniciadas pelo adulto ou iniciadas pelas
crianças e em diferentes contextos (em
pares, a trabalhar individualmente ou com
um adulto, em diferentes tempos da rotina,
etc.).
Razões para observar

Para conhecer:
• As competências da criança (o que sabe e pode
fazer);
• Os interesses da criança;
• O que motiva a criança a aprender;
• Como é que a criança se perceciona como
aprendiz;
• O que é que a criança gostaria de vir a saber ou
fazer.
A observação permite obter informações que
suportam diversas decisão, como:

• Apoiar a criança / uma atividade;


• Expandir a aprendizagem;
• Descobrir interesses;
• Conhecer os estilos de aprendizagem da criança.
Para organizar:

• Planificar;
• Comunicar com a própria criança;
• Comunicar com os pais;
• Autoavaliação da Educadora / Assistente;
• Avaliar a criança e o contexto de aprendizagem.
Principal problema da observação

O principal problema da observação é que a


presença do observador pode provocar
alterações no comportamento dos
observados, destruindo a espontaneidade
dos mesmos e produzindo resultados pouco
confiáveis.
Tipos de observação
Segundo o:

Grau de estrutura
- estruturada (com roteiro previamente estabelecido)
- não estruturada (sem roteiro)

Grau de participação
- participante
- não participante

Contexto
- natural (quando o contexto faz parte do quotidiano)
- artificial (quando é criado um contexto específico)
Observação participante

Observação naturalista
O observador permanece alheio ao grupo ou situação que
pretende estudar, observando de maneira espontânea os
factos que aí ocorrem.
O adulto que observa não intervém nos factos que estão a
decorrer, apenas observa.
Não existe uma predefinição do que vai ser observado.

Observação sistemática
O observador elabora um plano específico para a
organização e registo das informações. Isto implica
estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à
análise da situação. Antes de observar, o observador
estabelece que pontos vais observar, os elementos em que
vai recair a sua atenção.

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