Aquela cativa
Pretidão de amor,
que me tem cativo,
Tão doce a figura,
Porque nela vivo
Que a neve lhe jura
Já não quer que viva.
Que trocara a cor.
Eu nunca vi rosa
Leda mansidão
Em suaves molhos,
Que o siso acompanha;
Que pera meus olhos
Bem parece estranha
Fosse mais fermosa.
Mas bárbara não.
Nem no campo flores,
Presença serena
Nem no céu estrelas
Que a tormenta amansa;
Me parecem belas
Nela, enfim descansa
Como os meus amores.
Toda a minha pena.
Rosto singular
Esta é a cativa
Olhos sossegados
Que me tem cativo,
Pretos e cansados,
E, pois nela vivo,
Mas não de matar.
É força que viva.
ua graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde a opinião
Que os louros são belos
O Tema – O Amor sentido por Camões
ua graça viva,
Que neles lhe mora, Mais uma vez se joga com as palavras
Pera ser senhora “senhora” e “cativa”, reforçando a ideia de que
de quem é cativa. apesar de ser cativa/escrava, é senhora dos
Pretos os cabelos, corações apaixonados.
Onde o povo vão
Perde a opinião
Que os louros são belos.
Presença serena
Que a tormenta amansa; Novamente o reforço da serenidade. E também a
Nela, enfim descansa presença da antítese, que põe em destaque as
Toda a minha pena. contradições amorosas e os conflitos de opinião.
Esta é a cativa
Que me tem cativo. O sujeito poético encaminha para uma conclusão todo
E, pois nela vivo, este elogio, dizendo que nela se concentra a sua
É força que viva. inspiração poética e sofrimento poético (“pena”).
Aquela cativa “Aquela” implica um
que me tem cativo,
distanciamento, pois
Porque nela vivo
Já não quer que viva. o sujeito poético
Eu nunca vi rosa ainda não apresentou
Pretidão de amor,
Em suaves molhos, a personagem. Tão doce a figura,
Que pera meus olhos Que a neve lhe jura
Fosse mais fermosa. Que trocara a cor.
“ Esta” implica
Leda mansidão
Em no campo flores, proximidade, pois
Que o siso acompanha;
Nem no céu estrelas agora as Bem parece estranha
Me parecem belas características desta Mas bárbara não.
Como os meus amores. personagem são
Rosto singular conhecidas. Presença serena
Olhos sossegados Que a tormenta amansa;
Pretos e cansados, Ela, enfim descansa
Mas não de matar. Toda a minha pena.
Esta é a cativa
ua graça viva, Que me tem cativo.
Que neles lhe mora, E, pois nela vivo,
Pera ser senhora É força que viva.
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde a opinião
Que os louros são belos
Tema a beleza da amada
Classe social da
Escrava "Aquela cativa“.
amada
Trocadilho: "Cativa/cativo; vivo/viva";
Hipérbole: "Eu nunca vi… mais fermosa
Recursos estilísticos Adjectivação: em todo o poema;
utilizados no retrato Personificação: "a neve lhe jura";
Antítese: "Presença… amansa“
Análise formal