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Sobre os que fazem a guerra

Uma história dos soldados da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no


Brasil (1630-1654)

Prof. Dr. Bruno Romero Ferreira Miranda

Gillis Peeters. Vista do Recife (detalhe). Óleo s/ tela, 1637


Introdução

- A comunicação “Sobre os que fazem a guerra” é baseada em parte da tese de doutorado “Gente de
guerra: Origem, cotidiano e resistência dos soldados do exército da Companhia das Índias
Ocidentais no Brasil (1630-1654)”.

- O objetivo principal da tese foi reconstruir a história dos soldados do exército regular da Companhia
das Índias Ocidentais (West-Indische Compagnie, ou WIC) que atuaram no Brasil entre os anos de
1630 e 1654, bem como investigar as condições de vida diária dos contingentes recrutados.

- Em “Sobre os que fazem a guerra” procura-se saber quem foram os homens enviados ao Brasil
pela WIC e como foram recrutados.

- Para saber quem foram esses personagens anônimos foi necessário fazer um estudo sobre a
origem geográfica e social dos recrutados e elaborar um perfil social dos militares (faixa etária,
estado civil e opção religiosa).
Justificativas

- Ausência na historiografia brasileira e neerlandesa de estudos sobre a migração de gente para o


serviço de guerra da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais.

- Generalizações feitas por historiadores brasileiros e neerlandeses a respeito da origem social e


geográfica dos homens recrutados para compor o exército regular da WIC.

- Informações sobre a faixa etária, estado civil e opção religiosa são praticamente desconhecidas.

- A história dos militares da Companhia é negligenciada, mesmo quando eles compunham parte
significativa da população dos territórios ocupados (ex.: em 1631, das 7.030 pessoas sob
jurisdição da WIC no Brasil, 3.829 eram militares; entre 1645 e 1646, de 12.703 pessoas, temos
2.017 militares; em 1654, dos 4.191 habitantes, 1.100 eram militares).
Uma introdução sobre a invasão neerlandesa ao Brasil (1624-1654)

(a) Contexto geral

- O atraso na corrida colonial da França, Países Baixos e Inglaterra;


- Debate sobre a divisão dos novos territórios descobertos por Espanha e Portugal;
- Franceses percorreram o litoral brasileiro;
- Debate jurídico (1604-5) – A contestação de Hugo Grotius (De Indis ou De Jure Praedae) (img. 1);
- Panfleto Mare liberum (1609);
- Brasil como palco de disputas européias.

(b) Invasões Neerlandesas


 
- Os Países Baixos dos séculos XVI e XVII – Províncias do Sul e do Norte (mapa 01);
- Domínio Espanhol sobre os Países Baixos no início do século XVI;
- Autonomia – Províncias podiam ter um soberano e ser contraladas por um governador;
- Difusão do calvinismo – o controle espanhol passa a ser repudiado;
- Felipe II - cobrança de antigos impostos e repressão religiosa (img. 02);
- Levante nos Países Baixos em 1568;
- Reconhecimento político em 1609, mas o fim da guerra só acontece em 1648;
Imagem 1 - Hugo Grotius, por Michiel Imagem 2 - Felipe II, por Sofonisba
Jansz van Mierevelt (1631) Anguissola (1565)
Mapa 1 – Os Países Baixos
em 1580:
Províncias do Sul (Flandres,
Namur, Hainault, Artois,
Brabante, Luxemburgo,
Limburgo, Mechelen, Liège e
Cambrai) &
Províncias do Norte
(Holanda, Zelândia, Frísia,
Utrecht, Groningen,
Gelderland, Drente e
Overijse)
- União Ibérica (1580-1640): entraves ao comércio de açúcar;

- Trégua dos Doze Anos (1609-1621) - intensas transações comerciais dos neerlandeses no
Brasil; 

- Projeto de ocupar as zonas açucareiras amadurece com o fim da trégua;

- Século XVI - associações de comerciantes fazem brechas no monopólio espanhol;

- Pré-companhias – “Companhia para o Lugar Distante”, fundada em 1594, e outras pequenas


companhias;

- Para evitar disputas internas e concorrências entre as companhias, foi fundada, em 1604, a
Companhia das Índias Orientais (Vereenigde Oostindische Compagnie - VOC);

- Êxito da VOC e o fim da Trégua dos Anos inspirou a criação de uma companhia que atuasse nas
áreas ocidentais;

- Fundação, em 1621, da Companhia das Índias Ocidentais - Willem Usselincx preconizava o


ataque já no começo do XVII (img. 03/organograma 01);

- Escolha do Brasil - sua produção açucareira e fragilidade defensiva (img. 04);


Imagem 3 - Willem Usselincx Imagem 4 – Joan Stradanus, Açúcar (1523-1605)
Organograma 01
Salvador (1624-1625)
 
- Panfleto de Jan Andries Moerbeeck – Motivos porque a Companhia das Índias Ocidentais deve
tentar tirar ao Rei da Espanha a terra do Brasil – de 1623 (img. 05).

- Conselho dos XIX - decidiu que um ataque deveria ser organizado para tomar as áreas
açucareiras do Nordeste;

- Poderosa esquadra chega em Salvador em maio de 1624;

- O governador, coronel Van Dorth, não consegue furar o bloqueio dos moradores;

- Jornada dos Vassalos – grande operação ibérica montada para retomar Salvador (img. 06);

- Rendição da WIC em 1625 - navios da Companhia continuaram atacando portos e embarcações


ibéricas (img. 07);

- WIC recapitalizada – Matanzas: começou a preparar uma nova investida contra o Brasil – foram
obtidos mais de 7 milhões de florins.
Imagem 6 - Baía de Matanzas, Cuba
Imagem 5 - Panfleto de Moerbeeck, 1623
(1628)
Imagem 7 - Recuperação da Bahia em 1625, Juan Batista Maíno (ca. 1634-35)
Pernambuco (1630-1654)

- Conquista (1630-1637) -

- Expedição de 67 navios e por volta de 7 mil homens – C. Lonck e D. Waerdenbugh;

- Defesa coube ao governador Matias de Albuquerque;

- Montou um centro de resistência no Arraial do Bom Jesus - Guerra Lenta;

- Guerra Brasílica – congregava técnicas européias com as condições ecológicas do Nordeste;

- Maior contingente e mobilidade acabaram favorecendo a WIC – território é gradativamente


tomado. Itamaracá (1633), Rio Grande (1634) e Paraíba (1634);

- Rendição do Arraial e tomada do importante porto do Cabo de Santo Agostinho (1635) mudaram
os rumos do conflito.

- Expansão (1637-1644) -

- A WIC decidiu modificar o sistema de governo do Brasil, centralizando o governo;


- Envio de Johan Maurits van Nassau-Siegen como governador-general do Brasil. Ele administra o
Brasil juntamente com um conselho de três membros (Alto Conselho) (img. 8.1/img. 8.2);

- Chegada em janeiro de 1637 e ataque aos últimos focos de resistência;

- Ampliação das conquistas da WIC no território – em 1642, a conquista chegaria a sua extensão
máxima (de Sergipe ao Maranhão) (mapa 2);

- A perspectiva Atlântica - ataque a possessões portuguesas na África, de maneira a controlar as


zonas fornecedoras de escravos;

- Garantida a ocupação do território, foi iniciado um processo de reorganização da vida econômica


e de retomada da atividade açucareira;

- Concessão de créditos: reaparelhamento dos engenhos e aquisição de engenhos – dependência


dos senhores para com a WIC;

- Limitou os juros dos emprésticos concedidos para agradar os proprietários rurais e


comerciantes;

- As medidas econômicas favoreceram enormemente a produção açucareira;

- Além do açúcar - monopólio do tráfico de escravos, exploração da pau-brasil e o comércio de


munições de guerra;
Imagem 8.1 – Johan Maurits como jovem Imagem 8.2 – Johan Maurits como
oficial, Michiel van Mierveld (1636) Estatuder de Frederico Guilherme I, Pieter
Soutman (ca. 1647-1649)
Mapa 2 – Brasil sob domínio da WIC
- Estrutura política (Conselho Político, Alto e Secreto Conselho e Alto Governo);
 
- Com Nassau, o Conselho Político foi transformado em órgão judiciário. Nassau assumiu o
controle do Supremo Conselho Secreto;

- Câmara dos Escabinos substituindo as Câmaras Municipais – órgãos parecidos;


 
- Atitudes de Nassau no campo religioso - exemplo expressivo de tolerância ou pragmatismo?
 
- Administração de Nassau marcada também por um conjunto de promoções culturais – artistas,
cientistas, poetas, cartógrafos e arquitetos;

- Destaque para Frans Post, Albert Eckhout, George Marcgrave e Willem Piso;

- Melhoramentos urbanos e construção da Cidade Maurícia – projeto arquitetônico que incluiu a


drenagem, abertura de canais, construção de pontes, ruas e prédios;

- Medidas de melhoria do espaço público – ordenamento das ruas, obrigatoriedade no cuidado


das calçadas, limpeza, cia. de bombeiros, policiamento, etc.;

- Desentendimentos entre Nassau e os diretores da WIC - renúncia.


- Declínio (1645-1654) -

- Fim da União Ibérica/Restauração Portuguesa (1640) – ascenção de Dom João IV;


 
- Trégua na Europa entre Portugal e Países Baixos (1641-1651) – desrespeitada no ultramar;

- Hostilidade dos colonos já eram manifestas durante o governo de Nassau – Maranhão retomado
em 1643;

- Saída de Nassau e novo governo (o Alto Governo): cobrança das dívidas contraídas pelos
senhores numa época de crise no mercado do açúcar, venda de escravos somente à vista,
aumento no preço dos fretes e dos impostos, execução de dívidas;

- Clima de insatisfação dos moradores deu ensejo à revolta, que encontrou respaldo ideológico do
catolicismo;

- Houve apoio do governo-geral do Brasil e apoio disfarçado de Portugal;

- Em meados de 1645, o movimento de rebelião rebentou;

- Os primeiro sucessos da insurreição: Santo Antônio (Tabocas) e engenho da várzea do


Capibaribe (Casa Forte);
- Após as derrotas, as tropas da WIC recolheram-se em suas fortificações;

- Tentativa de romper o cerco - Guararapes (1648-1649);

- O impasse continuou até o envio de uma grande armada portuguesa, que pôde fechar o cerco
contra a Companhia (1653);

- Capitulação (1654): governo do Brasil sem receber reforços e política doméstica nas Províncias
Unidas que boicotava cada vez mais a WIC.

- O epílogo diplomático (Tratados de Haia) -

- A notícia da rendição pegou de surpresa muitos dos acionistas da Companhia. Planos de


retomada foram traçados, mas não foram levados adiante;

- Os portugueses começaram a negociar com os Estados Gerais um pagamento indenizatório


pela perda do Brasil;

- Os tratados de Haia (1661; 1669) - pagamento de 4 milhões de cruzados (equivalentes a 63


toneladas de ouro) aos Estados Gerais pela perda do território, além da entrega de territórios no
Oriente.
A jornada dos soldados da West Indische Compagnie

- A jornada de Peter Hansen (Hajstrup, København, Amsterdam, Recife).

- Viagem de P. Hansen faz parte de uma ampla corrente migratória direcionada para a República
das Províncias Unidas dos Países Baixos.

- Entre 1600 e 1800, mais de 2 milhões de migrantes foram para as regiões centrais da República.

- Prosperidade da República e instabilidade das regiões vizinhas (Guerra dos Trinta Anos e
Guerra dos Oitenta Anos).

- Redirecionamento dos migrantes masculinos para as filerias do exército europeu e colonial.

- Crescimento natural da população da República insuficiente e dependência de mão-de-obra


estrangeira.

- Relutância das classes média e alta neerlandesas em aceitar trabalho nas companhias de
comércio da República.

- Apesar do amplo movimento migratório no Atlântico, pouco se sabe sobre a transmigração de


homens para o serviço de guerra da WIC. Os historiadores neerlandeses P. C. Emmer e E. van
den Boogaart falam da ausência de fontes específicas.
Imagem 9 - Primeira página do diário de Peter
Hansen, Memorial und Jurenal von alles was
auff meine Reiße. Schleswig-Holsteinisches
Landesarchiv, Abt. 400.1, Nr. 343, fol. 2.
Origem geográfica
- O panfleto de François de La Tour de 1645.

Imagem 10 – Trecho do panfleto de François de La Tour. Nationaal Archief (NA),Oude West-


Indische Compagnie (OWIC) 60, doc. 1, 1645.
- A variedade de origens entre o pessoal militar do exército da WIC não era incomum.

- Na República, a quantidade de estrangeiros no exército flutuava entre 40 e 60%.

- Na Companhia Unida das Índias Orientais, cerca de 60% dos soldados e 40% dos marítimos
eram provenientes de fora da República.

- Na historiografia sobre a WIC, o tema rendeu apenas algumas frases, não acompanhadas de
dados quantitativos e resumindas à enumeração sucinta dos locais de origem.

- Uma exceção foram os dados sobre os Novos Países Baixos (J. Jacobs), onde se observou que
32,6% dos recrutados eram neerlandeses.
As fontes

- Os diversos arrolamentos da administração da WIC – listas de dispensados do


serviço, listas de doentes, listas de licenciados, listas de mortos, listas de
pagamentos e listas de militares transportados ao Brasil – fornecem muitos
dados sobre a origem dos militares.

- Diário e cartas pessoais de militares:

- Johann Gregor Aldenburgk (Reise nach Brasilien), no Brasil entre 1624 e 1625;
- Ambrosius Richshoffer (Reise nach Brasilien), no Brasil entre 1630 e 1632;
- Zacharias Wagener (Kurze Beschreibung der 35-jährige Reisen und
Verrichtungen), no Brasil entre 1634 e 1641;
- Cuthbert Pudsey (Journal of a residence in Brazil), no Brasil entre 1630-5 e 1640;
- Stephan Carl Behaim, no Brasil entre 1636 e 1638;
- Lorenz Simon (Prasilische Reise von einem Teutschen Soldaten in America), no
Brasil entre 1641 e 1654;
- Caspar Schmalkalden (Die wundersamen Reisen des Caspar Schmalkalden
nach West- und Ostindien 1642–1652), no Brasil entre 1642 e 1645;
- Peter Hansen (Memorial und Jurenal von alles was auff meine Reiße), no Brasil
entre 1644 e 1654.

- Arquivos notariais neerlandeses.


Exemplos de arrolamentos da administração da WIC:

Imagens 11 e 12 - Capa das “Minutas dos cálculos das contas do pessoal militar que serviu pela WIC no
Brasil”
e primeira página com nome e valores devidos. NA, Staten-Generaal (SG) 12582.7, 1655
Exemplos de arrolamentos da administração da WIC:

Imagem 13 - Ata diária do Alto e Secreto Governo do Brasil de 1637. Hans van Envelgun,
soldado e pedreiro. NA, OWIC 68, 06-03-1637

Imagem 14 - Lista de soldados enviados ao Brasil em 1639. “Jan Laurensz., soldado e padeiro”.
NA, OWIC 54, doc. 157, 30-07-1639
Diários e cartas pessoais:

Imagem 15 - Primeira página do panfleto de


Lorenz Simon, Prasilische Reise von
einem Teutschen Soldaten in America
(1677). The British Library, 10480.aaa.7.
Tabela 1 – Origem geográfica de 4.303 militares da WIC que serviram no Brasil entre 1632 e 1654.

Origem Número Percentual


República das Províncias Unidas/Províncias do Norte 1.550 36%
Sacro Império Romano (principalmente os Estados Alemães) 1.131 26,3%
Países Baixos Espanhóis/Províncias do Sul 518 12%
Inglaterra 420 9,8%
França 286 6,7%
Escandinávia 154 3,6%
Escócia 143 3,3%
Irlanda 45 1%
Polônia 33 0,8%
Outros 23 0,5%
Total 4.303 100%
Mapa 3 – Cidades mais citadas da amostragem de 4.303 soldados a serviço da WIC no Brasil.
1.Amersfoort; 2.Amsterdam;
3.Arnhem; 4.Bergen op
Zoom; 5.Breda; 6.Delft;
7.Deventer; 8.Doesburg;
9.Dordrecht; 10.Emden;
11.Geertruidenberg;
12.Gorcum; 13.Gouda;
14.s’-Gravenhage;
15.Groningen; 16.Haarlem;
17.s’-Hertogenbosch;
18.Heusden; 19.Kampen;
20.Leeuwarden; 21.Leiden;
22.Maastricht;
23.Middelburg;
24.Nijmegen; 25.Rotterdam;
26.Sluis; 27.Steenwijk;
28.Tiel; 29.Utrecht;
30.Zaltbommel; 31.Zutphen;
32.Zwolle; 33.Aachen;
34.Braunschweig;
35.Bremen; 36.Emmerich;
37.Erfurt; 38.Frankfurt;
39.Goch; 40.Hamburg;
41.Jülich; 42.Kassel;
43.Köln; 44.Lübeck;
45.Magdeburg;
46.Minden; 47.Moers;
48.Münster; 49.Oldenburg;
50.Osnabrück; 51.Rees;
52.Rheinberg;
53.Strasburg; 54.Wesel;
55.Antwerpen; 56.Brugge;
57.Brussel; 58.Calais;
59.Gent; 60.Hasselt;
61.Kortrijk; 62.Liège;
63.Luxemburg; 64.Rijssel;
65.Doornik; 66.Ypres;
67.Londres; 68.Newcastle;
69.York; 70.Aberdeen;
71.Edinburgh; 72.Boulogne;
73.La Rochelle; 74.Paris;
75.Rouen; 76.København;
77.Stockholm; 78.Gdańsk.
A análise dos números obtidos:

- Todas as regiões da República estão representadas na amostragem coletada;

- Gente proveniente das grandes cidades, sobretudo dos maiores centros populacionais dos
Países Baixos (Amsterdam, Leiden, Haarlem, Rotterdam, Delft e Den Haag);

- A maior quantidade de estrangeiros do exército da WIC era proveniente dos Estados Alemães
(Sacro Império Romano). Semelhança com os números da VOC;

- Cidades dos Estados Alemães em sua maioria situadas próximas ao curso ou nas margens do
rio Reno, sobretudo na área da Vestfália;

- Outras localidades situadas na Baixa Saxônia, região próxima da República, e nas áreas do Mar
do Norte e do Mar Báltico;

- Regiões afetadas de maneira distinta pela Guerra dos Trinta Anos;

- Áreas dentro das rotas de comércio da Liga Hanseática;

- O uso das rotas (mapa 4): três caminhos principais;

- Países Baixos Espanhóis/Províncias do Sul como segunda área de origem de estrangeiros. O


papel da Guerra dos Oitenta Anos;

- Outras regiões tradicionais dos circuitos migratórios: Irlanda, Escócia, Inglaterra e Escandinávia.
Mapa 4 - As rotas dos Estados
Alemães para as Províncias Unidas.
“De meest gebruikte routes van
Duitsland naar Nederland”. In Roelof
van Gelder, Het Oost-Indisch
avontuur, p. 132.
Origem social

- A apologia do coronel polonês Christoffel Arciszewski (1639) e a declaração de Johan Maurits


van Nassau-Siegen a respeito dos que aceitavam a viagem ao Brasil.

- Tipo de visão que não difere da opinião formulada por pesquisadores que escreveram sobre a
origem social dos homens a serviço dos vários exércitos europeus.

- Visões generalizantes na literatura sobre a VOC (as críticas de R. van Gelder).

- Mesmo tipo de observações pode ser encontrada na historiografia sobre a WIC (P. M. Netscher,
H. Wätjen, E. C. de Mello e C. Boxer).

- A análise das fontes – diários, documentos de governo, de notários e da igreja reformada – e de


literatura recente permite a construção de uma imagem distinta.
Perfil social dos recrutados
Faixa etária
- Emigrantes tendem a compor um grupo de pessoas na sua fase mais produtiva, ou seja, jovens.
- As comparações: ex-soldados franceses (Les Invalides), o exército “espanhol” em Flandres e os
recrutados da VOC.
- O problema das fontes: menções às idades são incomuns na documentação da WIC.
- Os protocolos de notários fornecem elementos diretos a respeito da idade.
- Jovens e adultos estrangeiros de faixa etária que variava de 18 a 38 anos.

Imagem 16 – Fragmento da lista de doentes e feridos enviados de volta para a República.


Doncker Manchoul, enviado de volta por velhice. NA, OWIC 49, doc. 138A, 1631.

Imagem 17 – Fragmento da lista de doentes e feridos enviados de volta para a República.


Thomas Smit, enviado de volta por velhice. NA, OWIC 49, doc. 138B, 1631.
Estado civil

- Poucas evidências sobre o estado civil dos recrutados.


- Tradicionalmente, a literatura aponta os militares como jovens solteiros.
- O tema não é tratado diretamente pelos historiadores que se dedicaram ao estudo do “Brasil
Holandês”.
- As melhores fontes sobre o assunto são as atas de reunião do conselho da igreja reformada e
os registros de notários.
- É necessário dizer que muitos desses homens deixaram suas esposas na Europa.
- Comparações com a gente recrutada pela VOC.
- Procurações e declarações deixadas com notários na República.

Religião

- Local de origem como indicativo de religião professada (calvinistas, luteranos e huguenotes).


- Estabelecimentos de congregações no Brasil.
- Presença de protestantes de diversos grupos (anabatistas, batistas), católicos e judeus entre a
tropa.
- Conflitos de religião no Brasil: dentro do exército e fora dele.

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