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DIREITO PROCESSUAL

CONSTITUCIONAL
PROFESSORA MAÍRA ALMEIDA
MESTRA E DOUTORA EM DIREITO – UFRJ
VISITING RESEARCHER NA HARVARD LAW SCHOOL
ALMEIDA.MAIRA.1@GMAIL.COM
INDICAÇÃO
BIBLIOGRÁFICA

•  BARROSO, Luís Roberto. O controle de constitucionalidade no Direito Brasileiro. 8a edição. São Paulo:


Saraiva, 2019.

• MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil  e na 


Alemanha. 6a edição. São Paulo: Saraiva, 2014.
REFORMA
CONSTITUCIONAL
INTRODUÇÃO

•A Constituição precisa ser capaz de se adaptar à evolução histórica e às novas demandas sociais. Se não
puder acompanhar essas mudanças, ela não poderá cumprir a sua força normativa, sendo condenada a ser
uma Constituição meramente nominal ou semântica. Disto decorre a importância da mudança
constitucional no cenário político e no  campo da eficácia de suas normas, que pode se dar:
• Mudança constitucional
• Mutação Constitucional (via informal)
• Reforma constituional (via formal)
•A mudança constitucional (gênero) tem como espécies a reforma e a mutação constitucional. A Reforma
Constitucional, ou seja, a Mudança Constitucional pela via Formal, é o gênero das alterações no texto
constitucional e possui como espécies a Emenda Constitucional (mudança formal pontual) e a Revisão
Constitucional (mudança formal abrangente).

A reforma constitucional pode se dar por meio de:


• Emenda Constitucional
• Revisão Constitucional
• Emenda Constitucional: designa modificações, supressões ou acréscimos feitos ao texto constitucional.
Atualmente, a nossa Constituição conta com 107 Emendas ao texto original de 1988.

• Revisão constitucional: designa modificações abrangentes ao texto constitucional, por dimenão


quantitativa (número de artigos, títulos...) ou qualitativa. O art. 3o do ADCT prevê a revisão
constitucional 5 anos após a promulgação da Constituição. A qual ocorreu em 1993. 
LIMITES AO PODER DE REFORMA
O poder reformador é o chamado Poder Constituinte Derivado. É um poder de direito, e não soberado,
devendo seguir os parâmetros constitucionalmente previstos pelo Poder Constituinte Originário.

Características:
• Temporal
• Circunstancial
• Formal
• Material 
LIMITES TEMPORAIS

• Possui por objetivo dar estabilidade à Constituição ao impedir a edição de emendas por um certo
período após a sua promulgação.
• Exemplo de limite temporal: A Constituição francesa de 1791 proibia emendas constitucional em um
período de 4 anos após a sua promulgação.
Limites Circunstanciais
• Eles não permitem que a Constituição seja modificada em momentos
atípicos ou de crise.
• No artigo 60, § 1º, da Constituição Federal, estão dispostos os limites
circunstanciais que caracterizam as situações impeditivas de emenda
constitucional: a intevenção federal (art. 34, 35 e 36, da CF), o estado
• Nde defesa (art. 136, CF) o estado de sítio (art. 137, 138 e 139, da CF).
LIMITES FORMAIS

Dizem respeito à forma, ou procedimento, com que as emendas constitucionais devem ser
realizadas para serem consideradas válidas, sendo responsáveis pelo caráter de rigidez da
Constituição.

No Brasil, para uma Proposta de Emenda à Constituição ser aprovada, ela deve ter tido iniciativa:
de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, do Presidênte da
República, ou de mais da metade das Assembléias Legislativas dos estados, manifestando-se
cada uma delas pela maioria relativa de seus membros.
• Além da iniciativa, ela precisa: ter um quórum de aprovação de 3/5 dos votos de cada Casa do
Congresso e ser discutida em dois turnos.
• Se a emenda for aprovada, ela não será sujeita à sanção do Presidente da República.
• Se rejeitada ou prejudicada, a matéria que ela consta não poderá ser objeto de nova Emenda na mesma
sessão legislativa, ou seja, não poderá haver nova proposta no mesmo ano.
LIMITES MATERIAIS
• Se os dispositivos constitucionais não tiverem a plasticidade das mudanças, das novas realidades políticas
e das demandas sociais, elas sucumbirão ao tempo.
• Porém, para que haja sentido na preservação da Constituição, ela deve conter e manter a essência da sua
forma original, o núcleo da organização política e os valores fundamentais que justificaram a sua criação.
• Essa essência (espírito da Constituição) é protegida pelo Poder Constituinte Originário contra as
eventualidades do Poder Constituinte Reformador através dos limites materiais, também conhecidos por
cláusulas pétreas.
• Os limites materiais atribuem à Constituição, de acordo com algumas doutrinas, o caráter de super-
rigidez. Além de o procedimento de reforma constitucional ser mais complexo que o de leis ordinárias (o
que o caracteriza como uma Constituição como rígida), ele possui certas normas que não podem ser alvo
de emendas
LIMITES MATERIAIS EXPLÍCITOS

• Os limites materiais expressos na Constituição de 1988 são aqueles dispostos no artigo 60, § 4º. Não
será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

• A forma federativa do Estado;


• O voto direto, secreto, universal e periódico;
• A separação dos Poderes;
• Os direitos e garantias individuais.
LIMITES MATERIAIS IMPLÍCITOS

• São aqueles decorrentes da própria imutabilidade do art.60, sendo relativos:


• aos direitos fundamentais (uma parte deles já está protegida pelo art. 60, § 4º, CF);
• ao titular do Poder Constituinte Originário (a soberania popular é pressuposto do regime constitucional
democrático);
• ao titular do Poder Reformador (não pode renunciar ou delegar suas funções);
• ao procedimento que disciplina o poder de reforma (como é delegado pelo Constituinte Originário, não
se pode alterar as condições da delegação).
MUTAÇÃO
CONSTITUCIONAL
CONCEITO

• Caracteriza a espécie de mudança constitucional pela via informal, ou seja, é um mecanismo que
permite a transformação do sentido e do alcance de normas da Constituição, sem que se opere, no
entanto, qualquer modificação no seu texto.
• Se relaciona muito com o conceito de plasticidade da norma constitucional: devido ao texto aberto e
vago da norma constitucional, elas podem ser moldadas de acordo com a interpretação dada.
GENERALIDADES
• A Mutação Constitucional se realiza por via de interpretação e tem seu ambiente natural na fronteira em que o
Direito interage com a realidade. Dessa forma, através do conceito de Mutação, é possivel diferenciar
“competência” de “capacidade institucional” (entendida como as possibilidades reais e fáticas de atuação de
determinada instituição).
• Exemplo: art. 52, X, CF: o Ministro Gilmar Mendes disse que esse dispositivo sofreu Mutação Constitucional e o
Senado somente possui capacidade de dar publicidade à decisão de inconstitucionalidade do Supremo Tribunal.
• Segundo Bruce Ackerman: não é o sistema formal de emendas que marca as grandes mudanças constitucionais
(The Living Constitution, Havard Law Review);
• Ele destaca o papel da Suprema Corte norte-americana no desenvolvimento do constitucionalismo através das
decisões emblemáticas, como no caso das interpretações possíveis do Princípio da Igualdade (equality ou
equality under the law).
• No caso dos costumes, são requisitos de existência para o reconhecimento deste e sua possibilidade de causar
modificações: o objetivo, que é a repetição habitual de um determinado comportamento; e o subjetivo, que é
a crença social na obrigatoriedade do mesmo.
• Os costumes constitucionais admissíveis são o secundum constitutionem, ou interpretativo, e o praeter
constitutionem, ou integrativo. No primeiro caso, adota-se uma determinada interpretação da Constituição,
dentre as várias que o texto e o sistema franqueiam, porque ela é endossada por costume jurídico cristalizado.
No segundo, preenche-se uma lacuna constitucional por meio da invocação de costume.
• Uma categoria próxima à do costume é a da chamada convenção constitucional. Ambos são fontes de natureza
não escrita, versam sobre matéria constitucional e decorrem da reiteração de comportamentos que passam a
ser tidos como obrigatórios. A principal diferença vem do fato de o costume ser suscetível de tutela judicial, o
que não ocorre com a convenção constitucional.
• Uma categoria próxima à do costume é a da chamada convenção constitucional. Ambos são fontes de natureza
não escrita, versam sobre matéria constitucional e decorrem da reiteração de comportamentos que passam a
ser tidos como obrigatórios. A principal diferença vem do fato de o costume ser suscetível de tutela judicial, o
que não ocorre com a convenção constitucional.
OS FATORES QUE PERMITEM UM MAIOR OU MENOR
GRAU DE MUDANÇA DAS NORMAS SÃO:

I. Natureza da norma: normas mais abertas são aquelas mais suscetíveis de se sujeitarem à mutação constitucional, na medida em
que o seu texto impõe menores constrangimentos ao intérprete (normas mais plásticas).
II. Idade da Constituição: diplomas constitucionais mais antigos sejam suscetíveis à mutação em grau maior do que os mais
recentes, pois há uma maior probabilidade de que, no mais extenso período de vigência dos primeiros, acabem ocorrendo
alterações sociais mais profundas que se reflitam na interpretação da Constituição
III. Grau de dinamismo existente na sociedade: em sociedades mais dinâmicas, ou em períodos de maior transformação
social, há a tendência de que a mutação constitucional se desenvolva com mais frequência ou intensidade.
IV. Nível de rigidez constitucional: mais difícil for a alteração de uma Constituição por meios formais, maior será a
probabilidade e a legitimidade de que as modificações necessárias para que ela acompanhe a evolução social ocorram
por processos informais.
V. Cultura jurídica predominante: aquelas menos formalistas tendem a aceitar e praticar mais intensamente o fenômeno
da mutação constitucional do que as mais formalistas, pois estas últimas se mostram mais refratárias a posturas hermenêuticas
que não sejam tão focadas no texto ou na história do diploma normativo.
SÃO LIMITES À MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL:

• Ela não pode justificar alterações que contradigam o texto constitucional, devendo ocorrer no âmbito
das possibilidades interpretativas fornecidas pelo mesmo.
• Respeito ao sistema constitucional como um todo. Deve ser considerado que se nem mesmo por
emenda formal é possível promover determinadas alterações na ordem constitucional, é natural que
tampouco se admita a realização destas mudanças por intermédio de processos informais.
JURISDIÇÃO
CONSTITUCIONAL
• JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL significa, nos dizeres de Hans Kelsen, “a garantia jurisdicional da Constituição”, e
“é um elemento do sistema de medidas técnicas que têm por fim garantir o exercício regular das funções
estatais”. Em outras palavras, é a outorga de poderes a um órgão jurisdicional para verificar a conformação das
leis e demais atos ao texto constitucional.
PARA COMPREENDER MELHOR O FENÔMENO:
• CONSTITUIÇÃO, de acordo com Hesse, consiste na ordem jurídica da coletividade, contendo as linhas
básicas do Estado e estabelecendo diretrizes e limites ao conteúdo da legislação vindoura. A
Constituição, ensina Hesse, não codifica, mas regula apenas aquilo que se afigura relevante e carecedor
de uma definição.

• Não há a pretensão da completude e é, exatamente, essa característica que empresta à Constituição a


flexibilidade necessária ao contínuo desenvolvimento e permite que o seu conteúdo subsista aberto
dentro do tempo. Configura-se, assim, o binômio rigidez-flexibilidade. O autor consagra uma concepção
material de Constituição, que se esforça por conciliar legitimidade material e abertura constitucional.

• JURISDIÇÃO, trata-se, pois, de atividade pela qual o Estado-Juiz, em substituição às partes, e com
desinteresse na lide, decide a quem cabe o direito, declarando-o ou fazendo-o ser concretizado,
possuindo poderes coercitivos para tanto.
O QUE É JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL?
• Primeiramente, é preciso considerar que a Jurisdição Constitucional emerge historicamente como um
instrumento de defesa da Constituição.

• Esta, sendo a Lei suprema de um dado ordenamento jurídico, que consagra os valores mais caros de uma
sociedade, deve conceber em seu bojo mecanismos que visem sua própria proteção em face de atos
emanados dos Poderes Constituídos, ou seja, deve haver um órgão que defenda e atualize as ideias
constantes na Lei Maior.

• Logo, sendo a Constituição o fundamento de validade do ordenamento e da própria atividade político-


estatal, a jurisdição constitucional passa a ser a "condição de possibilidade do Estado Democrático de
Direito".
• A ideia é de que a garantia ao máximo respeito aos direitos e liberdades fundamentais constitui a
essência do regime constitucional e é primordial para a concretização substancial dos princípios
democráticos.

• Em suma, falar de jurisdição constitucional implica necessariamente em abordar não apenas a questão
do controle de constitucionalidade, mas também a tutela dos direitos e garantias fundamentais
constitucionalmente protegidos, seja através de um Tribunal Constitucional ou por via difusa, em que os
demais órgãos do Poder Judiciário têm legitimidade para promover a composição de lides nas quais
incidam tais matérias.

• Diante dessas circunstâncias, a JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL pode ser definida como a atividade
judicial de defesa da Constituição, mormente pelo desempenho do controle de constitucionalidade e
pela proteção processual dos direitos fundamentais, pressupondo consequentemente a rigidez
constitucional e a existência de uma Corte criada para tal fim.
CONSTITUCIONALIDADE -
INCONSTITUCIONALIDADE
• Jorge Miranda: constitucionalidade e inconstitucionalidade designam conceitos de relação, isto é, a
relação que se estabelece entre uma coisa – Constituição – e outra coisa – um comportamento – que lhe
está ou não conforme, que com ela é ou não compatível.
• Rui Barbosa: a expressão inconstitucional tem três acepções:
A) Ato parlamentar oposto ao espírito da Constituição;
B) Lei contrária ao disposto na Constituição;
C) Ato do Congresso que excede os poderes deste e é, por consequência, nulo.
• Kent: atos e cláusulas do Poder Legislativo que contrariam a Constituição são inconstitucionais;
• Kelsen: atos e dispositivos contrários à Constituição e que são passíveis de anulação pelo órgão desta
tarefa incumbido.
DEFESA E PROTEÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

A) Controle político: ocorre quando a atividade do controle de constitucionalidade é exercida por órgão
político e não por órgão jurisdicional. Ele pode estar presente na atividade das Casas Legislativas, por meio
das Comissões de Constituição e Justiça, ou pelas demais Comissões. Também o veto oposto pelo
Executivo a projeto de lei, com fundamento em inconstitucionalidade, configura uma espécie de controle
político.
B) Controle jurisdicional: forma de controle realizada pelo Poder Judiciário.
C) Controle misto: forma de controle realizada tanto pela modalidade política quanto pela jurisdicional.
CONTROLE JURISDICIONAL CONCENTRADO
(MODELO AUSTRÍACO)

• CONTEXTO: A Constituição austríaca de 1920-30 previa o controle de constitucionalidade tanto para leis
como para decretos. Havia dois tipos de decretos: os decretos editados para a execução de leis e os
decretos promulgados diretamente com base na Constituição (possuíam status de lei). Esses últimos,
caso apresentassem alguma incompatibilidade com a Lei Maior, eram considerados inconstitucionais. Já
os primeiros, deviam respeito inicialmente à lei. Caso não correspondessem a ela seriam ilegais e, de
forma indireta (reflexa), inconstitucionais.
• Para Kelsen uma lei incompatível com a Constituição não poderia ser classificada como
“inconstitucional”. Na verdade, ela deveria ser considerada válida até a superveniência de um processo
especial de anulação, ou seja, “[...] Enquanto a corte não tivesse declarado a lei inconstitucional, devia
ser respeitada a opinião do legislador, expressa em seu ato legislativo.” Vislumbra-se a natureza
constitutiva dessa decisão, que se contrapõe à natureza declaratória do sistema americano.
• Kelsen entendia que o controle de constitucionalidade possuía o status de “ato legislativo negativo”, não
seria uma atividade propriamente judicial. Ao contrário do Parlamento, a Corte Constitucional não
produz, mas sim elimina do ordenamento jurídico uma determinada norma.
• O controle concentrado defere a atribuição para o julgamento das questões constitucionais a um órgão
jurisdicional superior ou a uma Corte Constitucional.
• Ele adota as ações individuais para a defesa de posições subjetivas e cria mecanismos específicos para a
defesa dessas posições, como a atribuição de eficácia ex tunc da decisão para o caso concreto.
• Tal sistema tornou o juiz ou tribunal um ativo participante do controle de constitucionalidade, pelo
menos na condição de órgão incumbido da provocação.
EM SÍNTESE

• É o controle concentrado e abstrato das leis;


• É atribuído a um único órgão, a Corte ou Tribunal Constitucional;
• É realizado de forma abstrata, sem consideração a nenhum interesse concreto eventualmente ofendido;
• A via de arguição da inconstitucionalidade é a via direta;
• O objeto da ação é o exame da própria constitucionalidade;
• Há um rito próprio e um rol de legitimados específicos para a propositura da ação;
• Eficácia erga omnes (efeitos de obrigação geral, válida para todos), com efeitos ex tunc;
• Unicidade orgânica.
CONTROLE JURISDICIONAL DIFUSO (MODELO NORTE-
AMERICANO)

• A noção de jurisdição constitucional surge, inicialmente, no Direito Norte-Americano, mais


precisamente quando em 1803 a Suprema Corte dos Estados Unidos, capitaneada pelo Chief Justice
John Marshall, proferiu a célebre decisão no caso Marbury v Madison, declarando a
inconstitucionalidade de ato do Congresso em face da Constituição Federal.

• Nasce, desta forma, a jurisdição constitucional difusa.


• Todo juiz tem competência para, julgando um caso concreto, deixar de aplicar determinada lei,
declarando-a inconstitucional (controle difuso).
CARACTERÍSTICAS DO MODELO AMERICANO

• a) Caso concreto: Os tribunais são chamados a resolver uma lide e, incidentalmente, solucionam a
questão constitucional. A constitucionalidade é mera questão prejudicial ao exame do mérito.

• b) Questão prejudicial: a relação jurídica, ou autenticidade ou falsidade de documento, de cuja decisão


depende, no todo ou em parte, do julgamento da lide. A inconstitucionalidade é alegada por via de
exceção, como meio de defesa.
 EM SÍNTESE
• A decisão vale inter partes;

• A lei não desaparece da ordem jurídica;


•  
• A inconstitucionalidade é preexistente; a decisão jurídica só a declara;

• No sistema americano a sentença que declara a inconstitucionalidade possui efeitos ex nunc, ou seja, fulmina
os atos da declaração em diante;

• Pluralidade orgânica.
CONTROLE JURISDICIONAL MISTO

• Congrega os dois sistemas de controle, o de perfil difuso e o de perfil concentrado.


• Em geral, nos modelos mistos defere-se aos órgãos ordinários do Poder Judiciário o poder-dever de
afastar a aplicação da lei nas ações e processos judiciais, mas se reconhece a determinado órgão de
cúpula – Tribunal Supremo ou Corte Constitucional – a competência para proferir decisões em
determinadas ações de perfil abstrato ou concentrado.
• É este o modelo que se verifica no Brasil.
TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
• Inconstitucionalidade formal ou orgânica: O vício formal é aquele que atinge o ato em seu processo de elaboração.

• Inconstitucionalidade material: Dissonância entre o conteúdo do ato normativo e a Constituição.

• Inconstitucionalidade por ação: conduta positiva do legislador, que não se compatibiliza com os princípios
constitucionalmente consagrados.

• Inconstitucionalidade por omissão: lacuna inconstitucional ou descumprimento da obrigação constitucional de legislar.

• Inconstitucionalidade superveniente: inconstitucionalidade de norma editada antes da vigência da atual Constituição.

• Inconstitucionalidade originária: não constitucionalidade de norma editada posteriormente à vigência da atual Constituição.

• Inconstitucionalidade total: recobre toda a lei, nada lhe sendo aproveitável.

• Inconstitucionalidade parcial: o vício afeta apenas uma parte da norma ou tão somente uma ou algumas das normas
embutidas em um Diploma maior, que comporte a eliminação da parte viciada sem desnaturação da restante.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A) Número de B) Momento
órgãos em que se
legitimados exerce a o
para defesa da controle
Constituição constitucional

C) vinculação
ou não de um D) Finalidade
caso concreto
QUANTO AO NÚMERO DE ORGÃOS
EXERCENTES
A) Sistema Difuso: caracteriza-se pelo fato de haver mais de um órgão encarregado de defender a
Constituição, ou seja, pluralidade orgânica.

OBS: Qualquer juiz ou Tribunal pode declarar a inconstitucionalidade da lei no caso em exame.

B) Sistema Concentrado: Este se tipifica pela unidade orgânica, isto é, apenas um órgão exerce a função de
zelar e defender o Texto Fundamental.

OBS: No Brasil, o STF e os TJs exercem uma jurisdição constitucional concentrada.


QUANTO AO MOMENTO EM QUE SE EXERCE
O CONTROLE DE CONSTIUCIONALIDADE
A) Sistema preventivo ou a priori: ocorre quando a jurisdição constitucional é exercida para impedir que
um ato normativo incompatível com a Constituição ingresse no sistema jurídico.

• A defesa de Lei Fundamental é realizada durante o processo de elaboração do ato.

B) Sistema repressivo: aquele que tem por finalidade afastar, expulsar o ato normativo em razão de uma
desconformidade à Constituição.

• Neste caso o ato normativo já existe no ordenamento jurídico.


MOMENTOS DE CONTROLE
• Momentos de controle
• Prévio ou preventivo
• legislativo
• Próprio parlamentar e CCJ

• Executivo
• veto

• judiciário
• MS impetrado por parlamentar

• Repressivo ou Sucessivo
• Político

• Jurisdicional misto (difuso e concentrado)

• Hibrido
CONTROLE PREVENTIVO

• “O controle preventivo efetiva-se antes do aperfeiçoamento do ato normativo . Modelo clássico de


controle preventivo é o exercido pelo Conselho Constitucional francês. Tem-se, por provocação de
“diversos órgãos, o controle de constitucionalidade de projetos de lei”.  (MENDES)

• “Exemplos de controle preventivo de constitucionalidade, no nosso sistema constitucional, são as


atividades de controle dos projetos e proposições exercidas pelas Comissões de Constituição e Justiça
das Casas do Congresso e o veto pelo Presidente da República com fundamento na
inconstitucionalidade do projeto (CF, art. 66, § 1º).” (MENDES)
CONTROLE PREVENTIVO REALIZADO PELO
LEGISLATIVO

• Legislativo
• CCJ
• Art. 32, IV do RI da Câmara dos Deputados

• Art. 101 do RI do Senado Federal

• Plenário
• Previsão Regimental nas duas Casas
CONTROLE PREVENTIVO REALIZADO PELO
EXECUTIVO

• Veto
• Executivo veta o projeto de lei por considerá-lo inconstitucional
• (Veto jurídico)

• Executivo veta o projeto por considerá-lo contrário ao interesse público


• (Veto político)
CONTROLE PREVENTIVO REALIZADO PELO PODER
JUDICIÁRIO

• Judiciário
• STF tem entendido que o controle preventivo pode ocorrer pela via jurisdicional quando existe vedação
na própria CF ao trâmite da espécies legislativa

• Par. 4º do art. 60 da CF/88. A mera apresentação dessas matérias estaria a violar a CF, e assim, o STF
tem admitido que o parlamentar entre com MS por ver seus direitos violados mediante a deliberação de
proposta. O que o MS resguarda é o direito do parlamentar de não participar em procedimento
desconforme com a regra da CF
SISTEMAS E VIAS DE CONTROLE JUDICIAL

• Sistema de controle judicial da constitucionalidade


• Critério subjetivo ou orgânico
• Sistema Difuso

• Sistema Concentrado

• Critério formal
• Sistema pela via principal - em abstrato ou direto

• Sistema pela via incidental - caso concreto


CONTROLE REPRESSIVO

• “Em regra o modelo judicial é de feição repressiva. Somente se admite, em princípio, a instauração do
processo de controle após a promulgação da lei ou mesmo de sua entrada em vigor. Na ação direta de
inconstitucionalidade exige­-se que tenha havido pelo menos promulgação da lei.” (MENDES)
QUANTO À VINCULAÇÃO OU NÃO DO EXERCÍCIO DA
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL A UM CASO CONCRETO

a) Jurisdição abstrata: diz-se que a jurisdição é abstrata em face da inexistência de uma lide, de um
conflito de interesses, quando do exercício da atividade voltada apenas à defesa da Constituição.

b) Jurisdição concreta: quando há um caso concreto, um litígio quando do momento em que se


exerce a jurisdição constitucional.
QUANTO À FINALIDADE

a) Controle Incidental ou via de defesa:


Via de regra, no Brasil, o sistema difuso de defesa da Constituição é provocado incidentalmente, no curso de um
processo ora em tramitação, cujo fim é defender um direito subjetivo violado ou ameaçado de violação por ato
praticado pelo Poder Público.
Desta forma, temos uma provocação incidental da jurisdição constitucional, cuja finalidade é subjetiva, é dizer, de
forma direta e imediata, a manutenção de um direito subjetivo que integra o patrimônio de uma das partes
litigantes no processo.
 
b) Controle Principal ou via de ação:
Ao contrário, se a provocação é feita diretamente, em uma ação específica, cujo propósito seja a defesa imediata
da Lei Fundamental, temos uma jurisdição constitucional direta com finalidade objetiva.
QUESTÃO DA LEGITIMIDADE

Bonavides ressalta que, quanto à legitimidade, a Jurisdição Constitucional pode apresentar três problemas:

• Crise de legitimidade quanto aos próprios juízes: agentes institucionais não eleitos e que, portanto, não
possuem legitimidade para alterar decisão do Legislativo, posto que este foi eleito popular e periodicamente.
• Crise de legitimidade decorrente da atuação do Executivo: que pode fazer uso dos mecanismos de declaração
de inconstitucionalidade de normas para retirar do ordenamento aquilo que seja contrário a suas concepções
políticas e ideológicas. Isto pode favorecer o agigantamento do Executivo.
• Crise de legitimidade em virtude da relação Judiciário-Executivo: posto que o primeiro aparenta ter a
tendência de não prover inconstitucionalidade de atos e normas do segundo, vide o caso das Medidas
Provisórias (são editadas excessivamente, não observado o requisito da urgência e necessidade).
OBRIGADA!
ALMEIDA.MAIRA.1@GMAIL.COM

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