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Realismo
Segunda metade do século XIX
Denominação genérica da reação aos ideais
românticos
Segunda fase da Revolução Industrial
Pensamento científico e doutrinas filosóficas e
sociais:
pensamento dialético de Hegel (tese, antítese e
síntese)
positivismo de Augusto Comte
socialismo científico de Marx e Engels
evolucionismo de Darwin
Hypolite Taine: Homem - Meio, momento e raça
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Características
Refletem a postura do positivismo, socialismo,
evolucionismo
Objetividade
Universalismo:“não-eu”
Materialismo
Presente
Contemporâneo
Contra a monarquia
Ideal republicano
Contra o clero
Negam a burguesia
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Realismo Romantismo
Não há amodelos
Refletem postura do positivismo, socialismo, evolucionismo
Objetividade
Particular, individual
Universalismo:“não-eu”
Pessoal, subjetivo
Materialismo
Idade Média
Presente
Cristianismo
Contemporâneo
Contra a monarquia
Apelo à imaginação
Ideal republicano
Sensibilidade
Contra o clero
Folclore
Negam a burguesia
Motivos populares
Libertação
O amor e a mulher idealizados sentimental e subjetivamente
Versificação livre
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Contexto literário
Madame Bovary, (1857) de Gustave Flaubert
Introdução à medicina experimental, (1865) de
Claude Bernard – tese sobre a hereditariedade
Thérèse Raquin, (1867) de Émile Zola
As origens do Cristianismo (1867), Ernest Renan –
vários volumes sobre Cristo e o Cristianismo,
analisados sem o caráter divino, místico
Questão Coimbrã (1865)
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José Maria Eça de Queirós
Nasceu: Póvoa do Varzim:25/11/1845
Faleceu: Paris (França): 16/08/1900
Estudou Direito em Coimbra
Ligou-se à geração acadêmica entusiasmada
com as ideias de Proudhon e de Comte.
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Três fases
Primeira: reflete um escritor ainda num momento de
indecisão, preparação e procura de influências
definitivas e de um caminho próprio.
Representa a fase menos importante, que, em alguns
aspectos, serve como amostra do tipo de prosador
que Eça seria no futuro. Esta fase está marcada pela
publicação de artigos e crônicas escritos entre 1866 e
1867.
São publicados em forma de folhetim sob o título
genérico de Prosas Bárbaras.
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Segunda
Publicação definitiva de O crime do padre Amaro (1875), o qual vinha
sendo escrito desde 1871.
Esta fase segue até aproximadamente 1888, quando publica-se Os Maias.
A partir de 1871, Eça adere às teorias do Realismo propriamente dito,
passando a produzir obras de caráter combativo em relação às instituições
vigentes, em especial à Monarquia, à Igreja e Burguesia, voltadas para as
ações e reformas sociais.
Servem como retrato (em alguns aspectos, deformado) da sociedade
portuguesa de sua época e apresentam uma prosa impregnada das
características de seu estilo: uma linguagem direta, fluente, precisa, com
pinceladas irônicas e satíricas ou, até mesmo, de um certo lirismo
melancólico.
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Terceira Fase
1888 a 1900
A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras
A postura adotada pelo autor a partir deste momento é
exatamente a oposta da fase antecedente: ao invés da
opção pela destruição dos valores deturpados da
sociedade burguesa da época, abraça uma postura
construtiva.
Eça parece ter alcançado a maturidade, apresenta-se
voltado para o culto daqueles valores rechaçados
anteriormente, trazendo à tona a esperança e a
fé,aliadas a um idealismo não mais científico.
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Romance Tese
Publicado em 1875, O Crime do Padre Amaro é um documento humano e social do país e de
uma época, a expressão literária de uma realidade que a história confirma.
A narrativa recria o coloquialismo português.
Narrador heterodiegético: em terceira pessoa, e em retrospectivas, a ação da obra ocorre em
Leiria, interior de Portugal
Abrange principalmente o ambiente de igreja, sacristia e casa de beatas.
O autor ataca violentamente os vícios da sociedade da época e denuncia a hipocrisia
burguesa e os abusos do clero.
Não há personagens livres da crítica ferina de Eça de Queirós, tanto no meio eclesiástico
quanto no círculo de "amizades" e "devotas" que rodeia os padres.
Quase todos as personagens são apresentados de forma sarcástica, irônica e crítica, sendo
raras as exceções.
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Realismo-Naturalismo
Tema central: ataca a igreja católica, os jogos de aparências e o pseudomoralismo de certos
dogmas e costumes religiosos.
Outros temas:
a contradição entre o que os padres pregam e o que fazem de verdade
a contraposição da pobreza à vida abastada dos clérigos
a maledicência
a bisbilhotice
a futilidade
a superficialidade
o vazio interior das pessoas
o desejo do poder por meio da religião
o emprego da religião como força política
a crítica ao culto da aparência e da convenção
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Crítica à
decadência moral da sociedade
inutilidade da hipocrisia
censura à desconformidade entre os atos e os ideais
hipocrisia religiosa
beatice doentia
educação sexual transformada em aversão ao sexo
falta de sinceridade e à ambição desmedida
Crítica ao
culto das aparências
convencionalismo social
abuso da boa fé e da credulidade
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Personagens
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D. Maria da Conceição - viúva rica. Tinha no queixo um sinal cheio de cabelos e
quando sorria mostrava grandes dentes esverdeados.
D. Josefa - solteirona, irmã do Cônego Dias, com quem morava.
D. Maria Assunção - beata rica.
Conde de Ribamar - pessoa influente junto ao governo, casado com uma das
filhas da marquesa que criou Amaro.
Libaninho - beato fofoqueiro, efeminado.
As senhoras Gansosos - duas irmãs, chamadas Joaquina e Ana. Joaquina era a
mais velha, muito magra, de olhos muito vivos. A sra. Ana era muito surda, Nunca
falava. Tinha muita habilidade em recortar papéis para caixas de doce.
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A Relíquia
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Ironia
O emprego adequado da ironia torna a temática divertida, até mesmo
humorística; prima pelo espírito de graça e humor.
Não é raro que o leitor encontre em suas páginas bons motivos para
risadas menos contidas, graças às trapalhadas do protagonista, que
imprime um tom sério, quase científico ao relato do que ele chama de
crônica, mas que não consegue evitar formar de si mesmo um retrato
cômico ou burlesco.
Seus gestos são exagerados, suas representações primam pelo excesso, e
só parece crer em seus atos aqueles que se deixam ou querem ser
enganados.
A relíquia serve de marco divisório entre a segunda e a terceira fase da
obra de Eça de Queirós.
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Personagens
Teodorico Raposo - Chamado por alcunha Raposão. Jovem hipócrita e interesseiro que se
faz passar por beato para enganar a tia (Titi) e obter sua fortuna em testamento.
Falso e mulherengo. Peregrina pela Terra Santa para aproximar-se ainda mais da fortuna da
tia.
Falta-lhe resíduo moral e decência mínima
não demonstra escrúpulo
Dona Maria do Patrocínio (Titi): Senhora muito alta, muito seca, “carão chupado e
esverdinhado’, beata, virgem e com aversão ao sexo.
Dona de uma imensa fortuna, usava isto como motivo para atemorizar o sobrinho.
Crispim - Filho do dono da firma Teles, Crispim & Cia. Chamado ironicamente de "a
firma". Tinha cabelos compridos e louros, e um comportamento homossexual, durante a vida
no internato. Acaba tornando-se patrão e cunhado de Teodorico.
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Pinheiro - Padre frequentador dos jantares oferecidos por Titi. Triste, tem mania
de doença e fica examinando sempre a língua no espelho.
Casimiro - Padre, procurador de Titi, vem sempre jantar com ela. Titi confia nele
inteiramente.
Margaride - Homem corpulento e solene, calvo e com sobrancelhas cerradas,
densas e negras como carvão. Foi amigo do pai de Teodorico em Viana, onde foi
delegado. Foi juiz em Mangualde, mas aposentou-se depois de receber uma
grande herança de seu irmão Abel. Tinha um gosto mórbido de exagerar as
desgraças alheias.
Adélia - Amante de Teodorico, mas que era mantida por Eleutério Serra. Jovem
interesseira, que acaba desprezando o protagonista por causa de sua obediência
aos horários estipulados pela tia para chegar em casa e porque pouco consegue
obter financeiramente. Acaba tornando-se amante do Padre Negrão, que recebe
boa parte da herança de Titi.
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Dr. Topsius - Alemão, formado pela Universidade de Bonn. Era um indivíduo espigado,
magríssimo e pernudo, com uma rabona curta de lustrina, enchumaçada de manuscritos’.
Tinha o nariz agudo e pensativo e usava óculos de ouro na ponta do nariz. Era patriótico,
considerava a Alemanha a “mãe espiritual dos povos”. Apenas seu pigarro e a mania de usar
a escova de dentes de Teodorico, desagradavam este último.
Mary - Amante que Teodorico arranja quando da viagem à Terra Santa, responsável pelo
fato de Titi ter deserdado o sobrinho, por conta de uma camisola de rendas e de certo bilhete
que nela havia pregado.
Padre - Negrão.
Vivência - Empregada de Titi.
Pote - Guia de Teodorico e Topsius em Jerusalém.
Justino - Tabelião de Titi.
Apedrinha - português encontrado no Egito como carregador de malas.
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O PRIMO BASÍLIO
Realismo naturalista português.
O livro inova a criação literária da época com uma crítica demolidora e
sarcástica dos costumes da pequena burguesia de Lisboa. Eça de Queirós
ataca uma das instituições mais sólidas: o casamento.
Com personagens despidos de virtude, situações dramáticas geradas a
partir de sentimentos fúteis e mesquinharias, lances amorosos com
motivações vulgares e medíocres – apesar de tudo isso, ao mesmo tempo
em que ataca, desperta o interesse da sociedade lisboeta.
Embora o adultério fosse tema já trabalhado pelo Romantismo, Eça de
Queirós explora o erotismo quando detalha a relação entre os amantes.
Inova também ao incluir diálogos sobre homossexualismo.
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ENREDO
O pano de fundo da narrativa de O Primo Basílio é um caso de adultério.
Descreve o marido que viaja, contrariado, a trabalho; Luísa descobre que
o primo e ex-noivo retorna a cidade; essa notícia evoca lembrança na
personagem
A criada Juliana, ressentida e frustrada tem um papel decisivo no
desfecho trágico do romance.
O autor apresenta figuras secundárias, enfocadas durante breves
visitas dominicais à casa de Luísa e Jorge.
Chantagem: a relação amorosa clandestina mantida por Luísa e Basílio é
descoberta pela criada.
Abandonada pelo amante, que foge para Paris, Luísa não
suporta a tensão e morre.
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ESTILO E LINGUAGEM
Adapta o texto literário ao ritmo e à modulação da língua falada.
Rejuvenesce a linguagem literária, mesclando-a com recursos de
abordagem mais próximos do jornalismo.
Detalhismo
É notável o esmero detalhista do autor na descrição, em que combina
elementos gerais e particulares, objetividade e subjetividade.
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Visão crua das personagens
Deixa a vulgaridade de Basílio transparecer nos comentários
que o primo faz sobre suas viagens e nos galanteios à prima,
mas prefere ver a cafajestice do conquistador retratando os
pensamentos grosseiros de Basílio.
A combinação da leveza e do brilho das descrições com o
relato grosseiro da realidade.
Opõe a expectativa romântica de Luísa e a ironização de suas
idealizações ao descrever as atitudes grosseiras do amante
Basílio.
Compara seres humanos com animais dominados por seus
instintos, definindo a criada Juliana como uma loba.
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Personagens
São planos, ou seja, são o oposto das personagens de grande intensidade interior e
psicológica – as personagens esféricas.
Toda a intensidade é reservada para a trama.
As personagens apenas são por ela envolvidas e arrastadas.
A realidade objetiva é que molda e define a vida dos homens.
Luísa, uma burguezinha da Baixa: "a burguezinha da Baixa" (Lisboa, Cidade Baixa): uma
senhora sentimental, mal-educada, sem valores espirituais ou senso de justiça.
É lírica e romântica, ociosa e "nervosa pela falta de exercício e disciplina moral".
Esposa de Jorge, engenheiro de minas o qual conheceu depois do abandono e rompimento
(por carta) do noivado com o primo Basílio.
Sua vida tranquila de leitora de folhetins é alterada pela viagem do marido e o retorno do
primo a Portugal.
O motivo que a leva a se entregar a Basílio, de acordo com as reflexões de Eça, nem ela
sabia.
Uma mescla da falta do que fazer com a "curiosidade mórbida em ter um amante, mil
vaidadezinhas inflamadas, um certo desejo físico...". O drama em que se enreda é
inexplicável para a própria personagem.
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Basílio
Malicioso e cheio de truques para atrair a amante explorando
a sua vaidade fútil
Compara a fidelidade conjugal a uma demonstração de atraso
das mulheres de Lisboa frente aos hábitos supostamente
liberais e modernos das senhoras de Paris – todas com seus
amantes, conforme assegurava o primo
Desprovido de charme ou atributos mais sedutores, é o mais
cínico das personagens "conquistadoras“ de Eça de Queirós.
Em momentos de maior dramaticidade, quando começam a
enfrentar as consequências do adultério, o cinismo de Basílio
fica mais evidente: ele pensa apenas que teria sido mais
vantajoso trazer consigo uma amante de Paris
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Juliana
Ódio e chantagem
A figura aparece com alguma intensidade interior, destoando um pouco
das razões fúteis que movimentam as demais personagens
Ela é conduzida pela revolta (não suporta sua condição de serviçal), pela
frustração (fracassou na tentativa de mudar de vida), pelo ódio rancoroso
contra a patroa (ódio, na verdade, contra todas as patroas que a fustigaram
por 20 anos)
Tenta tirar proveito das circunstâncias, reunindo provas do adultério para
fazer chantagem
Pretende mais do que dinheiro – que exige sem sucesso de Luísa – ela
quer a desforra.
Os recursos utilizados levarão ao definhamento físico e emocional da
patroa até o desfecho da história
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Jorge
O marido traído
Todo o drama iniciado com o roubo das cartas se deve à tentativa de
Luísa de impedir que Jorge saiba do adultério.
Aparições curtas no romance
Sua presença se faz sentir pelo papel social que representa: é o marido
A forma como poderá reagir à infidelidade é especulada pelo
narrador por meio de outra personagem, de forma metalinguística:
Ernestinho Ledesma, autor medíocre que prepara uma peça teatral sobre
um caso de adultério, pede a Jorge uma opinião sobre o
final de sua obra
Um marido deve matar a mulher adúltera?
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Personagens secundários
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Eça de Queirós
O rei do realismo-naturalismo
português
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