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MODERNISTA
1940/45 AOS DIAS
ATUAIS
Não tenho uma palavra a dizer. Por que não me calo, então? Mas se eu não forçar a
palavra a mudez me engolfará para sempre em ondas. A palavra e a forma serão a tábua
onde boiarei sobre vagalhões de mudez.
[...]
Vou criar o que me aconteceu. Só porque viver não é relatável. Viver não é vivível.
Terei que criar sobre a vida. E sem mentir. Criar sim, mentir não. Criar não é imaginação, é
correr o grande risco de se ter a realidade. Entender é uma criação, meu único modo.
Precisarei com esforço traduzir sinais de telégrafo — traduzir o desconhecido para uma
língua que desconheço, e sem sequer entender para que valem os sinais. Falarei nessa
linguagem sonâmbula que se eu estivesse acordada não seria linguagem.
As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas,
mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas,
estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres imensos, com muita
tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...
“Um boi preto, um boi pintado,
Postura racional, cada um tem sua cor.
antissentimental.
Invenção de palavras Cada coração um jeito
novas a partir de recursos de mostrar o seu amor.”
disponíveis na língua Boi bem bravo, bate baixo, bota baba,
boi berrando... Dança doida, dá de duro, dá
de dentro, dá direito... Vai, vem, volta, vem
na vara, vai não volta, vai varando...
guampa: corno, chifre. (25. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1982. p. 24.)
O texto que segue é um fragmento do poema “A palo seco”, de João Cabral de Melo Neto, que integra a obra
Quaderna (1960).
Metalinguagem, isto é, reflexão
A palo seco A palo seco existem sobre o processo de criação
Se diz a palo seco situações e objetos: literária.
o cante sem guitarra; Postura racional,
Graciliano Ramos,
o cante sem; o cante; antissentimental.
desenho de arquiteto,
o cante sem mais nada; as paredes caiadas,
se diz a palo seco a elegância dos pregos,
a esse cante despido: a palo seco: expressão de origem
a cidade de Córdoba, espanhola que se refere a algo
ao cante que se canta o arame dos insetos. simples, sem floreios.
sob o silêncio a pino. Eis uns poucos exemplos
O cante a palo seco de ser a palo seco,
é o cante mais só: dos quais se retirar
é cantar num deserto higiene ou conselho:
devassado de sol; não de aceitar o seco
é o mesmo que cantar por resignadamente,
num deserto sem sombra mas de empregar o seco
em que a voz só dispõe porque é mais contundente.
do que ela mesma ponha. (Poesias completas. 3. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979. p. 160-5.)
[...]
CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA DE 40/45
A ????????
• Metalinguagem, isto é, reflexão sobre o processo de
criação literária.
• Postura racional, antissentimental.
• Linguagem metafórica ou poética, que relativiza os
limites entre poesia e prosa.
• Invenção de palavras novas a partir de recursos
disponíveis na língua.
A LITERATURA NOS ANOS 1940-50: A FASE DA MATURIDADE
Clarice Lispector nunca aceitou o rótulo de escritora feminista. Apesar disso, muitos de
seus romances e contos têm como protagonistas personagens femininas, quase sempre
urbanas. A escritora, ao explicar sua vocação para a literatura, comenta:
Cujo, o Oculto, o Tal, o Que-Diga, o Não-sei-que-Diga, o Que-não-Fala, o Que-
não-Ri, o Que-nunca-se-Ri, o Sem-Gracejos, o Tristonho, o Muito-Sério, o
Sempre-Sério, o Austero, o Severo-Mor, o Galhardo, o Romãozinho – um diabo-
menino, o Rapaz, o Homem, o Indivíduo, Dião, Dianho, Diogo, o Pai-da-Mentira,
o Pai-do-Mal, o Maligno, o Coisa-Ruim, o Tendeiro, o Mafarro, o Manfarri, o
Canho, o Coxo, o Capeta, o Capiroto, o Das-trevas, o Tisnado, o Pé-Preto, o
Pé-de-Pato, o Bode-Preto, o Cão, o Morcego, o Gramulhão, o Xu, o Temba, o
Dubá-Dubá, o Azarape, o Dê, o Dado, o Danado, o Danador, o Arrenegado, o
Dia, o Diacho, o Diabo, o Rei-Diabo, o Demo, o Demônio, o Drão, o Demonião,
Barzabu, Lúcifer, Satanás, Satanazim, Satanão, Sujo (
), o Dos-Fins, o Solto-
Terceira geração (1945 - 1960)
GUIMARÃES ROSA
Principais Obras:
Sagarana
Corpo de baile
Primeiras histórias
Estas histórias
Ave, palavra
3ª Geração do Modernismo
(...)
Sujo, pelas experiências vividas de difícil lembrança, escondidas no porão de sua memória.
Sujo, por não ter, em seus versos, ritmo, rimas ou por cagar para as regras e métricas. Por
xingar e falar de cus e bucetas de forma livre.
Poema Sujo é livro de cabeceira dos amantes da poesia concreta; Um dos criadores do
neoconcretismo, Ferreira Gullar foi filiado ao PCB e exilado militar. Viveu na União
Soviética, Argentina e Chile.
Em 2014, foi considerado um imortal da Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a 37ª
cadeira. Gullar faleceu em dezembro de 2016 aos 86 anos.
Poesia – Década de 50
Reflete a modernidade:
- Industrialização acelerada
- Vida urbana
verbivocovisual
Semântico Visual
Sonoro
- Poesia Social
- Poesia Neoconcreta
- Poesia Práxis
- Poesia Processo
Poesia social (1957) – Grupo tendência
poesia como instrumento de expressão social e política
Eu falo
tu ouves Eu defendo
ele cala. tu combates
Eu procuro ele entrega.
tu indagas
ele esconde. Eu canto
CONJUGAÇÃO tu calas
Eu planto ele vaia.
tu adubas
ele colhe. Eu escrevo
tu me lês
Eu ajunto ele apaga.
tu conservas Autor: (Affonso Romano de Sant'Anna)
ele rouba.
Poesia Neoconcreta
(1959)
Mostra a realidade do homem de forma complexa;
e gato e passarinho
e gato Ferreira Gullar
e passarinho (na manhã
veloz
e azul Sentido das palavras:
de ventania e ar
vores - Objetos
voando)
e cão - Nas ruas das cidades
latindo e gato e passarinho (só - Na noite
rumores
de cão - No sofrimento do povo
de gato
e passarinho - No cotidiano
ouço
deitado
no quarto
às dez da manhã
de um novembro
no Brasil)
Ferreira Gullar
Poesia práxis
(1961) ação
Retomou a palavra;
considerava a palavra um organismo vivo, que gera o
outro;
deve ser energética e dinâmica;
com um conteúdo de importância;
Pode ser transformada e reformulada pelo leitor,
permitindo uma leitura múltipla.
- Retirada a Importância dos sentimentos do eu-lírico.
O TOLO E O SÁBIO
Linguagem simples
Humor, ironia
Desprezo à elite e sociedade
Características das obras de Oswald de Andrade
Escrevo. E pronto.
Suprassumos da Quintessência
Escrevo porque preciso,
preciso porque estou tonto.
O papel é curto.
Ninguém tem nada com isso.
Viver é comprido.
Escrevo porque amanhece,
Oculto ou ambíguo,
E as estrelas lá no céu
Tudo o que digo
Lembram letras no papel,
tem ultrasentido.
Quando o poema me anoitece.
Se rio de mim,
A aranha tece teias.
me levem a sério.
O peixe beija e morde o que vê.
Ironia estéril?
Eu escrevo apenas.
Vai nesse ínterim,
Tem que ter por quê?
meu intramistério.
MODERNISMO
Ariano Suassuna
O erotismo está muito presente na obra de Nelson Rodrigues, o que lhe garante o título de realista. Ele
não hesitou em denunciar a sordidez da sociedade tal como o fez Eça de Queirós em suas obras.
Em síntese, Nelson foi um grande escritor, dramaturgo e cronista, e está imortalizado na literatura
brasileira
Terceira geração (1945 - 1960)
NELSON RODRIGUES - OBRA Peças
A mulher sem pecado (1941)
Romances Vestido de noiva (1943)
•Meu destino é pecar (1944) Álbum de família (1946)
•Escravas do amor (1946) Anjo negro (19470
•Minha vida (1946) Senhora dos afogados (1947)
•Núpcias de fogo (1948) Dorotéia (1949)
•A mulher que amou demais (1949) Valsa nº.6 (1951)
•O homem proibido (1981) A falecida (1953)
•A mentira (1953) Perdoa-me por me traíres (1957)
•Asfalto selvagem (1960) Viúva, porém honesta (1957)
•O casamento (1966) Os sete gatinhos (1958)
•Núpcias de fogo (1948) Boca de Ouro (1959)
Beijo no asfalto (1960)
Ainda possui diversos: Bonitinha, mas ordinária (1962)
Contos e Crônicas,
Toda nudez será castigada (1965)
Telenovelas e Filmes baseados
Anti-Nelson Rodrigues (1973)
em suas obras. A serpente (1978)
“(…)
azul
era o gato Ferreira Gullar
azul
era o galo
azul
o cavalo
azul
teu cu
Sujo, pelas experiências vividas de difícil lembrança, escondidas no porão de sua memória.
Sujo, por não ter, em seus versos, ritmo, rimas ou por cagar para as regras e métricas. Por
xingar e falar de cus e bucetas de forma livre.
Poema Sujo é livro de cabeceira dos amantes da poesia concreta; Um dos criadores do
neoconcretismo, Ferreira Gullar foi filiado ao PCB e exilado militar. Viveu na União
Soviética, Argentina e Chile.
Em 2014, foi considerado um imortal da Academia Brasileira de Letras, onde ocupava a 37ª
cadeira. Gullar faleceu em dezembro de 2016 aos 86 anos.
TERCEIRA FASE DO MODERNISMO – GERAÇÃO DE 45
• Continua a sequência das tendências da segunda fase da prosa urbana, intimista e
regionalista. Agora com uma renovação formal.
Produção Poética