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A história da liturgia no

primeiro milênio
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A liturgia nos primórdios do cristianismo


Na era apostólica, mais conhecida como tempo dos apóstolos, Jesus e seus seguidores praticavam a religião judaica.
Participavam das celebrações litúrgicas (templo, sinagoga, oração e festas). a nossa liturgia cristã é uma continuidade
da liturgia hebraica. O nosso referencial é Jesus de Nazaré. A partir do mistério de Cristo, aconteceu uma
cristianização dos elementos ritualizados herdados, surgindo daí a liturgia cristã.
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ELEMENTOS JUDAICOS => ELEMENTOS CRISTÃOS

01 A CEIA PASCAL JUDAICA 05 ORAÇÃO COTIDIANA

O MODO DE INICIAR AS
02 LITURGIA DA PALAVRA 06 ORAÇÕES

03 ORAÇÃO DOS FIÉIS


07 DOXOLOGIA

04 A SEMANA ACLAMAÇÕES LITÚRGICAS


08

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• Os discípulos de Jesus, após a ascensão, continuavam participando do
templo, porém, não participavam dos sacrifícios rituais.

• A partir de então, a Igreja apostólica começou a organizar-se criando


formas próprias de culto. Uma das características desse novo grupo
era a reunião (aspecto comunitário): É a liturgia dos primeiros
cristãos (cf. Mt 18,20, At 4,31; 20,7-8; 2, 46

• Outro aspecto interessante é que costumavam realizar as reuniões no


primeiro dia da semana. A este dia, deram o nome de “dia do Senhor”
(domingo), por ser o dia em que se recorda a ressurreição do Senhor.

• SS. SATURNINO E COMPANHEIROS, MÁRTIRES DE


ABISSÍNIA, ÁFRICA Trata-se de 49 cristãos, presos em 304, por
terem participado de uma Missa dominical. Foram torturados, mas
não negaram à sua fé. Um deles, interrogado por que havia
desobedecido, respondeu: "Sine dominico non possumus": "Não
podemos viver sem celebrar o dia do Senhor".
Séc II e III – Domus Ecclesiae
(ver video: Morgan Freeman)

Domus Ecclesia
na cidade de Dura Europos
herdeiros do monoteísmo judaico
contrários aos rituais pagãos. sofriam
A era dos perseguições violentas

mártires
Não havia livros litúrgicos e o
presidente improvisava as orações. “O
presidente também, na medida de sua
capacidade, faz elevar a Deus suas
preces e ações de graças, respondendo
todo o povo “Amém”.” S. Justino,
Apologias

A liturgia vai se adaptando aos povos do


mundo mediterrâneo com sua cultura
própria. Catecismo 1345

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No ano de 313, o imperador
Constantino concede liberdade total
para a Igreja. A liturgia passa por
profunda transformação em sua forma
e compreensão. os cristãos passam a
se reunir em locais amplos, nas
basílicas construídas pelo imperador.
A liturgia passa a receber também na
cultura romana, elementos da própria
A cultura. Os paramentos adotados são
liturgia semelhantes ao da corte imperial.
em fase
de estrutu-ração
plena
(séc. IV a VIII) Elementos pagãos foram introduzidos
na religião cristã, como por exemplo,
a prática de construir igrejas voltadas
para o oriente, o nascer do sol; a festa
do natal que entrou no lugar da festa
do nascimento do deus sol da religião
pagã.
* Séculos I e II: Unidade litúrgica. Na
formação das comunidades cristãs precisava-se
garantir o essencial da tradição recebida.
* Séculos III e IV: Começa uma multiplicidade
de formas celebrativas. Cada comunidade vai
fixando seus ritos, costumes e orações.
* Século V: Com a liberdade religiosa
concedida por Constantino, é o momento da
criação das diversas famílias litúrgicas ou ritos
litúrgicos no oriente e no ocidente.

Temos ai a identificação das liturgia da Antioquia,


A formação
de Alexandria e de Roma.
das grandes famílias litúrgicas
As liturgias orientais (do oriente) se
distinguem em dois grupos, por causa dos
seus patriarcados de origem (Antioquia e
Alexandria): o grupo antioqueno e o grupo
alexandrino. O grupo antioqueno se
subdivide em siríaco ocidental (que
compreende o siríaco de Antioquia, o
maronita, o bizantino e o armeno) e siríaco
oriental (que compreende o rito nestoriano,
o caldeu, na Mesopotâmia, e o malabar, na
Índia). O grupo alexandrino abrange o rito
copta e o etiópico.

As liturgias ocidentais (do ocidente) são: a romana


(da diocese de Roma), a ambrosiana (própria da
diocese de Milão), a hispânica (peculiar da
Espanha), a galicana (das Gálias) e a celta
(elaborada entre os povos celtas, no ambiente
A formação geográfico que compreende a Irlanda, a Escócia e
País de Gales). Atualmente, na prática, conserva-se
das grandes famílias litúrgicas
apenas um rito ocidental: o romano. Dos outros,
restaram apenas vestígios, ou estão limitados a
lugares bem determinados (como é o caso dos ritos
ambrosiano e hispânico).
I Concílio de
Nicéia – 325
convocado pelo
Imperador
Constantino,
filho de Santa
Helena
A formação da liturgia romana clássica

Entre os séc. IV ao VIII a Os bispos de Roma começam a Devida a amplidão das basílicas,
Igreja romana foi compilar inúmeras orações. Surge o foram introduzidas três grandes
organizando sua liturgia de sacramentário, o evangeliário e o procissões: Entrada, Oferendas e
forma esplêndida e rica do epistolário. Comunhão, encerradas com orações.
ponto de vista teológico. A música: salmos e jubilus Tbm surge o Glória e o Cordeiro.
Porém sofrerá influência dos
povos francos-germânicos. Page 11
Agostinho, Gregório Magno,
Jerônimo e Ambrósio
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Ao longo do séc. VIII e início do séc. IX
acontece o fenômeno de imigração da liturgia
romana para as terras franco-germânicas
A passagem da
liturgia romana para O imperador franco-germânico, Carlos Magno,
com o intuito de uniformizar a liturgia em todo
as Igrejas franco- o império, pediu ao papa Adriano I uma cópia
germânicas do sacramentário romano. Percebeu que o
mesmo estava incompleto, incorporou vários
elementos próprios da liturgia galicana, tais
como: benção do círio pascal, orações para
ordenações, bênçãos, dedicações de Igrejas e
exorcismos. Daí surgiu uma liturgia romana-
franco germânica.
• Nos dois últimos séculos do primeiro milênio
vivemos um tempo de transição na liturgia
romana. É o período da fusão entre a liturgia
romana propriamente dita e a liturgia galicana
dentro do império franco-germânico. Nesta
fusão, a liturgia romana passa por profundas
transformações: passa de um cunho pascal e
comunitário (eclesial), com nobre simplicidade,
para um caráter eminentemente devocionista e
individualista, com sortidas complicações;.
Trata-se de uma “passagem” sumamente
significativa, pois determinará os rumos da
liturgia ocidental em praticamente todo o
segundo milênio da era cristã.

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