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Paul Ricoeur
A reação desconfiada da historiografia de língua francesa com a
filosofia, quase sempre associada àquela de matriz hegeliana,
esquecendo, sob muitas vezes, a filosofia crítica da história
(Raymond Aron, Wilhelm Dilthey, Max Weber, etc.).
acontecimento
No entanto, o grande manifesto dos Annales, para Paul Ricoeur, é
na O Mediterrâneo e o mundo mediterrâneo na época de Felipe II, de
historiografia Fernand Braudel, que arruína a noção tradicional de
acontecimento.
francesa
Com essa obra, termos como história política, história factual e
história-narrativa são colocados como sinônimos e todos vistos
como o tipo de historiografia a ser combatida.
A tradição epistemológica do Círculo de Viena, filha do positivismo –
O eclipse da nesse caso, a narrativa é solapada diante de uma perspectiva
filosófica que entende que a “compreensão” não necessariamente
compreensão: precisa vir da “explicação”.
o modelo Nesse sentido, a nomologia é aqui tomada como uma busca das leis
“nomológico” que regem um saber científico, de forma que o processo explicativo-
narrativo poderia ser capaz de diluir a compreensão da verdade.
na filosofia
analítica de Buscou-se, assim uma “função das leis gerais na História”, ou seja,
língua inglesa modelos de explicação que regessem o saber histórico, o que foi
combatido pelo historiador Paul Veyne que, ao contrário, lutou para
que a história continuasse a ser conduzida por uma narrativa, uma
intriga.
Para Paul Ricoeur, tanto os historiadores dos Annales quanto os
filósofos analíticos de língua inglesa, apesar de partirem de
O eclipse da matrizes epistemológicas diferentes, e até rivais entre si, tinham
como ponto comum o combate à narrativa como uma questão
compreensão: central em história.
o modelo
“nomológico” No entanto, seria possível eclipsar a narrativa do saber histórica,
retirar do argumento seu estatuto de centralidade no interior
na filosofia desse saber?
analítica de
Na contramão dessas duas perspectivas, a obra de Paul Ricoeur
língua inglesa fundamenta seu argumento na relação entrelaçada entre tempo e
narrativa, sendo um percebido em função da outra.