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Abordagens feministas para as Relações

Internacionais
A história do movimento feminista é comumente dividida em três “ondas”:

- A primeira onda se refere principalmente ao sufrágio feminino, movimento que


ganhou força no século XIX e início do XX

Luta pelo direito das mulheres a ter direitos

Uma das precursoras da primeira onda: Mary Wollstonecraft “Reinvidicação dos


direitos das mulheres” (1792)

Defende a existência da racionalidade e o direito à educação das mulheres ->


portanto, elas seriam capazes de participar da vida pública
- A segunda onda se refere às ideias e ações associadas com os movimentos de
liberação feminina iniciados na década de 1960

fase da luta pelos direitos reprodutivos e das discussões


acerca da sexualidade (sexo e gênero)

Gênero como um sistema de símbolos, empregados para interpretar a realidade e


fixar significados, servindo não apenas como uma categoria de classificação e
forma de diferenciação de indivíduos, mas também como um guia para as nossas
ações
Influência do marxismo -> crítica à divisão sexual do trabalho a partir da
Revolução Industrial (sistema fabril absorvendo atividades produtivas comuns às
mulheres)

As mulheres são limitadas ao trabalho reprodutivo (apoio ao trabalhador que


produz)

Simone de Beauvoir -> o trabalho doméstico é visto como:

- “clandestino” -> não é visto como trabalho


- “não produtivo” -> não produz valor, no sentido capitalista (“reprodutivo”)

O efeito é uma dependência severa


“sisterhood is powerful” (a irmandade entre mulheres é poderosa) -> Robin
Morgan

conscientização das mulheres por meio de atividades coletivas

Autoras como Patricia Collins e Dorothy Smith defendiam que toda a ciência
social feminista devia ser construída a partir do olhar, da vivência, da experiência
e do ponto de vista da mulher
- A terceira onda ganhou impulso na década de 1990: movimentos punk femininos
(riot grrrl e do it yourself)

- Continuação e, ao mesmo tempo, uma reação às falhas da segunda onda

Influência da perspectiva pós-estruturalista


(atenção para a produção do conhecimento,
representatividade, mudança dos estereótipos...)

Agenda mais inclusiva e diversificada (‘desocidentalização’)

Maior atenção à interseccionalidade (estudo das interações entre sistemas


relacionados de opressão, dominação ou discriminação)
As teorias tradicionais de RI se afirmavam como neutras e objetivas e por isso não
se interessavam pela dimensão social dos fenômenos sociais

assim não tinham espaço para as questões de identidade e gênero

O surgimento das reflexões pós-positivistas em RI ajudaram a abrir espaços, na


disciplina, necessários à aplicação do gênero como categoria de análise

O debate feminista nas RI está relacionado a uma abertura maior da disciplina às


questões da chamada “baixa política”
É muito difícil falar propriamente em uma teoria feminista das RI

É possível falar em feministas liberais, feministas marxistas, feministas


construtivistas, feministas pós-colonialistas, feministas pós-estruturalistas,
feministas críticas...

Ponto de vista comum às feministas: atentar para a relação entre a exploração


das diferenças de gênero e as RI

Expor a exclusão das mulheres do discurso teórico das RI: “onde estão as
mulheres?”
O universo patriarcal constrói discursos e práticas violentas nas relações entre
os Estados e dentro deles

O feminismo atenta para novos tópicos de investigação nas RI, como a vida
diária das mulheres, sua luta contra a opressão, seu papel nas transformações
sociais, etc.

Masculinidade é permanentemente invocada em treinamentos militares,


estratégias de defesa nacional, nos discursos de dirigentes políticos e afins

Ampla dominação masculina, tanto em termos de presença quanto em termos


de temas e formas de atuação
Christine Sylvester, no livro “Feminist Theory and International Relations in a
Postmodern Era” (1994):

Distinção entre “o ponto de vista feminista” e o “feminismo pós-moderno”

“ponto de vista feminista” -> as mulheres podem produzir políticas diferentes,


providenciando uma soberania diferente

A identidade de gênero desempenha função determinante no pensamento militar e


na ideologia de uma sociedade
Segundo as feministas pós-modernas, é preciso questionar a lógica da soberania

É como se o ponto de vista feminista incorresse em alguns


erros comuns às teorias tradicionais de RI

Crítica à essencialização do gênero -> o gênero raramente é uma categoria óbvia


e bem definida

Necessidade de fugir da fórmula binária do masculino-feminino, que pode


resultar numa nova naturalização que permaneça excluindo pessoas

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