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Carmen P.

Cintra do Prado
Universidade de São Paulo, Instituto de Física
Depto de Física Geral
prado @ if.usp.br

1
Essa cozinha está
No dia-a-dia, a palavra CAOS está associada um caos...

com desordem...

Em Física, tem um significado bem preciso.

Sistemas dinâmicos caóticos são sistemas que tem


uma regra de evolução temporal bem definida e,
ainda assim, se tornam imprevisíveis com o tempo.

Como é possível?
2
Propriedades matemáticas das equações que governam a
evolução temporal do sistema tem

“dependência sensível às condições


iniciais”.

Mesmo equações muito simples podem ter “caos”

Mapa Logístico dinâmica de populações

xn 1   xn 1  xn 

3
Por exemplo: suponha  = 3.9 e x0 = 0.75
xn 1   xn 1  xn 
x0 = 0.750 x1 = 0.73 x2 = 0.77

x3 = 0.70 x4 = 0.82 x5 = 0.57 


inicio

caso (a) caso (b) 1,2


1
n x(n) n x(n) 0,8 Seqüência1
0 0,7500 0 0,7501 0,6 Seqüência2

x
1 0,73 1 0,73 0,4
2 0,77 2 0,77 0,2
3 0,70 3 0,70 0
4 0,82 4 0,82 0 5 10
5 0,57 5 0,57
6 0,96 6 0,96 iteracao
7 0,17 7 0,16
8 0,54 8 0,53 depois de certo tem po...
9 0,97 9 0,97
10 0,12 10 0,10
1,2
mas depois de certo tempo...
1 Seqüência1
Seqüência2
30 0,88 30 0,44 0,8

31 0,40 31 0,96 0,6

32 0,94 32 0,15 0,4


33 0,22 33 0,48 0,2
34 0,67 34 0,97
0
35 0,86 35 0,10 28 30 i t e r32
ac ao 34 36

4
Divergência exponencial das Mecanismo de “dobra” que
trajetórias mistura as trajetórias

et
B
A
B A
C C
B A

Estiramento + dobra (dissipativos) = caos

5
Mapa do gato de Arnold’s

http://math.gmu.edu/~sander/movies/arnold.html
6
Como descrever?
Oscilador harmônico
Retrato no espaço de fase (periódicas)

V(t)

V0

X
X0 X(t)

7
D ia g r a m a s d e fa s e

A e q u a ç ã o q u e d e s c r e v e o m o v im e n t o d o p ê n d u lo
é:


 m  2    mg  sen   0

N ã o é p o s s ív e l o b t e r u m a s o l u ç ã o p a r a e s t a
e q u a ç ã o e m t e r m o s d e f u n ç õ e s e le m e n t a r e s .

m N o e n t a n t o , é p o s s ív e l id e n t if ic a r - s e a s p r in c ip a i s
c a r a c t e r ís t ic a s d e s u a s s o l u ç õ e s e c o m p r e e n d e r
d e m o d o q u a li t a t iv o o s p o s s ív e is m o v im e n t o s
d e s s e s is t e m a u t ili z a n d o - s e u m d i a g r a m a d e f a s e
 
p  mg

S e d e f in ir m o s u m a n o v a v a r iá v e l

   , e n tã o    

E te m o s e n tã o
    f (  ,  )
   ( g /  ) sen   g (  ,  )
8
Mesmo no mapa logístico, muitas situações diferentes podem ocorrer:

Ponto fixo: depois 1

de um transiente,
todas as trajetórias 0,5

x
convergem para ele. 0
0 2 4 6 8 10
iteracao
n x(n) x(n) x(n) x(n)
0 0,7500 0,2000 0,9000 0,0200

xn 1   xn 1  xn 
1 0,47 0,40 0,23 0,05
2 0,62 0,60 0,44 0,12
3 0,59 0,60 0,61 0,26
4 0,61 0,60 0,59 0,48  = 2.5
5 0,60 0,60 0,60 0,62
6 0,60 0,60 0,60 0,59
7 0,60 0,60 0,60 0,61
8 0,60 0,60 0,60 0,60
9 0,60 0,60 0,60 0,60
10 0,60 0,60 0,60 0,60
9
Órbita periódica: depois de um
transiente, todas as trajetórias
convergem para uma seqüência de
n pontos x1, x2, ..., xn (período n).
Órbita de período 2

n x(n) x(n) x(n) x(n)


0 0,7500 0,0200 0,9000 0,2000
1,0000
1 0,58 0,06 0,28 0,50
2 0,75 0,18 0,62 0,77
3 0,57 0,45 0,73 0,54 0,5000

x
4 0,76 0,77 0,61 0,77
5 0,57 0,55 0,73 0,55
6 0,76 0,77 0,60 0,77 0,0000
7 0,56 0,56 0,74 0,55 0 2 4 6 8 10
8 0,76 0,77 0,59 0,77 iteracao
9 0,56 0,56 0,75 0,56
10 0,76 0,77 0,59 0,77

10
n x(n) x(n) x(n) x(n)
0 0,9000 0,75 0,02 0,30
Órbita de período 4 1 0,31 0,65 0,07 0,73
2 0,75 0,79 0,22 0,68
3 0,65 0,58 0,60 0,75
4 0,79 0,85 0,84 0,65
5 0,58 0,45 0,48 0,79
1,0000 6 0,85 0,86 0,87 0,57
7 0,46 0,42 0,40 0,85
8 0,86 0,85 0,83 0,44
0,5000 9 0,41 0,45 0,48 0,86
x

10 0,84 0,86 0,87 0,42


11 0,46 0,41 0,40 0,85
0,0000 12 0,86 0,84 0,83 0,44
0 5 10 15 20 13 0,41 0,46 0,49 0,86
iteracao 14 0,84 0,86 0,87 0,42
15 0,47 0,41 0,40 0,85
16 0,87 0,84 0,83 0,45
17 0,40 0,47 0,49 0,86
18 0,84 0,87 0,87 0,42
19 0,48 0,40 0,40 0,85
20 0,87 0,84 0,83 0,45

11
Na região caótica...

EVOLUÇÃO DA DIFERENÇA NO VALOR DE Xn


Mapa logístico,  = 3,6 X0 = 2.00000 e x0* = 2.00001

0,25

0,2

0,15

0,1

0,05

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47

-0,05

-0,1

-0,15

-0,2

-0,25

12
Para representar o atrator podemos fazer um
MAPA DE PRIMEIRO RETORNO

Xn+1 ( xn, xn+1) Se xn+1 = xn (ponto fixo), o


( xn+1, xn+2) resultado é um único ponto na
diagonal...
( xn+2, xn+3)

Mapa de Primeiro Retorno


xn 0,7 mu = 2.5
2
4
0,6 3
5

0,5
1

x y 0,4

x(n+1)
1 0,30 0,53
0,3
2 0,53 0,62
3 0,62 0,59 0,2

4 0,59 0,61 0,1


5 0,61 0,60
6 0,60 0,60 0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
7 0,60 0,60 x(n)

13
No caso de uma órbita de período 2, depois de certo número de iterações
(depois do transiente...)
... x1, x2, x1, x2, x1, x2, ...

Portanto teremos 2 pontos em nosso mapa de primeiro retorno:


Mapa de Primeiro Retorno
1,00 mu = 3.2
0,90

0,80
x y 0,70
(x1,x2)

20 0,80 0,51 0,60


21 0,51 0,80
x(n+1)
0,50
22 0,80 0,51 (x2,x1)
0,40
23 0,51 0,80
0,30
24 0,80 0,51
25 0,51 0,80 0,20

26 0,80 0,51 0,10

0,00
Já sem o transiente... 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
x(n)

14
Qual é o atrator de um sistema caótico?
Mapa de Primeiro Retorno

1,00
mu = 3.8
Como xn+1 = F ( xn),
0,90

0,80
o mapa de primeiro
0,70
retorno nos dá uma idéia
0,60 da função F(x).
x(n+1)

0,50

0,40
Mas nem todos os
0,30 pontos aparecem!
0,20

0,10

0,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
x(n)

O atrator de um sistema caótico é um conjunto fractal


(atrator estranho) 15
O que é um conjunto fractal ?
Fractais são figuras geométricas, como retângulos ou triângulos
• Dimensão não-inteira (fracionária)
• Auto-similaridade
Se  é uma unidade de
medida,
= 0 =2 ponto   0
=1 linha   1
superfície   2 e
=3 volume   3

????? = fracionária um fractal   d , onde d é a


dimensão fractal...
16
Exemplo: Conjunto de Cantor

Como construir um objeto


Conjunto de Cantor
geométrico com dimensão
fracionária ...

No limite, temos um objeto de


dimensão fractal: “mais que um ponto”
e “menos” que uma linha..

17
Como calcular .... N() = número de
unidades de medida
log N   
D0  lim
  0 log1    = tamanho linear da
unidade de medida

log N   
D0 ~ 
log   L
1 unidade
N() = 1

log N    ~  D0 log  
4 unidades
L/2
N() = 4
N   ~   D0

18
Para o conjunto de Cantor:
Para n = 0,  = 1 e N() =1

Para n = 1,  = 1/ 3 e N() =2

Para n = 2,  = 1/ 9 e N() =4

Para n ,  = 1/ 3 n e N() = 2 n

log 2 n log 2
D0  n
  0,63
log 3 log 3
19
Curva de Kock


Perímetro infinito, mas área
finita!

Mesmo tipo de conta do


conjunto de Cantor..
D0 = log 4 / log 3 ~1,26

20
21
Estudando as propriedades estatísticas
dos atratores fractais,
e/ou as propriedades matemáticas de
estiramento e dobra das equações
desses sistemas dinâmicos...

Podemos apreender muitas coisas sobre


os sistemas caóticos
• controle do caos
Caos, uma introdução
• reconstrução de dinâmica
Nelson Fiedler-Ferrara &
• eliminação de ruídos Carmen P. C do Prado, Ed
Edgard Blucher, 1994 / 95
•etc...
22

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