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ANTERO DE QUENTAL

Sonetos Completos
SÍNTESE DA UNIDADE

Encontros – 11.o ano ▪ Noémia Jorge, Cecília Aguiar, Inês Ribeiros


SONETOS COMPLETOS: SÍNTESE DA UNIDADE

Friso cronológico
Séc. XVII Séc. XIX
BARROCO ROMANTISMO REALISMO

Antero de Quental (1842-1891)


Sonetos Completos (1886)
SONETOS COMPLETOS: SÍNTESE DA UNIDADE

Angústia existencial

Configurações do Ideal

Linguagem, estilo e estrutura

Verifica se sabes

Em síntese
ANGÚSTIA EXISTENCIAL

• Insatisfação face ao amor e à vida.


• Interiorização reflexiva.
• Inquietação filosófica.

Ex.:
“O Palácio da Ventura”
“Despondency”

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CONFIGURAÇÕES DO IDEAL
Racionalidade otimista e de luta:
Razão, Justiça, Amor / Fraternidade / Solidariedade
Ex.: “Hino à Razão”
Amor espiritualizado (“visão”)
Ex.: “Ideal”
Poeta como “voz da Revolução”
Ex.: “A um Poeta”
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POESIA DE ANTERO DE QUENTAL

Configurações do Ideal Angústia Existencial

• Inquietação espiritual.
• Procura de algo que dê um sentido ou uma finalidade à
existência humana.
• Aceitação de uma entidade que aparece, quase sempre, sob
contornos vagos ou indefinidos e que pode assumir o nome de
Deus (Ex.: “Ignoto Deo”).
• Desejo de sonhar.
• Insatisfação perante o real sentido como demasiado
frustrante ou limitado.
POESIA DE ANTERO DE QUENTAL
Configurações do Ideal Angústia Existencial

Segundo o crítico literário António Sérgio, dualidade na


personalidade do poeta, dominado pelo:
espírito crítico do filósofo (lucidez do intelecto; espírito
apostólico; autodomínio; consciência plena; concentração da
atividade pensante; exaltação do amor e da razão);

temperamento mórbido do homem (canto da noite, do sonho,


da submersão, da morte, dissolução da personalidade; repouso
da alma no Deus transcendente).

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LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA

Soneto Composição poética constituída por 14 versos,


geralmente decassilábicos, distribuídos por
duas quadras e dois tercetos.
Trata-se de uma
forma poética A rima do soneto tende a seguir o esquema
de origem
clássica que
ABBA ABBA, nas quadras, e CDC CDC , CDE
obedece a CDE (entre outros esquemas), nos tercetos.
regras rígidas de
construção. O último verso de um soneto é considerado a
chave de ouro, quando apresenta uma
conclusão para o tema desenvolvido.
ESTRUTURA ESTRÓFICA
Soneto A um poeta
Surge et ambula!

Tu, que dormes, espírito sereno, Quadra


Posto à sombra dos cedros seculares,
2 quadras e Como um levita à sombra dos altares,
2 tercetos Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno, Quadra


Afugentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno…

Escuta! É a grande voz das multidões! Terceto


São teus irmãos, que se erguem! são canções…
Mas de guerra… e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro, Terceto


E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate.
Tu, que dormes, espírito sereno, a
Soneto Posto à sombra dos cedros seculares, b
Como um levita à sombra dos altares, b
Longe da luta e do fragor terreno, a

ESTRUTURA Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno, a


RIMÁTICA Afugentou as larvas tumulares… b
O esquema Para surgir do seio desses mares, b
rimático pode Um mundo novo espera só um aceno… a
não ser
totalmente
convencional. Escuta! É a grande voz das multidões! c
São teus irmãos, que se erguem! são canções… c
Mas de guerra… e são vozes de rebate! d

Ergue-te, pois, soldado do Futuro, e


E dos raios de luz do sonho puro, e
Sonhador, faze espada de combate. d
ESTRUTURA MÉTRICA

Tu, que dor mes, es pí ri to se reno


Pos to à som bra dos ce dros se cu lares

Versos
Soneto
decassilábicos
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA

É marcado por um elevado grau de


Discurso
elaboração formal.
conceptual
Recorre a conceitos (noções), muitas
delas filosóficas.

Trata-se de uma poesia de ideias e


questionação.
Ex.:
Razão, irmã do Amor e Justiça
Mais uma vez escuta a minha prece.
(“Hino à Razão”)
LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA

Recursos Apóstrofe
expressivos

Metáfora

Personificação

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LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA – RECURSOS EXPRESSIVOS

Apóstrofe
Interpelação de um destinatário que pode ser (ou não) humano,
real ou fictício, através do vocativo.

“Razão, irmã do Amor e da Justiça,” A apóstrofe humaniza a Razão,


(“Hino à Razão”) tornando-a um interlocutor
“real” para o sujeito poético.

“Tu, que dormes, espírito sereno,” O “Tu”, anónimo, que se


(“A um poeta”) mantém calmo, é invocado
pelo sujeito poético através da
apóstrofe, tornando-se seu
destinatário.

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LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA – RECURSOS EXPRESSIVOS

Metáfora
Utilização de um termo para designar algo diferente daquilo que
designa habitualmente, a partir de elementos que são comuns a
esse termo e ao que ele refere.
A metáfora reforça a
“Que a leve o ar sem fim da soledade
dor, a angústia
Onde as asas partidas a levaram…” existencial, o
(“Despondency”) sofrimento daquele(a)
quem tiraram tudo o
que era importante.

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LINGUAGEM, ESTILO E ESTRUTURA – RECURSOS EXPRESSIVOS

Personificação
Atribuição de características humanas (pensamentos,
sentimentos, ações) a seres inanimados, a animais ou a
entidades abstratas.
Com o recurso à
“Razão, irmã do Amor e da Justiça,” personificação humaniza-se
a Razão, dando-lhe um
(“Hino à Razão”) contexto familiar que
explica a sua origem. A
apóstrofe acentua a
personificação.

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VERIFICA SE SABES

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EM SÍNTESE

Antero de Quental, Sonetos Completos

A angústia existencial.
As configurações do Ideal.
Linguagem, estilo e estrutura:
– o discurso conceptual;
– o soneto;
– recursos expressivos:
a apóstrofe,
a metáfora;
e a personificação.

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O Palácio da ventura
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,


Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:


Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d' ouro, com fragor...


Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
Indica se as afirmações são Verdadeiras ou falsas.

a) O poema apresenta um caráter narrativo.


b) O cavaleiro enfrenta várias dificuldades na viagem, tais como
desertos, sóis e a noite escura.
c) O uso da maiúscula nos vocábulos “vagabundo”, “Deserdado”
e “Ventura” confere-lhes um valor positivo.
d) O primeiro terceto traduz a falta de coragem e o desalento do
sujeito poético.
e) A enumeração presente no primeiro terceto confere ao texto
um tom enérgico.
f) Os dois últimos versos do poema expressam adisforia em que
mergulhou o sujeito poético.

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