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ESCOLA SECUNDÁRIA DO MONTE DA CAPARICA

3271- DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA


Curso: Técnico/a de Ação Educativa (761175)
Carga Horária: 50 horas (33 aulas de 90 m = 67 aulas 45 m)

CONTEÚDOS:
Desenvolvimento:
 físico e psicomotor
 socio afectivo
 cognitivo
 da linguagem
 Processo que abrange todo o ciclo vital (inclui a vida intrauterina)
 Behaviorismo/ comportamentalismo – Watson: corrente que defende a importância do
meio ambiente para o desenvolvimento da personalidade.
“Dai‐me 12 crianças, independentemente de onde vieram e eu farei delas o que eu quiser”.
Comportamento: conjunto de respostas objetivamente observáveis, determinado por um
conjunto complexo de estímulos (situação) provenientes do meio físico ou social.

 Maturacionismo ‐ Gesell ‐ dá prioridade ao inatismo, o que nós somos resulta do


nosso património genético (hereditariedade)
 Construtivismo – Piaget ‐ cria a conceção construtiva, ou seja, o comportamento de
individuo, a inteligência; resulta de uma construção progressiva do sujeito em interação
com o meio.
“O comportamento do individuo apresenta‐se como um todo, um contínuo. Cada manifestação
depende das anteriores e condiciona as seguintes. Há ajustamentos progressivos entre o indivíduo
e o meio.

FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO


FATORES BIOLÓGICOS:

 Genéticos/hereditariedade:
 Estruturas físicas (sistema nervoso, reflexos, órgãos dos sentidos);
 Tendências básicas (funções invariantes: adaptação, organização…);
FATORES SÓCIO‐CULTURAIS:

 Maturação (física, afetiva, cognitiva);


 Experiência
‐ Física: ação do sujeito sobre os objetos a fim de abstrair deles as suas propriedades;
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‐Lógico‐matemático: conhecimentos resultantes das ações coordenadas do sujeito sobre
os objetos

 Transmissão social: estímulos que provêm do meio social. Um meio rico em


estímulos e informação favorece um desenvolvimento equilibrado.
 Equilibração: processo contínuo e dinâmico de equilíbrio entre a maturação,
experiência e transmissão social.

Mecanismos de adaptação ao meio


 Esquemas: padrões de comportamento e de pensamento que organizam a interação
entre o sujeito e o meio. São padrões de ação e estruturas mentais que, organização da
nossa experiencia, estão envolvidas na aquisição de conhecimentos. A criação dos
esquemas é possível pela interação entre sujeito e meio e devido a duas atividades
complementares: assimilação e acomodação
 Assimilação: é o processo mental que consiste em integrar novas informações/ experiencias
nos esquemas já existentes. Permite a compreensão de novos objetos, situações e ideias
mediante esquemas que já possuímos sem que seja necessário modifica‐los
significativamente.
Sujeito meio

 Acomodação: consiste num mecanismo de adaptação de esquemas existentes quando as


novas informações e experiencias não podem ser assimiladas. Esquemas existentes vão‐se
modificar em função da experiência do meio.
Sujeito meio

 Equilibração: é o processo de auto‐ regulação entre os processos de assimilação e


acomodação que permite a adaptação do individuo ao meio, permitindo uma progressão no
sentido de um pensamento mais complexo. Consiste numa compensação ativa entre as
novas aquisições e as anteriores.
Todo o equilíbrio induz a um novo desequilíbrio. É precisamente este movimento de
equilíbrio‐ desequilíbrio que permite o desenvolvimento individual, a adaptação

Assimilação Acomodação

 Adaptação: consiste num processo interno de equilíbrio entre o organismo e o meio.


Interação entre a assimilação e a acomodação

2
Sujeito meio
Ad

ap
taç

Assimilação ‐ o bebé utiliza o esquema inato da sucção para retirar leite do


biberão ou do peito
Adaptação ‐ o bebé esta adaptado ao meio

Situação nova ‐ o bebé encontra um pequeno copo com leite pela 1ª


vez Desequilíbrio ‐ o esquema da sucção não funciona
Acomodação ‐ o bebé modifica o esquema da sucção de forma significativa para se
alimentar Base do desenvolvimento
 Céfalo‐caudal: cabeça para os pés
 Próximo‐distal: do tronco para os membros

Desenvolvimento físico e psicomotor


Recém‐nascidos ‐ reflexos
subcorticais 1º mês ‐ segue a luz
2 meses ‐ sorri, balbucia
3 meses ‐ sustenta a cabeça
4 meses ‐ agarra objetos
5 meses ‐ roda o abdómen
6 meses ‐ mantem‐se sentado
7 meses ‐ preensão palmar
8 meses ‐ pinça
digital 9 meses ‐
senta‐se
10 meses ‐ gatinha
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11 meses ‐ de pé, dá passos com apoio
12 a 14 meses ‐ anda sozinho

Evolução da postura e da descoberta do corpo


1º mês: o bebé vai ter os braços dobrados e as mãos quase sempre fechadas. Vai começar a
rodar a cabeça e o levanta‐la durante alguns segundos quando esta deitado de barriga para
baixo e vai dormir grande parte do tempo, a sua visão ainda é limitada. Vai mostrar‐se sensível
aos tons agudos em especial à voz. O bebé reage as sensações através do choro/riso.
2º mês: o bebé vai começar a controlar as suas ações; aprende a distinguir as formas simples;
acompanha com o olhar objetos sonoros, que se movem lentamente ou de cores vivas. Escuta
com mais atenção as vozes suaves e sorri para toda a gente, sem distinção. Vai passar mais
tempo acordado e atento a tudo o que acontece e assusta‐se quando ouve barulhos
estranhos.
3º mês: já e capaz de abrir as mãos e agarrar um brinquedo. Fixa mais o olhar e segue o
movimento com os olhos e com a cabeça e também responde à voz com os sons
espontâneos e torna‐se muito curioso. Segura a cabeça enquanto sentado.
4º mês: leva objetos à boca. Vai tentar agarra tudo o que lhe mostram e levá‐lo à boca.
5º mês: segura o objeto entre os dedos e a palma da mão, utiliza ambas as mãos de
forma indiferenciada
6º mês: coloca o polegar de forma oposta para segurar os objetos; mantem‐se sentada
com ajuda.
7º e 8 mês: preensão palmar cada vez com maior precisão.
9º mês: senta‐se com equilíbrio; põe‐se em pé sem equilíbrio e cai….
10º mês: por isso anda de gatas (quadrúpede) e com apoio….
11º mês: dará os primeiros passos apoiada.
12º mês mantém‐se em pé… o seu equilíbrio é ainda instável.

 A partir daí a coordenação, o arremessar e agarrar são gestos que vão sendo cada vez
mais refinados.
 A fixação e focalização estão ainda em desenvolvimento
 Aumenta a capacidade de atenção, a criança ouve e segue mais indicações.
 Melhora o tempo de reação e fixa as situações com mais facilidade.
18/24 meses‐ 3/4 anos: criança cria imagem mental dos objetos, pode referir situações e
objetos ausentes, inteligência representativa, capacidade de imaginar, linguagem adquirida;
pensamento egocêntrico, fases dos “porquês?”
3 /4ª nos‐ 6/7anos: crescimento esquelético rápido, muito ativa e com limites de
atenção reduzidos; melhor coordenação, vários movimentos e manipulação de
objetos grandes.

 Criança já possui noções de espaço e de tempo; imitação de movimentos.


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 A criança vai tocar as diferentes partes do corpo, produzindo a sensação do tato
pelo movimento das mãos e também a perceção do espaço cutâneo percorrido.
Assim vai adquirindo a consciência do seu próprio corpo
 É por volta dos 3 /4 anos que a criança tem perceção de si própria, perceciona o seu
EU, vê‐ se como um ser exterior aos outros e aos objetos.

Evolução da ideia, do espaço e do tempo

 À medida que se vai desenvolvendo, a criança vai adquirindo e assimilando conceitos,


ela vai formando no seu cérebro ideias, estas inicialmente muito simples e com o
avançar da idade mais elaboradas
 A criança desenvolve a sua ideia de espaço de forma ascendente, ou seja, ela primeiro
adquire a noção de um espaço pequeno e gradualmente vai assimilando espaços
maiores.
 A criança inicialmente conhece o seu quarto, depois conhece a sua casa, seguindo‐
se o espaço da escola, em seguida a rua, passando mais tarde a conhecer a sua
cidade
 O tempo é embora de forma subjetiva conhecido para a criança desde o seu
nascimento, a sua necessidade de comer permite o contato inicial
 A criança ao longo do seu desenvolvimento vai tendo perceção de que é tempo de
dormir, comer ir e sair da escola.

Lateralidade
Segundo Oliveira (2008) a lateralidade é definida pela propensão do ser humano
utilizar preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em 3 níveis: mão,
olho e pé.

 É uma sensação interna de que o corpo tem dois lados; que existem duas metades do
corpo e de que estas são exatamente iguais
 A lateralidade representa o predomínio normal por um lado do corpo
 Primeiro, a criança utiliza, indiferencialmente, os dois lados do corpo e, com a
maturação do organismo vai estabelecendo preferências por um dos lados. Isto é, a
dominância lateral prolonga‐se naturalmente ao longo do crescimento.
 Acontece por volta dos dois anos o controlo das pernas e dos braços, o controlo da
velocidade juntamente com o controlo do equilíbrio. Por volta dos 3‐4 anos estabelecem‐se
alguns aspetos de lateralidade.
 Quanto mais estimulada, mais movimentos e experiencias a criança viva com cada um
dos lados, mais rapidamente irá optar por um deles.
 Modificar a preferência lateral da criança é provocar‐lhe uma violência que não afeta um
simples hábito ou mania, mas que entra em contradição com a organização do seu
cérebro.
“Deve surgir naturalmente, da própria criança, e não ser imposta. Deve surgir dela mesma,
graças à imagem propriocetiva que ela tem de seu corpo e as suas preferências naturais pelo
uso das mãos” (Oliveira, 2008)
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 A lateralidade só ocorre definitivamente entre os 6 e 8 anos
 Apesar de ser inata, predileção por uma das mãos, um dos pés ou um dos olhos
não se manifesta de súbito na criança.
 Meur e Staes (1989) apresentam três tipos diferentes de nomenclaturas:
‐Lateralidade homogénea. A criança é destra ou canhota do olho, da mão e do pé
‐ Lateralidade cruzada: a criança é por exemplo, destra da mão e do olho,
canhota do pé
‐ Lateralidade ambidextra: a criança é tão forte e destra do lado esquerdo
como do direito

Perceção
 É a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir do
histórico de vivências passadas. Consiste na aquisição, interpretação, seleção e
organização das informações obtidas pelos sentidos
 Através da perceção a criança organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para
lhes atribuir significado.
 A perceção pode ser estudada do ponto de vista estritamente biológico ou
fisiológico, envolvendo estímulos elétricos provocados pelos estímulos nos órgãos
dos sentidos.

Fatores que influenciam a perceção


 Intensidade (quanto mais intenso for o estimulo mais depressa capta a atenção. Ex.
sirenes, ambulâncias)
 Contraste (quanto maior for o contraste mais atenção desperta. Ex. passadeiras)
 Movimento (quanto mais um objeto se mexer, mais facilmente capta a atenção, as crianças
são atraídas por brinquedos com muito movimento)
 Incongruência (a atenção despertada por coisas bizarras. Ex. A maneira de vestir das
pessoas)
 Motivação (a atenção fica mais desperta por alguma coisa que realmente gostamos).
 Experiência (presta‐se mais atenção ao que já se conhece).

Tipos de perceção
Perceção visual

 Perceção de formas, cores e intensidade luminosa


 Perceção de relações espaciais, ex. profundidade. Relacionado com a perceção espacial
Perceção auditiva

 Perceção de timbres,
 Perceção da intensidade sonora ou volume
 Perceção rítmica, relacionado coma perceção temporal;
 Localização auditiva (perceber a origem do som), relacionado também com a perceção 6
espacial.
Perceção olfativa

 Discriminação de odores, diferencia um odor de outros e o efeito de sua combinação;


Perceção gustativa

 O paladar é o sentido de sabores pela língua. Importante para a alimentação é a


discriminação de sabores;
Perceção táctil

 Discriminação táctil (distinguir objetos de diferentes tamanhos)


 Perceção de calor;
 Perceção da dor;
Perceção temporal

 Perceção das durações, da ordem temporal e da simultaneidade,


 Perceção e a produção de ritmos.
Perceção espacial

 Perceção da distância e do tamanho relativo dos objetos.


 A perceção espacial é compartilhada pelos outros tipos de perceção, e utiliza elementos da
perceção auditiva, visual e temporal. Assim é possível distinguir se um som é originado de
um objeto visto e se esse objeto (ou um som) esta a aproximar‐se ou a afastar‐se.

DESENVOLVIMENTO SÓCIO‐AFETIVO
INTERAÇAO MAE/FILHO
VINCULAÇAO

 Necessidade de estabelecimento de contato e de laços emocionais.


 Na espécie humana as relações são necessariamente de carater afetivo, os cuidados
familiares e as trocas que a criança vai tendo com os elementos externos manifestam‐se
sempre mediante emoções e sentimentos, sejam eles positivos ou não.
 Do clima emocional das primeiras vivências depende o maior ou menor equilíbrio
psicológico da criança no que respeita ao relacionamento social.
 Se as experiencias vividas na vinculação inicial são agradáveis, a criança ganhará
otimismo e confiança, garantindo relações com outras pessoas
 Se forem desagradáveis, a criança pode tender para a desconfiança, hesitando
relativamente a novos contatos sociais.
 Carência afetiva: resulta de insuficiência ou distorção da relação mãe/ filho
 A perda da figura materna gera angústia.

HARLOW E A
VINCULAÇÃO
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 Harry Harlow (1905‐ 1981) foi um psicólogo conhecido pelas experiencias sobre a
privação maternal e social em macacos Rhesus, e que demostram a importância dos
cuidados, do conforto e do amor nos primeiros anos de vida
 Com as suas experiencias foi possível verificar‐se a separação entre vinculação e a
satisfação das necessidades alimentares
 Para além dos laços afetivos com alguém, o bebé precisa de viver num meio social
estimulante onde possa interagir com os outros e aprender a comportar‐se em sociedade.

BOWLBY E A VINCULAÇAO

 Jonh Bowlby (1907‐1990) foi um psicólogo, psiquiatra e psicanalista, desenvolveu de


forma pioneira Teoria da Vinculação.
 Observou que as crianças quando afastadas da família por períodos superiores a três
meses vêm a sofrer de perturbações como o desespero, irritação e cólera, até apatia e
indiferença (crianças agarradas à barra da cama, ou baloiçando‐se em movimentos
repetidos e sem sentido, assumindo um rosto inexpressivo).
 Assim a qualidade da relação de vinculação influencia as relações posteriores.

COMPORTAMENTOS INATOS

Para Bowlby existem 5 comportamentos inatos que ligam a mãe ao bebé e vice‐versa.
 Chorar e sorrir: aproximam a mãe do bebé;
 Sução. Agarra, seguir com os olhos: aproximam a mãe do bebé.

FASES DE DESENVOLVIMENTO DA VINCULAÇÃO


Pré‐vinculação‐ do nascimento às 8/12semanas

 Bebé responde com particular vivacidade às pessoas, mas não as distingue


Fim da fase anterior até 7/8 meses a/1 ano

 A intensidade das respostas sociais aumenta, dirigidas as pessoas conhecidas


Fim da fase anterior até ao 2/3 ano

 Bebé deixa a mãe para ir explorar o mundo à sua volta, retorna quando precisa de
segurança
Fim da fase anterior em diante

 Começa a compreender os objetivos, sentimentos e pontos de vista da mãe, ajustando‐


se a eles.

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Mary Ainsworth e a vinculação
 A relação mãe/ filho estão relacionadas com o nível de reação das mães manifestadas
nos primeiros meses dos filhos
 Sistema criado: The Strange Situation (a situação estranha), para avaliar as
diferenças individuais, nas reações das crianças, a diferentes tipos de separações e
uniões com as respetivas mães,
 Classificou as reações em 3 categorias:
‐ Vinculação ansiosa de evitamento (exploração independente);
‐ Vinculação securizante (desenvolvimento social);
‐ Vinculação ansiosa resistente (pobreza de exploração).

Vinculação ansiosa de Vinculação securizante Vinculação ansiosa


evitamento resistente
Reação à saída da mãe Separa‐se facilmente Separa‐se facilmente mas Estão presos à mãe
partilha com ela
Reação com estranhos São simpáticos Reagem menos mal Reagem mal
Reação ao regresso da Rejeição Felicidade Rejeição
mãe

CONSTRUÇÃO DO
OBJETO

ID EGO SUPEREGO
Inato, instintivo Formado a partir do ID Formado a partir do EGO
Amoral Moral, pragmático Hipermoral
Inconsciente Consciente Funciona de forma não
consciente
Princípio do prazer Princípio da realidade Princípio do dever

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Segundo Freud, o bebé quando nasce é todo ele ID, à medida que cresce vai desenvolvendo as
outras áreas em interação com o meio.

Sujeito‐objeto
Eu‐não eu

Experiência do prazer‐ experiência do não prazer


SATISFAÇAO FRUSTAÇÃO

EX bem alimentado, acarinhado privação, ausência de algo


Ex. falta de carinho

Melanie Klein e a construção do objeto


A construção do EU‐NÃO EU é realizada pelo bebé estando completa por volta dos 8 meses,
nesta altura poderá surgir o sentimento de satisfação ou frustração.

FASE PRÉ
OBJETAL

BOA MÃE / BOM FILHO

ALIMENTA O SEU CONSEGUE PEDIR COISAS Á


FILHO MÃE

MÁ MÃE / MAU FILHO


SEM CONSTRUÇÃO DO MUNDO INTERNO E EXTERNO‐
AUSÊNCIA/PRIVAÇÃO
SÓ FRAGMENTOS

POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE

Porque se pode regredir ou fixar‐se Indiferenciação entre o EU e NÃO


EU
nesta posição em qualquer idade e Clivagem entre o interior e o
momento exterior,
Clivagem entre B.M/B.F e
M.M./M.F

Mecanismo de defesa associado à negação de uma das


partes
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Clivagem da realidade permite fragmentar a realidade e não permite reconhecer o objeto total
(nega sempre uma das partes)
Ambivalência: ligado ao desejo, a criança está indecisa entre as partes
Com a evolução do sistema perspetivo (evolução dos órgãos sensoriais) a criança consegue captar e
organizar as suas representações.

Leva a que a criança identifique que a MÁ MAE é a mesma BOA MÃE‐ dá‐se a união das coisas
boas e más

POSIÇÃO ESQUIZOPARANÓIDE POSIÇÃO DEPRESSIVA

Relações totais: o objeto é um todo com


partes diferenciadas.
Relações parciais: desfragmentação
da realidade A criança tem a ilusão Destruição da ilusão, entra na fase da
de que controla o mundo desilusão‐ 1ª frustração

Ambivalência e culpabilidade

(a mãe que dá carinho á a mesma


que ataco quando faço birra)

ÁREA TRANSACIONAL DE CONTATO COM A REALIDADE – WINNICOTT

 Quando a criança começa a reconhecer que não é ela que controla o mundo exterior,
para que não deprima cria‐se uma área de contato com a realidade, envolve os dois
mundos – interno e externo
 Surgem os objetos transitivos/transacionais

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OBJETOS TRANSITIVOS/TRANSACIONAIS

 Primeira posse da criança;


 É um objeto moldável, agradável ao tato, que é insubstituível;
 Acalma o bebé – é procurado quando vai dormir ou quando está inseguro;
 É tanto amado como odiado, mas é indestrutível;
 É usado a partir do 6º mês para ligar a criança ao mundo interior, é destruído quando
perde as suas funções.
Só é objeto transitivo quando a criança faz um drama quando fica sem ele.

SPITZ E O SORRISO
 Os sorrisos iniciais do bebé (enquanto dorme, ou quando tem os olhos fechados)
são reflexos automáticos
 Segundo o autor entre as 6 e as 12 semanas o sorriso surge com a 1ª
manifestação comportamental ativa e intencional da criança – comunicação
mãe/filho.
 O sorriso é o comportamento que une o fisiológico e o emocional
 Aos 3 meses o bebé já tem um sorriso para pessoas preferenciais – sorriso
social e intencional
 Entre o 6º e o 8º mês o bebé distingue o amigo do estranho.

Depressão anaclítica
Privação parcial de cuidados maternos

 1ºmês (de separação da mãe) – choro persistente sempre que alguém se


aproxima
 2ºmês – guinchos. Paragem do desenvolvimento. Perda de peso
 3ºmês – recusa de contato – posição patognomónica (barriga para baixo). Insónia. Perda
de peso. Atraso motor generalizado. Rigidez na expressão facial
 Após o 3º mês rigidez facial. Não chora. Letargia
 Entre os 3 e os 5 meses – período critico‐ se a privação materna terminar o quadro
anterior é reversível.
Hospitalismo
Privação total de cuidados maternos
 1º Depressão anaclítica
 2º Marasmo (desinvestimento de tudo)
 3º Morte ou graves atrasos de desenvolvimento
 Nesta situação a separação materna é contínua e irreversível,
 Os bebés ficam com aspeto envelhecido, não comem e perdem a interação com o
meio.
Separação ≠ carência
Entrada no grupo
Isolamento social
“O individuo é essencialmente social. É‐o não em consequência se contingências exteriores,
mas em consequência de uma necessidade intima. É‐o geneticamente.” 12
Henri Wallon, 1946
A sociabilidade, a tendência natural para viver em sociedade, é desenvolvida através do
processo de socialização.
O isolamento social é a ausência de contatos sociais.

Desenvolvimento da linguagem
“(…)é a necessidade de comunicação que impulsiona, inicialmente, o desenvolvimento
da linguagem”, OLIVEIRA (1999,pag.42)
Linguagem como forma de comunicação

 A palavra “comunicar” provém do latim Comunicare e significa “pôr em comum”.


Comunicar é um ato fundamental da vida humana, não podemos não comunicar,
estamos sempre em interação com alguma coisa ou com alguém. A comunicação é o
mecanismo através do qual as relações humanas existem e se desenvolvem.
 COMUNICAÇÃO é a capacidade de construir mensagens, segundo um
código/mensagem aceite e compreendida pelo emissor e pelo recetor, que pode ser
submetida a ruídos até chegar ao recetor, que por sua vez dará o feedback a essa
mesma mensagem.
 LINGUAGEM: sistema complexo e dinâmico de símbolos convencionais, usado
em diferentes circunstâncias para permitir comunicar e pensar
 FALA: modo de comunicação que pressupõe a produção oral para transmissão de
mensagens e envolve a coordenação precisa e a maturação do sistema nervoso e
cordas vocais para a produção de unidades linguísticas.

Tipos de
comunicação
 Verbal‐ “aquilo que se diz”, palavras ou frases escritas ou faladas, pode ser:
‐ verbal escrita‐livros, cartazes, jornais, cartas, telegramas;
‐ verbal oral‐diálogo entre duas pessoas, radio, televisão, telefone.
 Não‐ verbal‐ demostrada pelo olhar, expressão facial, postura corporal, gestos
ou movimentos, tons ou volume da voz, velocidade com que falamos e nos
movemos, desenho, pintura, música ou outros símbolos.

Etapas na aquisição da
linguagem
1 a 3 meses ‐ presta atenção aos sons e acalma‐se com a voz da mãe. Chora, faz
alguns sons, dá gargalhadas. Observa o rosto, sorri quando alguém fala com ele,
4 a 6 meses ‐ procura de onde vem o som. Grita faz alguns sons como se
estivesse conversando e imita sua voz
7 a 11 meses ‐ encontra de que lado vem o som. Faz alguns sons. Repete palavras.
Bate palmas, aponta o que quer e dá tchau.

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12 meses ‐ começa a falar as 1ªs palavras, imita a ação de outras pessoas
18 meses ‐ pede as coisas usando uma palavra. Já sabe falar cerca de 20 palavras.
2 anos ‐ consegue dizer frases curtas com duas palavras. Já sabe falar cerca de 200
palavras. 3 anos ‐ é possível entender tudo o que ele fala, mas às vezes ele conjuga
errado. Conhece cores
4 anos ‐ inventa histórias. Compreende regras de jogos
simples. 5 anos ‐ forma frases completas, fala corretamente.
6 anos ‐ aprende a ler e a escrever.

Estádios de desenvolvimento da
linguagem
 Pré‐linguístico: quando o bebé utiliza como forma de comunicação os sons, sem palavras
ou gramatica (recém‐nascido; 3 meses; 6 meses, 9 meses; 12 meses)
 Linguístico: quando usa palavras (18 meses; 2 anos; 3, 4, 5 anos

Pré‐linguístico

 A criança utiliza o choro para comunicar


 Ao nascer o choro ainda é indiferenciado, porque nem a mãe sabe o que ele significa
 Depois de começar a ter vários significados, a mãe consegue saber se o bebé chora
porque tem fome, se tem cólicas, se está desconfortável, se quer colo, estre outros.
 A vinculação estabelecida entre a mãe/bebé dá‐lhe elementos para compreender o
seu choro.
 O gaguejo/ balbucio ocorre de repente, por volta dos 6‐10 meses, e caracteriza‐se pela produção e
repetição de sons de consoante e de vogais como “ma‐ma‐ma‐ma”, que por vezes é confundido
com a 1ª palavra do bebé.
O jogo vocal repetitivo, de sílabas ou de palavras chama‐se ecolália.
A criança repete‐as pelo prazer de falar, não existe a preocupação de fazer sentido ou
de a mensagem ser direcionada a alguém
Nesta fase a criança ainda não tem a intenção de comunicar
 Aos 10 meses, os bebés imitam deliberadamente os sons que ouvem, deixando
clara a importância da estimulação externa para o desenvolvimento da linguagem.
 Aos 12 meses o bebé já tem alguma noção de comunicação e possui um conjunto de
sinais para comunicar‐se com os cuidadores
 Os bebés imitam os sons que ouvem, por isso caso existam dificuldades de audição
vai refletir‐se na comunicação oral.

Linguístico

 A criança já possui maturação do cérebro e também dos músculos


necessários à comunicação a partir da fala
 Aos 18 meses a criança já deverá ter um vocabulário de cerca de 20‐50 palavras, no
entanto ainda apresenta características da fala pré‐linguística e não revela frustração se
não for compreendida.

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 Entre os 12 e os 18 meses, aparecem as primeiras palavras com valor de mensagem
completa ‐ a chamada fase da holófrase, isto é, uma única palavra que como é
produzida num contexto funcional adquire vários significados segundo as variantes da
sua utilização.
 Se uma criança diz “ua” isto poderá significar: “vamos à rua”, a palavra‐frase ao
mesmo tempo é o sujeito e predicado.
 Os outros termos gramaticais aparecem no gesto e na expressão facial da criança.
 É a chamada fala telegráfica, em que o comprimento médio de enunciado é
de um morfema.
 Entre os 18 e os 24 meses a criança começa a produzir pequenos enunciados,
maioritariamente compostos por substantivos, alguns verbos, raros advérbios,
geralmente sem a presença de artigos, pronomes, conjunções e proposições.
 Quando a criança começa a vivenciar a fase da função simbólica através do jogo
simbólico. Esta começa a assimilar que determinado objeto tem uma função própria
(ex. o copo é para beber, o garfo é para comer…) ela própria quer utilizar os objetos
nas suas funções.
 Entre os 2 e os 3 anos as crianças começam a adquirir os 1ºs fundamentos da
sintaxe, preocupam‐se com as regras gramaticais, no entanto não consideram as
exceções.
 É por isso que a criança diz “fazi”, “eu ouvo”…
Como estimular o desenvolvimento da linguagem
 Aos 6 anos a criança fala utilizando frases longas, tentando utilizar corretamente as
normas gramaticais.
0‐6meses

 A comunicação com o bebé deve ser calma e calorosa, ria, cante;


 Chame a atenção e explique os sons que o bebé ouve;
 Diga o nome das pessoas e dos objetos familiares;
 Descreva o que está a fazer.
12 meses
Brinque com a sua própria voz, o discurso melódico ajuda a compreender e a utilizara
linguagem de forma eficaz;

Encoraje todas as formas de interações, expressões faciais, olhar, risos;


18 meses

Expresse palavras simples, mas evite um discurso infantil;


Leia livros apelativos e converse sobre eles
2 anos

 Explique o significado de palavras que a criança não entende;


 Repita as palavras que ele não pronuncie bem, mas não insista
para que as repita;
3 anos

 Ensine a criança a contar histórias;


 Ajude‐a a clarificar pensamentos e sentimentos.

15
4 anos

 Leia histórias coma criança, contem a história de forma alternada;


 Explore as imagens e associe as imagens às palavras;
 Deixe que a criança a observe a ler (as crianças precisam de um modelo),
 A partilha do exemplo encoraja uma atitude positiva face à linguagem e também à
leitura.

Cognição e
linguagem
 Chowshy defende a ideia de que a estrutura da linguagem é, em grande parte,
especificada biologicamente (nativista).
Skinner afirma que a linguagem é aprendida inteiramente por meio de experiencia
(empirista). Piaget consegue chegar mais perto de uma compreensão completa
do desenvolvimento da linguagem.
 Apesar de haver diversas teorias relativamente ao desenvolvimento da linguagem é
importante reter que os fatores inatos relacionam‐se com fatores cognitivos,
sociais e comportamentais.

Piaget e a linguagem

 Para Piaget tanto a genética (o sujeito) quando as interações com o mundo social (o
meio) são importantes para o desenvolvimento da linguagem,
 O aparecimento da linguagem decorre de algumas das aquisições do período sensório‐
motor (pensamento simbólico) e também da capacidade de aprendizagem por
imitação;
 As primeiras palavras são intimamente relacionadas com os desejos e ações da
criança.
 Piaget admite uma interação reciprocas entre pensamento e linguagem, porque se a
linguagem procede de uma inteligência parcial, estruturada, também ela exerce uma
ação estruturante sobre a inteligência.
 Quando a linguagem é dominada pela criança é um instrumento do pensamento e
proporciona o raciocínio verbal. A criança pode utilizar de forma adequada a
linguagem, mas não quer dizer que domine a estrutura logica da linguagem, o que só
acontece por volta dos 11‐12 anos, com as operações logico‐formais.
 A linguagem costuma refletir o pensamento e pode ser tida como o elo final da
cadeia de processos psíquicos que se iniciam com a perceção e terminam com a
palavra falada ou escrita.
 Podemos afirmar que não existem pensamentos que não sejam formulados por
uma determinada expressão verbal. É por isso que não se estabelecem diferenças
entre as perturbações do pensamento e as alterações da linguagem.
O desenvolvimento humano depende de fatores biológicos ‐ hereditariedade/maturação
/genética
‐ psicológicos‐cognitivos
‐ ambientais

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