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O QUE É A AGENDA 2030?

Pontos para reflexão


O que é a Agenda 2030?
É um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. É
integrada por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e por 169 metas,
construídos sobre o legado dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Os ODS buscam concretizar os Direitos Humanos e alcançar a igualdade de
gênero, são integrados e indivisíveis e equilibram as três dimensões do
Desenvolvimento Sustentável: econômica, ambiental e social.
“Recurso natural para quem?
Desenvolvimento sustentável
para quê? O que é preciso
sustentar?” (Krenak, 2019:22)
A questão do Desenvolvimento Sustentável

● Não é considerada a ruptura com a estrutura social e econômica nem com as formas
de apropriação da natureza, de produção e consumo.
● Peca ao não considerar questões como raça, gênero, classes e nação por fim gerando
uma lógica de manutenção de superexploração do Sul Global e não concretizando os
objetivos a longo prazo.
● É necessário ir além do olhar puramente biológico ao tratar do tema.
● Desenvolvimento sustentável se dá como uma política ambiental global, uma
proposta de gestão, monitoramento e controle internacional dos recursos naturais —
elaborada e implementada a partir dos países do Norte, por instituições
tradicionalmente responsáveis por assegurar os processo de expansão do capital.
● Os dois objetivos centrais dessa proposta são: a) a legitimação da ordem ecológica
mundial, que implica uma divisão internacional ecológica e b) o estabelecimento de
políticas de gestão e controle dos recursos naturais planetários por parte do centro do
Capitalismo mundial.
“Segundo a idéia de sustentabilidade produzida nos dois eventos acima citados, “o que
deve ser sustentado é o desenvolvimento, e não a capacidade (de tolerância) dos
ecossistemas das sociedades humanas”. (Rist, 1997: 194)

“O Esverdeamento da indústria em países desenvolvidos tem sido alcançado às custas do


meio ambiente do terceiro mundo, através da realocação de indústrias poluentes nos países
em desenvolvimento.” (Banerjee, 2000)
Modo de Vida Imperial (ou Imperialista)
● “A ideia central do conceito de modo de vida imperial é a de que a vida cotidiana nos
centros capitalistas só é possível, essencialmente, a partir da constituição de relações
sociais entre humanos e relações entre sociedade e natureza em outro lugar, isto é,
por meio do acesso ilimitado a mão de obra, recursos naturais e sumidouros.”
(BRAND; WISSEN, 2021: 87-88)
● A manutenção desse modo de vida nos centros capitalistas depende de um certo
modo de gerenciamento da natureza no Sul Global garantindo a transferência de
recursos (naturais e mão de obra superexplorada) para economias do Norte.
● Esse modo de vida não trata somente das condições materiais, como também molda
os discursos e visão de mundo, e normaliza as condições ambientais e sociais por trás
da produção possibilitando uma naturalização do todo o processo de consumo e se
consolida a partir de práticas e constituições.
● Trata-se por fim da externalização dos custos sociais e ecológicos para regiões em
especial no Sul Global que afetam diretamente comunidades indígenas, tradicionais,
ribeirinhas e quilombolas.
Alternativas ao Desenvolvimento
● “O Mito da Sustentabilidade inventado pelas corporações para justificar o assalto que
fazem à nossa ideia de natureza.” (Krenak, 2019:16)
● Desenvolvimento e visto como objetivo num processo linear e evolucionista a partir
da imposição do sistema capitalista.
● Modo de vida do Norte Global vendido como sinônimo de felicidade, modo esse que
também só é possível devido as relações coloniais. Só foi possível estabelecer tal
nível de condições materiais e mantê-lo em detrimento da destruição e
superexploração.
● Por conta da manutenção da uma ordem colonial/imperialista, o desenvolvimento
sustentável não é uma opção. A opção é buscar uma alternativa ao desenvolvimento.
● Anticapitalismo e Decolonialidade - é preciso ver para além das lentes e conhecimentos
vindo do processo de colonização e reconhecer a pluralidade dos conhecimentos,
epistemologias e modos de vida, para além do modo de vida imperial, para além do que
foi definido como felicidade.
● Alternativas ao extrativismo na América Latina ao invés do seu aprofundamento em nome
da financiação de políticas públicas.
● Ao invés de realizar um ruptura, teve bastante conciliação de classe, corporativismo.
● Modelos de esquerda desarticulando a sociedade, centralizando no Estado a organização
reforçando uma dependência e cultural paternal do estado.
Entrevista com Iara Pietricovsky
● Maior influência de corporações na ONU desde a diminuição de contribuição por parte dos EUA e
reformatação de políticas socais, priorizando atender interesses privados.
● Desde os ODM, se operava uma lógica de países ricos apoiarem países pobres, reforçando a lógicas
de dependência
● ODM recebe críticas sobre os quais paises ricos não participarem das metas de desenvolvimento.
Modo de Vida Imperial em curso.
● Falta englobar alguns direitos como das mulheres em relação ao direito de reprodução (aborto),
LGBTs, migração, refugiados, que são situações agravadas por condições climáticas, guerras
religiosas e/ou interesse economico.
● Violações de direitos humanos quando cometidas por corporações não são apontadas, críticas nem
colocadas em pauta como problema a ser resolvido.
Exemplo de paises não quebrando patente de vacina.
O Bem Viver
“Conforme Acosta nos demonstra, somente podemos entender o Bem Viver em oposição
ao “viver melhor” ocidental (ou à dolce vita de alguns), que explora o máximo dos
recursos disponíveis até exaurir as fontes básicas da vida. Assim, o Bem Viver tem um
forte sentido presente, contrapondo-se à iniquidade própria do capitalismo, em que poucos
vivem bem em detrimento da grande maioria.” (ACOSTA 2016:16)
“Não se pode mais sustentar o discurso do desenvolvimento, que, com suas raízes
coloniais, justifica visões excludentes. Requeremos um discurso contra-hegemônico que
subverta o discurso dominante e suas correspondentes práticas de dominação. E,
igualmente, novas regras e lógicas de ação, cujo êxito dependerá da capacidade de pensar,
propor, elaborar e, inclusive, indignar-se – globalmente, se for o caso.” (ACOSTA
2016:34)
Conclusão
Por não tratar das questões estruturais, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
tendem a acentuar ainda mais as desigualdades sociais e opera em uma lógica de
manutenção da dinâmica colonial.
Com o declínio do Welfare State há também uma queda na responsabilidade do Estado em
relação ao quadro social e, em contrapartida, há um aumento na presença de corporações
na questões propostas pela ONU a nível global.
Referências Bibliográficas
ACOSTA, Alberto. O Bem Viver. São Paulo: Editora Elefante. 2016.

FERNANDES, Marcionila. Desenvolvimento sustentável. Raízes: Revista de Ciências Sociais e


Econômicas, [S.L.], v. 21, n. 2, p. 246-260, 13 dez. 2002. Raízes Revista de Ciências Sociais e Econômicas.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

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