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Psicopatologia II

Síndromes relacionadas ao sono


Adolfo Carmo Borges
Ailton do Carmo Nogueira
Jheine Alves de Souza
Liliane Pereira Sampaio
Maria Aparecida Alves Cazuza
O presente trabalho tem a finalidade de apresentar, no universo das
patologias que assolam a contemporaneidade, as síndromes
relacionadas ao sono sob a ótica de Dalgalarrondo.
• Individualidade e singularidade do individuo

• Algumas pessoas necessitam de 05 horas por noite, 10 horas e


outras 12 horas de sono para se sentirem bem durante o dia.

• Três eixos: Segundo a Classificação Internacional dos


Transtornos do Sono (ICSD- 2), existem mais de 80 transtornos
(constituindo a chamada Medicina do Sono), organizados em
três eixos (Azevedo; Alóe; Tavares, 2007):

• Insônias, hipersomnias diurnas e movimentos anormais durante o


sono:
• Insônias, hipersomnias diurnas e movimentos anormais durante o
sono:
• Parassonias e outras alterações do ritmo sono-vigília (como fase do
sono avançada ou atrasada):
Dentre os variados transtornos relacionados ao sono, os
mais importantes são:
• Insônia (30 a 40% dos adultos).
• Síndrome das pernas inquietas (5 a 15% dos adultos).
• Apnéia do sono (9% em homens de meia-idade e em 4% das
mulheres após a menopausa).
• Parassonias (para o conjunto, não há dados estatísticos; a enurese
noturna acomete 15 a 25% das crianças e 2% dos adultos)
• Narcolepsia com cataplexia (0,02 a 0,1% da população)

O diagnóstico dos transtornos do sono:


• Anamnese detalhada referente aos comportamentos relacionados
ao sono e à sonolência;
• Laboratório de sono (avaliações global, fisiológica e comportamental
do sono);
• Exames como eletrencefalograma, eletrocardiograma,
eletroculograma, fluxo respiratório bucal e nasal, monitorização de
movimentos torácicos e abdominais, etc.
Insô nia
• Sintomas mais comum em saúde mental;
• Um terço da população adulta tem pelo menos alguns dias de
insônia;
• É caracterizada pela dificuldade em adormecer (insônia inicial), pela
dificuldade em permanecer adormecido (sono entrecortado, ou pelo
despertar muito precoce, acordando de madrugada (por volta das 3
a 5 da manhã), não conseguindo voltar a dormir;
• Na insônia, não só importa a redução da quantidade de sono, mas
também a qualidade do sono e, sobretudo, a sensação de ter tido
um sono reparador;
• A insônia inicial e/ou o sono entrecortado geralmente ocorrem
associa- dos a quadros de ansiedade aguda ou crônica, tensão ou
preocupação excessiva ou depressão;
• A insônia pode ser aguda (de alguns dias até três meses) ou crônica
(mais que três meses);
• Ter insônia implica prejuízo no funcionamento diário e piora
na qualidade de vida em decorrência do sono ruim.
• No Brasil, cerca de 10 a 40% das pessoas apresentam queixas
de insônia (5% de insônia crônica). Nos Estados Unidos, 30 a
40% dos norte-americanos adultos têm insônia, sendo que
17% referem ser a insônia um problema grave e 5 a 10%
apresentam insônia crônica.
• Cerca de metade dos quadros de insônia se associa a
transtornos psiquiátricos (depressão, ansiedade, fobias,
dependência química, transtorno bipolar, etc.) ou distúrbios
médicos (obesidade, síndromes dolorosas, refluxo
gastresofágico, doenças pulmonares que im- plicam
dificuldades respiratórias, insuficiência cardíaca congestiva e
hipertrofia prostática);
• A insônia ocorre mais comumente em mulheres, idosos,
pessoas de baixo nível socioeconômico, divorciados, viúvos e
em indivíduos internados em hospital geral ou em prisões.
SÍNDROME DAS PERNAS INQUIETAS
• Esta síndrome caracteriza-se pela necessidade irresistível de mover
as pernas (acatisia) acompanhada pela sensação de desconforto
“dentro” delas (pode também acometer os braços e todo o corpo).
• Podem ocorrer sensações parestésicas (formiga- mentos, sensação
de peso ou de pinicar, etc.) nas pernas, entre o tornozelo e o
joelho.
• Na síndrome das pernas inquietas, a sensação é pior à noite,
prejudicando seriamente o sono.
• Ocorre em 5 a 15% da população adulta, aumentando com a idade.
• São comuns as mioclonias noturnas (80 a 90% dos casos), que são
movimentos das pernas repetitivos e estereotipados, que
predominam durante o estágio 2 do sono não-REM. As mioclonias
noturnas ocorrem em 6% da população, predominando em idosos.
TRANSTORNOS DO SONO ASSOCIADOS À APNÉIA
• A apnéia do sono caracteriza-se pela ocorrência de pausas respiratórias
curtas, de 10 a 50 segundos, durante o sono.
• O indivíduo geral- mente ronca, a satu- ração sangüínea de oxigênio cai
e, com freqüência, ocorre bre- ve despertar.
• Para o diagnóstico, exige-se que ocor- ram pelo menos 30 episódios de
pausas em uma noite.
• Os apnéicos apresentam cerca de 200 a 600 pausas res- piratórias em
uma noite, que produzem em média 400 a 500 rápidos despertares,
afe- tando gravemente a arquitetura do sono e causando alterações do
sono e uma série de repercussões clínicas.
• Pacientes que se queixam de constante sonolência, dores de cabeça,
cansaço e irritação durante o dia, deve-se perguntar aos cônjuges, se
eles são pessoas que, durante o sono, apresentam roncos, pausas
respiratórias, sono muito agitado, noctúria (necessidade de urinar à
noite) e sudorese noturna.
• Cerca de 9% da população masculina de meia-idade e 4% da população
feminina após a menopausa sofram de apnéia obstrutiva do sono.
• A apnéia do sono divide-se em três subtipos: a apnéia obstrutiva, a
central e a mista.

• A apnéia obstrutiva é causada pela obstrução das vias aéreas superiores.


Ocorre periodicamente o colabamento das vias aéreas superiores (VAS).
Associa-se a sobrepeso ou obesidade, pescoço curto e/ou alterações
estruturais da cavidade orofaríngea (como palato rebaixado).
Freqüentemente é acompanhada de sonolência diurna intensa, fadiga,
irritabilida- de e cefaléia matinal. Há o relato de roncos altos,
interrompidos periodicamente por pausas respiratórias. É mais comum
em homens de meia-idade.
• A apnéia central caracteriza-se pela ausência de esforço respiratório
devido a déficit no comando dos centros neuronais respiratórios. O
paciente relata despertares freqüentes durante a noite, às vezes
associados com sensação de sufocamento. As principais queixas são de
insônia, sono não reparador e cansaço pela manhã. O sobrepeso não é
tão freqüente, e o ronco, quando observado, não é de forte intensidade.
• A apnéia mista apresenta o seguinte mecanismo: a pausa respiratória se
inicia por um mecanismo central e evolui por um mecanismo obstrutivo
das VAS. Na maior parte das apnéias, parece haver a combinação de
fatores obstrutivos e centrais.
NARCOLEPSIA
• Os “ataques de sono” são geralmente desencadeados por emoções
fortes, riso, raiva e excitação sexual.
• Caracteriza-se por ataques diurnos de sono REM, com sonolência
intensa, como se a atividade neurofisiológica característica desse tipo
de sono “invadisse” a vigília.
• Manifesta-se clinicamente por ataques de cataplexia, que é uma crise
imperceptível de fraqueza de grupos musculares (queixo, cabeça,
joelho) ocorrendo a queda da mandíbula, da cabeça, fraqueza nos
joelhos e, eventualmente, queda abrupta e completa ao solo.
• Podem ocorrer também alucinações hipnagógicas (ao adormecer) ou
hipnopôm- picas (ao despertar).
• Costuma surgir na adolescência e mantém-se ao longo da vida..
• A causa da narcolepsia foi recente- mente identificada. Ela é devida à
perda precoce de neurônios hipotalâmicos secretores de substâncias
denominadas hipocretinas.
SÍNDROME DE KLEINE-LEVIN
• É uma condição relativamente rara que ocorre mais em
adolescentes (11 a 17 anos, média de 15 anos).
• Há episódios periódicos de sonolência, com média de 10 dias de
duração, em que o paciente dorme excessivamente durante o dia
e a noite. .
• Quando acordado, come vorazmente (hiperfagia), fica irritado e
desinibido socialmente (algo semelhante ao episódio de mania),
podendo apresentar também hipersexualidade e agressividade.
• Os episódios são recorrentes, e o transtorno dura, em média, oito
anos, desaparecendo depois.
• Ocorre mais em rapazes que em garotas, e sua causa é
desconhecida..
PARASSONIAS
• Caracterizam-se por alterações do despertar, por disfunções na transição sono-vigília ou por
um despertar incompleto..
• O sonambulismo caracteriza-se pela deambulação e pela execução de comportamentos
complexos durante o sono, geralmente iniciados na fase 3 ou 4 (sono profundo, de ondas
lentas).
• O comportamento complexo pode incluir atos automáticos como andar, trocar de roupa,
urinar no armário ou mesmo por fogo em um móvel.
• É comum na infância e na adolescência (principalmente em crianças entre 4 e 8 anos),
tendendo a desaparecer na fase adulta.
• O sonilóquio (falar dormindo) é a produção de sons, palavras ou mesmo frases durante a
noite, sem a tomada momentânea de consciência do indivíduo que as produz e sem a
lembrança, no dia seguinte, de ter falado ou do conteúdo daquilo que foi dito.
• Na paralisia do sono, o indivíduo sente-se muito angustiado por não poder mover um só
dedo, apesar de já estar consciente.
• O bruxismo também pode ser considerado um transtorno do despertar parcial, a partir de
um período de sono profundo. Dormindo, o indivíduo range vigorosamente os dentes,
devido à atividade rítmica do músculo masseter.
• A enurese noturna também ocorre durante o sono profundo, geralmente em crianças com
mais de 4 anos de idade (até essa idade, a enurese não é considerada anormal).
• Os pesadelos são sonhos ansiosos, com conteúdos ameaçadores e terroríficos, que ocorrem,
na maior parte das vezes, durante o sono REM, no terço final da noite.
SÍNDROMES DO ATRASO E DO AVANÇO DO SONO
• O início (e período total do sono) ocorre mais cedo ou mais tarde
que o socialmente convencional ou desejado.
• Ocorre mais em adolescentes.
• O paciente apresenta tempo de sono mais longo e tende a ter como
período principal do sono os horários das 5 às 14 horas. Apresenta
dificuldade de sincronizar seu sono.
• Ocorre mais em idosos; o paciente dorme antes das 20 ou 21 horas
e acorda de madrugada, não conseguindo mais dormir.
• Não se sabe ao certo se essas síndromes ocorrem devido a fatores
psicológicos e socioculturais (hábitos, interesses das distintas
“idades”) ou a fatores neurobiológicos (perfil de maturação ou
involução cerebral).
Consideraçõ es finais
• Diante do exposto deste estudo, conclui-se que a saúde mental a insônia é
um dos sintomas mais comuns em adultos que demonstram ter dificuldades
de adormecer ou permanecer dormindo e despertar de forma precoce.
Profissionais da saúde orientam a não ingestão de café tarde e noite, bebida
alcóolica noite, televisão no quarto, atividades tensas, hábitos de dormir de
dia e etc., pois são fatores contribuintes para a insônia, e consequentemente
os transtornos associados ao sono tais como síndrome das pernas inquietas,
transtornos do sono associado a apneia, síndrome de Kleine-Levin,
Parassonias, síndrome do atraso e do avanço do sono.
• Os profissionais da saúde orientam que ao dormir deem preferência para
quarto escuro, fresco e silencioso, orientam a prática de exercícios físicos,
atividades relaxantes no período noturno, um chá bem quente, peso
corporal adequado, entre outros aos indivíduos que tem dificuldades para
dormir pois isso favorece no relaxamento facilitadores do sono.
• Portanto, a insônia não só impacta na redução da quantidade de sono, mas
também a qualidade do sono. A sensação de ter tido um sono saudável, com
qualidade e reparador, traz qualidade e bem-estar a esse indivíduo no
decorrer do seu dia.

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