falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal “O que as pessoas têm para dizer umas às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos.” O que é texto?
Texto: “unidade de linguagem
em uso, cumprindo uma função identificável num dado jogo de atuação sociocomunicativa” O texto será bem compreendido quando avaliado sob três aspectos:
I - pragmático: atuação informacional e
comunicativa; II - semântico-conceitual: coerência; III - formal: coesão. TEXTUALIDADE Chama-se textualidade ao conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto, e não um apenas uma sequencia de frases. Fatores responsáveis pela textualidade: coerência, coesão, intencionalidade, informatividade, aceitabilidade, situacionalidade e intertextualidade. FATORES PRAGMÁTICOS
Tipos de fala, contexto de situação, intenção
comunicativa, características e crenças do produtor e receptor.
Intencionalidade – fator pragmático -
Redator/produtor/emissor. Satisfazer os objetivos que tem em mente numa determinada situação comunicativa: informar, impressionar, alarmar, convencer, pedir, ofender, etc. Aceitabilidade
– fator pragmático - Receptor/recebedor/leitor
(a quem? Para quem?) Conjunto de ocorrências de um texto coerente, capaz de levar o leitor a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. A aceitabilidade depende da autenticidade – qualidade, veracidade. Informatividade
Trata da quantidade de informação para que o texto
seja compreendido com o sentido que o redator pretende. Não é possível nem desejável que o texto explicite todas as informações necessárias; é preciso que deixe inequívocos os dados para o receptor compreender a mensagem. O nível de informação ideal é o mediano, no qual se alternam ocorrências de processamento imediato, que falem do conhecido, mas que trazem informação. Intertextualidade
Concerne aos fatores que fazem a utilização de
um texto dependente de outro(s) texto(s). Inúmeros textos só fazem sentido quando entendidos em relação a outros textos que funcionam como contexto, pois um discurso constrói-se através de um já-dito em relação a outros textos, que funcionam como seu contexto. Situacionalidade
Diz respeito aos elementos responsáveis
pela pertinência e relevência - importância da informação – do texto quanto ao contexto em que ocorre. É a adequação do texto à situação sociocomunicativa. Esse item pode, realmente, definir o sentido do discurso e, normalmente, orienta tanto a produção quanto a recepção. COERÊNCIA Fator fundamental da textualidade; Envolve não só aspectos lógicos e semânticos, mas também cognitivos. “Um discurso é aceito como coerente quando apresenta uma configuração conceitual compatível com o conhecimento de mundo do recebedor.” Coerência textual Um texto é coerente quando é possível interpretá-lo. Estudar a coerência de um texto é, pois, estudar as condições de sua interpretabilidade. Essas condições podem estar ligadas diretamente ao texto, como o conhecimento e o uso adequado dos recursos léxicos e gramaticais da língua. Se alguém ouvisse ou lesse coisas como:
Quem tem uma foto importada de 1000 cc, que
custa US$ 20.000, não vai expô-la ao trânsito de uma cidade como São Paulo. .
Holyfield venceu a luta, apesar de ser o mais
forte dos lutadores. Mas a coerência de um texto depende também de outros fatores, como os elementos contextualizadores que são data, local, assinatura, elementos gráficos etc. “ancoram” um texto em uma situação comunicativa determinada. Imagine o seguinte texto contextualizado de duas maneiras diferentes:
Hoje, eu, o rei, convido todos a comparecer em
massa, para assistir ao massacre de Israel.
•assinado: Imperador Tito, Jerusalém, ano 70
•assinado: Pelé, Rio de Janeiro, 1995. Conhecimento de mundo: O texto fala sobre o quê? Conhecimento partilhado: Necessário para a compreensão do texto - emissor e receptor devem ter um conhecimento de mundo com certo grau de similaridade, constituindo o conhecimento compartilhado. COESÃO Coesão é a manifestação linguística da coerência; advém da maneira como os conceitos e relações subjacentes são expressos na superfície textual. Constrói-se através de mecanismos gramaticais e lexicais. COESÃO COESÃO GRAMATICAL: pronomes anafóricos, artigos, elipse, concordância, correlação entre os tempos verbais, conjugações, etc Estabelece relação entre os elementos expressos na frase (referenciais) ou relações de sentido ou sequência entre frases (coesão sequencial) COESÃO Coesão lexical: reiteração, substituição e associação. Reiteração: retomada através de um cognato; Substituição: hiperonímia, hiponímia; Associação: processo cognitivo. Conectividade textual
“Pedro vai buscar bebida. A
Sandra tem que ficar com os meninos. A Tereza arruma a casa. Hoje eu vou precisar da ajuda de todo mundo.” A conectividade se constrói não no nível gramatical, mas no nível semântico-cognitivo. Conectividade textual “No rádio toca um rock. O rock é um ritmo moderno. O coração também tem ritmo. Ele é um músculo oco composto de duas aurículas e dois ventrículos.”
Os recursos coesivos não são
suficientes para a conectividade textual. Conectividade textual A máquina parou. Está faltando energia elétrica. Choveu. O chão está molhado.
Paulo saiu. João chegou.
Paulo saiu assim que João chegou. Paulo saiu, porque João chegou. Exercícios 1- Todos nós já deparamos com propagandas como esta:
Não se deixe explorar pela concorrência!
Compre na nossa loja.
Esse tipo de propaganda acaba por induzir o cliente a outra
coerência, embora a intenção comunicativa seja diferente. Qual? Explique por que essa propaganda é potencialmente prejudicial ao comerciante que a utiliza. Exercício 2- Estabeleça as inferências necessárias para a compreensão textual.
a) Na cidade, todos os prédios com mais de três andares ficam na
praça da matriz. O Zé Carlos disse que morava no 6º andar. Logo, o Zé Carlos.... b) As marcas dos pneus ficaram a um metro e noventa de distância. Nenhum carro tem uma bitola tão larga. Portanto, as marcas de pneus ... c) Nenhum político de expressão é demagogo. Nosso prefeito é um grande demagogo, o que leva a concluir que.... d) Todo universitário tem QI superior a 70. Mas alguns universitários são estúpidos. Logo, um QI superior a 70 não garante que .... e) Nenhum bolo de aniversário comprado em confeitaria custa hoje menos de 30 reais. Se o João gastou menos de 30 reais com o bolo de aniversário do irmãozinho, então... f) Na véspera do concerto, o banco mandou um convite para cada um dos clientes com mais de 5 mil reais na carteira de investimentos. Se o Zé Carlos não foi convidado, é que... g) Só quem conheceu o Godofredo antes de ele ficar rico sabe que ele tinha apelido de “Almôndega”. O Zé Carlos vive chamando o Godofredo de Almôndega, logo... h) Para ser diplomata, era preciso ter o curso do Itamaraty, ou ter se notabilizado por uma obra artística considerada de grande expressão. Não me consta que o poeta Vinicius de Moraes tivesse feito o curso do Itamaraty. Logo, sua obra... 3- Nos fragmentos abaixo ocorrem algum tipo de incoerência. Tente identificar e explicar o tipo de incoerência que você vê. Faça outro texto corrigindo essas incoerências
Conheci Sheng no primeiro colegial e aí começou um
namoro apaixonado que dura até hoje e talvez para sempre. Mas não gosto de sua família: repressora, preconceituosa, preocupada em manter as milenares tradições chinesas. O pior é que sou brasileira, , detesto comida chinesa e não sei comer com pauzinhos. Em casa, só falam chinês e de chinês eu só sei o nome do Sheng. No dia do seu aniversário, já fazia dois anos de namoro, ele ganhou coragem e me convidou para jantar em sua casa. Eu não podia recusar e fui. Fiquei conhecendo os velhos, conversei com eles, ouvi muitas histórias da família e da China, comi tantas coisas diferentes que nem sei. Depois fomos ao cinema eu e o Sheng. Era meia noite. O sol brilhava. Pássaros cantavam pulando de galho em galho. O homem cego, sentado à mesa de roupão, esperava que lhe servissem o desjejum. Enquanto esperava, passava a mão na faca sobre a mesa como se acariciasse tendo ideias, enquanto olhava fixamente a esposa sentada a sua frente. Esta, que lia um jornal, absorta em seus pensamentos, de repente começou a chorar, pois o telegrama lhe trazia notícia de que o irmão se enforcara num pé de alface.