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Ergonomia e condições de

segurança e saúde no posto de


trabalho
UFCD: 10330
50 HORAS

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Objetivos

• Reconhececonceitos de ergonomia, fisiologia e biomecânica.


• Identificar e aplicar metodologias ergonómicas na avaliação dos riscos
profissionais associados às condições de segurança no trabalho.

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Conteúdos
• Ergonomia
• Conceito
• Objetivos
• Metodologia de estudo
• Noções de fisiologia
• Noções de biomecânica
• Postos de trabalho
• Dimensão do posto de trabalho
• Antropometria
• Postura de trabalho
• Equipamentos de trabalho
• Interface homem-máquina
• Fatores ambientais (ruído, vibrações, iluminação, ambiente térmico, ventilação)

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Conteúdos
• Equipamentos dotados de visor
• Conceitos
• Fatores de risco
• Avaliação de riscos
• Medidas de prevenção e de proteção
• Enquadramento legal e normativo Movimentação manual de cargas
• Conceitos
• Fatores de risco
• Avaliação de riscos
• Medidas de prevenção e de proteção
• Legislação
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Conteúdos

• Efeitos sobre a saúde


• Fadiga física e mental
• Lesões músculo-esqueléticas
• Metodologias de avaliação de riscos

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Ergonomia

• Ergonomia (ou "fatores humanos") é a disciplina científica relacionada


ao entendimento das interações entre seres humanos e outros
elementos de um sistema, e também é a profissão que aplica teoria,
princípios, dados e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-
estar humano e o desempenho geral de um sistema

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Análise Ergonómica do Trabalho

• A análise ergonómica do trabalho deve comportar, em paralelo, uma


descrição da tarefa, em particular dos critérios de produção, de
qualidade, de segurança, etc., que permitirão avaliar a eficácia das
medidas propostas e uma descrição da atividade (as competências, os
modos operatórios, etc.) que tornarão possível avaliar o realismo das
medidas propostas.

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• Os métodos de análise da tarefa são comuns, no seu princípio, à
ergonomia preconizada pela corrente americana, ergonomia centrada
no «fator humano», assim como à ergonomia preconizada pela
corrente europeia, ergonomia centrada na «atividade humana»,
porque as duas pretendem identificar os objetivos e os
constrangimentos impostos pela situação técnica, económica e social
em que funcionam as máquinas com os respetivos processos.

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• Os métodos de análise da actividade são diferentes, porque a
corrente americana pratica a ergonomia pela aplicação directa do
conhecimento das outras disciplinas (Anatomia, Fisiologia,
Antropometria, Biomecânica, etc.), para resolver essencialmente
problemas específicos das condições de trabalho, em termos de
dimensões dos espaços de trabalho, dos equipamentos, de ambiente
físico, etc.
• Utiliza um conhecimento relativo a um homem universal, em termos
de conhecimento da motricidade, da visão, da audição, etc.

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• A corrente europeia preocupa-se essencialmente com a singularidade
de cada situação e recorre a métodos de análise da atividade, tal
como ela se manifesta, pelas condutas realizadas na temporalidade
do «trabalho real».
• Para além de procurar alcançar os objetivos visados na outra
corrente, preocupa-se também com a melhoria do trabalho humano,
em termos de ajudas informacionais, organizacionais, etc.

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• O plano metodológico da «análise ergonómica de uma situação de trabalho»
compõe-se de três fases fundamentais:
• análise do pedido, análise da tarefa e análise da actividade.
• Estas três fases devem ser orientadas por esta ordem, ainda que esta abordagem
não seja linear e sejam necessárias «voltas atrás», a fim de melhor analisar as
relações entre os diferentes níveis de análise (pedido, tarefa, actividade).
• Ajudam também a estruturar progressivamente os resultados da análise num
formato que permita apresentá-los de modo a compreender o modelo de situação
de trabalho.

• O desenvolvimento destas fases conduz à fase de «diagnóstico» que permitirá o


estabelecimento de um caderno de encargos de recomendações ergonómicas.
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• Em síntese:
• A análise ergonómica reside numa análise realista do trabalho, efectuada
momento a momento no terreno, partindo das exigências do trabalho, sendo
esta, em nosso entender, a única forma de melhorar as verdadeiras causas de
desadaptação, nomeadamente, da carga de trabalho suportada pelo
indivíduo;
• a análise ergonómica do trabalho tem como objecto, o estudo das exigências
e das condições de trabalho, das atitudes e das sequências operatórias que
emergem aquando da realização de uma determinada tarefa;

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• A análise ergonómica ao procurar dar resposta a questões
fundamentais, como «qual o trabalho a executar?», «como é que o
operador executa o trabalho?»
• afasta-se da análise tradicional do trabalho, dado que esta se limita a
enumerar o que o operador deveria fazer e não o que o operador faz;
isto é, considera apenas o «trabalho prescrito» e não o «trabalho
real», podendo esta diferença ser essencial para a transformação de
uma determinada situação de trabalho;

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• Atividade de trabalho estabelece pois, pela sua própria realização,
uma interdependência e uma interação estreita entre as diferentes
componentes;
• unifica a situação de trabalho, pois as dimensões técnicas,
económicas e sociais do trabalho são postas em evidência pela
própria atividade de trabalho que as desencadeia e organiza

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• Sendo objectivo da Ergonomia, conceber e/ou reconceber produtos
e/ou sistemas de trabalho adaptados às características dos
operadores, ao trabalho que lhes é confiado e às condições em que
esse trabalho é realizado, a Análise Ergonómica do Trabalho tem
como objecto “o estudo das exigências e das condições de trabalho,
das atitudes e das sequências operatórias que emergem aquando da
realização desse mesmo trabalho”.

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• Esta característica fundamental da AET, individualiza-se em relação a
outras intervenções do mesmo tipo, tais como as práticas no âmbito
da Organização e, em certos contextos, da Psicologia Industrial

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• A título de exemplo, a análise psicológica do trabalho visa,
essencialmente, analisar os mecanismos da actividade (perceptivos,
sensóriomotores e cognitivos) presentes na situação de trabalho,
enquanto que a AET visa analisar a situação global de trabalho no
sentido de a transformar, sendo a Psicologia uma das suas dimensões
mas não, necessariamente, a principal

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• A AET ao procurar dar resposta a questões fundamentais, como “qual
o trabalho a executar?”, “como é que o operador executa o
trabalho?”, afasta-se da análise tradicional do trabalho, dado que esta
se limita a enumerar o que o operador deveria fazer e não o que o
operador faz; isto é, considera apenas o trabalho prescrito e não o
trabalho real, podendo esta diferença ser essencial para a
transformação de uma determinada situação de trabalho.

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Modelos, Métodos e Técnicas
• Na Análise Ergonómica do Trabalho podem distinguir-se os modelos,
os métodos e as técnicas.
• Os modelos são tributários de “quadros teóricos”, de “paradigmas”
ou, ainda, de “campos referenciais” .
• O modelo não é a hipótese ou a teoria; o modelo trata um discurso
acabado que simplifica, descreve, explica e, por vezes, simula
dinamicamente um corpo de conhecimentos; o modelo ilustra e
fornece, eventualmente, o motor de inferência necessário à validação
científica (permite predizer depois de testar).

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• Neste modelo, a “tarefa” representada pela “máquina” no seu meio
ambiente (ruído, iluminação, temperatura, poeiras, vibrações, etc.), pelos
“procedimentos prescritos” que supõem “conhecimentos pré-requeridos” e
pelos “objectivos” normalmente prescritos sob a forma de normas de
quantidade e de qualidade.

• Estes três elementos, que neste modelo representam a tarefa (máquina,


procedimentos prescritos e objectivos a alcançar), são indissociáveis,
(ligação 1) pois uma máquina não funciona sem o seu modo de utilização
(que pode variar consoante a tarefa), e a máquina com os procedimentos
existem para produzir qualquer coisa, portanto, para alcançar um objectivo.
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• A “actividade” é representada pelos modos operatórios realizados
pelos operadores, ou seja, pelos “processos seguidos”, tal como
podem ser observados na realidade e deduzidos a partir das
comunicações no seio do colectivo de trabalho ou, posteriormente, a
partir das verbalizações.

• Os “processos seguidos” pelos operadores revelam as “condutas


inteligentes”, ou seja, as condutas que se adaptam à realidade e as
“competências” postas em acção, para dar cumprimento às exigências
da tarefa.

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Métodos

• Os modelos, para além de definirem os objectos de análise, definem


também métodos de análise.

• Um método de Análise do Trabalho pode ser definido como “o


conjunto de meios e procedimentos práticos de análise, que
permitem dar um conteúdo às categorias de um modelo”.

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• Cada método de análise corresponde a um modelo pré-concebido,
mas a um mesmo modelo podem corresponder vários métodos de
análise.

• Por exemplo: ao modelo Taylorista de base (trabalho constituído por


movimentos), correspondem três métodos principais: a
cronometragem, o MTM (os tempos e movimentos) e a observação
instantânea.

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• Os métodos de análise da tarefa são comuns, no seu princípio, à
Ergonomia preconizada pela corrente americana, Ergonomia centrada
no “factor humano”, assim como à Ergonomia preconizada pela
corrente europeia
• Ergonomia centrada na “actividade humana”, porque ambas
pretendem identificar os objectivos e os constrangimentos impostos
pela situação técnica, económica e social em que funcionam as
máquinas com os respectivos processos.

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• A corrente europeia preocupa-se essencialmente com a singularidade
de cada situação e recorre a métodos de análise da actividade, tal
como ela se manifesta, pelas condutas realizadas na temporalidade
do “trabalho real”.

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• Neste sentido a actividade de trabalho constitui o elemento central
organizador e estruturante das duas componentes implicadas na
situação de trabalho:

• por um lado, “os operadores”, com as suas características próprias, no


momento em que realizam a actividade, ou seja, a idade, o sexo, o
seu estado de saúde do ponto de vista físico e psíquico, a formação,
experiência, competência, etc.;

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• “A empresa” ou “o serviço”, que define:
• espaço de trabalho:
• dimensões do posto de trabalho, áreas de deslocamento…
• as características dos meios materiais de trabalho:
• dimensões, manuseamento das ferramentas, das máquinas, dos comandos, modalidade de
apresentação das informações…
• as características dos objectos de trabalho: documentos, peças a montar, a transformar…
• os ambientes físicos: iluminação, ruído, vibrações, calor ou frio, poeiras…
• as imposições temporais: horários, pausas, rendimento…
• a organização do trabalho: repartição das tarefas, ordens operatórias…
• os sinais a respeitar para assegurar a segurança, a qualidade e a quantidade de produção…
• etc.

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• A actividade de trabalho estabelece pois, pela sua própria realização, uma
interdependência e uma interacção estreita entre estas duas componentes;
• unifica a situação de trabalho, pois as dimensões técnicas, económicas e sociais do
trabalho são postas em evidência pela própria actividade de trabalho que as
desencadeia e as organiza.
• A figura que se segue procura esquematizar as componentes que determinam a
actividade de trabalho, assim como os resultados dessa mesma actividade:
• no que respeita à produção, quer do ponto de vista quantitativo e/ou qualitativo;
• no que respeita ao trabalhador, pelas consequências que podem ter dimensões
negativas (alteração da saúde física, psíquica e social, etc.) ou positivas (aquisição de
um novo saber-fazer, enriquecimento da experiência, aumento de qualificação, etc.).

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Técnicas

• A aplicação de métodos e registo das informações recorre a técnicas


(ferramentas) de ordem vária.
• As técnicas podem ser entendidas como um “conjunto de preceitos
bem definidos e transmissíveis que se destinam à produção de certos
resultados que se consideram úteis para que se execute uma
operação” ou como um “conjunto de processos e recursos de que o
homem se serve para modificar ou utilizar o meio a seu favor”.

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• As técnicas são determinadas por factores de ordem vária, tais como
a natureza dos dados a recolher, as relações hipotéticas entre esses
dados, as características da população alvo, o tamanho, distribuição e
representatividade da amostra escolhida, o ambiente físico, o tempo,
os recursos financeiros e humanos, etc..

• Exemplo: o método “observação” pode ser registado através de


diferentes técnicas, tais como fotografia, câmara de vídeo, diagramas,
mapas comportamentais, anotações, etc..

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Construção da Intervenção em Ergonomia para
a Transformação de uma Situação de Trabalho
• Transformar o trabalho é a principal finalidade da intervenção em Ergonomia;
• o trabalho está no centro da relação do Homem com a empresa ou serviço.
• Assim, transformar o trabalho consiste em desenvolver um projecto centrado
no Homem, de modo que, na sua diversidade, todos os que o exercem
possam encontrar interesse e razão de favorecer a eficácia e a
competitividade.
• Em síntese, a transformação do trabalho deve ser realizada na perspectiva de
que a concepção e/ou a reformulação das situações vise:
• A saúde dos trabalhadores, proporcionando-lhes o exercício das suas competências e a
valorização das suas capacidades;
• Os objectivos económicos fixados pela empresa ou serviços.

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Especificidade da intervenção em Ergonomia

• As intervenções em Ergonomia diferem consideravelmente na sua


natureza e nos seus efeitos, em função:
• Do tipo de serviço ou empresa
• Do estatuto dos ergonomistas
• Da natureza e diversidade de origem dos pedidos
• Da diversidade dos objectos de intervenção

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Tipo de serviço ou empresa
• No que respeita à diversidade do tipo de serviços e empresas, as
características das intervenções estão essencialmente ligadas:
• À dimensão – que tem numerosas consequências, particularmente no que
respeita:
• à natureza das estruturas de representação dos trabalhadores;
• às possibilidades de acção da medicina do trabalho;
• à existência de meios próprios de estudo (gabinete de ergonomia, de métodos, de
fisiologia do trabalho, serviço de obras, etc) ou ao recurso a prestação de serviços;
• à dependência da empresa face ao mercado;
• às capacidades de investimento numa análise e nas transformações das situações de
trabalho;

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Tipo de serviço ou empresa

• Ao sector de produção a que pertence, pois este vai condicionar, pelo


menos parcialmente:
• o tipo de mercado e de concorrência com o qual se encontra confrontado;
• as convenções colectivas em vigor, que vão influenciar as possibilidades de
classificação dos salários;
• as obrigações regulamentares

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• À história, em particular no que respeita ao plano económico e às
relações sociais.
• Esta história vai manifestar-se:
• nas características da população;
• no modo de funcionamento das instâncias de representação.

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Analise ergonómica do trabalho - Trabalho
por Turnos
• O trabalho nocturno ou por turnos é uma situação que envolve milhões de
trabalhadores no mundo industrializado.
• É incontestada a evidência de que o trabalho por turnos, alterando as horas
de dormir e de estar acordado, é prejudicial à saúde e à produtividade dos
trabalhadores, ao mesmo tempo que põe em risco a segurança.
• Os custos para a sociedade dos acidentes relacionados com a diminuição do
desempenho, levam a que o trabalho durante a noite associado à tendência
social para a expansão da sociedade das 24 horas comece a ser considerado
um problema de saúde pública.
• O sono, e o seu timing, é uma variável importante a ter em conta na
avaliação da situação de trabalho.
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Definições e Classificação do Trabalho por
Turnos
• Trabalho por turnos é um arranjo das horas de trabalho que utiliza
duas ou mais equipas de pessoas para cobrir o tempo necessário ao
funcionamento de um determinado sistema laboral.
• Pode definir-se especificamente como qualquer trabalho regular fora
da “janela” do trabalho de dia, considerada arbitrariamente como o
tempo entre as 7 e as 18 horas.
• Trabalho nocturno é, segundo a O. I. T., um turno de pelo menos 7
horas consecutivas incluindo o intervalo da meia-noite às 5 horas.

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• Os sistemas de turnos classificam-se com base na sua velocidade de
rotação:
• rotação rápida:
• requerem que as pessoas nunca passem mais do que um a três dias sucessivos no turno
da noite;
• rotação semanal:
• o período de rotação coincide com a semana de trabalho;
• rotação lenta ou turno da noite prolongado:
• requer períodos de várias semanas, ou até meses, passados no turno da noite, a que se
seguem períodos de duração correspondente ou superior nos turnos diurnos;
• turno da noite permanente:
• turnos fixos, sem rotação.

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• Estes diferentes tipos podem ainda subdividir-se segundo outros
aspectos, como, por exemplo:
• turnos com ou sem trabalho nocturno
• com ou sem trabalho ao fim-de-semana
• número de horas de serviço em cada turno
• hora do início e do fim do turno
• distribuição do tempo de repouso
• regularidade e flexibilidade da rotação
• trabalho a tempo inteiro ou parcial.

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• O sistema mais corrente é o que consiste na divisão das 24 horas por
três turnos de 8 horas cada:
• de dia, de noite, e de tarde.
• Em alguns sectores tem-se verificado a tendência para o horário
“comprimido” em 3 ou 4 dias, com turnos sucessivos mais longos que
as 8 horas habituais (mais frequentemente de 12 horas),
compensados com longos intervalos de vários dias de folga

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• Em relação ao sentido da rotação, podem existir dois tipos
fundamentais de sistemas:
• rotação para a frente:
• no sentido horário, por exemplo, manhã - tarde - noite, também designada rotação de
“atraso de fase” do ritmo circadiano de sono-vigília relativamente ao tempo do relógio;
• rotação para trás ou de “avanço de fase”:
• no sentido anti horário, por exemplo, noite – tarde - manhã.

• Há ainda sistemas combinados, com características dos dois


anteriores, como por exemplo, manhã - tarde - noite - tarde.

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Frequência do Trabalho por Turnos

• Estima-se que desempenhem este regime de trabalho entre 10 % e 25


% do total da força de trabalho.
• Cerca de 33 % dos trabalhadores na UE fazem turnos ou horários
irregulares e 21 % efetuam trabalho noturno (European Foundation).
• Em Portugal existirão, hoje, cerca de 300.000 trabalhadores que
efetuam trabalho noturno, o que representa aproximadamente 8 %
da população ativa.

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Consequências do Trabalho por Turnos
• A inversão dos tempos em que normalmente se trabalha, come e
dorme dá origem a alterações fisiológicas.
• A atividade durante a noite colide com o ritmo biológico fundamental,
o ritmo sono-vigília (alinhado pelo ciclo solar noite-dia), que
determina períodos de máxima sonolência entre as 3 e as 6 horas da
madrugada.
• O trabalhador tem de permanecer acordado numa altura em que se
verificam baixos níveis de ativação fisiológica, de vigilidade e de
eficiência comportamental.

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• Tanto os turnos da noite, como os turnos que começam demasiado cedo de
manhã, levam a um encurtamento do tempo de sono de 2 a 4 horas por dia,
porque a hora do dia a que o trabalhador se deita é muito diferente da hora
convencional, e pouco propícia para dormir.
• O trabalho é habitualmente precedido de um período acordado mais
extenso do que o que antecede os turnos da manhã e da tarde.
• A privação do sono provoca uma queda pronunciada do estado de vigília e
do desempenho no trabalho.
• Numa sociedade de orientação predominantemente diurna, os
trabalhadores por turnos sofrem uma rotura dos seus padrões sociais,
incluindo a vida familiar e doméstica.
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Consequências sobre a segurança

• A sonolência/fadiga no turno da noite, referida pela esmagadora


maioria dos trabalhadores, reflecte-se no desempenho, dependendo
criticamente de certas características da tarefa:
• duração, monotonia, ritmo e previsibilidade de sinais.
• O trabalhador faz “micro-sonos”, associados a lapsos durante os quais
não realiza a sua tarefa adequadamente, com repercussões óbvias
sobre a produtividade e a segurança.
• No turno da noite, o erro humano é duas vezes maior e a
produtividade é entre 30 % e 40 % menor.
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Abordagem Ergonómica
• A existência de turnos, só por si, constitui indicação da necessidade de avaliação
ergonómica de sistemas e postos de trabalho :
• As condições do ambiente físico, incluindo a presença de solventes químicos causando
sonolência, o ruído, vibrações, luz e ambiente térmico, todos eles provocando monotonia, e
que podem ser propiciadores de risco quando associados ao trabalho noturno;
• Os fatores de fadiga dentro e fora do emprego, estabelecendo a programação do melhor
sistema de turnos, prevendo a possibilidade de pequenas sestas e de pausas para ingestão
adequada de alimentos e de cafeína;
• A carga de trabalho, considerando que pode ser superior, para a mesma atividade, à
executada em condições diurnas;
• O conteúdo da tarefa, prevendo uma maior ativação, estimulando a rotação, promovendo o
enriquecimento, a motivação e o controlo ativo, bem como a atividade física e a interação
social

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• Face a sinais de intolerância por parte dos trabalhadores, ou a risco
evidente de segurança, a intervenção ergonómica, na impossibilidade
de alterar o processo ou de fazer a re-concepção do equipamento ou
do posto de trabalho, consistirá na mudança do trabalhador para
turnos de dia, na alteração do sistema de turnos, e/ou na adopção de
medidas de educação do trabalhador com vista a modificar o seu
comportamento.

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• A conceção de um sistema de turnos deve ser um compromisso entre
os objetivos do empregador, os desejos dos empregados e as
recomendações ergonómicas. Estas podem resumir-se ao seguinte:
• Redução ao mínimo possível do trabalho nocturno;
• Preferir os sistemas de rotação rápida;
• Evitar o início muito cedo do turno da manhã;
• Evitar sequências rápidas, isto é, com um intervalo de apenas 8 horas;

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• Nº de dias consecutivos de trabalho limitado a 5 a 7 dias, no máximo;
• Folgas com um mínimo de 2 dias de duração;
• Preferir rotação “para a frente”, isto é, que atrasa a fase (Manhã –
Tarde - Noite);
• Turnos prolongados, com 9 a 12 horas, só em condições excepcionais
bem definidas;
• A estratégia de implementação é importante para a aceitação dos
trabalhadores.

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• Os estudos sobre o “empenho” no trabalho por turnos demonstraram
que os próprios trabalhadores por si têm um importante papel na sua
melhor ou pior saúde.
• Este facto vem apoiar a importância da educação dos trabalhadores.

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• Estas intervenções devem fornecer informação mínima sobre
fisiologia e higiene do sono, e orientação geral do estilo de vida com
vista à melhoria das perturbações extra-laborais, referindo
concretamente:
• A organização do tempo destinado a dormir (incluindo as rotinas ao deitar e
as condições de isolamento luminoso e sonoro). Nas mudanças de turno
Noite - Folga dormir apenas 2 horas a seguir ao turno da noite, passar o resto
do dia acordado, e ir para a cama só à noite;
• O timing do exercício físico (aconselhável 20 minutos antes do início do turno;
nunca no período de 3 horas que antecede o sono);

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• As sestas, que devem ser de ± 30 minutos (incluindo no trabalho,
deixando 15 minutos adicionais antes de recomeçar o trabalho);
• O timing da ingestão de cafeína (em doses moderadas no início do
turno da noite);
• A composição das refeições e sua distribuição no tempo (pequenas,
leves, com algum açúcar durante o turno, evitando álcool e drogas);
• A promoção de actividades sociais e troca de experiências entre
indivíduos com o mesmo esquema de turnos.

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• O impacto da duração dos turnos e da “hora do dia” pode ser
relativamente imediato provocando alterações do humor e do
desempenho, mas também pode ter efeitos indirectos sobre a vida
em geral.
• As perturbações dos ritmos biológicos, do sono, e da vida social e
familiar são mediadas pelas características individuais e pela situação
doméstica e as facilidades materiais e sociais.
• A existência de patologia prévia, especialmente doenças do sono ou
digestivas, levam a um maior sofrimento com o trabalho por turnos.
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• A forma física, as características de flexibilidade/rigidez dos hábitos de
sono, e de vigor/moleza para vencer a sonolência alteram a resposta
individual ao trabalho por turnos.
• A inadaptação (perturbação do sono, social ou familiar) surge
preferencialmente nos trabalhadores com hábitos de sono inflexíveis
e com maior carga de trabalho subjetiva.

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• O trabalho nocturno pode ser considerado gerador de stress
ocupacional, estando na origem da utilização excessiva de drogas,
nomeadamente de álcool e de substâncias indutoras do sono.
• A insatisfação no trabalho e o desenvolvimento de problemas
crónicos da saúde sob a forma de queixas digestivas e sintomas
cardiovasculares, podem então instalar-se.
• Também são mais frequentes os problemas nas relações familiares e
sociais.

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• A perturbação do sono atinge cerca de 60 % dos indivíduos.
• A insónia crónica é a queixa mais frequente. Apesar de esta privação de sono
poder ter riscos imediatos, ela é reversível com períodos de sono adequados.
• Mas se os turnos de noite se repetirem sem a necessária recuperação, o
déficit de sono arrasta-se e soma-se, e a dívida de sono é acumulada ao
longo do tempo.
• Na maior parte dos casos o trabalhador fica, assim, exposto à privação
crónica de sono.
• As queixas digestivas verificam-se em 35 % dos casos e vão desde a gastrite,
duodenite à úlcera gastro-duodenal.

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• A esperança de vida diminui e há maior incidência de doença
isquémica do coração.
• Os trabalhadores noturnos têm um excesso de risco de 30 % a 50 %
de sofrer de doença coronária, relativamente aos trabalhadores
diurnos.
• No género feminino verifica-se associação do trabalho por turnos com
a frequência de problemas menstruais, abortamento espontâneo e
recém nascidos com baixo peso.

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O Papel da Medicina do Trabalho

• O médico do trabalho é essencial na abordagem de selecção, no


aconselhamento com vista à prevenção dos efeitos do regime de
trabalho sobre a saúde, na vigilância clínica dos sinais de intolerância
individual e na eventual reclassificação de trabalhadores cuja
intolerância for reconhecida

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O Papel da Medicina do Trabalho
• Ao decidir se um indivíduo está apto ou não para o trabalho por
turnos o médico do trabalho deve considerar os seguintes aspectos:
• A avaliação da aptidão deve ser estreitamente relacionada com a análise do
posto de trabalho, em particular o sistema de turnos, já que primariamente
os horários devem preencher os critérios ergonómicos;
• Os bons esquemas de turnos reduzem os problemas de saúde e tornam
possível o trabalho nocturno ou por turnos mesmo a pessoas com patologias
• Os exames de saúde devem ser dirigidos para a detecção de sinais precoces
de intolerância, incidindo sobre perturbações do sono e digestivas, queixas
psicossomáticas, consumo de drogas, acidentes, e a função reprodutora na
mulher;

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O Papel da Medicina do Trabalho

• Os trabalhadores por turnos podem ver agravadas as doenças de que


já padeciam anteriormente a este regime de trabalho (ex: diabetes,
patologia da tiróide, hipertensão, asma);
• Deve fazer-se a avaliação das características individuais e dos factores
sociais, tais como a idade, aptidão física, situação familiar (mulher
com filhos pequenos), e condições sociais (casa, transportes);

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O Papel da Medicina do Trabalho

• Dar aos trabalhadores informação sobre os possíveis efeitos


negativos, assim como sugestões e normas de orientação para lidar
melhor com o trabalho noturno ou por turnos, nomeadamente
quanto ao sono, à dieta, a lidar com o stress, à boa forma física, às
condições domésticas e às atividades extra-laborais;

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O Papel da Medicina do Trabalho
• A periodicidade dos exames deve ser estabelecida em função de
fatores que dizem respeito às condições de trabalho e de
características individuais como a idade e problemas de saúde, sendo
aconselháveis “check-ups” médicos frequentes depois dos 40 anos,
bem como limitar a voluntários o trabalho noturno depois dessa
idade;
• A intolerância ao trabalho por turnos não é curável com medicações
indutoras do sono.

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Noções de fisiologia

• A Fisiologia Humana é uma ciência que estuda todos os processos que


ocorrem dentro o organismo dos seres humanos.
• Fisiologia e Anatomia são conceitos que se completam
• A fisiologia reliaza estudos dos processos que ocorrem dentro do
organismo e a anatomia analisa e estuda as formas que o corpo
possui e quais as funções das estruturas do corpo.
• Ao estudar a fisiologia e anatomia humana, o estudioso pode
entender como o complexo sistema, que é o corpo humano, funciona.

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Noções de fisiologia

• Entender a Fisiologia Humana é entender os processos que


acontecem e como eles influenciam no funcionamento dos demais
sistemas e processos.
• Tudo tem que acontecer de forma sincronizada e isso pode fazer a
diferença para que a saúde deste ser humano esteja em perfeitas
condições

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Noções de fisiologia

• Circulação
• O sistema circulatório, comandado pelo coração, é uma grande estrutura
formada pelos vasos sanguíneos e pelo sangue, que é o líquido que circula
nestes vasos.
• O sangue é responsável pelo transporte de oxigênio e centenas de outras
substâncias essenciais para que as células de outros sistemas consigam
executar suas funções corretamente.
• Estima-se que aproximadamente sete por cento do peso de um ser humano
médio seja constituído de sangue.

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Noções de fisiologia
• Respiração
• Aqui temos o primeiro exemplo da interdependência entre os sistemas
fisiológicos do corpo humano.
• O sistema respiratório, comandado pelos pulmões, é responsável por fazer a
troca de gás carbônico por oxigênio no nosso organismo.
• O oxigênio entra pelas narinas e percorre um longo caminho até os pulmões.
• O gás carbônico gerado através de diversas reações químicas no organismo é
liberado para o ambiente pelas vias aéreas.
• É nos pulmões que o sistema circulatório “recolhe” o oxigênio e o leva até o
restante do corpo.

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Noções de fisiologia
• Excreção
• O sistema excretor possui como principais órgãos os rins.
• Eles são responsáveis por filtrar o sangue e reter substâncias que foram
descartadas pelos outros sistemas.
• Ao utilizar a água como principal meio solúvel, os rins “fabricam” a urina, que
é um líquido onde as substâncias renegadas estão para serem descartadas.
• A bexiga é o órgão responsável por “guardar” a urina enquanto a pessoa não
vai ao WC.
• Este órgão possui uma estrutura forte e uma grande capacidade, o que
permite que um ser humano consiga ficar mais de 30 horas sem urinar.

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Noções de fisiologia
• Digestão
• A digestão é o complexo processo que faz com que o nosso organismo consiga
absorver os nutrientes que ingerimos por meio da nossa alimentação.
• Neste sistema os principais órgãos são: o estômago, os intestinos (grosso e
delgado), o pâncreas e a boca, que é o canal por onde os alimentos entram no
nosso organismo.
• O sistema digestivo é extremamente importante, pois sem ele não teríamos
os nutrientes essenciais para sobreviver.
• O sistema digestivo é também um dos sistemas mais suscetíveis a infeções e
complicações, pois os alimentos que ingerimos nem sempre são os ideais.

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Noções de fisiologia
• Sistema nervoso
• O sistema nervoso é comandado pelo cérebro, que é o principal órgão do
corpo humano.
• O cérebro comanda todos os outros sistemas por meio de impulsos nervosos
enviados através da coluna vertebral e da espinha dorsal.
• Assim como qualquer outro músculo, quanto mais o cérebro for exercitado,
mais desenvolvido ele fica.
• Desta forma, qualquer ser humano que deseje ter mais conhecimento precisa
desenvolver seu cérebro por meio de atividades específicas.
• Além de melhorar e desenvolver o cérebro, as demais funções do corpo são
executadas de forma melhor.

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Noções de fisiologia
• Outras funções fisiológicas
• O corpo humano possui centenas de funções vitais.
• A fisiologia humana é extremamente complexa e até hoje ainda não sabemos
como todas as estruturas funcionam por completo.
• O sistema locomotor é responsável por dar movimentos aos humanos.
• Ele é composto por vários músculos, ossos e ligamentos que permitem que
executemos centenas de movimentos para nos locomover.
• Já a pele é o maior órgão humano e é responsável pelas primeiras defesas
contra agentes externos. Além disso, a pele contribui para a regulação da
temperatura corporal e pela excreção de algumas substâncias por meio das
glândulas sudoríparas.

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Noções de fisiologia
• Tudo ocorre em sincronia para que a maior dádiva que temos (a vida)
seja possível.
• Nós temos apenas o papel de cuidar para que a nossa saúde seja boa o
suficiente para manter tudo isso a funcionar.
• Das milhares de doenças existentes no mundo, várias delas podem ser
evitadas se cada indivíduo conseguir cuidar do seu corpo.
• Desta forma, a fisiologia humana consegue manter-se sempre em
funcionando e em bom estado.
• O corpo humano é muito frágil, mas se souber como “o alimentar”
poderá viver por muito tempo.
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Noções básicas de Biomecânica

• A biomecânica é a disciplina responsável pela análise dos movimentos


de um organismo, além de acompanhar os efeitos da força sobre esse
objeto.
• Trata-se de uma ciência que investiga o movimento sob os aspetos
mecânicos, suas causas e efeitos nos organismos vivos.

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Noções básicas de Biomecânica

• A fundamentação teórica da biomecânica considera as leis, princípios


e métodos da mecânica clássica, além de conhecimentos anotomo-
fisiológicos obtidos a partir de análises laboratoriais ou de
acompanhamento e observação funcional.

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Noções básicas de Biomecânica

• Apoiada nos conceitos da mecânica clássica, a biomecânica considera


dois tipos de movimentos ligados à ação humana.
• Pode existir um deslocamento linear, geralmente chamado de
translação, ou angular, que ocorre ao redor de um ponto em que
diferentes regiões do mesmo segmento corporal ou objeto não se
movem pela mesma distância.

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Noções básicas de Biomecânica

• O movimento angular é o que acontece, por exemplo, quando atletas


da ginástica giram o corpo em uma barra.
• Contudo, o tipo de movimento angular mais estudado pela
biomecânica é o que possibilita um deslocamento linear.
• Toda ação linear dos seres humanos ocorre como consequência de
contribuições angulares.

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Noções básicas de Biomecânica

• Durante um movimento linear o deslocamento de um velocista, por


exemplo, o centro da massa do corpo é um dos pontos fundamentais
para a análise biomecânica.
• O centro da massa (ou centro de gravidade) é o ponto sobre o qual
toda a massa do objeto fica equilibrada e representa o local em que a
gravidade age sobre o corpo de forma completa.

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Noções básicas de Biomecânica
• A gravidade puxa para baixo todo ponto de massa que constitui esse
corpo.
• É uma força externa que age sobre a Terra, e o equilíbrio diante dessa
força só acontece com a indução de uma segunda força.

• Quando um atleta realiza um deslocamento, é importante


acompanhar o movimento de sua cabeça.
• Se a cabeça vai de um lado para outro ou de cima para baixo, a massa
central do corpo move-se na mesma trajetória.

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Noções básicas de Biomecânica

• A localização do centro de gravidade do corpo como um todo varia.


• Numa pessoa comum, ele pode ser localizado sobre uma linha
formada pela intersecção de um plano que corta o corpo em duas
metades longitudinais e outro que corta o corpo em uma parte
anterior e outra posterior.

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Noções básicas de Biomecânica
• Considerações musculares sobre o movimento

• Os principais produtores do movimento humano são os músculos e a força da


gravidade.
• A gravidade, como já foi descrito, é uma força que puxa para baixo todo ponto
de massa do corpo.
• Os músculos são fundamentais para a manutenção de um estado, para a
desacelerar um movimento ou para desempenhar qualquer ação no corpo
humano.

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Noções básicas de Biomecânica

• Para a estática, a tensão dos músculos contribui aplicando


compressão nas articulações e aumentando a estabilidade.
• Em algumas articulações, essa tensão pode agir tracionando os
segmentos de forma a separá-los e o efeito é contrário.

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Situação de Trabalho
• Situação de trabalho identifica-se com o campo em que a actividade
do homem é exercida, ou seja, onde os homens realizam uma
produção material ou imaterial, nas condições de trabalho e de
segurança dadas.
• Situação de trabalho é igualmente um sistema constituído por
diferentes elementos que vão determinar e condicionar o trabalho
real; é um conjunto de cargas de trabalho de diversas naturezas –
económicas, sociais, técnicas e organizacionais

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• diferentes aspetos do sistema
• Os homens e as suas competências

• Os trabalhadores considerados nas suas características, capacidades e limites


(anatómicos, biomecânicos, fisiológicos, antropométricos, psicológicos, etc.)
são os actores das situações de trabalho.
• São eles que a partir da compreensão do trabalho contribuem para a
evolução das situações de trabalho com vista à obtenção dos objectivos da
produtividade.

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• Os dispositivos técnicos e materiais

• Ou seja tudo o que diz respeito:


• ao processo técnico, o seu estado, os seus fluxos e os constrangimentos
impostos, etc.;
• às máquinas, ferramentas e outros objectos de trabalho, etc.;
• ao envolvimento físico (locais, espaços, ruído, vibrações, iluminação,
ambiente térmico, etc.).

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• A organização do trabalho
• Nomeadamente:
• o conteúdo das tarefas (transporte de cargas, tratamento da informação,
etc.);
• a natureza das tarefas (física, repetitiva, cognitiva, etc.);
• a organização do tempo de trabalho (horários, turnos, pausas, etc.);
• as comunicações (circulação da informação);
• as normas quantitativas e qualitativas de produção;
• as modalidades de controlo dos resultados do trabalho;

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• Numa situação de trabalho a ergonomia interessa-se por:
• Identificar e compreender estes três conjuntos de determinantes do trabalho
real e os seus efeitos ao nível dos trabalhadores e ao nível do sistema;
• conceber e/ou transformar a situação a partir de planos de acção
estruturados com base nos dados recolhidos sobre o homem no trabalho com
vista a proporcionar-lhe conforto, segurança e bem-estar mas, ao mesmo
tempo, favorecer a eficácia e a eficiência do sistema e, por conseguinte, a
produtividade.

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Posto de Trabalho

• O posto de trabalho é definido como «uma unidade isolada,


inteiramente determinada pelas suas características materiais (as
máquinas, as ferramentas, os materiais, etc.), pelas tarefas prescritas
(os objetivos quantitativos e qualitativos, os métodos, os
constrangimentos temporais, etc.) e pelo seu enquadramento na
organização social (nível de qualificação do trabalhador, tipos de
controlo e de remuneração, etc.)».

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• Para que um posto de trabalho permita o conforto, a segurança, a
qualidade e a eficácia nas atividades de trabalho é necessário
estabelecer uma inter-relação correta entre os diferentes fatores que
se apresentam em cada interface específico.
• Podemos considerar três tipos de relações numa interface «homem –
posto de trabalho»:
• relações dimensionais
• relações informativas
• relações de controlo

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• Relações dimensionais
• procura-se uma compatibilidade entre as características antropométricas e biomecânicas da
população e as dimensões, formas e estruturas das diferentes componentes do posto de trabalho,
em função das capacidades e limites humanos.

• Relações informativas
• pretende-se a compatibilidade entre a capacidade da percepção de informação dos trabalhadores
(antes e durante o trabalho), a informação recebida (tipo, quantidade, etc.) e os dispositivos
informativos (visuais, sonoros e tácteis) necessários ao tratamento e transmissão da informação.

• Relações de controlo
• visa-se a compatibilidade entre as necessidades dos trabalhadores para regular as máquinas e/ou
os processos com segurança, conforto, rapidez e eficácia, de acordo com os objectivos definidos.

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• Para a ergonomia é imprescindível prever a interacção harmoniosa
entre estes três tipos de relações.

• Exemplo

• O tamanho e formato de uma tecla reportam-se às relações


dimensionais; a resistência à pressão do toque já pode ter a ver com
as relações de controlo; a identificação da tecla mediante o tacto, a
posição, a textura, etc., já terá a ver com as relações informativas.

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• Conceber e/ou transformar um posto de trabalho de acordo com os
critérios ergonómicos implica, pois, fazer uma análise detalhada da tarefa
e da atividade.

• Exemplo

• Um plano de trabalho demasiado baixo para uma tarefa de precisão, um comando


muito afastado do operador numa tarefa repetitiva, etc., conduzem à adopção de
más posturas;
• uma pega de ferramenta muito fina pode dificultar a sua preensão e manutenção
numa tarefa que exija força.
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• No que respeita às relações dimensionais, há quatro tipos de
constrições que surgem com maior frequência na concepção dos
postos de trabalho :
• espaço livre,
• alcance,
• força e
• postura.

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• O espaço livre é determinado pela dimensão mínima aceitável de um
espaço ou objecto e está presente na definição dos seguintes
aspectos:
• pé-direito, liberdade de movimentos, acesso, espaços de circulação, aberturas
para os dedos ou mão, etc.
• São constrições de uma única via, ou seja, se definirmos a adaptação para um
indivíduo corpulento da população (percentil 95), todos os mais pequenos
estarão necessariamente bem adaptados.

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• O alcance é uma constrição que tem a ver com as possibilidades de
agarrar e/ou operar controlos manuais e/ou pedais;
• é determinado pela dimensão máxima aceitável.
• É também constrição de uma só via ditada pelo indivíduo mais
pequeno da população (percentil 5).

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• Força relaciona-se com os limites aceitáveis de aplicação da força no
controlo de operações manuais ou pedais.
• Como nos casos anteriores, a força impõe constrição de uma só via,
devendo considerar-se o indivíduo com menos força (percentil 5).
• Força máxima das pernas, braços e costas para diferentes percentis da
população feminina e masculina

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FORÇAS (kg) MULHERES HOMENS
PARA
MOVIMENTOS
NÃO 95 % 50 % 5 % 95% 50% 5%
REPETITIVOS

Força das pernas 15 39 78 38 95 150


Força dos braços 7 20 36 20 36 60
Força do dorso 10 24 58 21 50 105
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• A postura, que pode ser definida como a orientação dos segmentos
corporais no espaço, é determinada pelas dimensões do local de
trabalho.
• A definição da altura de uma superfície de trabalho quer para a
postura de pé quer para a postura de sentado é um bom exemplo da
forma como estas relações se processam.
• Estamos agora perante uma constrição de duas vias, devendo ser
considerada a adaptação para os percentis extremos, ou seja, para o
percentil 5 e para o percentil 95.

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Ferramentas Manuais

Se um posto de trabalho mal concebido pode estar na origem de


grande número de patologias laborais, de erros, de acidentes, etc.,
uma ferramenta manual não adaptada às características humanas e
não compatível com a realização das tarefas a executar é também
factor desencadeador de patologias de que destacamos as
perturbações músculo esqueléticas ao nível dos membros superiores,
hoje tão agravadas pelo trabalho repetitivo, pelas posturas assumidas
na realização dos movimentos, etc.

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• As ferramentas utilizadas para realizar e/ou ajudar no trabalho são
essencialmente ferramentas para a mão, pelo que devem caracterizar-se
para ampliar ou reduzir algumas das funções próprias das mãos,
aumentando a funcionalidade das mesmas, ou seja, incrementar a
força, a precisão, a superfície, gerando maior potência na torção e/ou
impacto, maior resistência à temperatura, etc.

• Uma má conceção ou seleção de ferramentas manuais pode provocar


problemas físicos que se manifestam em acidentes, lesões, golpes,
microtraumatismos repetitivos, fadiga, atuações deficientes, erros, etc.

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• Para além destes aspectos há ainda a considerar as perdas
económicas que se geram em paralelo e que costumam manifestar-se
na diminuição da eficácia e da eficiência do sistema.

• Exemplo

• Aparecimento de pausas para recuperar do cansaço o que vai retardar as


acções;
• baixa de qualidade do produto ou qualquer outra forma que possa
destabilizar o nível competitivo da empresa ou serviço.

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• Na concepção, na compra ou na utilização de uma ferramenta
manual, devem ser consideradas algumas premissas tais como:
• Potenciar o uso das duas mãos, o que ajuda a mitigar os problemas das
pessoas esquerdinas (canhotas) e o cansaço quando a mão dominante está
fatigada.
• Possibilitar a solicitação do grupo muscular mais adequado (recordamos, por
exemplo, que os músculos do antebraço transmitem mais potência do que os
dedos e se cansam menos).
• Procurar que a ferramenta possua os mesmos graus da rotação da mão, já
que desta forma a força do antebraço decorrerá paralela à da mão, e assim
poderão ser evitados determinados movimentos que, pela sua repetição,
provocam lesões.
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• Exemplo

• Para reduzir a precisão, a ferramenta deve permitir a utilização de


todos os dedos da mão; para exercer menos força, a ferramenta deve
solicitar preferencialmente os músculos que fecham a mão em vez
dos que a abrem.
• Criar ajudas para reduzir a precisão do trabalhador

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• Exemplo

• Uso de roldanas para reduzir a força, para evitar que o trabalhador


tenha de carregar a ferramenta durante todo o dia de trabalho ou
durante o tempo que dura a operação, etc.

• Introduzir elementos de impulso motorizados para que a fadiga afecte


o menos possível os músculos.

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• Exemplos de diferentes desenhos para uma mesma ferramenta

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Ambiente Físico
• O trabalhador confronta-se diariamente, na situação de trabalho, com
elementos do meio físico tais como ruído, calor, frio, vibrações, iluminação,
etc., que podem ser favoráveis ou desfavoráveis para a sua actividade,
constituírem ajudas ou perturbações para a produção, e por conseguinte,
desencadearem consequências diversas sobre a saúde e a segurança.
• Em ergonomia, os problemas inerentes ao ambiente físico estão
associados:
• À natureza das tarefas;
• Aos constrangimentos do trabalho real;
• À variabilidade das situações;
• À variabilidade e à diversidade dos trabalhadores.

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• A prevenção dos riscos ligados aos elementos do ambiente físico
apoia-se na regulamentação – leis, decretos, circulares de aplicação –
que têm força de lei, assim como em normas existentes a nível
nacional e a nível europeu, que, como documentos convencionais,
fixam limiares a partir dos quais há incómodos, sofrimento ou ameaça
para a saúde dos trabalhadores.

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• Na perspectiva da ergonomia não basta aplicar as leis ou as normas
para garantir as melhores condições de trabalho
• é absolutamente indispensável que a sua interpretação e aplicação
seja referenciada às características dos trabalhadores e ao trabalho
real.

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• Os principais princípios de acção ergonómica sobre os elementos do
ambiente físico correspondem aos princípios gerais da prevenção dos
riscos profissionais:
• Em primeiro lugar, sempre que possível, fazer desaparecer a fonte agressora;
• Se a supressão da fonte agressora não é possível ou não é realista, colocar então
uma «barreira» entre o trabalhador e a fonte e/ou afastar o trabalhador da fonte;
• Em terceiro lugar, mas só quando esgotadas as soluções anteriores, recorrer aos
EPI (Equipamentos de Protecção Individual).

• Qualquer que seja a solução encarada, é indispensável uma atitude


vigilante sobre efeitos secundários possíveis.
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Fatores ambientais

• Os riscos ambientais são os elementos presentes no ambiente de


trabalho que podem causar danos à integridade e à saúde das
pessoas.
• Ou seja, são fatores que fazem parte do ambiente que podem
prejudicar os trabalhadores de acordo com a natureza, concentração,
intensidade ou tempo de exposição.

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Fatores ambientais

• Os fatores de riscos ambientais são divididos entre os seguintes tipos:

• Fatores físicos
• Fatores químicos
• Fatores Biológicos
• Fatores de acidentes

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Fatores ambientais

• Fatores físicos:
• são aqueles relacionados a alguma forma de energia expostos aos
funcionários, como ruídos, pressões anormais, vibrações, temperaturas
extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, radiações e até mesmo
umidade.

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Fatores ambientais

• Fatores químicos:
• são os produtos, compostos e substâncias que podem entrar pela via
respiratória, como poeiras, gases, vapores, névoas, neblinas e fumos ou,
também, aqueles que podem ser absorvidos pelo organismo através do
contato, seja através da pele ou ingestão.

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Fatores ambientais

• Fatores biológicos:
• são os fatores compostos por micro-organismos que podem infectar os
indivíduos por meio das vias respiratórias, pele ou ingestão também, como
bactérias, parasitas, vírus, fungos, protozoários, bacilos, etc.

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Fatores ambientais

• Fatores de acidentes:
• fatores que colocam o trabalhador em uma situação vulnerável e que afetem
a sua integridade e bem-estar físico e psíquico, como máquinas e
equipamentos sem as devidas proteções, ferramentas inapropriadas ou com
defeito, falta de iluminação adequada, problemas com a eletricidade,
probabilidades de incêndios ou explosões, entre outros.

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Fatores ambientais

• Fatores ergonômicos:
• por fim, esses são aqueles causados por qualquer fator que interfira nas
características psicofisiológicas dos trabalhadores, resultando em algum
desconforto ou danos à saúde.
• Como exemplos, temos o esforço físico intenso, levantamento e transporte
manual de peso, postura inapropriada, imposição de ritmos excessivos
(jornadas de trabalho prolongadas e trabalhos em turnos seguidos),
repetitividade e outras situações que causem estresse.

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