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Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Escola de Engenharia

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE
LAJES DE CONCRETO TÊXTIL
SUBMETIDAS À FLEXÃO

Vinícius Matias dos Santos Vieira


DSc. Luiz Álvaro de Oliveira Junior

Goiânia, Junho, 2017


CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Segundo Bastos (2006), o concreto armado surgiu da necessidade de aliar a


durabilidade da pedra com a resistência do aço para obter material com rápida e
fácil aplicação, durável e resistente, o que permitiu expandir as possibilidades
de utilização em relação ao concreto inicialmente desenvolvido pelos romanos.
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Apesar de toda a evolução tecnológica, o material possui características que


podem afetar a durabilidade e a segurança da estrutura. Como soluções para
mitigar as consequências, adaptações nas normatizações foram realizadas
enfatizando a necessidade de maiores cobrimentos às armaduras de aço.

Figueiredo (2000) considera válida a adição de fibras dispersas ao concreto


devido a alteração do comportamento do compósito convencional, tornando-o
pseudodúctil, contendo a evolução das fissuras.
INTRODUÇÃO

Pesquisas conduzidas na Universidade de Aachen e na Universidade Tecnológica


de Dresden (Alemanha) levaram ao uso de novas geometrias e à substituição do
aço por um reforço não-metálico.

Surge então o concreto têxtil, que possibilitou a redução na espessura dos


elementos e a eliminação dos problemas gerados pela corrosão. Segundo Kulas
(2015), essa alteração pode gerar economia próxima a 80% no consumo de
concreto, além da redução de gastos logísticos, como transporte e mão de obra.
OBJETIVO

• O principal objetivo do presente trabalho consiste em avaliar o desempenho


estrutural de elementos de concreto têxtil com espessuras inferiores às
mínimas determinadas pela ABNT NBR 6118:2014 submetidos à flexão
centrada.

• Determinar as propriedades do concreto a ser utilizado.

• Para subsidiar a análise comparativa entre os concretos convencional e têxtil


um estudo bibliográfico vem sendo realizado.
JUSTIFICATIVA

A Construção Civil tem níveis de exigência arquitetônica e desempenho de


materiais em contínuo crescimento e isso torna o desenvolvimento de novos
materiais e aperfeiçoamento dos já existentes essenciais.

Conciliar durabilidade e custo com aspectos estruturais como desempenho e


resistência; e ainda com sustentabilidade, aspecto incansavelmente debatido
em âmbito mundial, com os impactos da construção civil como vilões em
análises ambientais.
DEFINIÇÃO

O concreto têxtil, segundo Portal et al. (2015), constitui associação entre


concreto composto por agregados miúdos e tecido multiaxiais, obtidos da
utilização de barras de materiais geralmente empregadas em reforço estrutural.

Favorece a durabilidade, proporciona maior liberdade à concepção de formas


arquitetônicas mais complexas e esbeltas, confere leveza e modulação,
elimina a corrosão e permite redução significativa do consumo de concreto na
execução da obra (sustentabilidade).
DEFINIÇÃO

De acordo com Peled e Bentur (2000), a eficiência de reforço do tecido é


influenciada pela disposição dos fios na composição da malha. Fios longitudinais
são estruturais, enquanto fios transversais são não-estruturais (amarração).

Segundo Kulas (2015), somente 10 mm a 15 mm são necessários para realizar a


ligação entre a malha têxtil e o concreto. Ao material tem sido associada redução
de custos e de espessura (devido à ausência de corrosão nos reforços têxteis) e
aumento da resistência à tração.
PROPRIEDADES MECÂNICAS

Mumenya et al. (2010): tenacidade e ductilidade em nível adequado para tornar


esse material interessante para fins estruturais, “pseudo-ductilidade”.

Bahrum e Mechtcherine (2011): deformações relativamente elevadas,


provenientes das diversas microfissuras, que por sua vez são fundamentais para
a segurança e estabilidade da estrutura. Necessidade de exigir adequações de
projeto para atender às recomendações normativas, para atender os estados
limites de serviços e evitar desconforto ao usuário da edificação.
PROPRIEDADES MECÂNICAS

Bahrum e Mechtcherine (2013) : adição de fibras curtas de variados materiais ao


concreto têxtil; para altos níveis de deformação, as fibras curtas dispersas
perdem sua eficiência estrutural, enquanto as fibras integrais presentes na malha
têxtil têm sua eficiência melhorada, até a iminência da ruptura; redução da
abertura das fissuras, que se distribuem em uma região maior da peça.
PROPRIEDADES MECÂNICAS

Richter e Zastrau (2006): reforço têxtil é o conjunto numeroso de filamentos


contínuos, conhecidos por “rovings”. Tem comportamento elástico linear para
baixos níveis de carga e engloba mecanismos bastante complexos na ruptura,
intrinsecamente ligada à fissuração.

Quando utilizado em filamentos contínuos, apresenta rigidez do compósito


menor que aquela observada quando os filamentos são adicionados ao concreto
soltos, embora os filamentos contínuos tenham maior interação com a matriz.
PROPRIEDADES MECÂNICAS

Hegger e Voss (2008) reforçaram a necessidade do uso de uma menor


granulometria dos agregados para melhor interação entre concreto e malha,
aprimorando as condições de aderência, resultando em propriedades reológicas
distintas das observadas no concreto convencional. Comportamento semelhante
ao que se refere à fluência e à resistência à fadiga.
APLICAÇÕES

De acordo com Hegger et al. (2008), fachadas e estruturas autoportantes também


estão entre as possíveis aplicações do concreto têxtil. Resolve as limitações
arquitetônicas do concreto convencional; elimina as dificuldades de moldagem
dos elementos; reduz os custos em materiais, transportes e ancoragens e as
espessuras das peças, conferindo leveza aos elementos.

Pode ser associado à pré-fabricação: maior agilidade na montagem


(racionalização da construção), maior controle de qualidade (sobretudo a
precisão dimensional).
APLICAÇÕES

Fonte: V. Frass GmbH (2017) Fonte: KULAS (2015)

Fonte: Solidian GmbH (2017)


Fonte: Solidian GmbH (2017)
DIMENSIONAMENTO

As técnicas conhecidas para dimensionamento de concreto armado não podem


ser aplicadas sem estudos prévios e considerações adicionais, pois os
mecanismos resistentes são distintos. Hegger et al. (2008) verificaram a
capacidade de flexão dos elementos de concreto têxtil, considerando os efeitos
da curvatura da malha, de forma que fosse observada analogia entre armadura
convencional (aço) e os materiais empregados nos rovings, análoga à técnica já
conhecida para dimensionamento de estruturas de concreto armado.
METODOLOGIA

Inicialmente serão realizados ensaios para determinação da resistência à


compressão e à tração por compressão diametral, e do módulo de elasticidade.
Para cada ensaio, seis corpos de prova cilíndricos, com 100 mm de diâmetro e
200 mm de altura, serão moldados obedecendo critérios estabelecidos pelas
respectivas normas técnicas.

O concreto será produzido com agregados miúdos, água, cimento e,


possivelmente, aditivo ou adição, possibilitando melhor trabalhabilidade e a
aderência entre matriz e reforço, mesmo com espessuras inferiores à prevista
em norma.
METODOLOGIA

Seis lajes serão moldadas para o ensaio de flexão centrada. Duas delas em
concreto armado convencional com espessura de 80 mm, fck = 30 MPa,
constituindo a referência da análise comparativa.

Outras quatro lajes de mesmo material e mesmas dimensões, porém em


concreto têxtil, serão produzidas com malhas de fibra de vidro álcali-
resistente, com espessuras reduzidas em 25% e 50% (60 mm e 40 mm,
respectivamente).
METODOLOGIA

Desmoldagem após 24h da moldagem e armazenagem em câmara úmida,


onde permanecerão por mais 27 dias até a prevista data de ensaio.

Os ensaios serão realizados no Laboratório de Resistência dos Materiais da


Pontifícia Universidade Católica de Goiás, utilizando a máquina universal de
ensaios EMIC DL-30000 com capacidade de carga de 300 kN.
CRONOGRAMA

Tabela 1 – Cronograma para o Trabalho Final de Curso II.


Agosto Setembro Outubro Novembro
Atividade
1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Levantamento Bibliográfico                                

Aquisição dos materiais                                

Concretagem                                

Ensaios de caracterização                                

Ensaios de flexão                                

Análise e comparação de resultados                                

Elaboração do artigo                                

Defesa                                
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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