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SUCESSÃO LEGÍTIMA

• A Sucessão Legítima consiste no conjunto de regras que


disciplina a transferência patrimonial post mortem, sem a
incidência de um testamento válido.

Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a


herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos
bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a
sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
Pela sucessão legítima, a própria lei cuida de imprimir destinação
ao patrimônio, segundo uma vontade presumível do autor da
herança.

É característica básica a regra segundo a qual o sucessor mais


próximo exclui o mais remoto.

Desde o Código Civil de 1916 foram reconhecidos como herdeiros


legítimos os descendentes; ascendentes; cônjuge e colaterais.
Contudo, com o CC de 2002, o tratamento jurídico sucessório do
cônjuge supérstite foi ampliado, reconhecendo-se, a sua condição
de herdeiro necessário e concorrente com os descendentes e
ascendentes. O Companheiro (a) foi tratado pelo artigo 1.790 do
CC de forma distinta do cônjuge.
Embora o descendente permaneça na primeira classe sucessória -
a(o) viúva(o) sobrevivente poderá com ele concorrer, nos termos
do inciso I do art. 1.829 do Código Civil:

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 


I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge
sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da
comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art.
1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o
autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
SUCESSÃO DOS DESCENTES EM CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE

Nos termos do artigo 1.829 CC, havendo cônjuge sobrevivente (viúva


ou viúvo), este NÃO terá direito de concorrer com o descendente,
se o regime de bens adotado foi de:
a) comunhão universal;
b) separação obrigatória; ou
c) comunhão parcial, se o autor da herança NÃO deixou bens
particulares
 
Por outro lado, haverá, SIM, direito de concorrer com o
descendente, se o regime de bens adotado foi de:
a) participação final nos aquestos;
b) separação convencional; ou
c) comunhão parcial, se o autor da herança deixou bens particulares.
Entendeu o legislador que a opção pela comunhão total já será conferido ao cônjuge
sobrevivente o amparo material necessário, em virtude das regras atinentes ao próprio
direito de meação. Já na separação obrigatória, uma vez que a própria lei instituiu uma
forçada separação patrimonial, não há sentido em se deferir uma comunhão de bens após a
morte.

No caso da comunhão parcial, todavia, a compreensão da proibição concorrencial é


divergente
A norma legal proíbe que o cônjuge sobrevivente, que fora casado sob o regime de
comunhão parcial de bens, concorra com os descendentes na herança, caso o falecido
NÃO haja deixado bens particulares.

Para parte da Doutrina - é forçoso convir que o direito incidirá apenas sobre os bens
particulares.
Para outra parcela - se o regime de bens foi o da comunhão parcial, não se devem
considerar apenas os bens particulares do falecido, mas todo o acervo hereditário,
‘porque a lei não diz que a herança do cônjuge só recai sobre os bens particulares,
devendo ainda ser observado o preceito que a herança é indivisível.
O Enunciado n. 270 da III Jornada de Direito Civil dispõe que: “O art. 1.829,
inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os
descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação
convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou
participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares,
hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens
comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes

Por bens particulares devemos entender que são os bens integrantes do


patrimônio exclusivo de cada cônjuge, tais como: os bens que cada cônjuge
possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por
doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; os bens adquiridos com
valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos
bens particulares.
Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente
se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem
separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa
convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.

Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá


ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a
sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos
herdeiros com que concorrer.

Exemplo: Exemplo: Daniel, casado com Alicia, morre. Além da viúva, ele deixou
dois filhos (comuns, ou seja, do próprio casal), José e João, e, ainda, dois netos,
Pedro e Manu, filhos do seu falecido filho Paulo (pré-morto em relação a
Daniel). Caso Alicia concorra com os descendentes, herdará “por cabeça”, ou
seja, por igual, cabendo-lhe 1/4 da herança. José e João também herdarão 1/4,
cada um, e, finalmente, Pedro e Manu, herdeiros por estirpe, dividirão a fração
de 1/4 que caberia ao seu falecido pai, Paulo.
Mas a norma foi além, ao dispor que o cônjuge sobrevivente terá direito a, no
mínimo, 25% da herança se concorrer com filhos comuns do casal.

Em outras palavras, se o cônjuge supérstite concorrer com um filho, herdará


metade; com dois filhos, herdará 1/3; com quatro filhos, 1/4 da herança; mas, se
concorrer com cinco ou mais, terá garantido um percentual mínimo de 1/4,
cabendo aos demais sucessores dividir o restante.

OBS: Por outro lado, concorrendo com descendentes exclusivos do falecido, não
haverá direito a esse percentual mínimo, de maneira que herdará simplesmente
“por cabeça”.

ATENÇÃO: E se o cônjuge sobrevivente concorrer com filiação híbrida, ou seja,


descendentes comuns (do casal) e exclusivos do falecido? Haveria direito ao
mínimo de 25% ou não? A LEI NÃO TRATOU

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